RESUMO
Resumo O estudo procura apontar diferentes configurações de Redes de Atenção à Saúde na atenção básica e hospitalar, a partir de características de cobertura, qualidade e resolubilidade nas macrorregiões de saúde. Estudo transversal, utilizou a técnica de análise de cluster e segmentou 103 macrorregiões em distintos perfis de cobertura, qualidade e resolubilidade: grupo 1 (alta cobertura/AB e média/AH; baixa qualidade AB-AH com alta resolubilidade); grupo 2 (alta cobertura/AB e baixa/AH; baixa qualidade AB-AH com média resolubilidade); e o grupo 3 (alta cobertura/AB e média/AH; alta qualidade AB-AH com alta resolubilidade). A cobertura na AB foi classificada como alta para 100% da população brasileira, e na AH, baixa para 9,70% e média para 90,29%. Qualidade/AB-AH é baixa para 58,54% e alta para 41,15%. A resolubilidade é alta para 90,29% e média para 9,70%. No Brasil, verifica-se expansão da cobertura com baixa qualidade/AB, insuficiência de leitos hospitalares e baixa qualidade/AH com alta resolubilidade. Todavia, prevalece alta qualidade AB-AH no Sudeste e no Sul. A estruturação das redes de saúde ainda se configura de baixa resolutividade, demandando estímulos à governança de arranjos interfederativos.
Abstract This study seeks to point out the different configurations of Health Care Networks in primary care (AB) and Hospital Care (AH), dimensioned based on coverage, quality, and resolvability characteristics in health macro-regions. Cross-sectional study used the cluster analysis and segmented 103 macro-regions into different profiles of coverage, quality and resolubility: group 1 (high coverage/AB and medium/AH; low quality AB-AH with high resolubility); group 2 (high coverage/AB and low/AH; low quality AB-AH with medium resolubility) and group 3 (high coverage/AB and medium/AH; high quality AB-AH with high resolubility). Coverage in AB was classified as high for 100% of the Brazilian population and in AH low to 9.70% and medium to 90.29%. Quality/AB-AH is low for 58.54% and high for 41.15%. Resolubility is high for 90.29% and medium for 9.70%. In Brazil, there is expansion of coverage with low quality/AB; shortage of hospital beds and low quality/HA with high resolution. However, in the Southeast and South, high AB-AH quality prevails. The structuring of health networks is still characterized by low resolution, demanding incentives for the governance of inter-federal arrangements.
RESUMO
ABSTRACT Objective: To analyze the spatial flow of care for patients undergoing dialysis therapy in the health regions of the State of Minas Gerais. Methods: Ecological study whose population was patients undergoing dialysis therapy in public, philanthropic institutions or whose treatment was paid for by the Unified Health System in private clinics in partnership, in the State of Minas Gerais. Patients were grouped by health region of residence. The proportions of patients who underwent dialysis were calculated, as well as enrollment on the kidney transplant list in their own region of residence or outside it. Person correlations of these proportions with socioeconomic and care indicators of the health regions were estimated. Spatial exploratory techniques estimated general (Moran's I) and local (LISA) spatial correlation coefficients. Results: Regions with higher GDP had a higher number of nephrologists and a higher proportion of registrations in the region of residence. A cluster of regions with low GDP was identified further to the northeast of the State (also with lower nephrologist ratio values), a cluster with a high proportion of those registered on the transplant list in the center of the State, and a cluster with a low proportion of dialysis in the same region of residence further southeast. Conclusion: Regional disparities were evident in relation to the proportion of patients registered on the waiting list for kidney transplantation, the proportion of patients undergoing dialysis in the same region of residence and the proportion of patients registered on the waiting list for kidney transplantation in the same region of residence. residence.
RESUMO Objetivo: Analisar o fluxo espacial da assistência de pacientes em terapia dialítica nas regionais de saúde do estado de Minas Gerais. Métodos: Estudo ecológico que teve como população pacientes incidentes em terapia dialítica em instituições públicas, filantrópicas ou que tiveram seu tratamento custeado pelo Sistema Único de Saúde em clínicas privadas conveniadas, no estado de Minas Gerais. Os pacientes foram agregados por regional de saúde de residência. Foram calculadas as proporções de pacientes que fizeram diálise, bem como a inscrição na lista de transplante renal em sua própria região de residência ou fora dela. Estimadas as correlações de Person destas proporções com indicadores socioeconômicos e assistenciais das regionais de saúde. Técnicas exploratórias espaciais estimaram coeficientes de correlação espacial geral (I de Moran) e local (LISA). Resultados: Regiões com maior PIB apresentaram maior razão de nefrologistas e maior proporção de inscrições na própria região de residência. Identificou-se um cluster de regiões com PIB baixo mais ao nordeste do estado (também com valores mais baixos de razão de nefrologistas), um cluster de alta proporção de inscritos na lista de transplante no centro do estado, e um cluster de baixa proporção de diálise na mesma região de residência mais ao sudeste. Conclusão: Evidenciou-se disparidades regionais em relação à proporção de inscritos na lista de espera para o transplante renal, proporção de pacientes que realizavam diálise na mesma região de residência e proporção de pacientes inscritos na lista de espera para o transplante renal na mesma região de residência.
RESUMO
Analisam-se a dinâmica da regionalização em municípios rurais remotos e as possíveis implicações dos vazios assistenciais na comercialização da saúde. Trata-se de um estudo de casos múltiplos, com abordagem qualitativa, por meio de 76 entrevistas semiestruturadas com gestores municipais, regionais e estaduais. Os resultados revelam que, particularmente nos estados da Região Norte, o desenho regional não repercutia a dinâmica social das populações e criava fluxos inadequados e rotas indesejadas. A agenda política municipal priorizava, muitas vezes, interesses díspares à regionalização e as questões da ruralidade não mobilizavam os gestores para a construção de um planejamento regional específico. Emendas parlamentares ocupavam um lugar imprescindível para o investimento em saúde e os gestores apontaram relações clientelistas para obter tais recursos, condicionada e corriqueiramente, pelo alinhamento político-ideológico. A escassez de serviços públicos favorecia a dependência do setor privado e a comercialização da saúde em diferentes situações. As grandes distâncias e a ausência de serviços públicos nas proximidades dos municípios rurais remotos tornavam a oferta do Sistema Único de Saúde (SUS) local eminentemente dependente do contrato com prestadores privados que negociavam no varejo ou por meio de pacotes de serviços. Por fim, na esteira das necessidades não atendidas e dos vazios assistenciais, nos municípios rurais remotos, agentes do mercado da saúde - empresas de fornecimento de insumos, consultorias, profissionais de saúde e serviços de transporte - ocupavam as brechas da provisão pública, algumas vezes controlando preços, oferta e disponibilidade dos serviços.
