Gestação secundária à violência sexual infantojuvenil: percepções de profissionais de saúde / Pregnancy secondary to child sexual violence: perceptions of health professionals / Embarazo secundario a violencia sexual infantil: percepciones de los profesionales de la salud

RESUMO

Objetivo: Desvelar a percepção da equipe multiprofissional de saúde sobre a realidade social de crianças e adolescentes vitimizadas sexualmente. Método: Estudo de abordagem qualitativa, exploratório, desenvolvido com 30 profissionais da equipe multiprofissional de saúde de um hospital público da Bahia, no período entre os meses de junho à julho de 2019. As entrevistas foram gravadas, transcritas, interpretadas, categorizadas e analisadas com base no seu conteúdo, de acordo com Bardin, sob a luz do Interacionismo Simbólico. Resultados: Na percepção das profissionais do estudo, crianças e adolescentes de ambos os gêneros foram vitimizadas sexualmente, porém a maioria dos relatos remete a vítimas do sexo feminino. Na perspectiva das participantes, as vítimas pertenciam à a raça/cor negra e, no que tange a origem social, estavam submersas na pobreza e eram advindas de locais periféricos da capital do estado. A realidade social das vítimas infantojuvenis de violência sexual foi percebida mediante aproximação e interação das profissionais com as crianças/adolescentes e suas respectivas famílias durante o atendimento. Considerações finais Crianças e adolescentes em vulnerabilidade social, que sofrem violência sexual, necessitam de um olhar sensível e holístico de profissionais de saúde, visto que demandam cuidados diferenciados, para fins de alcançar a integralidade na assistência. (AU)

ABSTRACT

Objective: To describe the perception of health professionals about pregnancy secondary to sexual violence against children and adolescents. Methods: This is an excerpt from an exploratory, qualitative study carried out between June and July 2019 with five women from the multidisciplinary team of a hospital in Bahia. The interviews were recorded, transcribed, analyzed and categorized according to Badin's assumptions and interpreted in the light of Symbolic Interactionism. Results: Pregnancy secondary to sexual violence results from early sexual initiation by imposition/induction of incestuous sexual abuse or child marriage with adult men. The maintenance of pregnancy resulting from these abuses is often imposed by persuading the victim to maintain the pregnancy, by late arrival at the health service and by procrastination in carrying out the termination of pregnancy, which are ways of restricting the autonomy of children/adolescents who seek legal abortion. Because of these injunctions, the victims suffer overlaps from injuries such as psychological violence, intimate partner violence and institutional violence. Conclusion: Pregnancy resulting from sexual violence against children and adolescents may be combined with other types of violence that restrict the sexual and reproductive rights of children and adolescents. (AU)

RESUMEN

Objetivo: Describir la percepción de los profesionales de la salud sobre el embarazo secundario a violencia sexual contra niñas y adolescentes. Métodos: Este es un extracto de un estudio cualitativo exploratorio realizado entre junio y julio de 2019 con cinco mujeres del equipo multidisciplinario de un hospital de Bahía. Las entrevistas fueron grabadas, transcritas, analizadas y categorizadas según los supuestos de Badin e interpretadas a la luz del Interaccionismo Simbólico. Resultados: El embarazo secundario a violencia sexual es el resultado de la iniciación sexual temprana por imposición/inducción de abuso sexual incestuoso o matrimonio infantil con hombres adultos. El mantenimiento del embarazo derivado de estos abusos, muchas veces se impone persuadiendo a la víctima para que mantenga el embarazo, por la llegada tardía al servicio de salud y por la postergación en la realización de la interrupción del embarazo, que son formas de restringir la autonomía de las niñas/adolescentes que buscar un aborto legal. Debido a estas medidas cautelares, las víctimas sufren superposiciones de lesiones como violencia psicológica, violencia de pareja y violencia institucional. Conclusión: El embarazo resultante de violencia sexual contra niñas y adolescentes puede combinarse con otros tipos de violencia que restrinjan los derechos sexuales y reproductivos de niñas y adolescentes. (AU)