RESUMO
INTRODUÇÃO: A anafilaxia é uma reação alérgica multissistêmica grave, de início agudo e potencialmente fatal. Poucos são os dados sobre sua epidemiologia no Brasil. O Registro Brasileiro de Anafilaxia da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (RBAASBAI) teve como objetivo ampliar o conhecimento sobre anafilaxia em indivíduos brasileiros. MÉTODOS: Estudo observacional transversal com questionário online sobre dados demográficos, desencadeantes suspeitos, manifestações clínicas, atendimento durante a reação, investigação diagnóstica e aconselhamento após a reação de pacientes que experimentaram uma reação anafilática. RESULTADOS: Entre junho/2021 e abril/2023, foram incluídos 237 pacientes (131 femininos): 99 crianças/adolescentes; 127 adultos e 11 idosos. Houve predomínio de meninos entre crianças/adolescentes (55,5%), e de mulheres entre os adultos (64,5%), e mediana de idade de 22 anos (< 1 a 77 anos). As manifestações cutâneas (92,8%) foram as mais frequentes, seguidas pelas respiratórias (70,1%), gastrointestinais (52,3%), neurológicas (36,3%) e cardiovasculares (35,3%). Os principais desencadeantes foram: alimentos (43,0%), medicamentos (26,2%), himenópteros (21,6%) e látex (2,5%); os alimentos entre crianças (leite, ovo, amendoim/castanhas), e os fármacos (anti-inflamatórios e antibióticos) entre os adultos. Quanto ao tratamento, 61,1% recebeu adrenalina (52,7% por profissional e 8,4% via autoinjetor de adrenalina -AIA). Uma adolescente (12 anos) faleceu após picada de abelha. A maioria recebeu plano escrito de emergência (78,1%) e foi ensinada a usar o AIA (70%). CONCLUSÃO: Os alimentos foram os desencadeantes mais comuns entre crianças/adolescentes, e os fármacos entre adultos brasileiros. A adrenalina continua sendo subutilizada, reforçando a necessidade de maior disseminação do tratamento adequado da anafilaxia.
INTRODUCTION: Anaphylaxis is a life-threatening, acute, severe multisystem allergic reaction.There is little data on its epidemiology in Brazil. The Brazilian Anaphylaxis Registry of the Brazilian Association of Allergy and Immunology (RBA-ASBAI) was devised to expand knowledge about anaphylaxis in Brazilian individuals. METHODS: Cross-sectional observational study using an online questionnaire to collect data on demographics, suspected triggers, clinical manifestations, treatment during the reaction, diagnostic workup, and post-reaction counseling in patients who have experienced an anaphylactic reaction. RESULTS: Between June 2021 and April 2023, 237 patients were included (131 female): 99 children/adolescents (<18yo), 127 adults (18-64yo), and 11 older adults (65-77yo). There was a male predominance in the pediatric group (55.5%), while females were predominant among adults (64.5%). The median age was 22 years (range, <1 to 77). The most frequent clinical manifestations were cutaneous (92.8%), followed by respiratory (70.1%), gastrointestinal (52.3%), neurological (36.3%), and cardiovascular (35.3%). The most common triggers were foods (43.0%), drugs (26.2%), venoms (21.6%), and latex (2.5%). Foods (milk, egg, peanuts/tree nuts) predominated among children, versus drugs (mostly nonsteroidal anti-inflammatory drugs and antibiotics) among adults. Regarding treatment, 61.1% received epinephrine (52.7% by a healthcare professional and 8.4% via epinephrine auto-injector [EAI]). One teenager (12yo) died due to a bee sting. Most patients received a written emergency plan (78.1%) and were taught how to use the EAI (70%). CONCLUSION: Foods were the most common triggers of anaphylaxis among Brazilian children and adolescents, while drugs predominated among adults. Epinephrine continues to be underused, highlighting the need for greater awareness of proper treatment of anaphylaxis.
Assuntos
Humanos , Sociedades MédicasRESUMO
RESUMEN Objetivo. Identificar los países que tienen legislación relacionada con la declaración obligatoria de alergenos alimentarios, alimentos irradiados y transgénicos en el etiquetado nutricional de alimentos envasados. Métodos. Estudio exploratorio en el cual se revisaron los reglamentos sanitarios o normas técnicas de los alimentos de los países de América Latina con el fin de recopilar información sobre la declaración de alergenos, trazas de alergenos, alimentos irradiados y transgénicos. La búsqueda de la información se realizó a través de páginas gubernamentales de los países. Los resultados se presentan de manera descriptiva y narrativa. Resultados. De los 19 países revisados, 89% declara alergenos en su etiquetado nutricional, 76% incorpora la declaración de trazas en su legislación de manera explícita y 82% sigue las recomendaciones del Codex Alimentarius con algunas modificaciones en las categorías de alimentos. Conclusiones. La declaración de alergenos como medida de seguridad alimentaria, así como avanzar en mejorar la rotulación de trazas de alergenos y la disponibilidad universal de epinefrina son los desafíos pendientes de la Región.
ABSTRACT Objective. Identify countries that have legislation on mandatory declarations of food allergens, irradiated foods, and transgenic foods on the nutritional labels of packaged foods. Methods. Exploratory study reviewing the health regulations and technical standards for foods in Latin American countries in order to gather information on declarations of allergens, trace allergens, irradiated foods, and transgenic foods. The information search was carried out through the countries' government web pages. Presentation of the results is descriptive and narrative. Results. Of the 19 countries reviewed, 89% require a declaration of allergens on their nutrition labeling, 76% have legislation that explicitly require a statement on trace allergens, and 82% follow Codex Alimentarius recommendations with some modifications of food categories. Conclusions. Three pending challenges in the Region are: requiring statements on allergens as a food safety measure; making progress toward improved labeling of trace allergens; and ensuring universal availability of epinephrine.
RESUMO Objetivo. Identificar os países que têm legislação relacionada à declaração obrigatória de alimentos alergênicos, irradiados e transgênicos na rotulagem nutricional de alimentos embalados. Métodos. Estudo exploratório com revisão dos regulamentos sanitários ou normas técnicas de alimentos dos países da América Latina, a fim de coletar informações sobre a declaração de alimentos alergênicos, traços de alergênicos, alimentos irradiados e transgênicos na rotulagem nutricional. A busca de informações foi realizada por meio dos sites governamentais dos países. Os resultados são apresentados de forma descritiva e narrativa. Resultados. Dos 19 países analisados, 89% declaram alergênicos na rotulagem nutricional, 76% incorporam explicitamente a declaração de traços na legislação e 82% seguem as recomendações do Codex Alimentarius, com algumas modificações nas categorias de alimentos. Conclusões. Entre os desafios pendentes na Região estão a implementação da declaração de alergênicos como medida de segurança alimentar e a melhoria da rotulagem de traços de alergênicos e da disponibilidade universal de epinefrina.