This article analyzed the dynamics of regionalization in municipalities within hinterlands and the possible implications of gaps in care for the marketing of health. This is a multiple case study with a qualitative approach, involving 76 semi-structured interviews with municipal, regional, and state managers. The results show that, particularly in the Northern states, the regional scheme did not reflect the social dynamics of the populations and created inadequate flows and unwanted routes. The municipal political agenda often prioritized interests other than that of regionalization, and rural problems did not mobilize managers to build specific regional planning. Parliamentary amendments were essential for investment in healthcare and the managers pointed to clientelistic relationships to obtain such resources, often conditioned by political-ideological alignment. The scarcity of public services favored dependence on the private sector and the commercialization of health in different situations. The great distances and the lack of public services in municipalities in the hinterland made the local public health system offer eminently dependent on contracts with private providers who negotiated on a retail basis or via service packages. Lastly, in the wake of unmet needs and gaps in care in remote rural municipalities, players in the healthcare market ₋ companies supplying inputs, consultants, healthcare professionals, and transportation services ₋ filled the gaps in public provision, sometimes controlling prices, supply and availability of services.
Se analizan las dinámicas de la regionalización en municipios rurales remotos y las posibles implicaciones de las brechas de la atención en la comercialización de la salud. Se trata de un estudio de caso múltiple, con enfoque cualitativo, que realizó 76 entrevistas semiestructuradas a los gestores del municipio, de la región y del estado. Los resultados mostraron que, principalmente en los estados de la Región Norte, el diseño regional no reflejó la dinámica social de las poblaciones y creó flujos inadecuados y rutas indeseables. La agenda política municipal frecuentemente priorizó intereses dispares a la regionalización y los temas de ruralidad no movilizaron a los gestores para construir una planificación regional específica. Las enmiendas parlamentarias fueron esenciales para invertir en sanidad, y los gestores señalaron las relaciones clientelares para obtener estos recursos, muchas veces condicionadas por el alineamiento político-ideológico. La escasez de servicios públicos favoreció la dependencia del sector privado y la comercialización de la salud en diferentes situaciones. Las grandes distancias y la falta de servicios públicos en las cercanías de municipios rurales remotos hicieron que la oferta del Sistema Único de Salud local dependiera eminentemente del contrato con proveedores privados que negociaban al por menor o mediante paquetes de servicios. Finalmente, ante las necesidades no cumplidas y las brechas de atención, en los municipios rurales remotos, los agentes del mercado de la salud (empresas proveedoras de insumos, consultorías, profesionales de la salud y servicios de transporte) ocuparon las brechas en la prestación pública mediante muchas veces el control de los precios, de la oferta y de la disponibilidad de los servicios.
RESUMO
RESUMO A regionalização é um processo de governança lógico, potente e indispensável no cenário da política de saúde. Diante dos desafios postos a uma regionalização solidária, que viabilize a universalidade do acesso, equidade e integralidade do cuidado, foi implantada a pioneira Rede Interestadual de Saúde do Vale do Médio São Francisco, na região entre os estados de Pernambuco e Bahia (Rede Peba). O estudo analisou a complexa relação gerencial que envolve, na coordenação do cuidado, agentes públicos e privados. A abordagem foi qualitativa, tendo como foco o processo de regionalização da Rede Peba, por meio da regulação assistencial, sob a perspectiva dos gestores, profissionais dos serviços e usuários. A análise da associação oferta-produção-fila de espera permite constatar que a qualificação da gestão da clínica e do processo de encaminhamento e necessidade de organização e comunicação são imprescindíveis para garantir acesso oportuno. Do contrário, ocorrem efeitos diretos no absenteísmo, impactando no aumento das filas, exigindo uma abordagem sistêmica e multifatorial para organização do processo regulatório. Fica evidente a necessidade de arranjos organizacionais envolvendo todos os atores no processo de formulação e desenvolvimento das políticas públicas de saúde, a fim de superar barreiras para a coordenação do cuidado e a integralidade em saúde.
ABSTRACT Regionalization is a logical, powerful and indispensable governance process in the health policy scenario. Faced with the challenges posed to a supportive regionalization, which enables universal access, equity and comprehensive care, the pioneering Interstate Health Network of the Middle São Francisco Valley was implemented, in the region between the states of Pernambuco and Bahia (PEBA Network). The study analyzed the complex management relationship that involves, in the coordination of care, public and private agents. The approach was qualitative, focusing on the regionalization process of the PEBA Network, through care regulation, from the perspective of managers, service professionals and users. The analysis of the supply-production-waiting line association allows us to see that qualification of clinic management, the referral process and the need for organization and communication are essential to guarantee timely access. Otherwise, there are direct effects on absenteeism, impacting the increase in queues, requiring a systemic and multifactorial approach to organizing the regulatory process. The need for organizational arrangements is evident, involving all actors in the process of formulating and developing public health policies, in order to overcome barriers to care coordination and comprehensive health.
RESUMO
Resumo O objetivo do presente estudo foi compreender o entendimento dos conselheiros de saúde do Estado do Rio Grande do Sul sobre o tema regionalização da saúde. Apresenta natureza qualitativa, sendo que para a coleta de dados foram empregadas entrevistas semiestruturadas com oito conselheiros de saúde indicados intencionalmente pelo Conselho Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul (CES/RS), sendo um representante por macrorregião de saúde e um representante da mesa diretora do CES/RS. Na abordagem teórica do estudo utilizou-se o conceito de poder em Mario Testa e na análise de conteúdo foi aplicada a técnica de análise temática. Observou-se que, a regionalização em saúde não se traduziu como um tema de discussão específico para os conselheiros de saúde entrevistados. O acesso, o acolhimento, as relações de poder, as redes de conversações foram temas secundários que apareceram relacionados aos temas de regionalização e governança da saúde. Assim, no caso estudado, as temáticas da regionalização e da governança em saúde ainda carecem de serem aprofundadas pelo controle social e tem potência para ser exploradas em futuras pesquisas sobre o tema.
