RESUMO
The present study analysed the relationship between morphology and trophic structure of Siluriformes (Pisces, Osteichthyes) from the Caracu Stream (22º 45' S and 53º 15' W), a tributary of the Paraná River (Brazil). Sampling was carried out at three sites using electrofishing, and two species of Loricariidae and four of Heptapteridae were obtained. A cluster analysis revealed the presence of three trophic guilds (detritivores, insectivores and omnivores). Principal components analysis demonstrated the segregation of two ecomorphotypes: at one extreme there were the detritivores (Loricariidae) with morphological structures that are fundamental in allowing them to fix themselves to substrates characterised by rushing torrents, thus permitting them to graze on the detritus and organic materials encrusted on the substrate; at the other extreme of the gradient there were the insectivores and omnivores (Heptapteridae), with morphological characteristics that promote superior performance in the exploitation of structurally complex habitats with low current velocity, colonised by insects and plants. Canonical discriminant analysis revealed an ecomorphological divergence between insectivores, which have morphological structures that permit them to capture prey in small spaces among rocks, and omnivores, which have a more compressed body and tend to explore food items deposited in marginal backwater zones. Mantel tests showed that trophic structure was significantly related to the body shape of a species, independently of the phylogenetic history, indicating that, in this case, there was an ecomorphotype for each trophic guild. Therefore, the present study demonstrated that the Siluriformes of the Caracu Stream were ecomorphologically structured and that morphology can be applied as an additional tool in predicting the trophic structure of this group.
O presente estudo investigou as relações entre morfologia e a estrutura trófica das espécies de Siluriformes (Pisces, Osteichthyes) do riacho Caracu (22º 45' S e 53º 15' W), afluente do rio Paraná. Foram amostrados três pontos com pesca elétrica, sendo registradas duas espécies de Loricariidae e quatro de Heptapteridae. A análise de agrupamento revelou a presença de três guildas tróficas: detritívoros, insetívoros e omnívoros. A Análise de Componentes Principais evidenciou a tendência de segregação entre dois ecomorfotipos: em um extremo do gradiente ecomorfológico estiveram dispostos detritívoros (Loricariidae), com estruturas morfológicas importantes para sustentação em substratos de corredeiras, as quais permitem a pastagem sobre detritos e materiais orgânicos incrustados no substrato. No outro extremo estiveram insetívoros e omnívoros (Heptapteridae), com estruturas morfológicas que tendem a melhorar o desempenho na exploração de recursos em hábitats estruturalmente complexos e com baixa velocidade de corrente, comumente colonizados por insetos e plantas. A Análise Discriminante Canônica revelou um caso de divergência ecomorfológica entre insetívoros e omnívoros, sendo os primeiros, detentores de estruturas morfológicas que favorecem a captura de presas que ocupam pequenos espaços entre rochas e, o segundo grupo, caracterizado por possuir corpos mais comprimidos, tendendo a explorar itens alimentares em zonas marginais de remanso. Os resultados dos testes de Mantel revelaram que a estrutura trófica apresentou relações significativas com a forma do corpo, independentemente das relações filogenéticas. Portanto, o presente estudo demonstrou que, entre os Siluriformes do riacho Caracu, existe uma estrutura ecomorfológica, o que evidenciou que a morfologia pode ser utilizada como mais uma importante ferramenta na tentativa de predizer a estrutura trófica desse grupo.