RESUMO
Resumo Esse ensaio discute o processo de cuidado de profissionais de saúde no contexto da COVID-19 a partir das perspectivas da psicanálise, sob o prisma do espaço transicional de Donald Winnicott, e da saúde coletiva, sob o prisma da sabedoria prática de José Ricardo Ayres, da micropolítica do trabalho vivo em ato de Emmerson Merhy, e do cuidado prudente de Ruben Mattos. Propõe a elaboração de uma perspectiva de cuidado que se apresenta enquanto proposta de ressignificação possível ao adoecimento no contexto de pandemia, onde a saúde foi marcada com sentidos de calamidade e catástrofe sanitária, e expressões de sofrimento e angústia, no corpo e/ou mesmo subjetivamente. Desse modo, uma compreensão sobre a manifestação do cuidado do profissional de saúde, no contexto de pandemia, trazido com sentidos narcísicos e heroicos, e com sentidos de impotência e desamparo, contribui para a elaboração de uma concepção criativa do cuidado. Conclui-se que a perspectiva de um cuidado ampliado favorece a possibilidade criativa de novas produções de sentido e de sustentação para os profissionais, ressignificando suas experiências de vida, através do amor, da criatividade, da sabedoria prática, do cuidado prudente, do trabalho vivo em ato e do imaginário motor.
Abstract This essay discusses the care process of health professionals in the context of COVID-19 from the perspectives of psychoanalysis, under the prism of Donald Winnicott's transitional space, and of collective health, under the prism of the practical wisdom of José Ricardo Ayres, the micropolitics of live work in action by Emmerson Merhy, and prudent care by Ruben Mattos. It suggests elaborating a care perspective to propose a possible resignification of illness in a pandemic, where health is marked with calamity, health catastrophe, and suffering and anguish, whether in the body or subjectively. In this way, understanding the manifestation of care by health professionals in a pandemic context brought about with narcissistic and heroic meanings and feelings of impotence and helplessness contributes to elaborating a creative conception of care. We conclude that the perspective of expanded care favors the creative possibility of new productions of meaning and support for professionals, resignifying their life experiences through love, creativity, practical wisdom, prudent care, live work in action, and motor imaginary.