Abstract The study aimed to know the understanding of health counselors in the State of Rio Grande do Sul on the topic of health regionalization. It presents a qualitative nature, and for data collection, semi-structured interviews were used with eight health counselors intentionally appointed by the State Health Council of Rio Grande do Sul (CES/RS), one representative per Health Macro-region and one representative from the board director of CES/RS. In the theoretical approach of the study the concept of power in Mario Testa was used and in the content analysis the thematic analysis technique was applied. It was observed that regionalization in health did not translate into a specific topic of discussion for the health counselors interviewed. Access, user embracement, power relations, conversation networks were secondary themes that appeared related to the themes of regionalization and health governance. Thus, in the case studied, the theme of regionalization and governance in health still needs to be deepened by social control and has the potential to be explored in future research on the subject.
RESUMO
Abstract Objectives: evaluate the association between the maternal near miss rate (TNMM) and sociodemographic and health care factors. Methods: this is an aggregated, cross- sectional epidemiological survey, with regression analysis and spatial analysis, with the units of analysis being the 399 municipalities that make up the four health macro- regions in the state of Paraná, Brazil. Data from the years 2018 to 2021 were obtained through the state maternal near miss report and monitoring system. Results: the state's total TNMM was 6.4 per 1,000 live births, with an increasing trend during the studied period (p<0.001). Sociodemographic and healthcare factors were not associated with TNMM, except for municipalities with a higher degree of urbanization (β adjusted=0.022; CI95%=0.002-0.041) and located in the northern health macro-region (β adjusted=12.352; CI95%= 10.779-15.099), demonstrated by clusters with high and positive associations (high-high). Conclusion: the lack of association with sociodemographic and care factors may be due to their low effect on near miss, or the underreporting of near miss cases in the state. The differences found can be justified by the organization of health services and the intense regionalization of municipalities belonging to the macronorth, which have a better near miss report culture.
Resumo Objetivos: avaliar a associação existente entre a taxa de near miss materno (TNMM) com fatores sociodemográficos e assistenciais de saúde. Métodos: trata-se de uma pesquisa epidemiológica agregada, transversal, com análises de regressão e análise espacial, sendo as unidades de análise os 399 municípios que compõem as quatro macrorregiões de saúde do estado do Paraná, Brasil. Os dados provenientes dos anos de 2018 a 2021 foram obtidos por meio do sistema estadual de notificação e monitoramento do near miss materno. Resultados: a TNMM total do estado foi de 6,4 por 1.000 nascidos-vivos, com tendência de aumento no período estudado (p<0,001). Fatores sociodemográficos e assistenciais não se associaram com a TNMM, exceto municípios com maior grau de urbanização (β ajustado=0,022; IC95%= 0,002-0,041) e localizados na macrorregião norte de saúde (β ajustado=12,352; IC95%= 10,779; 15,099), demonstrado por clusters com associações altas e positivas (high- high). Conclusão: a ausência de associação com os fatores sociodemográficos e assistenciais podem decorrer do baixo efeito dos mesmos sobre o near miss, ou à subnotificação de casos de near miss materno no estado. As diferenças encontradas podem ser justificadas pela organização dos serviços de saúde e intensa regionalização dos municípios pertencentes à macronorte, os quais apresentam melhor cultura de notificação de near miss.
Assuntos
Humanos , Feminino , Gravidez , Sub-Registro , Mortalidade Materna , Serviços de Saúde Materno-Infantil , Disparidades em Assistência à Saúde , Near Miss/estatística & dados numéricos , Regionalização da Saúde , Brasil , Fatores SociodemográficosRESUMO
Resumo Os consórcios públicos de saúde (CPS) representam uma estratégia para potencializar a regionalização no SUS e a cooperação interfederativa. A implantação de policlínicas regionais visa melhorar o acesso a serviços de maior densidade tecnológica, mais próximos ao município de origem dos usuários. Este estudo objetiva analisar o processo de implantação dos consórcios públicos de saúde e das policlínicas regionais na Bahia, com base em análise documental, identificando aspectos facilitadores e dificultadores relativos à entrada na agenda política, ao papel da gestão estadual e às especificidades da composição dos CPS e das policlínicas regionais no estado da Bahia. Realizou-se análise documental das atas da Comissão Intergestores Bipartite dos anos de 2015 a 2018 e de documentos constitutivos dos consórcios implantados na Bahia. A experiência do Ceará inspirou a criação dos consórcios na Bahia, sobretudo na estruturação das policlínicas. Verificou-se posicionamento favorável dos gestores municipais acerca da potencialidade do consórcio na cooperação entre municípios. A atuação do governo do estado revelou-se condição facilitadora, e a manutenção da contrapartida municipal no financiamento, como elemento dificultador. Os consórcios contribuíram para a regionalização da saúde no estado e a ampliação do acesso à atenção especializada.
Abstract Public Health Consortiums (PHC) in Brazil represent a strategy to enhance regionalization in the Public Health Care System (SUS in Portuguese) and State/interstate/intermunicipal cooperation. The establishment of regional polyclinics aims to improve access to services with greater technological concentration and closer to users' homes. This study specifically aims to analyze the process of creating PHC and regional polyclinics in Bahia State, based on documental analysis, identifying aspects related to entering the political agenda that facilitate and hinder, the role of state administration, specificities of the composition of these PHC and regional polyclinics. A documental analysis was carried out of the minutes of the Comissão Intergestores Bipartite (CIB-BA) [Bipartite Administrative Commission] from 2015 to 2018 and of constitutive documents of the consortiums established in this state. The Ceará State experience inspired the creation of consortiums in Bahia, especially the structuring of polyclinics. Municipal administrators demonstrated a favorable position regarding the potential of consortiums with cooperation among municipalities. The role of the state government proved to be a facilitating condition, whereas the maintenance of the municipal counterpart in finance constituted a hindering element. The consortiums contributed to the regionalization of health in the state as well as expansion of access to specialized care.
RESUMO
RESUMO Ao final do ano de 2019 o mundo foi surpreendido pela Covid-19, que chegou ao Brasil no início de 2020, fazendo com que o Sistema Único de Saúde (SUS) adotasse estratégias imediatas para atender as necessidades de saúde da população, colocando em evidência todos os obstáculos que o sistema de saúde vinha enfrentando nos últimos anos. O estado de São Paulo não foi diferente do restante do País em relação ao enfrentamento. Este estudo objetivou identificar as principais estratégias adotadas em 5 regiões de saúde de São Paulo, com foco na gestão regional, analisando os processos e práticas adotados para o enfrentamento à pandemia da Covid-19. Tratou-se de um estudo qualitativo, realizado através de estudo de casos múltiplos, com abordagem exploratória, a partir de pesquisa de campo e realização de oficinas regionais. As regiões de saúde deste estudo puderam comprovar a importância da intersetorialidade nas ações de saúde como um todo. Notou-se o grande papel dos municípios nestas ações e a união destes, fortalecendo o papel da regionalização e ampliando a importância da governança em saúde. Ademais, as regiões de saúde saíram fortalecidas porque exerceram seu papel de liderança e organizaram ações junto aos municípios.
