ABSTRACT
Neste artigo, por meio do arcabouço freudo-lacaniano, analisou-se teoricamente o supereu na neurose, com o objetivo de investigar suas especificidades e seus truques, que invariavelmente levam o sujeito ao pior. O neurótico demanda amor, demanda ser demandado e recebe suas próprias demandas de forma invertida como demanda do Outro. Então, pelas fraturas da metáfora paterna, o supereu na neurose articula seus imperativos à demanda do Outro obstruindo o desejo, o que pode ser demonstrado com a figura do toro e com o grafo do desejo. Conclui-se, com a importância de pesquisar o supereu que carrega mistérios, paradoxos e sutilezas, que ainda deixam perguntas, também diferenciando as estratégias e os modos de gozo que essa instância impõe à neurose e com o destino do supereu no final de análise.
Dans cet article, à travers le cadre freudo-lacanien, le surmoi dans la névrose est analysé théoriquement, dans le but d'enquêter sur ses spécificités et ses astuces, qui conduisent invariablement le sujet au pire. Le névrosé demande de l'amour, demande à être demandé et reçoit ses propres demandes de façon inversée comme la demande de l'Autre. Puis, à travers les fractures de la métaphore paternelle, le surmoi dans la névrose articule ses impératifs à la demande de l'Autre, obstruant le désir, ce qui peut être démontré avec la figure du tore et avec le graphe du désir. Il se conclut sur l'importance de rechercher le surmoi porteur de mystères, de paradoxes et de subtilités, qui laisse encore desinterrogations, en différenciant également les stratégies et les modes de jouissance que cette instance impose à la névrose et avec le destin du surmoi au fin de l'analyse.
In this article, through the Freudian-Lacanian framework, the superego in neurosis was theoretically analyzed, with the aim of investigating its specificities and its tricks, which invariably lead the subject to the worst. The neurotic demands love: they demand to be demanded and also receive their own demands in an inverted way as the Other's demand. Then, through the fractures of the paternal metaphor, the superego in neurosis articulates its imperatives to the demand of the Other, obstructing desire. We try to demonstrate this unconscious operation with the figure of the torus and with the graph of desire. It concludes with the importance of researching the superego that carries mysteries, paradoxes and subtleties, which still leave questions, also differentiating the strategies and modes of jouissance that this instance imposes on neurosis and with the destiny of the superego at the end of the analysis.
Subject(s)
Psychoanalysis , Pleasure , Neurotic DisordersABSTRACT
Abstract: We present some research findings on the subjective responses around the jouissance, before the semblances offered by the Other, in the case of a former FARC-EP combatant. The purpose was to locate the significant coordinates that determine their position of jouissance with respect to their choice to sign the Peace Agreement with the Colombian State. As a finding, this step was possible when re-encountering the master signifiers that give consistency to his illusion of being something for the Other, maintaining a certain share of drive satisfaction, structural, beyond the phenomenology of the war scenario.
Resumo: Apresentamos alguns achados de pesquisa sobre as respostas subjetivas em torno do gozo, diante dos semblantes oferecidos pelo Outro, no caso de um ex-combatente das FARC-EP. O objetivo foi localizar as coordenadas significativas que determinam sua posição de gozo em relação à escolha de assinar o acordo de paz com o Estado colombiano. Como constatação, esse passo foi possível ao reencontrar os significantes-mestre que dão consistência à sua ilusão de ser algo para o Outro, mantendo certa parcela de satisfação pulsional, estrutural, para além da fenomenologia do cenário de guerra.
ABSTRACT
A proposta desse ensaio é retomar a incursão de Freud, a partir da Primeira Guerra Mundial, na fonte do sofrimento que vem das relações entre os humanos, indicando a novidade que significou o conceito de narcisismo das pequenas diferenças na apreensão dos movimentos coletivos que declaram uma inócua expressão de hostilidade ao outro, ou os que promulgam ações destrutivas e mortíferas contra o outro eleito como seu inimigo absoluto. Com o advento da pulsão de morte, Freud redimensiona o conceito de narcisismo das pequenas diferenças e introduz a ideia de que a satisfação das pulsões que atingem a mais cega fúria de destruição, está conectada a um gozo [Genuß] narcísico. Esse gozo, na leitura de Lacan, é um mal porque comporta um mal à alteridade. É com esse legado que nos propomos pensar a extensão da psicanálise ao discurso decolonial e outros discursos contra hegemônicos, através do diálogo interdisciplinar, na leitura das linguagens de ódio que enfrentamos em nossa época.
