ABSTRACT
Na conjuntura presente, com a constatação do avanço institucional de práticas de atenção e cuidado que visam à integração do ser humano como totalidade saudável polidimensional, é importante analisar o contexto no qual essas práticas se inserem. Situar raízes históricas, com o intuito de perceber a importância de seu papel na restauração da vida/saúde humana, é fundamental neste momento de crise planetária. É importante assinalar, sobretudo, as características paradigmáticas que estas práticas supõem, procurando apreender diferenças, similitudes, permanências teóricas e práticas em distintas sociedades e culturas, visando a perceber nesta longa duração histórica uma possível solidez do paradigma vitalista. Mas, é necessário situarmos sobretudo os desafios do presente nas práticas e racionalidades médicas que não abandonaram tal paradigma, aperfeiçoando-o e divulgando-o em práticas, pesquisas e ensino, buscando encontrar numa atualidade pós-moderna, caracterizada por crises e superações no conhecer e no agir, modos de reinserção do mesmo nas disciplinas que lidam com o conhecimento da saúde e da vida.
Subject(s)
Complementary Therapies , Healthcare Models , Medicine, Traditional , Health SystemsSubject(s)
Humans , Male , Female , Unified Health System , Complementary Therapies , Health Systems , Health Knowledge, Attitudes, Practice , Health PromotionABSTRACT
Este artigo trata da crescente complexidade do campo conhecido como Saúde Coletiva, em termos paradigmáticos, que é expressa na convivência atual de três paradigmas (multidisciplinaridade, interdisciplinaridade, transdiciplinaridade), construídos, em termos de saberes e práticas, ao longo de um período histórico de cerca de dois séculos (primeira metade do século XIX ao século XX). Essa complexidade se traduz também na profusão de disciplinas que compõem o campo, oriundas tanto das biociências, quanto de ciências da área de humanas e ambientais. A complexidade do campo evidencia-se também no seu hibridismo epistemológico, no qual coexistem normas epistemológicas de produção do conhecimento com o paradigma pragmático da eficácia e da ética, comum às medicinas preventiva e social e às políticas de saúde. Este artigo tenta também evidenciar que a evolução do campo da Saúde Coletiva no último século aponta na irreversível direção da complexidade, tanto em termos de produção do conhecimento como de intervenção de estilos de expressão das diferentes disciplinas incluídas no campo. Reduzir essa enorme complexidade a um paradigma único, seja em termos de modelos disciplinares, seja em termos de formas de expressão de sua produção, significa reduzir o campo a uma única dimensão, diminuindo-o e empobrecendo-o nos níveis analisados no trabalho.
This article deals with the increasing complexity of the field presently known as Collective Health, socially and historically constructed along two centuries (beginning of the XIXth, and all along the XXth) in terms of knowledge and practices. This complexity, evident in the multidisciplinary, interdisciplinary and transdisciplinary paradigms that coexist in the field, may be expressed at two levels: the level of its composing disciplines, which includes human, biological, medical and environmental disciplines, and the level of production and expression of knowledge, which includes the scientific paradigm and the ethical and practical paradigm of efficacy, both common to medicines (preventive and social medicine) and health policies. It also tries to demonstrate that the social and historical evolution of Collective Health as a scientific and practical field seems to indicate an irreversible change in the direction of complexity, in terms of knowledge, of intervention, and of expression of the different disciplines that are nowadays part of the field. To reduce this complexity to one single model in terms of disciplines or of styles of production of knowledge means to reduce the whole field to only one single dimension and to limit it at both mentioned levels, what is a very bad solution.
Subject(s)
Public Health/history , Interdisciplinary ResearchABSTRACT
The present paper reviews Vitalism as the basis for S. Hahnemanns initial formulation of Homeopathy through the lens of the notions of Vitalism and vital normativeness formulated in the 20th century by French physician and historian of science Georges Canguilhem. Hahnemann described disease as a disarrangement of the organism as a whole, carrying the mark of the individual affected. Similarly, Canguilhem stated that symptoms only have meaning within their specific context and express a global disturb. Hahnemann gave health a positive definition as the state of equilibrium of the vital force the latter understood as an essential quality of matter composing living beings and corresponding to a conception of Vitalism that holds totality as self-organized. Canguilhem would define Vitalism as the simple acknowledgement of the originality of life regarding lifeless matter, and described life as a dynamic polarity. In this context, illness is seen as a way to compel the organism to seek a new equilibrium to maintain homeostasis, health and healing are both integral parts of the self-organization of living beings and dichotomy of the process health/disease is a mere linguistic artifact.
Este trabalho revê o Vitalismo como base da inicial formulação da Homeopatia por Hahnemann através das noções de Vitalismo e normatividade vital formulada no século XX pelo médico e historiador da ciência francês George Canquilhem. Hahneman descreve a doença como um desequilíbrio no organismo como um todo, carregando a marca da afecção individual. Similarmente, Canguilhem afirma que os sintomas somente têm siginificado dentro de seu específico contexto e expressa um distúrbio global. Hahnemann dá à saúde uma definição positiva como o estado de equilíbrio da força vital - mais tarde compreendida como uma qualidade essencial da matéria que compõe os seres vivos e que corresponde a uma concepção de Vitalismo que entende a totalidade como auto-organização. Canguilhem definiu o Vitalismo como o simples reconhecimento da originalidade da vida e a descreve como uma polaridade dinâmica. Neste contexto, doença é vista como um modo de compelir o organismo a conquistar um novo equilíbrio para sustentar a sua homeostase; saúde e cura são ambos parte integrante da auto-organização dos seres vivos e a dicotomia do processo saúde/doença é mero artefato de linguagem.