ABSTRACT At the end of 2019 the world was surprised by COVID-19, which arrived in Brazil at the beginning of 2020, causing the Unified Health System (SUS) to adopt immediate strategies to meet health needs, as well as putting in check all the obstacles that the health system has been facing in recent years. In the state of São Paulo it was not different from the rest of the country in relation to the confrontation. This study aimed to identify the main strategies adopted in 5 health regions of São Paulo, focusing on regional management, analyzing the processes and practices adopted to face the COVID-19 pandemic. It was a qualitative study, carried out through a multiple case study, with an exploratory approach, based on field research and regional workshops. In this study, the health regions were able to prove the importance of intersectoral actions in the health system. It was noted the great role of municipalities in these actions and their union, strengthening the role of regionalization and expanding the importance of governance in health. In addition, the health regions were strengthened because they exercised their leadership role and organized actions with the municipalities.
RESUMO
RESUMO O estudo aborda a interdependência das regiões e macrorregiões de saúde no Brasil nas internações de média e alta complexidade, no ano de 2019. Foi realizada a análise dos fluxos estabelecidos, utilizando o Índice de Dependência Regional e Macrorregional, a partir de dados secundários do Sistema Único de Saúde (SUS) obtidos no Sistema de Informação Hospitalar. Os resultados demonstram que grande parte das regiões e macrorregiões de saúde absorvem em seus territórios as internações de média complexidade, com variações entre as especialidades. Nas internações de alta complexidade, a maioria das regiões de saúde apresenta grande dependência, sendo que a assistência está concentrada em 15% delas. Entre as macrorregiões de saúde, o cenário é significativamente heterogêneo, com dependência expressiva nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e alta resolutividade na região Sul. Em todas as análises, o porte populacional das regiões e macrorregiões de saúde apresenta relação inversa à dependência regional e macrorregional. O aprimoramento da regionalização pressupõe a organização de uma rede de atenção à saúde que considere as desigualdades e as diversidades territoriais, a interdependência e a autonomia entre os territórios e os atores implicados, e a coordenação entre as unidades federativas, de modo a garantir cuidado integral e equânime.
ABSTRACT The study addresses the interdependency between health regions and macro-regions in Brazil in 2019, concerning both medium and high complexity hospitalizations. The analysis of the flows established was carried out using the Regional and Macro-regional Dependency Index, based on secondary data provided by the Hospital Information System of the Unified Health System (SUS). The results show that a significant number of health regions and macro-regions absorb medium-complexity hospitalizations in their territories, varying according to specialties. In high-complexity hospitalizations, most health regions are highly dependent, assistance concentrated in 15% of these. Among health macro-regions, the scenario is significantly heterogeneous: highly dependent on the North, Northeast and Midwest Regions, and highly resolutive in the South Region. Analyses show that the population size of health regions and macro-regions is inversely related to the regional and macro-regional dependency. The improvement of regionalization requires an organized health care network, one that takes into account territorial inequalities and diversities, interdependency and autonomy among the territories and actors involved, and inter-federative coordination, so as to provide care that is both comprehensive and equitable.
RESUMO
O artigo analisa os marcos legais e normativos construídos pelo Estado do Rio Grande do Sul (RS), a partir das legislações federais, bem como destaca as escolhas e os caminhos traçados na gestão estadual para implementação da regionalização da saúde, de 1935 até o ano de 2020. Foi realizada uma pesquisa documental e bibliográfica, utilizando documentos e normativas do Sistema Único de Saúde, disponíveis em sites públicos e nos arquivos internos da Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul. A primeira fase compreendeu o período de estabelecimento da Secretaria de Saúde, de 1935 até 2000. A segunda fase abarca o Plano Diretor de Regionalização no RS, de 2002, passando pela implementação do Pacto pela Saúde, de 2006, e seus desdobramentos até 2009. E, a terceira fase, deu-se a partir da Portaria n.º 4.279/2010 e do Decreto n.º 7.508/2011, com a criação de uma nova configuração territorial para as regiões de saúde no Estado, objetivando a implementação das Redes de Atenção à Saúde. Conclui-se que no Estado do RS, a regionalização da saúde acompanhou as normativas federais, tendo configurações próprias da burocracia estatal.
RESUMO
Resumo O objetivo deste artigo é analisar as estratégias de enfrentamento da COVID-19 adotadas por gestores municipais de saúde em duas regiões. Estudo de método misto do tipo explanatório sequencial, realizado com gestores municipais de saúde e coordenadores da atenção primária. A etapa quantitativa foi desenvolvida com a aplicação de instrumento a 42 gestores, para identificação de ações de enfrentamento e associação com dados demográficos e epidemiológicos da COVID-19 nos municípios. Os resultados direcionaram à definição de 15 participantes e à coleta de dados na etapa qualitativa, possibilitando aproximação das metainferências do estudo. Das ações implantadas, foram unânimes as ações de monitoramento dos casos, organização de novos fluxos de atendimento e estímulo à adoção de medidas não farmacológicas pela população. A articulação regional foi o dispositivo que permitiu ampliação e autonomia municipal para a testagem, com redução de contaminação e óbitos nos munícipes. As estratégias municipais de enfrentamento que tiveram foco na vigilância dos casos e na ampliação da testagem apresentaram desfechos positivos no que se refere a número de óbitos por COVID-19.
Abstract This article aims to analyse the COVID-19 coping strategies adopted by municipal health managers in two regions. A mixed method study of the sequential explanatory type was carried out with municipal health managers and primary care coordinators. The quantitative stage was developed with the application of an instrument to 42 managers to identify coping actions and associations with demographic and epidemiological data of COVID-19 in the municipalities. The results aimed at the definition of 15 participants and the collection of data in the qualitative stage, enabling approximation of the meta inferences of the study. Of the actions implemented, there were immediate actions to monitor cases, organize new care flows and encourage the population to adopt nonpharmacological measures. Regional articulation was the device that allowed for expansion and municipal autonomy for testing, reducing contamination and deaths among citizens. Municipal coping strategies that focused on the surveillance of cases and expansion of testing showed positive outcomes in terms of the number of infections and deaths from COVID-19.
