Neste centenário da morte de Nabuco, tudo convida a reler Minha formação. Trata-se de um livro de recordações de uma vida inteira, embora não obedeça à tradicional estrutura linear das obras do gêneronascimento, infância, juventude, maturidade... A composição lembra antes um arquipélago do que um continente. Os capítulos são ilhas, que o mar aparentemente infinito da memória ora aproxima, ora distancia. Como acontece nos movimentos de nossa vida subjetiva, há lembranças que, de tão longínquas e esgarçadas, parecem já estar fora de nós, e precisamos de algum esforço para recompô-las e dizê-las, e há outras que nos tomam de assalto, invadem os recantos mais fundos de nós mesmos, deixam sinais, às vezes cicatrizes em nosso caráter e talvez em nosso próprio destino.(AU)