RESUMO
Analisar o conhecimento de pediatras brasileiros sobre alergia à proteína do leite de vaca (APLV) por meio de um questionário validado. Estudo quantitativo com delineamento transversal no qual foi aplicado um questionário online sobre conhecimentos de APLV. O cálculo amostral foi de 294. O formulário online foi dividido em dois blocos, sendo o primeiro composto por questões de identificação dos pediatras e o segundo composto pelo questionário validado, construído a partir do Consenso Brasileiro de Alergia Alimentar (2018). A avaliação geral do questionário mostrou um percentual de concordância de 91% e Índice de Validade de Conteúdo de 0,95. Os resultados dos questionários aplicados foram apresentados em frequências absolutas e relativas, média, mediana, desvio padrão e percentis. O nível de significância foi estabelecido em 5% (p < 0,05). O questionário validado foi respondido por 1.316 médicos brasileiros, dos quais 1.017 (77,3%) eram do sexo feminino. A média de idade observada foi de 45,50 ± 13,20 anos. Ao analisar o número total de acertos, notou-se que a média de acertos foi de 80,66 ± 10,42%. Os pediatras responderam principalmente a perguntas sobre o conceito e o tratamento da APLV. A questão com menor índice de acertos foi relacionada à investigação clínica e laboratorial. A maioria dos médicos que respondeu ao questionário demonstrou compreender o conceito e as principais recomendações terapêuticas da APLV.
To analyze the knowledge of Brazilian pediatricians about cow's milk protein allergy (CMPA) using a validated questionnaire. Quantitative study with a cross-sectional design in which an online questionnaire on CMPA knowledge was applied. The sample calculation indicated 1024 participants. The online form was divided into two blocks, the first comprising questions on the identification of pediatricians, and the second comprising the validated questionnaire, built from the Brazilian Consensus on Food Allergy (2018). The general evaluation of the questionnaire showed a percentage of agreement of 91% and a Content Validity Index of 0.95. The results of the applied questionnaires were presented in absolute and relative frequencies, mean, median, standard deviation, and percentiles. The level of significance was set at 5% (p <0.05). The validated questionnaire was answered by 1316 Brazilian doctors, of whom 1017 (77.3%) were females, and their mean age was 45.50 ± 13.20 years. The mean total number of correct answers was 80.66 ± 10.42%. Pediatricians mostly answered questions about the concept and treatment of CMPA. The question with the lowest rate of correct answers was related to clinical and laboratory investigation. Most physicians who answered the questionnaire demonstrated they understood the concept and the main CMPA therapeutic recommendations.
RESUMO
Poultry meat allergy is rare and may present as primary or secondary, in the context of bird-egg syndrome. Chicken meat is responsible for most of the reactions. Cross-reactive allergens (parvalbumins, enolases, aldolases) between fish and chicken meat have been described. Coconut allergy is also rare. Coc n2 (7S globulin) and Coc n4 (11S globulin) have been implicated. We present a complex multiple food allergy case report where investigation into fish and chicken meat allergies as well as coconut allergy is carried out.
A alergia à carne de aves é rara e pode apresentar-se como primária ou secundária, no contexto da síndrome ovo-ave. A carne de frango é responsável pela maioria das reações. Foram descritos alergênios com reação cruzada (parvalbuminas, enolases, aldolases) entre peixe e carne de frango. A alergia ao coco também é rara. Coc n2 (globulina 7S) e Coc n4 (globulina 11S) foram implicados. Apresentamos um relato de caso complexo de alergia alimentar múltipla, onde é realizada investigação sobre alergia a peixe e carne de frango, bem como alergia ao coco.
Assuntos
Humanos , Masculino , Adolescente , Cocos , PeixesRESUMO
Wheat is one of the fundamental sources of food worldwide. Baker's asthma and occupational rhinitis are both frequent and can be attributable to work exposure in bakers. However, the association between baker's asthma and wheat allergy is very rare. The authors report the case of a bakery worker who developed baker's asthma and occupational rhinitis after years of working in a bakery and later developed anaphylactic reactions after wheat ingestion.
O trigo é uma das fontes alimentares mais importantes em todo o mundo. A asma do padeiro e a rinite ocupacional são frequentes e podem ser atribuídas à exposição a farinhas em padeiros. No entanto, a associação entre asma do padeiro e alergia alimentar ao trigo é muito rara. Os autores descrevem um caso em que um trabalhador de panificação desenvolveu asma do padeiro e rinite ocupacional após anos trabalhando em uma padaria, e posteriormente desenvolveu reações anafiláticas após a ingestão de trigo.
Assuntos
Humanos , Feminino , Pessoa de Meia-IdadeRESUMO
Introdução: O teste de provocação oral (TPO) com alimentos é o padrão ouro para avaliação diagnóstica e de aquisição de tolerância em pacientes com alergia alimentar (AA). Exige, no entanto, equipe especializada e local apropriado para execução, uma vez que reações alérgicas, incluindo anafilaxia, podem acontecer. Foi recém-incorporado como procedimento reconhecido pelo Sistema Único de Saúde e pela Agência Nacional de Saúde, mas apenas no contexto da alergia ao leite de vaca para pacientes com até 24 meses de vida. Pouco se sabe sobre sua disponibilidade/execução no território brasileiro. Objetivos: Explorar o perfil de realização de TPO com alimentos em âmbito nacional, bem como as limitações para a sua não realização. Métodos: Inquérito virtual foi disponibilizado por e-mail aos 2.500 sócios cadastrados na Associação Brasileira de Alergia e Imunologia questionando sobre a prática de TPO, formação do profissional, limitações para sua não realização e possíveis soluções para sua execução. Resultados: Foram obtidas 290 respostas (11,6% dos associados), sendo a maioria deles proveniente da Região Sudeste (56,1%). Realizam TPO 54,5% (158/290) dos associados, 62% destes mais de 5 TPOs/mês, principalmente para leite e ovo. A execução de TPO na atualidade, majoritariamente na rede privada, esteve associada à prática do procedimento durante a especialização. Falta de recurso e ambiente apropriados são as maiores limitações para a não realização do TPO. Conclusões: Apesar do viés de seleção inerente à metodologia empregada do estudo, este inquérito pioneiro em território nacional tem importância por esclarecer e discutir a realização do TPO no âmbito do Brasil. Certamente este procedimento ainda é insuficientemente realizado no Brasil.