RESUMO
ABSTRACT Objectives: To describe the regional distribution of hospital admission authorizations (HAA), hospitalization costs (HC), the average length of stay (LOS), and mortality rates (MR) related to primary total hip arthroplasties (THA) funded by the Brazilian Health Unic System (SUS) from 2012 to 2021. Methods: Descriptive cross-sectional study using secondary data of public domain obtained from the Department of Informatics of SUS (DATASUS) database website. Results: A total of 125,463 HAA were released with HC of 552,218,181.04 BRL in the evaluated period. The average LOS was of 6.8 days. MR was 1.62%. Conclusion: The regional distribution of HAA was 65,756 (52%) in the Southeast; 33,837 (27%) in the South; 14,882 (12%) in the Northeast; 9,364 (8%) in Midwest; and 1,624 (1%) in North - in 2020 there was a sharp decrease of the released HAA, probably due to the COVID-19 pandemic. HC was 293,474,673.20 BRL in the Southeast; 144,794,843.11 BRL in the South; 61,751,644.36 BRL in the Northeast; 45,724,353.80 BRL in the Midwest; and 6,472,666.57 BRL in the North. The average LOS was 6.7 in the Southeast; 5.3 in the South; 9.2 in the Northeast; 7.6 in the Midwest; and, 13.6 in the North. MR was as follows: Southeast=1.88%; South=1.07%; Northeast=1.83%; Midwest=1.44%; and North=1.47%. Evidence Level III; Retrospective Comparative Study .
RESUMO Objetivos: Descrever a distribuição regional das autorizações de internação hospitalar (AIH), custos de internação (CI), tempo médio de permanência (TMP) e taxa de mortalidade (TM) relacionados às artroplastias totais de quadril (ATQ) primárias financiadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de 2012 a 2021. Métodos: Estudo transversal descritivo utilizando dados secundários de domínio público obtidos no site do banco de dados do Departamento de Informática do SUS (DATASUS). Resultados: Foram liberadas 125.463 AIH com CI de R$ 552.218.181,04 no período avaliado. O TMP foi de 6,8 dias. A TM foi de 1,62%. Conclusões: A distribuição regional de AIH foi de 65.756 (52%) no Sudeste; 33.837 (27%) no Sul; 14.882 (12%) no Nordeste; 9.364 (8%) no Centro-Oeste; e, 1.624 (1%) no Norte - em 2020 houve queda acentuada das AIH liberadas, provavelmente devido à pandemia COVID-19. Os CI foram de R$ 293.474.673,20 no Sudeste; R$ 144.794.843,11 no Sul; R$ 61.751.644,36 no Nordeste; R$ 45.724.353,80 no Centro-Oeste; e R$ 6.472.666,57 no Norte. O TMP foi de 6,7 no Sudeste; 5,3 no Sul; 9,2 no Nordeste; 7,6 no Centro-Oeste; e 13,6 no Norte. A TM foi como se segue: Sudeste=1,88%; Sul=1,07%; Nordeste=1,83%; Centro-Oeste=1,44%; e, Norte=1,47%. Nível de Evidência III; Estudo Retrospectivo Comparativo .
RESUMO
Resumo Introdução: A educação médica, por meio de metodologias ativas, proporciona o ensino e a aplicação integrada de conceitos da saúde coletiva, como regionalização, promoção e gestão em saúde. Durante a pandemia de Covid-19, ao considerar a necessidade de adaptações de ensino para a manutenção da qualidade do aprendizado, o módulo de Saúde Coletiva III do curso de graduação em Medicina implementou a atividade remota "Feira Virtual das Cartas de Promoção da Saúde", a qual proporcionou o desenvolvimento de habilidades importantes. Dessa maneira, objetiva-se, neste relato, expor o ensino teórico e a aplicação prática integrada dos conceitos e princípios de promoção, regionalização e gestão da saúde, importantes no estudo da saúde coletiva, por meio dessa atividade no ensino remoto. Relato de experiência: A atividade "Feira Virtual das Cartas de Promoção da Saúde", desenvolvida no terceiro período, contou com quatro etapas. A etapa 0 consistiu em um encontro síncrono para que os docentes explicassem aos discentes as demais etapas e o desenvolvimento da atividade. A primeira compreendeu a leitura das "Cartas de Promoção da Saúde" e a confecção de produto ou ação factível, executável e aplicável para apresentarem na feira. A segunda parte foi composta por gerenciamento de recursos fictícios por cada equipe, considerando a qualidade e as necessidades dos produtos ofertados na feira. A última etapa consistiu na avaliação, por meio de feedback, entre docentes e discentes. Discussão: Por meio dessa dinâmica, os discentes aprofundaram seus conhecimentos acerca das "Cartas de Promoção da Saúde" e puderam aplicar, a partir delas, as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) em um contexto mais amplo e globalizado. Os estudantes potencializaram suas habilidades de gestão e criatividade, embora algumas limitações tenham sido observadas, como a falta de um conhecimento mais abrangente sobre "gestão em saúde", o qual poderia ter aprimorado o aproveitamento durante a atividade. Conclusão: Os discentes puderam atuar de forma ativa na construção do conhecimento ao longo do processo, desenvolvendo habilidades imprescindíveis para a prática profissional. A atividade, de forma lúdica, proporcionou a integração de diversos conceitos em saúde coletiva, representando um exemplo de como a educação médica pode atuar de maneira integrativa e prática.
Abstract Introduction: Medical education, through active methodologies, provides the teaching and integrated application of Collective Health concepts, such as Regionalization, Health Promotion and Management. During the COVID-19 pandemic, considering the need for adaptations in teaching methods to maintain the quality of learning, the Collective Health Module III of the undergraduate medical course implemented the remote activity "Virtual Fair of Health Promotion Letters", which provided the development of important skills. Thus, the aim of this report is to expose the theoretical teaching and the integrated practical application of the concepts and principles of health promotion, regionalization and health management, which are important in the study of Collective Health, through this remote learning activity. Experience report: The activity "Virtual Fair of Health Promotion Letters", developed in the third term, had 4 stages. Stage zero consisted of a synchronous meeting for the teachers to explain the other stages and the development of the activity to the students. The first stage included reading the "Health Promotion Letters" and making a feasible, executable and applicable product or action to present at the Fair. The second part consisted of each team managing fictitious resources, considering the quality and needs of the products offered at the fair. The final stage was an evaluation based on feedback between teachers and students. Discussion: Through this dynamic, the students deepened their knowledge about the "Health Promotion Letters" and were able to apply the guidelines of the Unified Health System (SUS) in a broader, globalised context. Students enhanced their management and creativity skills, although some limitations were observed, such as the lack of more comprehensive knowledge about "Health management", which could have improved their performance during the activity. Conclusion: The students were able to play an active role in the construction of knowledge throughout the process, developing essential skills for professional practice. The activity, in a playful way, provided the integration of several concepts in Collective Health; representing an example of how medical education can act in an integrative and practical way.
