ABSTRACT
A morte materna pode ser classificada como diretas e indiretas, são resultantes de complicações obstétricas no decorrer da gestação, durante o parto e/ou no puerpério. Em 2020, com a eclosão da pandemia do coronavírus se tornou um grande obstáculo para a garantir a saúde materno-fetal. No contexto brasileiro, eliminar significativamente a mortalidade por fatores evitáveis é um imenso desafio da saúde pública, bem como da equidade social, de gênero e de raça. Considerando os efeitos da COVID-19 no Brasil este trabalho objetivou analisar a tendência da RMM no Brasil antes e após a pandemia, no período de 2019 a 2021. Foi realizado um estudo ecológico descritivo e quantitativo analítico da razão de mortalidade materna (RMM) no Brasil, construído mediante dados secundários de estatísticas vitais extraídos do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) - Datasus, no período de 2019 a 2021. Os dados do SIM e do Sinasc, até o ano 2021, são considerados finalizados. No período estudado, contabilizaram-se no total 6.571 óbitos maternos no Brasil. De acordo com os dados estatísticos, em 2019, 2020 e 2021 foram notificados 1.576, 1.965 e 3.030 óbitos maternos ao SIM, respectivamente. Em 2020 e 2021, mostrou em todas as regiões um elevado números de óbitos maternos em relação a 2019. Ainda, em 2021 apresentou maior número de óbitos em comparação a 2020. Foi observado um aumento significativo da RMM no Brasil em 2020 e 2021, em decorrência da epidemia de covid-19. As causas indiretas foram as mais prevalentes relacionadas aos óbitos maternos. Por fim, as altas taxas de mortalidade materna no Brasil evidenciam a necessidade de efetiva aplicação de políticas públicas a fim de potencializar a redução dos óbitos maternos no País.
Maternal death can be classified as direct and indirect, they are consequences of obstetric complications during pregnancy, during delivery and/or in the puerperium. In 2020, with the outbreak of the coronavirus pandemic, it became a major obstacle to ensuring maternal and fetal health. In the Brazilian context, significantly eliminating mortality from preventable factors is an immense public health challenge, as well as social, gender and racial equity. Considering the effects of COVID-19 in Brazil, this work aimed to analyze the trend of MMR in Brazil before and after the pandemic, from 2019 to 2021. An ecological descriptive and quantitative analytical study of the maternal mortality ratio (MMR) was carried out in the Brazil, constructed using secondary statistical data extracted from the Information System on Live Births (Sinasc) and the Mortality Information System (SIM) - Datasus, from 2019 to 2021. Data from SIM and Sinasc, up to the year 2021, are considered completed. In the observed period, a total of 6,571 maternal deaths were recorded in Brazil. According to statistical data, in 2019, 2020 and 2021, 1,576, 1,965 and 3,030 maternal deaths were reported to the SIM, respectively. In 2020 and 2021, it showed a high number of maternal deaths in all regions compared to 2019. Also, in 2021 it showed a higher number of deaths compared to 2020. A significant increase in MMR was observed in Brazil in 2020 and 2021, in as a result of the covid-19 epidemic. Indirect causes were the most prevalent related to maternal deaths. Finally, the high maternal mortality rates in Brazil highlight the need for effective implementation of public policies in order to enhance the reduction of maternal deaths in the country.
La muerte materna puede ser clasificada como directa e indirecta, son consecuencias de complicaciones obstétricas durante el embarazo, durante el parto y/o en el puerperio. En 2020, con el estallido de la pandemia por coronavirus, se convirtió en un gran obstáculo para garantizar la salud materna y fetal. En el contexto brasileño, eliminar significativamente la mortalidad por factores prevenibles es un inmenso desafío de salud pública, así como de equidad social, de género y racial. Considerando los efectos de la COVID-19 en Brasil, este trabajo tuvo como objetivo analizar la tendencia de la TMM en Brasil antes y después de la pandemia, de 2019 a 2021. Se realizó un estudio ecológico descriptivo y cuantitativo analítico de la razón de mortalidad materna (RMM) en el Brasil, construido a partir de datos estadísticos secundarios extraídos del Sistema de Información sobre Nacidos Vivos (Sinasc) y del Sistema de Información sobre Mortalidad (SIM) - Datasus, de 2019 a 2021. Los datos del SIM y del Sinasc, hasta el año 2021, se consideran completos. En el período observado, se registraron un total de 6.571 muertes maternas en Brasil. Según los datos estadísticos, en 2019, 2020 y 2021, se notificaron al SIM 1.576, 1.965 y 3.030 muertes maternas, respectivamente. En 2020 y 2021, mostró un alto número de muertes maternas en todas las regiones en comparación con 2019. Asimismo, en 2021 mostró un mayor número de muertes en comparación con 2020. Se observó un aumento significativo de la RMM en Brasil en 2020 y 2021, en como resultado de la epidemia de covid-19. Las causas indirectas fueron las más prevalentes relacionadas con las muertes maternas. Por último, las altas tasas de mortalidad materna en Brasil ponen de relieve la necesidad de una aplicación eficaz de las políticas públicas con el fin de mejorar la reducción de las muertes maternas en el país.