Background: Oral food challenge (OFC), the gold standard for diagnosing food allergy and determining tolerance levels, requires specialized staff and appropriate conditions since anaphylaxis may occur. In 2022, OFC was officially recognized in Brazilian public and private health systems, although only for milk allergy in children up to 24 months of age. Little is known about OFC practices in Brazil. Objectives: To explore OFC practices, barriers, and solutions among Brazilian allergists and immunologists. Methods: A survey was e-mailed to 2500 associates of the Brazilian Association of Allergy and Immunology regarding OFC practices, training experiences, barriers to this procedure, and workable solutions. Results: A total of 290 associates responded (11.6%), more than a half of whom (56.15) practiced in the southeast region: 158 (54.5%) reported performing OFC, of whom 62% performed > 5 procedures each month, mostly for cow milk and hen egg. OFCs were mostly performed in private practice and were associated with specialized training. Lack of an appropriate setting was seen as the main barrier to performing the procedure. Conclusions: Although this study's methodology involves intrinsic biases, this is the first exploration of OFC practice in Brazil. OFCs are still underperformed nationwide.
Assuntos
Humanos , Sociedades Médicas , Brasil , Técnicas e Procedimentos DiagnósticosRESUMO
Nas últimas décadas tem se observado um aumento expressivo na prevalência de alergia alimentar (AA), com frequência estimada em adultos de 3% a 8%, sendo ainda mais relevante quando se avalia a AA autodeclarada (variação de 3% a 35%). Entretanto, são poucos os dados publicados sobre a prevalência de AA em idosos, e no Brasil tais dados são inexistentes. O objetivo principal deste protocolo de estudo é conhecer a prevalência de AA autodeclarada em idosos (≥ 60 anos) brasileiros. Trata-se de estudo epidemiológico transversal que utiliza questionário padronizado e validado para a língua portuguesa. Entre os vários aspectos investigados, serão avaliados quais alimentos e sintomas são os mais relacionados à AA nestes indivíduos. Os dados obtidos serão transcritos a planilha Excel para realização da análise estatística. A obtenção dessas informações permitirá compará-las às existentes, assim como estabelecer planos de abordagem destes pacientes.
In recent decades, there has been a significant increase in the prevalence of food allergies, reaching an estimated frequency of 3% to 8% in adults and even higher in self-reports (from 3% to 35%). However, published data on the prevalence of food allergies among older adults are scarce, and in Brazil they are non-existent. The main objective of this study was to investigate the prevalence of self-reported food allergy among older Brazilians (≥ 60 years). This cross-sectional epidemiological study protocol involves a questionnaire that was developed, standardized, and validated in Portuguese. The investigated aspects will include the foods and symptoms most commonly associated with food allergy in this population. The data will be input into an Excel spreadsheet for statistical analysis. Obtaining this data will allow comparison of the results with previous data and help establish treatment plans for these patients.
Assuntos
Humanos , Pessoa de Meia-Idade , Idoso , Idoso de 80 Anos ou maisRESUMO
Sunflower seed (Helianthus annuus) is an uncommon allergenic source frequently consumed in snacks, as component of some types of bread, as condiment in some dishes, and also used in animal feeding. Occasional cases of anaphylaxis to this seed have been reported in the current literature, mainly in workers occupationally exposed to sunflower allergens and bird breeders. The allergenic nature of the storage protein albumin 2S and the non-specific lipid transfer protein (nsLTP) of this seed has been described. The authors report the case and diagnostic approach of a seed anaphylaxis.
A semente de girassol (Helianthus annuus) é uma fonte alergênica incomum frequentemente consumida em lanches, como componente de alguns tipos de pães, como condimento em alguns pratos, e também utilizada na alimentação animal. Casos eventuais de anafilaxia a esta semente têm sido relatados na literatura atual, principalmente em trabalhadores com exposição ocupacional a alérgenos de girassol e criadores de aves. A natureza alergênica da proteína de armazenamento albumina 2S e da proteína não específica de transferência de lipídios (nsLTP) dessa semente foi descrita. Os autores relatam o caso e a abordagem diagnóstica de uma anafilaxia por sementes.
Assuntos
Humanos , Masculino , Pessoa de Meia-Idade , EpinefrinaRESUMO
Objetivo: Descrever as manifestações de anafilaxia precoce em lactentes com alergia à proteína do leite de vaca (APLV) e descrever as condutas terapêuticas utilizadas. Método: Estudo observacional transversal retrospectivo que analisou pacientes com APLV atendidos no Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da FMUSP, entre 1990-2015, que apresentaram sintomas de alergia no primeiro ano de vida, com diagnóstico de anafilaxia, comparados a pacientes alérgicos sem anafilaxia desencadeada por ingestão de leite de vaca. Os pacientes foram caracterizados de maneira epidemiológica, tipo de sintoma apresentado e tratamento realizado. Os dados foram analisados no programa estatístico GraphPad Software Inc. Para avaliar a associação entre categorias, foi utilizado o Teste Exato de Fisher, e para comparações entre grupos, o Teste de Mann Whitney. Os resultados de p < 0,05 foram considerados significativos. Resultados: De um total de 120 crianças avaliadas (68 M:52 F), 85 (70,83%) lactentes preencheram os critérios da World Allergy Organization (WAO) para anafilaxia. As manifestações de alergia IgE mediada foram prioritariamente cutâneas [102 (85%)]. Nos pacientes com diagnóstico de anafilaxia, as principais manifestações foram urticária [39 (45,8%)], vômito [36 (42,3%)] e dispneia [19 (22,3%)]. A recorrência do episódio de anafilaxia ocorreu em 41 (34,16%) pacientes. A adrenalina (45%) e o anti-histamínico (63,3%) foram os medicamentos mais utilizados. Observa-se também que 6 (7%) pacientes com diagnóstico de anafilaxia não receberam nenhum tratamento. Conclusão: Anafilaxia no primeiro ano de idade apresenta quadro clínico semelhante aos pacientes mais velhos, mas ainda há elevada taxa de recorrência de episódios e subtratamento. Mais estratégias de educação precisam ser desenvolvidas.
Objective: To describe the early manifestations of anaphylaxis in infants with cow's milk protein allergy (CMPA) and the therapeutic approach. Method: In this cross-sectional observational study, we retrospectively reviewed the medical records of patients with CMPA treated at the Institute for Children and Adolescents of Hospital das Clínicas, University of São Paulo Medical School, from 1990 to 2015. Patients who developed allergic symptoms during the first year of life and had a diagnosis of anaphylaxis were compared with allergic patients without anaphylaxis triggered by cow's milk. Patients were characterized according to epidemiological features, type of symptoms, and treatment received. Data were analyzed using GraphPad software. Associations between categories were assessed by Fisher's exact test, and groups were compared by the Mann-Whitney test. Results with p<0.05 were considered statistically significant. Results: Of 120 infants evaluated (68 male: 52 female), 85 (70.83%) met the World Allergy Organization criteria for anaphylaxis. Most infants had cutaneous manifestations of immunoglobulin E (IgE)-mediated allergy (n=102, 85%). In those with a diagnosis of anaphylaxis, the main manifestations were urticaria (n=39, 45.8%), vomiting (n=36, 42.3%), and dyspnea (n=19, 22.3%). Anaphylaxis recurred in 41 patients (34.16%). Epinephrine (45%) and antihistamines (63.3%) were the most used drugs. Six patients (7%) with a diagnosis of anaphylaxis received no treatment. Conclusion: Anaphylaxis during the first year of life showed clinical features similar to those of older pediatric patients, but the rates of episode recurrence and undertreatment are still high. More education strategies need to be developed.