RESUMO
Resumo Este artigo teve como objetivo analisar, através da perspectiva dos gestores estaduais, como ocorreu a implementação do processo da regionalização da saúde no Rio Grande do Sul, a partir dos anos 2000. Trata-se de um estudo qualitativo descritivo, desenvolvido na Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul. As informações foram obtidas através de dez entrevistas semiestruturadas. Para a interpretação dos dados levantados, utilizou-se análise de conteúdo, modalidade temática. Como resultados, destacaram-se a melhoria na qualidade da atenção à saúde, o progresso na organização do sistema de saúde do estado, a mudança na função da gestão estadual, o desenvolvimento da tecnologia e o reconhecimento das instâncias de pactuação para a tomada de decisão. Identificou-se que a governança regional foi dificultada pela fragmentação do sistema e a histórica insuficiência de planejamento. Concluiu-se que se faz necessário implementar uma cultura de gestão estratégica, amparada pela alocação adequada de recursos e qualificação da governança nas regiões de saúde.
Abstract This article aims to analyze, from the perspective of state administrators, the implementation of the health regionalization process in Rio Grande do Sul, beginning in the 2000s. This is a qualitative-descriptive study, conducted in the State Health Department. We obtained information from ten semi-structured interviews with state administrators from the central level. We interpreted the data using content analysis, thematic method. As results, we highlight the improvement in healthcare quality, the progress in the organization of the state's health system, the change in the role of the state administration, the development of the technology and the acknowledgment of pact-making spaces for decision-making. We note that the system's fragmentation and the historical planning insufficiency hamper regional governance. In conclusion, implementing a culture of strategic management is necessary, with the backing of adequate resource allocation and enhancement of governance in the health regions.
Assuntos
Política Pública , Políticas, Planejamento e Administração em Saúde , Gestão em Saúde , Planejamento em SaúdeRESUMO
ABSTRACT OBJECTIVE To recognize elements that facilitated or hindered the PlanificaSUS implementation stages. METHODS A multiple case study was carried out in four pre-selected health regions in Brazil—Belo Jardim (PE), Fronteira Oeste (RS), Sul-Mato-Grossense (MT) and Valença (BA) using systemic arterial hypertension and maternal and child care as tracer conditions. Participant observation (in regional interagency commissions) and in-depth interviews with key informants from state and municipal management and primary health care and specialized outpatient care service professionals within the project were carried out in these four regions. Analysis was built according to political, technical-operational, and contextual dimensions. RESULTS The political dimension evinced that the regions found the project an opportunity to articulate states and municipalities and an important political bet to build networks and lines of care but that there remained much to be faced in the disputes related to building the Unified Health System (SUS). In the technical operational dimension, it is important to consider that primary health care stimulated a culture of local planning and favored traditional tools to organize and improve it, such as organizing registrations, agendas, and demands. However, centralized training and planning-inducing processes fail to always respond to local needs and can produce barriers to implementation. CONCLUSIONS It is worth considering the central and regional role of state managers in the commitment related to the project and the effect of mobilizing primary health care and expanding its power. There remains much to be faced in the disputes at stake in bullring SUS.
RESUMO OBJETIVO Reconhecer elementos que facilitaram ou dificultaram as etapas do processo de implementação do PlanificaSUS. MÉTODOS Foi realizado um estudo de casos múltiplos em quatro regiões de saúde pré-selecionadas - Belo Jardim (PE), Fronteira Oeste (RS), Sul-Mato-Grossense (MT), Valença (BA) -, utilizando como condições traçadoras a hipertensão arterial sistêmica e a atenção materno infantil. Foi realizada observação participante na Comissão Intergestora Regional (CIR), bem como entrevistas em profundidade nas quatro regiões estudadas, com informantes-chave da gestão estadual e municipal e com profissionais dos serviços da atenção primária à saúde e atenção ambulatorial especializada envolvidos no projeto. Construiu-se análise em três dimensões: política, técnico operacional e contexto. RESULTADOS Na dimensão política, ficou evidenciado que, de alguma forma, as regiões identificaram no projeto uma oportunidade de articulação entre estados e municípios e uma aposta política importante para a construção de redes e linhas de cuidado, mas ainda com muitos caminhos a percorrer para enfrentar as barreiras identificadas nas disputas em jogo na construção do Sistema Único de Saúde (SUS). Na dimensão técnico operacional, é importante considerar que foi estimulada uma cultura de planejamento local na APS, além do favorecimento do uso de ferramentas tradicionais, no sentido de organizá-la e qualificá-la, como a organização dos cadastros, da agenda e da demanda. No entanto, os processos centralizados formativos e indutores da planificação nem sempre respondem às necessidades singulares dos territórios e podem produzir barreiras à implementação. CONCLUSÕES Cabe considerar o papel do gestor estadual na aposta relacionada ao projeto, tanto no nível central quanto no nível regional, e o efeito de processos de mobilização da atenção primária à saúde e amplificação de sua potência, mas ainda com muitos caminhos a percorrer para enfrentar as barreiras identificadas nas disputas em jogo na construção do SUS.
Assuntos
Humanos , Atenção Primária à Saúde , Regionalização da Saúde , Sistema Único de Saúde , Apoio ao Planejamento em SaúdeRESUMO
Resumo: Este trabalho objetivou caracterizar internações de residentes no Paraná, Brasil, ocorridas no período neonatal em município diferente do de residência, entre 2008 e 2019, e descrever redes de deslocamento para o primeiro e o último biênio da série, correspondentes aos períodos anterior e posterior a iniciativas de regionalização dos serviços de saúde no estado. Dados sobre internações de crianças com idade entre 0 e 27 dias foram obtidos por meio do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS). Para cada biênio e regional de saúde, foram calculados a proporção de internações ocorridas fora do município de residência, a distância média ponderada pelo fluxo dos deslocamentos, bem como indicadores de saúde e de oferta de serviços. Modelos mistos foram ajustados para avaliar a tendência bianual dos indicadores e para verificar fatores associados à taxa de mortalidade neonatal (TMN). No total, 76.438 internações foram selecionadas, variando de 9.030, em 2008-2009, a 17.076, em 2018-2019. A comparação entre as redes obtidas para 2008-2009 e as existentes em 2018-2019 evidenciou aumento no número de destinos frequentes e na proporção de deslocamentos dentro da mesma regional de saúde. Observou-se tendência decrescente para a distância, para a proporção de nascidos vivos com Apgar no quinto minuto ≤ 7 e para a TMN. Na análise ajustada para a TMN, além do efeito de biênio (-0,64; IC95%: -0,95; -0,28), apenas a proporção de nascidos vivos com idade gestacional inferior a 28 semanas apresentou significância estatística (4,26; IC95%: 1,29; 7,06). A demanda por assistência hospitalar no período neonatal aumentou ao longo do período estudado. As redes de deslocamento sugerem impacto positivo da regionalização, embora o investimento em regiões com potencial para se tornarem polos assistenciais seja necessário.
