RESUMO
Os transtornos do espectro autista (TEAs) são disfunções do desenvolvimento neurológico associadas à alteração de diversos sintomas comportamentais, nos quais se destacam a redução de interações sociais e a execução de atividades repetitivas. Atualmente, o tratamento farmacológico é limitado e parece contribuir para o desenvolvimento de morbidades cardiovasculares. Associado a esse perfil, o restrito e seletivo padrão alimentar, promove o desenvolvimento de diversas deficiências nutricionais, entre as quais, os ácidos graxos essenciais como o ômega-3 (ω-3). Nesta revisão sistemática, baseada em estudos randomizados e controlados, foram selecionados estudos realizados nos últimos 10 anos. Os resultados mostram que a heterogeneidade das populações estudadas com grande variação na dose e tipo de ω-3 administrados em tempos distintos de seguimento dificultam a avaliação precisa da eficácia da intervenção baseada no uso de ω-3. Desta forma, o uso de ω-3 como terapia adjuvante no tratamento de TEA não deve ser recomendado rotineiramente na prática clínica, apesar de sua essencialidade para o adequado desenvolvimento neurológico
Autism spectrum disorders (ASDs) are neurodevelopmental dysfunctions associated with a number of altered behavioral symptoms, including reduced social interactions and the performance of repetitive activities. Pharmacological treatment is currently limited, and appears to contribute to the development of cardiovascular morbidity. Associated with this profile, a restricted and selective dietary pattern promotes the development of several nutritional deficiencies, including essential fatty acids, such as omega-3 (ω-3). In this systematic review, based on randomized controlled trials, studies performed in the last 10 years were selected. The results show that the heterogeneity of the populations studied, with wide variation in the dose and type of ω-3 administered at different times during follow-up, hinder more precise assessment of the effectiveness of the intervention based on the use of ω-3. Thus, the use of ω-3 as adjuvant therapy in the treatment of ASDs should not be routinely recommended in clinical practice, even though it is essential for proper neurological development