Assuntos
Humanos , LactenteRESUMO
Introdução: A alergia alimentar pode afetar o bem-estar dos pacientes e de seus familiares. Esse trabalho busca, por meio de questionário validado, investigar a qualidade de vida desses pacientes, acompanhados em um centro de tratamento multidisciplinar. Métodos: Pacientes entre 0 e 18 anos, monitorados no Ambulatório de Alergia Alimentar do Hospital Infantil João Paulo II entre 2012 e 2017, foram selecionados para responder a um questionário de avaliação de qualidade de vida com coleta de informações acerca do tipo de alergia, sua apresentação clínica, presença de dermatite atópica, prescrição ou não de kit de Adrenalina®, tempo de acompanhamento no serviço e tempo de acompanhamento por nutricionista. Resultados: Foram incluídos 77 pacientes, com idade média de 3,38 anos, em sua maioria revelando qualidade de vida regular (43%) e com acompanhamento no Serviço inferior a seis meses (52%). Daqueles acompanhados por nutricionista, 52,4% o faziam há menos de seis meses. Alergia IgE mediada foi identificada em 51% dos sujeitos da pesquisa, com 66,66% dos mesmos sob prescrição de kit de Adrenalina®. Não houve associação estatisticamente significativa entre qualidade de vida e as variáveis analisadas. Conclusão: O questionário de qualidade de vida é um importante instrumento de avaliação de pacientes com alergia alimentar, permitindo traçar o perfil dos mesmos e atuar individualmente nos quesitos que impactam negativamente o seu dia a dia.
Background: Food allergy can affect the well-being of patients and their families. Objective: To investigate the quality of life of patients with food allergy followed up at a multidisciplinary treatment center using a validated questionnaire. Methods: Patients aged 0 to 18 years followed up at the Food Allergy Outpatient Clinic of João Paulo II Pediatric Hospital between 2012 and 2017 were invited to answer a quality-of-life assessment questionnaire for information on type of allergy, clinical presentation, presence of atopic dermatitis, prescription of an epinephrine kit, duration of follow-up at the clinic, and duration of follow-up with a dietitian. Results: A total of 77 patients were included, with a mean age of 3.38 years. Most participants rated their quality of life as fair (43%) and had less than 6 months of outpatient follow-up (52%). From those meeting with a dietitian, 52.4% had less than 6 months of follow-up. Immunoglobulin E (IgE)-mediated allergy was identified in 51% of participants, and 66.66% of them required an epinephrine kit. There was no statistically significant association between quality of life and the study variables. Conclusion: A quality-of-life assessment questionnaire is an important tool for evaluating patients with food allergy, allowing us to profile these patients and to act individually on issues that might negatively impact their daily lives.
Assuntos
Humanos , Recém-Nascido , Lactente , Pré-Escolar , Criança , AdolescenteRESUMO
Due to COVID-19 we are facing unprecedented challenging times in Science, facing the uncertain and the unknown, almost daily facing ourselves with new questions and discoveries. The clinical case described below presents yet another challenge to Science, regarding the interaction between the virus and the immune system. May it be possible that SARS-CoV-2 acts as a trigger factor in a food allergy? The authors report the clinical case of a young man who, upon recovering from COVID-19, developed food allergy to mammalian and poultry meat that he previously tolerated. This pandemic has pushed to the limit the health systems of the entire world, and the fight against it remains far from over. Perhaps only now has it truly begun.
Os tempos são de pandemia e o percurso da ciência incerto e desconhecido, assim o é desde que apareceu o SARS-CoV-2. O caso clínico a seguir descrito é mais um desafio à Ciência sobre a interação entre o vírus e o sistema imunológico. Será possível que o SARS-CoV-2 seja um fator desencadeante para uma alergia alimentar? Os autores apresentam o caso clínico de um jovem que após recuperar-se da COVID-19 desenvolveu alergia alimentar a carne de mamíferos e aves, que previamente tolerava. Esta pandemia põe à prova diariamente os sistemas de saúde de todo o mundo, e a luta contra este vírus está longe de terminar.
Assuntos
Humanos , Masculino , Adulto , Rinite AlérgicaRESUMO
Nas últimas décadas observa-se aumento na prevalência mundial de alergia alimentar, que já acomete aproximadamente 6% das crianças, atribuído à interação entre fatores genéticos, ambientais e alterações na resposta imunológica e pode envolver reações mediadas por IgE, não mediadas e mistas. As formas não IgE mediadas decorrem de reação de hipersensibilidade tardia, mediada por linfócitos T e afetam prioritariamente o trato gastrointestinal, como a Síndrome da enterocolite induzida por proteína alimentar (FPIES), Síndrome da proctocolite alérgica induzida por proteína alimentar (FPIAP), Síndrome da enteropatia induzida por proteína alimentar (FPE) e doença celíaca. As características destas reações podem ser diferenciadas por sua apresentação clínica, gravidade, idade de início e história natural. Entre as reações alérgicas aos alimentos não IgE mediadas, a proctocolite alérgica é a mais frequente. Geralmente ocorre no primeiro ano de vida e apresenta excelente prognóstico. Embora costume ter um curso benigno, traz grande preocupação aos cuidadores por frequentemente cursar com quadro de hematoquezia exigindo diagnóstico diferencial adequado. O conhecimento e manejo da proctocolite alérgica é de suma importância para a prática médica em Alergia e Imunologia. Seu diagnóstico é baseado na história clínica seguindo-se dieta de exclusão, especialmente do leite de vaca, com subsequente provocação oral, que geralmente pode ser realizada no domicílio. O diagnóstico preciso é importante, para se evitar dietas de exclusão desnecessárias. Nesta revisão foram utilizados artigos publicados nos últimos anos, com busca realizada através da base PubMed envolvendo revisões, diagnóstico e tratamento de alergias não IgE mediadas, com foco em proctocolite alérgica.
