A Literatura fora do lugar na América Latina: três momentos indecisivos (um conto inacabado de Guimarães Rosa, dois textos irremediáveis de Bolaño e a escrita postergada de Macedonio)
Neste trabalho defendemos que não é possível dizer que a literatura é ou alguma vez foi uma ideia no lugar na América Latina. Tal defesa parte da constatação de que não houve formação de Estados nacionais soberanos e inclusivos, e não é mais possível acreditar que haverá; motivo pelo qual falar de uma literatura brasileira ou latino-americana formada perdeu o sentido. Como consequência, afirmamos que é preciso reler com outra perspectiva os autores que foram considerados o ponto de chegada de um processo formativo. Em um primeiro momento, nos ocuparemos de alguns textos de um deles, Guimarães Rosa, escritor que, entre outras coisas, predisse que para o ano 2000 o colonialismo chegaria ao seu fim na América Latina. Posteriormente iremos analisar o conto El gaucho insufrible de Roberto Bolaño, que transcorre na crise da Argentina de 2001, um dos acontecimentos que desmentiram a previsão de Rosa. A análise do conto será seguida da do ensaio Literatura + enfermedad = enfermedad. Estes textos nos permitirão indagar sobre o significado de escrever literatura desde a América Latina em tempos sem perspectiva formativa. Renunciando intencionalmente a linearidade histórica, a tese termina com um estudo de Macedonio Fernández, cujos escritos não tem como horizonte a formação de uma literatura nem de um Estado nacional, mas suahisterização e suspensão. Com a análise dos autores citados tentaremos mostrar que se já não é mais possível acreditar em um fim formativo nos velhos termos, também não é possível simplesmente deixar de falar de literatura e da América Latina, nem de reivindicar uma formação global e local menos assimétrica. (AU)
En este trabajo defendemos que no es posible decir que la literatura es o alguna vez fue una idea en su lugar en América Latina. Tal defensa parte de la constatación de que no se dio la formación de Estados nacionales soberanos e inclusivos, y no es más posible creer que se dará; por este motivo, hablar de una literatura brasileña o latinoamericana formada dejó de tener sentido. En consecuencia, afirmamos que es necesario releer con otra perspectiva los autores que fueron considerados punto de llegada de un proceso formativo. En un primer momento, nos ocuparemos de algunos textos de uno de ellos, Guimarães Rosa, escritor que, entre otras cosas, predijo que para el año 2000 el colonialismo habría llegado a su fin en América Latina. Posteriormente, analizaremos el cuento El gaucho insufrible de Roberto Bolaño, que transcurre en la crisis argentina de 2001, uno de los acontecimientos que desmintieron la previsión de Rosa. Nuestra lectura del cuento será seguida de una del ensayo Literatura + enfermedad = enfermedad. Estos textos nos permitirán indagar sobre el significado de escribir literatura desde América Latina en tiempos sin perspectiva formativa. Renunciando intencionalmente a la linealidad histórica, esta tesis termina con un estudio de Macedonio Fernández, cuyos escritos no tienen como horizonte la formación de una literatura ni de un Estado nacional, sino su histerización y suspensión. Con el análisis de los autores citados intentaremos mostrar que si ya no es más posible creer en un fin formativo en los viejos términos, tampoco es posible simplemente dejar de hablar de literatura y de América Latina, ni de reivindicar una formación global y local menos asimétrica. (AU)