Graduação em saúde coletiva: o que dizem os projetos pedagógicos / Graduation in public health: what the pedagogical projects say / Graduación en salud colectiva: lo que dicen los proyectos pedagógicos

RESUMO

O objeto de estudo desta dissertação é a formação do sanitarista no nível de graduação. Delimita-se na história dos cursos de graduação em saúde coletiva e no desenho formativo realizado para a nova profissão. Objetiva-se analisar a formação na graduação em saúde coletiva dos cursos existentes no Brasil à luz dos projetos pedagógicos dos cursos. Trata-se de um estudo qualitativo e exploratório com abordagem documental, utilizando o método da análise de conteúdo. Depois da análise de 22 projetos, os resultados demonstraram uma abertura gradual dos cursos, com concentração entre 2008 e 2009, sendo o último aberto em 2019, e que estão organizados em maior número na região Norte, com 27,3%. A maioria dos cursos segue ou se adequou às Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Saúde Coletiva (DCNsCGSC), com predominância de carga horária igual ou superior a 3.200 horas, duração de oito a nove semestres e média de quatro anos, havendo turno noturno em 45,5% dos cursos. A oferta média é de 1.864 vagas/ano, 68% dos cursos são oferecidos por universidades federais, e 77,3% deles recebem a nomenclatura de bacharelado em saúde coletiva. Dos 18 cursos avaliados pelo Ministério da Educação (MEC), 67% são avaliados com conceito 5. A formação permite uma construção do conhecimento de forma gradativa a partir das bases da saúde coletiva. Os cursos articulam-se com os serviços e os sistemas de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) e com a comunidade através de aulas práticas, estágios, pesquisa e projetos de extensão, fortalecendo o contato prático dos alunos com situações reais de saúde da população. Conclui-se que, embora o país esteja vivenciando uma crise na educação superior, os cursos de graduação em saúde coletiva estão na contramão dessa realidade. Apesar de as DCNsCGSC não estarem em vigor devido à não publicação pelo MEC em Diário Oficial, os cursos estão em conformidade com elas. A formação segue as bases da saúde coletiva, de modo que cumpre o objetivo de fortalecimento do SUS para a formação de recursos humanos em saúde.

ABSTRACT

The object of study of this dissertation is the training of the public health professional at the undergraduate level. It is delimited in the history of undergraduate courses in public health and in the training design carried out for the new profession. The objective is to analyze the undergraduate training in public health of the existing courses in Brazil in the light of the pedagogical projects of the courses. This is a qualitative and exploratory study with a document approach, using the method of content analysis. After analyzing 22 projects, the results showed a gradual opening of courses, with a concentration between 2008 and 2009, with the last one being in 2019, and which were organized in greater numbers in the Northern region, with 27.3%. Most courses follow or fit the National Curriculum Guidelines of the Undergraduate Course in Public Health (DCNCGSC), with a predominance of hours equal to or greater than 3,200 hours, duration of eight to nine semesters, and an average of four years, with night classes in 45.5% of the courses. The average offer is 1,864 places/year, 68% of the courses are offered by federal universities, and 77.3% of them receive the name of bachelor in public health. Of the 18 courses evaluated by the Ministry of Education (MEC), 67% are evaluated with a grade of 5. Training allows a gradual construction of knowledge based on the foundations of public health. The courses are articulated with health services and systems of the Unified Health System (SUS) and with the community with practical classes, internships, research, and extension projects, strengthening students' practical contact with real health situations in the population. Therefore, although the country is experiencing a crisis in higher education, the undergraduate courses in public health are going against this reality. Although the DCNsCGSC are not in force due to the non-publication by the MEC in the Official Gazette, the courses are in accordance with them. The training follows the basis of collective health so that it fulfills the objective of strengthening the SUS for the training of human resources in health.

RESUMEN

El objeto de estudio de esta tesis es la formación de profesionales de la salud pública en el grado. Se hace una delimitación de la trayectoria de los cursos de grado en salud colectiva y el diseño formativo realizado para la nueva profesión. La investigación pretende analizar la formación de grado en salud colectiva en Brasil a partir de los proyectos pedagógicos de los cursos. Se trata de un estudio cualitativo y exploratorio, de enfoque documental, y con el método de análisis de contenido. Del análisis de 22 proyectos, los resultados muestran que hubo una ampliación gradual de los cursos en el período entre 2008 y 2009, la última se llevó a cabo en 2019, y que entre las regiones brasileñas donde se concentran destaca más el Norte, con un 27,3%. La mayoría de los cursos siguen o se ajustan a las Directrices Curriculares Nacionales de la Carrera de Grado en Salud Colectiva (DCNsCGSC), tienen carga horaria igual o superior a 3.200 horas, con una duración de ocho a nueve semestres y un promedio de cuatro años, con jornada nocturna en el 45,5%. La oferta promedio es de 1.864 vacantes/año, el 68% de los cursos son en universidades federales y el 77,3% llevan el nombre Licenciatura en Salud Colectiva. De los 18 cursos evaluados por el Ministerio de Educación (MEC), el 67% recibieron calificación 5. La formación permite construir paulatinamente conocimientos a partir de las bases de la salud colectiva. Los cursos se articulan con los servicios y redes de salud del Sistema Único de Salud (SUS) brasileño y con la comunidad mediante clases prácticas, pasantías, proyectos de investigación y extensión, fortaleciendo el contacto de los alumnos con situaciones reales de salud de la población. Se concluye que, aunque el país viva una crisis en la educación superior, las carreras de grado en salud colectiva van en sentido contrario a esta realidad. Si bien las DCNsCGSC no se encuentran vigentes todavía, porque hace falta que el MEC las publique en el Diario Oficial, los cursos están de acuerdo con ellas. La formación sigue las bases de la salud colectiva, de modo que cumpla el objetivo de fortalecer el SUS para la formación de recursos humanos en salud.