An increase in the worldwide prevalence of food allergies has been observed in the past decades, currently affecting 6% of children. This increase has been associated with the interaction between genetic, environmental, and immune response factors and can be observed in IgE, non-IgE, and mixed mediated reactions. Non-IgE mediated food allergies result from delayed-type hypersensitivity and mostly affect the gastrointestinal tract, such as food protein-induced enterocolitis syndrome (FPIES), food protein-induced allergic proctocolitis (FPIAP), food protein-induced enteropathy (FPE), and celiac disease. These reactions can be differentiated by their clinical presentation, severity, age at onset, and natural history. Among non-IgE-mediated allergic reactions to food, allergic proctocolitis is the most frequent. It usually develops in the first year of life and has excellent prognosis. Although it has a benign course, allergic proctocolitis is challenging for health care professionals because it often presents with hematochezia, requiring an accurate differential diagnosis. Knowledge and management of allergic proctocolitis is of paramount importance for medical practice in allergy and immunology. Its diagnosis is based on clinical history followed by elimination diet, especially cow's milk, with subsequent oral food challenge, which may usually be performed at home. Accurate diagnosis is important to avoid unnecessary elimination diets. For this review, PubMed database was searched for recently published literature reviews and studies on the diagnosis and treatment of non- IgE mediated allergies, with a focus on allergic proctocolitis.
Assuntos
Humanos , Recém-Nascido , Lactente , Pré-Escolar , Criança , Proctocolite , Hipersensibilidade Alimentar , Terapêutica , Imunoglobulina E , Linfócitos T , Doença Celíaca , Prevalência , Hipersensibilidade a Leite , PubMed , Trato Gastrointestinal , Diagnóstico Diferencial , Alergia e Imunologia , Hemorragia GastrointestinalRESUMO
Objetivo: A incidência das doenças alérgicas cresceu nas últimas décadas. Na tentativa de conter o aumento da alergia alimentar (AA) ao longo dos anos, estratégias de prevenção vêm sendo implementadas. Para promover um melhor entendimento dos dilemas que permeiam a introdução alimentar no primeiro ano de vida, esse artigo trata de uma revisão bibliográfica narrativa sobre a introdução dos alimentos complementares no primeiro ano de vida e possíveis associações com a prevenção primária da alergia alimentar. Fonte dos dados: Publicações relevantes foram pesquisadas nas bases de dados Cochrane Library, MEDLINE, PubMed, Guidelines International Network, National Guidelines Clearinghouse e revisadas recomendações do guia e do consenso nacional de alergia alimentar. Resultados: Estudos observacionais diversos e ensaios clínicos randomizados estão disponíveis, bem como recomendações publicadas por organizações científicas; no entanto, de qualidade variável. Foram consideradas as recomendações de diretrizes de prática clínica classificadas como de alta qualidade e publicações recentes ainda não categorizadas de forma sistemática em sua qualidade, mas internacionalmente reconhecidas como relevantes para a atenção primária. Conclusão: Até o momento, não há evidências consistentes de que a introdução precoce, antes dos 6 meses, dos alimentos alergênicos, contribua para a prevenção de alergia a alimentos na população geral.
Objective: The incidence of allergic diseases has increased in recent decades. In an attempt to contain the increase in food allergy (AA) over the years, prevention strategies have been implemented. To promote a better understanding of the dilemmas that permeate the introduction of food in the first year of life, this article deals with a narrative literature review on the introduction of complementary foods in the first year of life and possible associations with the primary prevention of food allergy. Data source: Relevant publications were searched in the Cochrane Library, MEDLINE, PubMed, Guidelines International Network, National Guidelines Clearinghouse, and revised recommendations from the national food allergy guide and consensus. Results: Several observational studies and randomized controlled trials are available, as well as recommendations. published by scientific organizations; however, of variable quality. Recommendations from clinical practice guidelines classified as high quality and recent publications not yet systematically categorized in their quality, but internationally recognized as relevant to primary care, were considered. Conclusion: To date, there is no consistent evidence that the early introduction, before 6 months, of allergenic foods contributes to the prevention of food allergy in the general population.
Assuntos
Humanos , Recém-Nascido , Lactente , Hipersensibilidade Alimentar , Alimentos Infantis , Atenção Primária à Saúde , Prevenção Primária , Sociedades Médicas , Ensaios Clínicos Controlados Aleatórios como Assunto , Incidência , MEDLINE , Estratégias de Saúde , Guias como Assunto , PubMed , Álcalis , Alergia e Imunologia , Alimentos , HipersensibilidadeRESUMO
A alergia alimentar caracteriza-se por uma reação adversa a um determinado alimento, envolvendo um mecanismo imunológico. Uma das alergias mais comuns encontradas atualmente é a alergia a frutos do mar, a qual se baseia em uma hipersensibilidade a animais desse grupo. O objetivo desta pesquisa é identificar os desafios expostos na alimentação de alérgicos a frutos do mar e formular soluções para essa população baseadas em alimentos nutricionalmente substitutos. Sendo realizado em três etapas: investigação inicial, construção de conceitos e planejamento de uma ação com orientações nutricionais. De acordo com as dificuldades encontradas na alimentação dessa parcela populacional, realizaram-se diferentes preparações, com nutrientes como ômega-3, proteínas, vitaminas do complexo B, zinco, ferro, potássio, magnésio, iodo e selênio, os quais também são encontrados nos frutos do mar, a fim de evitar possíveis contaminações cruzadas e garantir seu aporte nutricional em alimentos substitutos. Foi possível concluir que os alérgicos aos frutos do mar não apresentam uma interferência significativa em sua qualidade de vida, tendo um impacto nutricional pequeno, visto que por meio da alimentação existem outras fontes, necessitando somente de alguns cuidados no dia a dia em virtude das consequências de uma possível contaminação.
Food allergy is characterized by an adverse reaction to a given food, involving an immunological mechanism. One of the most common allergies currently found is seafood allergy, which is based on hypersensitivity to animals in this group. The objective of this research is to identify the challenges exposed in the feeding of seafood allergies and formulate solutions for this population based on nutritionally substitute foods. Being carried out in 3 stages, initial investigation, construction of concepts and planning of an action with nutritional guidance. According to the difficulties encountered in feeding this portion of the population, different preparations were carried out, with nutrients such as: ômega-3, proteins, B vitamins, zinc, iron, potassium, magnesium, iodine and selenium. Which are also found in seafood. In order to avoid possible cross-contamination and ensure their nutritional intake in substitute foods. It was possible to conclude that seafood allergies do not present a significant interference in their quality of life, having a small nutritional impact, since through food there are other sources, requiring only some care on a daily basis due to the consequences of possible contamination.