Abstract: This study aimed to characterize hospitalizations of residents in Paraná State, Brazil, that occurred during the neonatal period in a municipality different from their place of residence from 2008 to 2019, and to describe displacement networks for the first and last biennium of the series, corresponding to periods before and after initiatives to regionalize health services in the state. Admissions of children aged from 0 to 27 days were obtained from the Hospital Information System of the Brazilian National Unified Health System (SIH-SUS) database. For each biennium and health region, the proportion of admissions that occurred outside the municipality of residence, the weighted average distance traveled, and indicators of health and service provision were calculated. Mixed models were fitted to evaluate the biennial trend of the indicators and to investigate factors associated with the neonatal mortality rate (NMR). In total, 76,438 hospitalizations were selected, ranging from 9,030 in 2008-2009 to 17,076 in 2018-2019. The comparison of the networks obtained for 2008-2009 and 2018-2019 revealed an increase in the number of frequent destinations and in the proportion of displacements within the same health region. A decreasing trend was observed for distance, the proportion of live births with 5-minute Apgar ≤ 7, and for NMR. In the adjusted analysis for NMR, besides the biennial effect (-0.64; 95%CI: -0.95; -0.28), only the proportion of live birth with gestational age < 28 weeks showed statistical significance (4.26; 95%CI: 1.29; 7.06). The demand for neonatal hospital care increased over the study period. The displacement networks suggest a positive impact of regionalization, although investment in regions with the potential to become healthcare centers is necessary.
Resumen: El presente trabajo tuvo como objetivo caracterizar las hospitalizaciones de residentes en el Paraná, Brasil, ocurridas en el período neonatal en un municipio diferente al de su residencia entre el 2008 y el 2019, y describir las redes de desplazamiento para el primer y último bienio de la serie, correspondientes al período anterior y posterior a iniciativas de regionalización de servicios de salud en el Estado. Las hospitalizaciones de niños con edades entre 0 y 27 días se obtuvieron del Sistema de Información Hospitalaria del Sistema Único de Salud (SIH-SUS) y, para cada bienio y regional de salud, se calculó la proporción de ingresos hospitalarios que ocurrieron fuera del municipio de residencia, la distancia media calculada por el flujo de desplazamientos, así como indicadores de salud y de oferta de servicios. Se ajustaron modelos mixtos para evaluar la tendencia bianual de los indicadores y para verificar factores asociados a la tasa de mortalidad neonatal (TMN). En total, se seleccionaron 76.438 hospitalizaciones, que varían desde 9.030 en 2008-2009 a 17.076 en 2018-2019. La comparación de las redes obtenida para 2008-2009 y 2018-2019 mostró un aumento en el número de destinos frecuentes y en la proporción de desplazamientos dentro de la misma regional de salud. Se observó una tendencia decreciente para la distancia, la proporción de nacidos vivos con Apgar al 5º minuto ≤ 7 y para la TMN. En el análisis ajustado para la TMN, además del efecto de bienio (-0,64; IC95%: -0,95; -0,28), solo la proporción de nacidos vivos con edad gestacional < 28 semanas presentó significativa estadística (4,26; IC95%: 1,29; 7,06). La demanda de asistencia hospitalaria en el período neonatal aumentó a lo largo del período estudiado. Las redes de desplazamiento sugieren un impacto positivo de la regionalización, aunque es necesaria la inversión en regiones con potencial para convertirse en polos asistenciales.
RESUMO
RESUMO A ampliação do acesso à prevenção e controle do câncer bucal demanda a construção de uma rede intermunicipal de cuidado e a Comissão Intergestores Bipartite (CIB) tem papel central nesse processo. Objetiva-se analisar, sob a ótica da Teoria da Estruturação, a participação da CIB na estruturação da prevenção e controle do câncer bucal no Sistema Único de Saúde, no estado do Rio de Janeiro, Brasil. Realizou-se um estudo de caso exploratório, com análise de documentos da CIB do Rio de Janeiro entre 1996 e 2019. A coleta dos dados foi realizada no primeiro trimestre de 2020. Foram analisados 739 documentos pelas categorias: Constituição da rede de saúde; Financiamento das ações de saúde; Qualificação profissional em saúde. As discussões na CIB se mostraram limitadas devido uma característica mais municipalista e menos regionalizada no estado. O acesso ao tratamento rendeu debates que contribuíram com a expansão, mesmo que limitada, da rede hospitalar e com a reorganização da regulação. Identificou-se que esse espaço formal de negociação e decisão intergestores se transformou em um espaço meramente informativo ou deliberativo pro forma, o que traz limitações para estruturação das ações regionais de prevenção e controle do câncer bucal no estado do Rio de Janeiro.
ABSTRACT Expanding access to oral cancer prevention and control requires constructing an inter-municipal care network. The Bipartite Intermanagement Commission (CIB) plays a central role in this process. This study aims to analyze, from the perspective of the Structuring Theory, the participation of the CIB in structuring oral cancer prevention and control actions within the scope of the Unified Health System, in the state of Rio de Janeiro, Brazil. This exploratory case study analyzes documents from the CIB of Rio de Janeiro between 1996 and 2019. Data collection and extraction took place in the first quarter of 2020. Two researchers individually analyzed the content of 739 documents in the categories: Constitution of the health network; Financing of health actions; Professional qualification in health. Discussions at the CIB proved to be limited, due to the more municipal and less regionalized characteristics adopted by the state for oral health. Access to treatment gave rise to debates that contributed to the expansion of the hospital network and the reorganization of regulation, even if limited. This formal space for inter-manager negotiation and decision-making has become a merely informative or pro forma deliberative space, which brings limitations to the structuring of regional actions for the prevention and control of oral cancer in the state of Rio de Janeiro.
