RESUMEN
Introdução: a dissecção cervical no carcinoma espinocelular (CEC) de vias aerodigestivas superiores (VADS) é preconizada com base no risco epidemiológico de metástase linfática. A indicação do esvaziamento eletivo, porém, ainda é controversa. Determinar o risco individual de metástase auxilia na escolha do tratamento mais adequado. Objetivo: verificar a possibilidade de calcular o risco individual de metástase segundo os resultados da comparação de características clínicas e anátomo-patológicas entre os doentes com e sem metástase linfática cervical do CEC de VADS. Pacientes e Método: estudo retrospectivo longitudinal de caso-controle de 209 operados no período de agosto de 2002 a janeiro de 2007, distribuídos em dois grupos: 128 casos com e 81 sem metástase (estes seguidos por mais de 12 meses). Variáveis passíveis de serem preditivas do risco de metástase linfática foram comparadas entre os grupos e analisadas pelo modelo de regressão logística. Resultados: No grupo com metástase, o CEC apresentou maior freqüência de invasão sangüínea, linfática, perineural, margem comprometida e infiltrado inflamatório escasso. Maior diâmetro e grau de diferenciação foram variáveis independentes preditivas do risco (razão de chances) de desenvolver metástase linfática respectivamente de: 4,8 vezes para o CEC moderadamente diferenciado; e 1,5 vezes para cada centímetro de aumento no diâmetro do carcinoma primário. Maior espessura e invasão sangüínea foram co-variáveis dependentes. O cálculo do risco individual revelou que tanto para o CEC T1/T2 de língua oral e soalho, bem diferenciado e com espessura a partir de 1cm, assim como para o CEC de laringe (não glótico) com diâmetro acima de 1,3cm, o risco de metástase foi maior de 20%, para esta casuística. Conclusão: O grau de diferenciação e o maior diâmetro do CEC de VADS foram variáveis independentes preditivas da ocorrência de metástase linfática cervical. O risco individual de metástase pôde ser calculado em função dessas características, segundo o modelo logístico.
Introduction: the elective neck dissection is indicated for head and neck squamous cell carcinoma (SCC) with metastasis risk higher than 20% in epidemiological investigations, but it remains controversial in some situations. To determine the individual risk to develop node metastasis would allow the surgeons to offer a more adequate treatment case by case. Objective: to verify if it is possible to obtain an individual risk prediction model based on clinical and pathological features presented by patients with SCC of the upper aerodigestive tract. Patients and methods: retrospective longitudinal case-control study of 209 patients treated from August 2002 to January 2007, divided into two groups: 128 cases with and 81 without node metastasis followed up more than 12 months. The clinical and pathological characteristics of the primary tumor were compared between the groups and analyzed by the logistic regression model. Results: Diameter and histological grade were independent predictive variables of node metastasis risk (odds ratio = 4.8 for moderately, compared to well differentiated carcinoma; 1.5 per centimeter of primary carcinoma diameter). Thickness and vascular invasion were covariates related to them. The logistic prediction model revealed that the risk of node metastasis was higher than 20% for T1/T2 well differentiated SCC of the oral tongue and floor of mouth with thickness larger than 1.0cm. Laryngeal SCC (except glottic) with diameter smaller than 1.3cm presented less than 20% of risk. Conclusion: histological grade and diameter of the upper aerodigestive tract SCC were independent predictive variables of the neck node metastasis. The individual risk could be calculated in function of these factors by the logistic regression model.