Assuntos
Humanos , Frutos do Mar , Hipersensibilidade Alimentar , Potássio , Qualidade de Vida , Selênio , Complexo Vitamínico B , Vitaminas , Zinco , Alérgenos , Nutrientes , Dieta , Ingestão de Alimentos , Iodo , Ferro , MagnésioRESUMO
ABSTRACT Objective: The aim of this study was to evaluate allergenic labeling components of packaged foods for "What is the quality of food labels?" and "What is the group of Brazilian Food Pyramid that 'May contain' is predominant?." Methods: The photographs of 916 products were obtained, of which 518 were analyzed. Data from each label were evaluated according to Brazilian Food Pyramid Groups (i.e., Cereals, Fruits, & Vegetables; Soybean & products; Milk & dairy products; Meat & eggs; Fats & oils; and Sugars & sweets). Ten items were analyzed in each label, namely, the presence of a list of ingredients, alert phrase for allergy sufferers, grouping of the alert phrase, phrase location, uppercase phrase, the phrase in bold, the color of alert phrase contrasting to the background, adequate font size, do not claim the absence for any allergen with the ingredients, and others factors that make it difficult to read. For the second question, a structured questionnaire was completed, and products were classified into two categories, namely, "Contain" and "May contain." Results: The quality of the label was appropriate, and 69% of packaged foods had at least one allergen. The information "May contain" were higher in cow's milk (Cereals and Meat & eggs), soy (Soybean & products), and egg protein (Cereals). Soybean & products were the highest insecurity group. Conclusions: Brazilian health professionals can count on good-quality labeling of packaged products. Consequently, they could promote patients' and parents/caregivers' education to consult the labels and manage the risks in processed foods about precautionary allergen labeling. Soybean & products were the most significant insecurity for food choices between Brazilian Pyramid Groups.
RESUMO Objetivo: Avaliar os componentes alergênicos da rotulagem de alimentos embalados e responder "Qual é a qualidade da rotulagem?" e "Qual é o grupo de alimentos em que a expressão 'Pode conter' é predominante?". Métodos: Foram obtidas fotografias de 916 produtos, dos quais 518 foram analisados. Os dados dos rótulos foram avaliados de acordo com os grupos da pirâmide alimentar brasileira (Cereais, Frutas & Vegetais; Soja & Derivados; Leite & Laticínios; Carne & Ovos; Gorduras & Óleos; Açúcares & Doces). Dez itens foram analisados nos rótulos: presença de lista de ingredientes; frase de alerta para alérgicos; frase de alerta; local da frase; frase em letras maiúsculas; frase em negrito; a cor da frase de alerta contrastando com o fundo; tamanho de fonte adequado; não alegar ausência de qualquer alérgeno; outros fatores de difícil leitura. Para a segunda questão, foi respondido questionário estruturado, e os produtos classificados em categorias: "Contém" e "Pode conter". Resultados: A qualidade do rótulo foi adequada e 69% dos alimentos embalados continham pelo menos um alérgeno. A informação "Pode conter" foi mais identificada em: proteína do leite (Cereais e Carnes e ovos), soja (Soja & derivados) e proteína do ovo (Cereais). Soja e derivados foi o grupo alimentar de maior insegurança. Conclusões: Profissionais de saúde podem contar com rotulagem de boa qualidade dos produtos embalados e, consequentemente, promover a educação de pais/cuidadores para consultar os rótulos e gerenciar os riscos em alimentos processados. Soja e produtos são os alimentos com maior insegurança entre os Grupos da Pirâmide Brasileira.
RESUMO
Introdução:As alergias alimentares são definidas como uma reação imunológica adversa que se repete mediante a exposição a determinado alimento. Essas reações variam da anafilaxia (mais grave) à manifestações gastrointestinais.Objetivo:avaliar a eficácia da suplementação com probióticos no tratamento de alergias alimentares em crianças, na redução dos sintomas e/ou na aquisição de tolerância, identificando cepa mais eficaz, relação dose-resposta e efeitos adversos de seu uso. Metodologia:Esta é uma revisão integrativa de literatura. Para busca de ensaios clínicos e outras revisões, utilizamos as bases científicas ScienceDirect, SciELO, BVS, LILACS, PubMed e MEDLINE, com as palavras-chave "probiotics", "treatment", "food allergy", "children", e "infant". Após a aplicação dos critérios de exclusão, foram selecionados quatro ensaios clínicos randomizados, cinco revisões e uma metanálise; a amostra de todos os estudos foi de lactentes com alergia à proteína do leite de vaca. Resultados:Os estudos apontaram que o uso de fórmula infantil extensamente hidrolisada com Lactobacillus rhamnosus, em doses de 1x106 a 5x108 cfu/g, é eficaz tanto em acelerar a melhora do eczema atópico, como em induzir tolerância em crianças na faixa de idade de 1 mês a 3 anos que não tenham reações anafiláticas ao leite de vaca. Conclusões:Há evidências escassas de que o uso de fórmula infantil extensamente hidrolisada com Lactobacillus rhamnosus, em doses de 1x10
Introduction:Food allergies are defined as an adverse immunological reaction that is repeated through exposure to a particular food. These reactions range from anaphylaxis (more severe) to gastrointestinal manifestations.Objective:To evaluate the effectiveness of probiotics in the treatment of food allergies in children, relieving symptoms or inducing tolerance, identifying the most effective strain, dosage and adverse effects. Methodology:This is an integrative literature review. We performed a systematic search using the keywords "probiotics", "treatment", "food allergy", "children", and "infant" in the following scientific databases: ScienceDirect, SciELO, BVS, LILACS, PubMed, and MEDLINE. After applying the exclusion criteria, we selected four randomized clinical trials, five reviews and one meta-analysis. In all of them, the children were diagnosed with cow's milk allergy. Results:The studies have indicated that the use of extensively hydrolysed milk formula with the addition of Lactobacillus rhamnosus with dosage ranging from 1x106 to 5x108 cfu/g is effective in inducing tolerance and reducing severity of eczema in infants with no history of anaphylactic symptoms. Conclusions:There is limited evidence that the use of extensively hydrolysed milk formula with the addition of Lactobacillus rhamnosus, at doses of 1x10
Introducción: las alergias alimentarias se definen como una reacción inmunológica adversa que se repite tras la exposición a un alimento concreto. Estas reacciones van desde la anafilaxia (la más grave) hasta las manifestaciones gastrointestinales.Objetivo:Evaluar la eficacia del suplemento con probióticos en el tratamiento de las alergias alimentarias en niños, en la reducción de los síntomas y/o en la adquisición de tolerancia, identificando la cepa más eficaz, la relación dosis-respuesta y los efectos adversos de su uso.Metodología: Se trata de una revisión bibliográfica integradora. Para la búsqueda de ensayos clínicos y otras revisiones se utilizaron las bases de datos científicas ScienceDirect, SciELO, BVS, LILACS, PubMed y MEDLINE, con las palabras clave "probiotics", "treatment", "food allergy", "children" y "infant". Después de aplicar los criterios de exclusión, se seleccionaron cuatro ensayos clínicos aleatorios, cinco revisiones y un metanálisis; la muestra de todos los estudios fue de lactantes con alergia a las proteínas de la leche de vaca. Resultados: Los estudios señalaron que el uso de fórmulas infantiles extensamente hidrolizadas con Lactobacillus rhamnosus, en dosis de 1x106 a 5x108 ufc/g, es eficaz tanto para acelerar la mejora del eczema atópico como para inducir la tolerancia en niños de entre 1 mes y 3 años de edad que no presentan reacciones anafilácticas a la leche de vaca.Conclusiones: existen pruebas limitadas de que el uso de fórmulas infantiles extensamente hidrolizadas con Lactobacillus rhamnosus, en dosis de 1x10