RESUMO
Este estudo analisa as interfaces entre o conselho municipal de saúde de Caruaru e a omissão intergestora regional (CIR) na IV região de saúde do estado de Pernambuco (IV Geres), buscando compreender questões centrais sobre as políticas de gestão estratégica e compartilhada. Trata-se de um estudo qualitativo com análise de 34 documentos oficiais a partir das atas com as transcrições das reuniões ocorridas nos anos de 2017 e 2018 na CIR da IV Geres e do Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Caruaru, município sede da região de saúde. Os dados foram analisados segundo a proposta de Bardin e pelo software IRAMUTEQ. Obteve-se aprovação no Comitê de Ética. Os dados foram agrupados em duas categorias: ações referentes a CIR e ações referentes ao CMS de Caruaru. A partir disso, os núcleos de sentido foram divididos em três eixos: 1) governança; 2) regionalização; e 3) controle social. Como resultado, nota-se a presença de uma relação desconexa entre a CIR e o Conselho Municipal de Saúde, na qual a CIR atua como grande definidora das políticas, de suas implementações e negociações. As desigualdades regionais mostraram-se bastante pronunciadas dentro do colegiado, o que torna a efetivação de um sistema de saúde fortalecido e capacitado para atender as demandas da região como um dos principais desafios a serem alcançados, nos mais diferentes níveis de atenção.
RESUMO
Resumo O objetivo deste artigo foi analisar a distribuição de profissionais médicos vinculados ao Sistema Único de Saúde em municípios em extrema pobreza do Brasil. Trata-se de estudo observacional, longitudinal e retrospectivo, desenvolvido com base em dados secundários disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Foram contabilizados 16.267 médicos, dos quais 1.360 atendiam na rede privada e 14.907 na rede pública. Dentre estes, 1.284 atendem na região Norte; 9.186, no Nordeste; 3.071, no Sudeste; 837, no Sul; e 529, no Centro-Oeste. Entre os municípios brasileiros em extrema pobreza, 12,2% dispõem de três médicos; 10,7%, de dois médicos; e 9,2%, de apenas um médico. Os desfechos primários relativos à demografia médica dos municípios em extrema pobreza afirmam a desproporção na distribuição de profissionais entre as cidades brasileiras. Sugere-se a implementação de políticas em saúde que promovam a equidade da demografia médica no país.
Abstract This article aimed to analyze the distribution of medical professionals linked to the Brazilian Unified Health System in municipalities in extreme poverty in the country. This is an observational, longitudinal and retrospective study based on secondary data provided by the Department of Informatics of the Unified Health System. In total, 16,267 physicians were identified, of which 1,360 worked in the private network and 14,907 in the public network. The regional distribution is as follows: 1,284 in the North; 9,186 in the Northeast; 3,071 in the Southeast; 837 in the South; and 529 in the Midwest. Among Brazilian municipalities in extreme poverty, 12.2% have three physicians; 10.7% of two physicians; and 9.2% of only one. The primary outcomes related to the demographics of medical personnel municipalities in extreme poverty show the disproportion in the distribution of professionals among Brazilian cities. The implementation of health policies that promote the equity of such demographics in the country is suggested.
Resumen Este artículo analizó la distribución de los profesionales médicos vinculados al Sistema Único de Salud en municipios en extrema pobreza en Brasil. Se trató de un estudio observacional, longitudinal y retrospectivo, realizado con datos secundarios provenientes del Departamento de Informática del Sistema Único de Salud. De un total de 16.267 médicos; 1.360 estaban en la red privada y 14.907 en la red pública. De estos, 1.284 trabajaban en la región Norte; 9.186, en el Nordeste; 3.071, en el Sudeste; 837 en el Sur; y 529, en el Centro-Oeste. En tal condición, el 12,2% de los municipios tenía tres médicos; el 10,7%, dos; y el 9,2% solo uno. Los resultados primarios relacionados con el tema permiten atestar la desproporción en la distribución de profesionales entre las ciudades brasileñas. Se sugiere implementar políticas de salud que promuevan la equidad en la demografía médica en el país.
Assuntos
Médicos , Pobreza , Regionalização da Saúde , Sistema Único de Saúde , Cidades , Acessibilidade aos Serviços de SaúdeRESUMO
RESUMO O objetivo desta investigação foi avaliar o comportamento da Rede de Atenção à Saúde (RAS) durante situações de desastres. O estudo foi realizado em Santa Maria, estado do Rio Grande do Sul, e teve como objeto a atuação do Sistema Único de Saúde (SUS) após o incêndio ocorrido na Boate Kiss, em 2013. Trata-se de uma investigação qualitativa, com características da Avaliação de Quarta Geração. As principais fontes de informação foram entrevistas individuais e coletivas com representantes de grupos com diferentes interesses no tema proposto. A análise de dados identificou três momentos de atuação com características distintas. O enfrentamento inicial dependeu da capacidade de mobilização, conectividade, recursos da comunidade e capacidade convocatória; o atendimento aos sobreviventes e familiares - especialmente atendimento hospitalar - exigiu regulação, financiamento e capacidade de gestão e coordenação de equipes com visão das propostas assistenciais em disputa. Houve abertura para formas menos hierárquicas de gestão dos serviços. A institucionalidade do SUS, com mobilização de recursos, com rede e capacidade de regulação, foi o fator mais importante para enfrentar os efeitos do desastre. A fragmentação dos serviços e a fragilidade da atenção básica limitaram a qualidade da assistência imediata e dificultam o cuidado longitudinal.
ABSTRACT The aim of this study was to evaluate the behavior of the Health Care Network (RAS) during disaster situations. The study was carried out in Santa Maria, state of Rio Grande do Sul, and had as its object the performance of the Unified Health System (SUS) after the fire that took place at the Kiss Nightclub, in 2013. This is a qualitative study, with characteristics of the Fourth Generation Assessment. The main sources of information were individual and collective interviews with representatives of groups with different interests in the proposed topic. Data analysis identified three moments of action with distinct characteristics. The initial response depended on mobilization capacity, connectivity, community resources, and convening capacity; care for survivors and their families - especially hospital care - required regulation, funding, and the ability to manage and coordinate teams with a vision of the care proposals in dispute. There was openness to less hierarchical forms of service management. The institutionality of the SUS, with resource mobilization, network, and regulatory capacity, was the most important factor in facing the effects of the disaster. The fragmentation of services and the fragility of Primary Care limited the quality of immediate care and made longitudinal care difficult.