Este trabalho trata das práticas preservacionistas nacionais a partir de uma abordagem historiográfica. Seu objetivo é investigar como duas estratégiasnarrativas distintas, que visaram conferir sentido à noção de evolução da arquitetura brasileira, lograram instituir inovações no seio das práticas preservacionistas nacionais, em dois diferentes períodos de sua trajetória. O primeiro deles se refere à atuação do arquiteto paulista Luís Saia, entre os anos de 1937 e 1975, quando, por intermédio da noção de evolução regional paulista, conseguiu inserir no rol dos monumentos tombados pelo IPHAN uma série de edifícios que diriam respeito à contribuição paulista para a construção da nacionalidade. O segundo período diz respeito à atuação de outro arquiteto paulista, Nestor Goulart Reis Filho, cuja noção de evolução urbana mostrou-se eficaz num contexto em que as práticas preservacionistas se deparavam com novas demandas sociais, econômicas e culturais. Desse modo, um dos objetivos deste trabalho é sugerir, primeiramente, por meio de um recorte temporal e espacial específico, que os órgãos responsáveis pelas práticas preservacionistas nacionais caracterizaram-se muito mais pelo acordo entre dissensos que pela imposição de consensos, de modo que, ao contrário do que se tem afirmado, o que deve ser analisado é como indivíduos subordinados à órgãos como o IPHAN puderam agir, consoante suas aspirações pessoais e diante das limitações impostas por um consenso mínimo (ou seja, frente ao acordo em torno da existência de uma linha evolutiva nacional a indicar os rumos da modernização).