Profissionais da área de
saúde (PAS) apresentam maior
risco ocupacional de aquisiçäo de determinadas
doenças, principalmente as transmissíveis por
sangue ou derivados, como as
hepatites B e C. Entre 1986 e 1998 foi realizado
levantamento dos
casos de
hepatites virais que ocorreram em PAS atendidos no Ambulatório de
Hepatites da Disciplina de
Gastroenterologia da
Escola Paulista de
Medicina/Unifesp. Os PAS foram divididos em três categorias
médicos,
pessoal de
enfermagem (
enfermeiras, auxiliares, atendentes) e outros
profissionais (
dentistas, biomédicos e
técnicos de laboratório). Dentre os 4.211
pacientes com
hepatite atendidos neste período, 141 (3,3 por cento) foram em PAS, sendo 39,7 por cento no
pessoal de
enfermagem, 35,5 por cento em outros
profissionais e 24,8 por cento em
médicos. Dos 114
casos, 13,5 por cento foram de
hepatite A aguda, 26,9 por cento de B aguda, 26,9 por cento de B crônica, 26,9 por cento de C crônica e 5,8 por cento de
hepatite NANB. A
hepatite A aguda mostrou predomínio em outros
profissionais (42,1 por cento) e
médicos (36,9 por cento), seguido pelo
pessoal de
enfermagem (21 por cento). Na
hepatite B aguda, outros
profissionais (36,9 por cento) e
pessoal de
enfermagem (34,2 por cento) foram dominantes em relaçäo a
médicos (28,9 por cento). Nas
hepatites crônicas B e C houve predomínio do
pessoal de
enfermagem (39,5 por cento e 47,4 por cento, respectivamente), seguido por outros
profissionais (28,9 por cento e 39,5 por cento) e
médicos (31,6 por cento e 13,1 por cento). Näo houve
casos de
hepatite NANB em
médicos, mas somente em
pessoal de
enfermagem (75 por cento) e outros
profissionais (25 por cento). A comparaçäo da
incidência das
hepatites virais entre 1986-1991 e 1992-1997 mostrou uma tendência à diminuiçäo da maioria delas. A diminuiçäo dos
casos de
hepatite B pode ser atribuída à maior
difusäo das
precauçöes universais, em decorrêencia do
HIV, e também da
vacinaçäo contra a
hepatite B a partir de 1991. A
hepatite C crônica constitui exceçäo, com aumento significativo de 1 para 36
casos diagnosticados; isso se explica pelo fato do
diagnóstico de certeza da
hepatite C ter se tornado disponível a partir de 1991.