Assuntos
Hipersensibilidade a Leite , Probióticos , Hipersensibilidade Alimentar , Brasil , EficáciaRESUMO
Introduction: Lipid transfer proteins (LTPs) can cause a diversity of food allergy phenotypes, broadly defined as LTP syndrome. Objective: The aims of this study were to characterize the molecular profile of patients with this syndrome and to evaluate any possible association with clinical phenotypes. Methods: Retrospective study of patients followed up from April 2011 to April 2019. Patients with LTP syndrome and sensitization to Pru p 3, diagnosed by ImmunoCAP ISAC® (Phadia, Thermo Fisher Scientific, Sweden), were selected. Statistical analysis was conducted in IBM SPSS® v20. Results: One hundred patients were assessed, 64% of which were females, with a mean age 27.2±11.8 years (15% pediatric). Mean age at first reaction was 19.9±10 years. According to clinical presentation, two groups were created: local reaction (LR) (n=28) and systemic reaction (SR) (n=72). The following parameters were analyzed in association with the SR group: LTP sensitization profile, co-sensitization to profilins or PR-10 proteins, presence of atopy, and gender. In univariate analysis, a positive association was found between the SR group, female sex (odds ratio [OR] 2.8, p=0.02), and presence of Jug r 3 (OR 2.6, p=0.03). There was a negative association between the SR group, the presence of Par j 2 (OR 0.16, p < 0.01), and co-sensitization to profilins (OR 0.11, p < 0.01). In multivariate analysis, only the presence of Par j 2 kept statistical significance (OR 0.023, p < 0.01). Conclusions: Molecular profile characterization may be useful as a predictor of disease expression in an individual, making a relevant contribution to improved follow-up of these patients. Sensitization to Par j 2 seems to provide protection for the occurrence of SR.
Introdução: As proteínas de transferência lipídicas (LTP) são causa de uma variedade de fenótipos de alergia alimentar globalmente definidos como síndrome LTP. Objetivo: O nosso objetivo é caracterizar o perfil molecular destes doentes e avaliar associação com os fenótipos clínicos. Metodologia: Estudo retrospectivo em que foram selecionados doentes com síndrome de LTP e sensibilização ao alergênio molecular pru p 3 em ImmunoCAP ISAC® (Phadia, Thermo Fisher Scientific, Suécia) realizados de abril de 2011 a abril de 2019. A análise estatística foi realizada através do software IBM SPSS® v20. Resultados: Cem doentes, 64% do sexo feminino, com média de idades à data do exame de 27,2±11,8 anos (idade pediátrica - 15%). A média de idades da primeira reação foi de 19,9±10 anos. Foram constituídos dois grupos com base na apresentação clínica à data da realização do exame: local (LR) n = 28; sistêmica (SR) n = 72. Os seguintes parâmetros foram avaliados em relação ao grupo SR: perfil de sensibilização a LTP, co-sensibilização com profilinas ou PR-10, presença de atopia e gênero. Na análise univariada foi encontrada associação positiva com grupo SR para sexo feminino (Odds ratio (OR) 2,8, p = 0,02) e presença de Jug r 3 (OR 2,60, p = 0,03). Associaram-se negativamente à doença sistêmica a presença de Par j 2 (OR 0,16, p < 0,01) e de profilinas (OR 0,11, p < 0,01). Na análise multivariada apenas manteve significado estatístico a presença de par j 2 (OR 0,023, p < 0,01). Conclusões: A caracterização do perfil molecular pode ser útil como preditos da expressão da doença, sendo uma importante ferramenta no seguimento destes doentes. A presença de Par j 2 parece ser fator protetor de reação grave.
Assuntos
Humanos , Proteínas , Profilinas , Hipersensibilidade Alimentar , Lipídeos , Pacientes , Fenótipo , Síndrome , Alérgenos , Estudos RetrospectivosRESUMO
A síndrome da enteropatia induzida por proteína alimentar, aguda ou crônica, é um tipo de alergia alimentar não mediada por IgE, que surge entre os 5 e 9 meses de idade, e é caracterizada por episódios de vômitos que começam aproximadamente 1 a 4 horas após a ingestão do alérgeno, algumas vezes acompanhados de letargia, palidez cutânea e diarreia com sangue, resultando em instabilidade hemodinâmica e choque em 15% dos casos. Sua epidemiologia em larga escala é desconhecida, assim como o mecanismo imunopatológico, no entanto, sugere-se um papel importante das células T no processo inflamatório. As manifestações e a gravidade dependem da frequência e da dose do alimento desencadeante, bem como do fenótipo e da idade de cada paciente. A suspeita se dá com base principalmente na história clínica e nos sintomas característicos da doença, que tendem a melhorar após a retirada do alimento suspeito. O teste de provocação oral é o padrão ouro para o diagnóstico, mas deve ser reservado para os casos em que a história é confusa e a hipótese incerta. A abordagem de primeira linha no tratamento visa corrigir a desidratação ou estabilizar o choque quando presente, e interromper imediatamente a oferta de alimentos com potencial indutor de reação alérgica. Relatamos o caso de uma lactente de 2 meses de idade com diagnóstico da síndrome, cujo objetivo é atentar o leitor quanto as suas particularidades, auxiliando-o no diagnóstico precoce e adequado a fim de evitar a depleção progressiva e a evolução para sua forma potencialmente grave.
Acute or chronic food protein-induced enteropathy syndrome is a type of non-IgE-mediated food allergy occurring between 5 and 9 months of age. It is characterized by episodes of vomiting that begin approximately 1 to 4 hours after allergen intake, sometimes accompanied by lethargy, skin pallor, and bloody diarrhea, leading to hemodynamic instability and shock in 15% of cases. Its epidemiology is largely unknown, as well as its immunopathological mechanism; however, an important role of T cells in the inflammatory process is observed. Manifestations and severity depend on the frequency and dose of the triggering food, as well as the phenotype and age of each patient. Suspicion is based mainly on clinical history and characteristic symptoms of the disease, which tend to improve after the removal of the suspect food. Oral provocation testing is the gold standard for diagnosis, but it should be reserved for cases whose history is confusing and hypothesis is uncertain. The first-line treatment approach seeks to correct dehydration or to stabilize shock, if present, and to immediately stop the supply of food that potentially induce an allergic reaction. We report the case of a 2-month-old infant diagnosed with the syndrome, with the aim of drawing the readers' attention to its particularities, thus assisting in early and adequate diagnosis in order to avoid progressive depletion and deterioration to its potentially severe form.