The purpose of this essay is to resume Freud's incursion, from the First World War, on the source of the suffering that comes from the relationships between humans, indicating the novelty that meant the concept of narcissism of small differences in the apprehension of collective movements that declare an innocuous expression of hostility to the other, or those who enact destructive and deadly actions against the other chosen as their absolute enemy. With the advent of the death drive, Freud re-dimensions the concept of narcissism of small differences and introduces the idea that the satisfaction of drives that reach the blindest fury of destruction is connected to a narcissistic jouissance [Genuß]. This jouissance, in Lacan's reading, is an evil because it entails an evil to alterity. It is with this legacy that we propose to think about the extension of psychoanalysis to the decolonial discourse and other counter-hegemonic discourses, through interdisciplinary dialogue, in the reading of the languages of hate that we face in our time.
El propósito de este ensayo es retomar la incursión de Freud, desde la Primera Guerra Mundial, sobre el origen del sufrimiento que proviene de las relaciones entre los humanos, señalando la novedad que significó el concepto de narcisismo de las pequeñas diferencias en la aprehensión de los movimientos colectivos que declaran una expresión inocua de hostilidad hacia el otro, o los que ejecutan acciones destructivas y mortíferas contra el otro elegido como su enemigo absoluto. Con el advenimiento de la pulsión de muerte, Freud redimensiona el concepto de narcisismo de las pequeñas diferencias e introduce la idea de que la satisfacción de las pulsiones que alcanzan la más ciega furia de destrucción está ligada a un goce narcisista [Genuß]. Este goce, en la lectura de Lacan, es un mal porque implica un mal a la alteridad.Es con este legado que nos proponemos pensar la extensión del psicoanálisis al discurso decolonial y otros discursos contrahegemónicos, a través del diálogo interdisciplinario, en la lectura de los lenguajes de odio que enfrentamos en nuestro tiempo.
Subject(s)
Colonialism , Pleasure , Racism , Genocide , Hate , NarcissismABSTRACT
O algoritmo digital permitiu o manejo de dados dos usuários da web pelos conglomerados informacionais. De forma discreta e personalizada, a nova forma de governamentalidade coleta, organiza, permuta e devolve os dados ao próprio indivíduo na forma de mais informações. Cada vez mais, esbarra na dimensão singular, tocando o campo do gozo via proliferação de objetos a que, na teoria lacaniana dos discursos, assume a dupla função de perda e de incessante tentativa de suplementação de gozo. Com o incremento informacional, o objeto chega ao ápice social e o digital alcança patamar discursivo. Inserindo-se no mesmo nicho do saber, a informação digital se aproveita da divisão subjetiva, deixando pouco espaço para que o sujeito possa lidar com a entropia de seu gozo via desejo. Se a neguentropia é o atributo do saber que limita a dispersão de gozo, na informação tratada e retornada algoritmicamente tal processo sofre uma aceleração, agindo diretamente sobre a economia dos afetos. Com prejuízo para o sujeito, resta uma experiência de gozo cada vez mais direta, crua, menos mediatizada pelo saber e pelo Outro.
The digital algorithm has allowed the management of data from web users by informational conglomerates. In a discreet and personalized way, the new form of governmentality collects, organizes, exchanges and returns data to the individual in the form of more information. More and more, it comes up against the singular dimension, touching the field of jouissance via the proliferation of objects a which, in the Lacanian theory of discourses, assumes the double function of loss and an incessant attempt to supplement jouissance. With the increase in information, the object reaches the social apex and the digital reaches a discursive level. Inserting itself in the same niche of know [savoir], digital information takes advantage of the subjective division, leaving little space for the subject to deal with the entropy of his jouissance via desire. If negentropy is the attribute of savoir that limits the dispersion of jouissance, in the information processed and returned algorithmically this process is accelerated, acting directly on the economy of affections. To the detriment of the subject, what remains is an experience of jouissance that is increasingly direct, raw, less mediated by savoir and the Other.
El algoritmo digital permitió la gestión de datos de los usuarios de la web por parte de conglomerados informativos. De forma discreta y personalizada, la nueva forma de gubernamentalidad recolecta, organiza, intercambia y devuelve datos al individuo en forma de más información. Cada vez más, choca con la dimensión singular, tocando el campo del goce a través de la proliferación de objetos a que, en la teoría lacaniana de los discursos, asume la doble función de pérdida y de intento incesante de complementar el goce. Con el aumento de la información, el objeto alcanza el ápice social y lo digital alcanza un nivel discursivo. Insertándose en el mismo nicho del conocimiento, la información digital aprovecha la división subjetiva, dejando poco espacio para que el sujeto gestione la entropía de su goce vía deseo. Si la negentropía es el atributo del saber que limita la dispersión del goce, en la información procesada y devuelta algorítmicamente, este proceso se acelera, actuando directamente sobre la economía de los afectos. En detrimento del sujeto, lo que queda es una experiencia de goce cada vez más directa, cruda, menos mediatizada por el saber y el Otro.