Subject(s)
History, 20th Century , Homeopathy , VitalismABSTRACT
The present paper reviews Vitalism as the basis for S. Hahnemanns initial formulation of Homeopathy through the lens of the notions of Vitalism and vital normativeness formulated in the 20th century by French physician and historian of science Georges Canguilhem. Hahnemann described disease as a disarrangement of the organism as a whole, carrying the mark of the individual affected. Similarly, Canguilhem stated that symptoms only have meaning within their specific context and express a global disturb. Hahnemann gave health a positive definition as the state of equilibrium of the vital force the latter understood as an essential quality of matter composing living beings and corresponding to a conception of Vitalism that holds totality as self-organized. Canguilhem would define Vitalism as the simple acknowledgement of the originality of life regarding lifeless matter, and described life as a dynamic polarity. In this context, illness is seen as a way to compel the organism to seek a new equilibrium to maintain homeostasis, health and healing are both integral parts of the self-organization of living beings and dichotomy of the process health/disease is a mere linguistic artifact.(AU)
Este trabalho revê o Vitalismo como base da inicial formulação da Homeopatia por Hahnemann através das noções de Vitalismo e normatividade vital formulada no século XX pelo médico e historiador da ciência francês George Canquilhem. Hahneman descreve a doença como um desequilíbrio no organismo como um todo, carregando a marca da afecção individual. Similarmente, Canguilhem afirma que os sintomas somente têm siginificado dentro de seu específico contexto e expressa um distúrbio global. Hahnemann dá à saúde uma definição positiva como o estado de equilíbrio da força vital - mais tarde compreendida como uma qualidade essencial da matéria que compõe os seres vivos e que corresponde a uma concepção de Vitalismo que entende a totalidade como auto-organização. Canguilhem definiu o Vitalismo como o simples reconhecimento da originalidade da vida e a descreve como uma polaridade dinâmica. Neste contexto, doença é vista como um modo de compelir o organismo a conquistar um novo equilíbrio para sustentar a sua homeostase; saúde e cura são ambos parte integrante da auto-organização dos seres vivos e a dicotomia do processo saúde/doença é mero artefato de linguagem.(AU)
Subject(s)
History, 20th Century , Homeopathy , VitalismABSTRACT
O artigo trata das relações atuais entre cultura, medicina, e as chamadas medicinas alternativas, de uma perspectiva analítica macrossociológica. Algumas hipóteses interpretativas são levantadas para explicar a grande profusão de novas terapias e sistemas terapêuticos na sociedade contemporânea, entre as quais a da existência de uma dupla crise - sanitária e médica - que afeta as relações tradicionais existentes entre cultura e medicina. Além disso, uma hipótese subsidiária interpreta essa eclosão de terapias e sistemas como fruto da própria racionalidade médica hegemônica na cultura ocidental, que centraliza a doença como elemento estruturante de seu paradigma e institui a ciência (das patologias) como base da racionalidade médica ocidental, praticamente excluindo a milenar questão da arte de curar como foco central da prática e do saber médico.
This article deals with the relationships between culture and medicine, and the great spread of alternative medicine in present days. It intends to explain this spread in a sociological approach, trying to advance two basic hypotheses: the first one concerns the present double crisis in health and medicine, and the second one concerns the search for a new rationale in health and care by both patients and therapysts in our contemporary society. It seems to exist a clear cultural lag between cultural changes in practices and representations in health, healing and care and the direction of medical progress.
Subject(s)
Humans , Physician's Role , Therapeutics , Complementary Therapies , History of Medicine , Physician-Patient Relations , Health-Disease Process , Cultural FactorsABSTRACT
Trata das relações entre cultura, medicina, e as chamadas medicinas alternativas, de uma perspectiva analítica macrossociológica. Algumas hipóteses interpretativas säo levantadas para explicar a grande profusäo de novas terapias e sistemas terapêuticos na sociedade contemporânea, entre as quais a da existência de uma dupla crise - sanitária e médica - que afeta as relações tradicionais existentes entre cultura e medicina.(AU)
Subject(s)
History of Medicine , Complementary TherapiesABSTRACT
Relata os resultados obtidos na segunda fase do Pojeto Racionalidades Médicas, comparando analiticamente representaçöes de paciente e médicos(ou terapeutas) da medicina ocidental contemporânea(biomedicina), da homeopatia e da acupuntura em ambulatórios da rede pública municipal do Rio de Janeiro
Subject(s)
Acupuncture , Attitude to Health , Health-Disease Process , Homeopathy , Ambulatory Care , Health Services , Perception , Physician-Patient RelationsABSTRACT
Analisa os dados de investigaçäo de práticas e representaçöes de usuários e terapeutas do serviço público de saúde. Organiza as informaçöes das representaçöes de corpo, doença e doente, saúde, cura e prevençäo, representaçöes sobre o tratamento e reúne as práticas de saúde dos investigados