Assuntos
Humanos , Feminino , Lactente , Vômito , Proteínas , Diarreia , Enterocolite , Hipersensibilidade Alimentar , Sinais e Sintomas , Terapêutica , Imunoglobulina E , Linfócitos T , Diagnóstico Diferencial , Ingestão de Alimentos , LetargiaRESUMO
Allergy to persimmon (Diospyros kaki ) has been only rarely reported. The antigenic composition of the fruit is not entirely known. Thaumatin-like proteins (TLPs) have been described as allergens in pollens and various fruits, such as kiwi and banana, but not in persimmon. We report the case of a 22-year-old man, with persistent moderate-to-severe allergic rhinitis, sensitized to house dust mites. The patient describes an episode of oral mucosa and ear canal pruritus, followed by diffuse urticaria, which rapidly evolved to dysphonia, dyspnea, and dizziness, after eating raw persimmon. A few months later he developed similar cutaneous symptoms accompanied by nausea, vomiting, abdominal colic, and hypotension immediately after the intake of banana. The prick-prick test with raw persimmon and banana were positive, as well as the serum specific IgE to the extract of these fruits. The ImmunoCAP ISAC_112i test demonstrated a positive specific IgE against Act d 2 (kiwi thaumatin), which is homologous to banana TLP (Mus a 4). Serum IgE inhibition test with "sponge" of Diospyros kaki ImmunoCAP (f301) showed partial inhibition (40%) of IgE to Act d 2. This raises the suspicion that a TLP is at least partially responsible for the referred sensitization. This patient is sensitized to Diospyros kaki and Musa acuminata. An anaphylactic reaction to consumed persimmon, presumably as a result from cross-allergy with banana thaumatin was diagnosed in our patient. Thaumatin has not been previously described as an allergen of persimmon with cross-reactivity with banana, and in vitro with Act d 2 (kiwi TLP).
A alergia ao caqui (Diospyros kaki ) tem sido raramente documentada, não sendo a composição antigênica da fruta totalmente conhecida. Proteínas semelhantes à taumatina (TLPs) foram descritas como alergênicos em pólens e várias frutas, como no kiwi e banana, mas não no caqui. Apresenta-se o caso de um doente de 22 anos, com rinite alérgica persistente moderadagrave, sensibilizado a ácaros do pó doméstico. O doente refere episódio de prurido na mucosa oral e canal auditivo, seguido de urticária generalizada, que rapidamente evoluiu para disfonia, dispneia e tontura, após ingestão de caqui. Poucos meses depois, desenvolveu sintomas cutâneos semelhantes, acompanhados de náuseas, vómitos, cólica abdominal e hipotensão imediatamente após ingestão de uma banana. O teste cutâneo por picada com caqui e banana em natureza foram positivos, bem como o doseamento de IgE específica. O teste ImmunoCAP ISAC_112i identificou a presença de IgE específica para Act d 2 (taumatina do kiwi), homóloga da TLP da banana (Mus a 4). O estudo de inibição ImmunoCAP ISAC com "esponja" de Diospyros kaki (f301) produziu uma inibição parcial (40%) da ligação de IgE a Act d 2, permitindo presumir que uma proteína semelhante à taumatina é, pelo menos, parcialmente responsável pela referida sensibilização. Este doente encontra-se sensibilizado a Diospyros kaki e Musa acuminata. Uma anafilaxia ao caqui ingerido, presumivelmente resultante de reatividade cruzada com a taumatina da banana foi diagnosticada. Não estão descritas na literatura TLPs como alergênicos do caqui com reatividade cruzada com a banana e com Act d 2 in vitro (TLP do kiwi).
Assuntos
Humanos , Masculino , Adulto Jovem , Diospyros , Musa , Ingestão de Alimentos , Rinite Alérgica , Frutas , Hipersensibilidade , Anafilaxia , Ácaros , Prurido , Sinais e Sintomas , Urticária , Vômito , Imunoglobulina E , Testes Intradérmicos , Alérgenos , Cólica , Meato Acústico Externo , Mucosa Bucal , NáuseaRESUMO
Objetivo: Cerca de 50% dos indivíduos com alergia ao leite de vaca e ao ovo podem tolerar esses alimentos em sua forma termicamente tratada. O consumo desses alimentos, mesmo que termicamente tratados, pode ampliar a variedade da dieta de crianças com alergia alimentar. O presente artigo tem como objetivo propor receitas culinárias com leite de vaca e ovo tratados termicamente para serem usadas em teste de provocação oral. Métodos: Alguns critérios foram adotados para elaboração das receitas: quantidade de proteína alergênica testada por porção (leite de vaca - 1,3 g; ovo - 2,0 g), tempo (30 minutos), temperatura de cocção (180 °C), os ingredientes que devem compor a receita (farinha de trigo como principal ingrediente), volume final da porção a ser oferecida, além de questões de ordem prática relacionadas ao preparo e oferta das preparações. Resultados: No total foram desenvolvidas dez receitas termicamente tratadas, sendo cinco com leite de vaca (três receitas de bolinho básica, sem açúcar e sem ovo de galinha; duas receitas de tortinha salgada básica e sem ovo de galinha) e cinco com ovo de galinha (três receitas de bolinho básica, sem açúcar, e sem leite de vaca; duas receitas de tortinha salgada básica e sem leite de vaca). Conclusão: É de extrema importância que o teste de provocação oral seja realizado de maneira rotineira e com preparações adequadas e padronizadas, e, em nosso conhecimento, esse é o primeiro estudo nacional que propõe várias receitas tratadas termicamente para auxiliar serviços especializados que atendem pacientes com alergia alimentar.
Objective: About 50% of individuals with cow's milk and egg allergies can tolerate these foods in their baked form. The consumption of these foods, even if baked, may expand the variety of the diet of children with food allergy. This article aims to propose recipes with baked milk and egg to be used in an oral food challenge. Methods: Some criteria were adopted for preparing the recipes: amount of allergenic protein tested per serving (cow's milk: 1.3 g; egg: 2.0 g), time (30 min), oven temperature (180 °C), the ingredients that should compose the recipe (wheat flour as the main ingredient), final volume of the serving to be provided, in addition to practical questions related to the preparation and provision of the recipes. Results: In total, ten baked recipes were developed, five with cow's milk (three cupcake recipes: regular, with no sugar and no egg; two savory muffin recipes: regular, with no egg) and five with egg (three cupcake recipes: regular, with no sugar and no cow's milk; two savory muffin recipes: regular, with no cow's milk). Conclusion: It is extremely important that the oral food challenge is performed routinely and with adequate and standardized recipes. To our knowledge, this is the first national study in Brazil that proposes several baked recipes to assist specialist services that treat patients with food allergy.