ABSTRACT
O processo de parto é um evento fisiológico fundamental na vida reprodutiva das mulheres. No entanto, o parto cirúrgico tem se tornado cada vez mais comum, tanto no Brasil como em outros países, resultando em preocupações com a medicalização excessiva do parto. O estudo visa fornecer informações abrangentes sobre o tema, considerando diferentes regiões geográficas do Brasil. Trata-se de estudo é ecológico e retrospectivo, utilizando dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) disponíveis no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram analisados dados de 2011 a 2021, com ênfase nas taxas de parto vaginal e cesariano, fatores sociodemográficos e obstétricos. Durante o período analisado, foram registrados 31.702.562 nascimentos no Brasil. Dos registros válidos, 43,9% foram partos vaginais e 56,1% foram cesarianos. Houve um aumento geral nas taxas de cesariana em todas as regiões brasileiras. A região Norte teve o maior percentual de partos vaginais (53,5%) e o menor de cesarianas (46,5%), enquanto as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste apresentaram as maiores taxas de cesárea. O estudo revela um aumento nas taxas de cesariana ao longo da última década no Brasil, com diferenças regionais significativas. A prevalência de cesarianas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste levanta preocupações sobre a medicalização do parto. Essas informações podem subsidiar ações de melhoria da qualidade da assistência ao parto e nascimento, com o objetivo de reduzir intervenções desnecessárias e promover melhores desfechos materno-fetais.
The childbirth process is a fundamental physiological event in the reproductive life of women. However, surgical delivery has become increasingly common, both in Brazil and in other countries, resulting in concerns about the excessive medicalization of childbirth. The study aims to provide comprehensive information on the subject, considering different geographic regions of Brazil. This is an ecological and retrospective study, using data from the Information System on Live Births (SINASC) available at the Department of Informatics of the Unified Health System (DATASUS). Data from 2011 to 2021 were analyzed, with emphasis on vaginal and cesarean delivery rates, sociodemographic and obstetric factors. During the analyzed period, 31,702,562 births were registered in Brazil. Of the valid records, 43.9% were vaginal deliveries and 56.1% were cesarean sections. There was a general increase in cesarean section rates in all Brazilian regions. The North region had the highest percentage of vaginal deliveries (53.5%) and the lowest of cesarean sections (46.5%), while the South, Southeast and Midwest regions had the highest cesarean rates. The study reveals an increase in cesarean rates over the last decade in Brazil, with significant regional differences. The prevalence of cesarean sections in the South, Southeast and Midwest regions raises concerns about the medicalization of childbirth. This information can support actions to improve the quality of delivery and birth care, with the aim of reducing unnecessary interventions and promoting better maternal-fetal outcomes.
El proceso del parto es un evento fisiológico fundamental en la vida reproductiva de la mujer. Sin embargo, el parto quirúrgico se ha vuelto cada vez más común, tanto en Brasil como en otros países, lo que genera preocupaciones sobre la excesiva medicalización del parto. El estudio tiene como objetivo proporcionar información completa sobre el tema, considerando diferentes regiones geográficas de Brasil. Se trata de un estudio ecológico y retrospectivo, utilizando datos del Sistema de Información de Nacidos Vivos (SINASC) disponible en el Departamento de Informática del Sistema Único de Salud (DATASUS). Se analizaron datos de 2011 a 2021, con énfasis en las tasas de parto vaginal y por cesárea, factores sociodemográficos y obstétricos. Durante el período analizado, se registraron 31.702.562 nacimientos en Brasil. De los registros válidos, 43,9% fueron partos vaginales y 56,1% cesáreas. Hubo un aumento general en las tasas de cesáreas en todas las regiones brasileñas. La región Norte tuvo el porcentaje más alto de partos vaginales (53,5%) y el más bajo de cesáreas (46,5%), mientras que las regiones Sur, Sudeste y Centro-Oeste presentaron las tasas más altas de cesáreas. El estudio revela un aumento en las tasas de cesáreas durante la última década en Brasil, con diferencias regionales significativas. La prevalencia de cesáreas en las regiones Sur, Sudeste y Centro-Oeste plantea preocupaciones sobre la medicalización del parto. Esta información puede apoyar acciones para mejorar la calidad de la atención del parto y nacimiento, con el objetivo de reducir las intervenciones innecesarias y promover mejores resultados materno-fetales.