ABSTRACT
Objetivo: avaliar os aspectos clínicos, laboratoriais, e os fatores de risco associados à asma em crianças atendidas no Ambulatório de Pediatria, do Hospital Universitário Júlio Müller. Método: estudo de caso-controle, incluindo 59 crianças asmáticas (casos) e 104 não-asmáticas (controles). Os seguintes fatores foram considerados para análise de risco: escolaridade dos pais, exposição aos alérgenos domiciliares, tabagismo passivo, aleitamento materno, renda e antecedentes familiares alérgicos. Foram coletadas amostras de sangue para hemograma e dosagem de IgE total e específica para alérgenos. Realizou-se teste cutâneo de hipersensibilidade imediata pelo método de puntura para os seguintes alérgenos: ácaros, animais, fungos e baratas com controles positivo (histamina) e negativo (solução fisiológica).Um modelo de regressão logística foi usado para calcular odds ratio (OR) e intervalo de confiança (IC) 95 por cento ajustado para outros fatores de risco e confundidores Resultados: dentre os fatores de risco estudados, sexo, baixa escolaridade, baixa renda, tempo de aleitamento materno e tabagismo passivo não estiveram associados à ocorrência de asma. A exposição aos alérgenos foi semelhante nos dois grupos, a não ser pela maior freqüência de animais nos domicílios dos controles (X2=16,9; p<0,05). Rinite paterna foi o único antecedente familiar associado à asma (OR=3,33; IC 95 por cento:1,03-11,17; p<0,05). As crianças asmáticas apresentaram maior freqüência de positividade do teste cutâneo que os controles, principalmente para ácaros: D.pteronyssinus (69,5por cento), D.farinae (59,3por cento) e B.tropicalis (59,3por cento); baratas: P.americana (59,3por cento) e gato: F.domesticus (37,3por cento); com OR variando de 11,2- 21,0; p<0,05. Eosinofilia e níveis séricos de IgE total foram mais elevados no grupo de asmáticos (p<0,05). A positividade do teste de IgE específica para D.pteronyssinus e B.tropicalis foi maior nos casos em relação aos controles (p<0,05). A análise multivariada mostrou que sensibilização às baratas (OR=9,26, 95por centoIC:2,59-33,4), animais (OR=3,93, 95por cento IC:1,05-14,67) e ácaros (OR=3,74, 95por centoIC: 1,18-11,8) foram os mais importantes fatores de risco para asma. Conclusões: a sensibilização aos alérgenos domiciliares, principalmente ácaros, barata e animais mostrou uma forte associação com asma neste estudo