RESUMEN
Fraturas radiculares são lesões traumáticas dento-alveiolares (LTDA) complexas que afetam dentina, cemento, polpa e o ligamento periodontal, sendo frequente a ocorrência de lesões concomitantes ao fragmento coronário. São lesões relativamente raras com frequências relatadas variando entre 1,2% e 7% das LTDA na dentição permanente, sendo mais comuns em dentes com completo desenvolvimento radicular. O presente estudo consistiu em um levantamento clínico longitudinal retrospectivo para avaliar dados de 87 pacientes, portadores de 104 dentes permanentes com fraturas radiculares transversais, atendidos na Clínica de Traumatismos Dentários da Faculdade de Odontologia da UFMG, durante o período de 1995 a 2022. Com base na análise dos prontuários, avaliou-se o padrão radiográfico de cicatrização na linha de fratura, seguindo os critérios estabelecidos por Andreasen e Hjorting-Hansen (1967), em dois momentos: no período inicial após o trauma e ao final do período de acompanhamento. Uma análise de sobrevivência de risco competitivo foi realizada para estimar as taxas dos eventos de cicatrização no período inicial após o trauma, bem como o efeito das variáveis demográficas, clínicas e relacionadas ao tratamento. Os resultados demonstraram um percentual de 51,9% de cicatrização no curto prazo, diagnosticada em até 5 meses após o trauma. A não cicatrização com interposição de tecido de granulação na linha de fratura foi fortemente influenciada pela presença e tipo de lesão concomitante no fragmento coronário. Dentes com fraturas de esmalte e dentina (sHR 24,38, IC 95% [3,16 - 188,3], p = 0,0022), luxações com deslocamentos (sHR 10,58, IC 95% [1,37 - 81,9], p = 0,0240) e subluxações (HR 9,66, IC 95% [1,14 - 81,7], p = 0,0370) apresentaram as maiores taxas de não cicatrização das fraturas radiculares no curto prazo. A taxa de cicatrização no longo prazo foi de 70,1%, a maioria delas com interposição de osso e tecido conjuntivo. A estatística Kappa demonstrou uma concordância global de 67,1% entre as modalidades de cicatrização no período inicial e no longo prazo, especialmente para os padrões tecido mineralizado e tecido conjuntivo/osso.
Root fractures are complex traumatic dental injuries (TDI) affecting dentin, cementum, pulp and supporting tissues, generally associated to concurrent injuries to the coronal fragment. They are uncommon injuries with reported frequencies varying between 1.2% and 7% of all TDI in permanent teeth, being more frequent in teeth with complete root development. In the present study we retrospectively evaluated data from 87 patients with104 root-fractured permanent teeth treated at the Dental Trauma Clinic from the Federal University of Minas Gerais, during the period from 1995 to 2022. Clinical dan radiographic data was collected from patient's records to establish healing patterns in the fracture line, following the criteria established by Andreasen & Hjorting-Hansen (1967), at two moments: in the initial period after the trauma and at the end of the follow-up period. A competing risk survival analysis was performed to estimate rates of healing events in the early period after trauma as well as the effect of demographic, clinical, and treatment-related variables. The results showed a rate of 51.9% of healing in the short term, diagnosed in a maximum median period of 5 months after trauma. Non-healing with interposition of granulation tissue at the fracture line was strongly influenced by the presence and type of concomitant lesion in the coronal fragment. Teeth with associated enamel -dentin fractures (sHR 24.38, 95% CI [3.16 - 188.3], p = 0.0022), luxations with dislocations (sHR 10.58, 95% CI [1.37 - 81.9], p = 0.0240) and subluxations (HR 9.66, 95% CI [1.14 - 81.7], p = 0.0370) had the highest rates of non-healing of root fractures in the short term. The long-term healing rate was 70.1%, most of them with interposition of bone and connective tissue. Kappa statistics demonstrated an overall agreement of 67.1% between short and long-term healing patterns, in special HT and CT+ Bone modalities.