Subject(s)
Psychoanalytic Theory , Information Dissemination , Pleasure , Internet AccessABSTRACT
O estudo sobre os tipos de comicidade, em especial o humor, preocupou os românticos e influenciou os estudos no começo do século XX. Freud, influenciado por esse contexto tanto quanto o influenciando, escreveu duas obras que tratam do assunto. Neste artigo, o tema humor leva a algumas discussões: o riso humorístico como o emolduramento do afeto e o efeito da fala afável do supereu para essa formação. Entender a plástica representada pelo riso humorístico leva a considerar que esse processo reúne duas possibilidades de armadilha, que podem se constituir tanto por via da pulsão invocante quanto da escópica. A primeira, pela fala afável e consolatória do supereu, parece funcionar como um doma-voz; a sonoridade dessa fala oferta um novo lugar que não apenas o do imperativo mortífero. A segunda armadilha seria o riso humorístico, o qual se pode pensar como um doma-olhar. O riso contido que emoldura a sensação de travessura frente ao risco enfrentado, mesmo sabendo-se que esse desafio persiste para fora de sua borda, o que avizinha as lágrimas. Para pensar os efeitos das características estéticas e artísticas do humor, dois episódios da obra Dom Quixote de la Mancha são tomados como ilustração. Os trechos do romance ajudam a pensar como o riso, pela sua expressão imagética e sonora, pode emoldurar os afetos ou trans-bordar em excesso. Essa compreensão estética ajuda a situar o seu alcance, que tanto pode ser o compartilhamento do prazer ou a reafirmação solitária do gozo. Assim, o sorriso humorístico pode funcionar como uma armadilha para o afeto, emoldurando-o de modo a revelar, contidamente, que aquilo que aterroriza pode ser enfrentado, mesmo que não seja aniquilado; o resto é excesso. Portanto, mesmo que de forma arriscada, o humor é capaz de construir o discurso da falta que remete o sujeito ao seu desejo.
The study about the types of comicality, and in special the humor, worried the romantics and had an influence on the studies in the beginning of the XX century. Freud, influenced and influencing this context, writes two works that treat about this thematic. In this paper, the theme humor goes to some discussions: the humoristic laugh like the framing of the affection and the effect of the affable speech of the Superego for this formation. When the plastic represented by the humoristic laugh is understood, it takes into consideration that this process gathers two possibilities of a trap, both can be constituted either as by the invoking drive or as the scopic drive. The first, by the affable and consolatory speech of the superego, that seems to work as a voice-tamer, the sonority of this speak offers a new place that is not only the deadly imperative. The second trap would be the humoristic laugh, which can be thought as a look-tamer. The contained laugh that frames the sensation of the mockery play in front the risk confronted, even knowing that this challenge persists for out of your edge, which can be approached to tears. To think the effects of the artistic and esthetic characteristics of the humor, two episodes of the work Dom Quixote de La Mancha are taken as illustration. The parts of the romance help to think how the laugh, through the imagistic and sonorous expression, can frame the affections or overflow in excess. This esthetic comprehension helps to situate your reach, that either can be the share of the pleasure or the lonely reaffirmation of the jouissance. Thereby, the humoristic smile can work as a trap for the affection, frames it reveling, retracted, that what terrifies can be faced, even that's not annihilated; the rest is excess. Therefore, even in a risky way, the humor is capable of constructing the utterance of the loss, that remits the subject to their desire.
L'étude des types de comique, et plus particulièrement de l'humour, intéressa les romantiques et influença les recherches du début du XXème siècle. Freud, influencé et s'inscrivant dans ce contexte, écrivit deux ouvrages qui abordent cette thématique. Dans cet article, ce thème est discuté de la façon suivante: le rire lié à l'humour permettrait le bordage d'un risque, effet de la parole consolatrice du Surmoi. Appréhender la plasticité impliquée par le rire humoristique conduit à considérer que le processus humoristique convoque deux possibilités de pièges pouvant se manifester aussi bien par l'intermédiaire de la pulsion invocante que de la pulsion scopique. Premièrement, par la parole douce et consolatrice le Surmoi se constituerait comme dompte-voix. La sonorité de cette parole offre un nouvel espace au-delà de l'impératif mortifère. Le second piège serait le rire humoristique pouvant être compris comme dompte-regard. Le rire limite la sentiment désagréable face au danger, même s'il reste évident que le problème persiste hors de l'espace dessiné par l'humour ce qui peut conduire aux larmes mêlées au rire. Pour penser les effets esthétiques et artistiques de l'humour deux épisodes de l'oeuvre Don Quichotte de la Mancha sont utilisés. Les parties du roman permettent de penser comment le rire, dans sa dimension imageante et sonore peut encadrer les affects ou dé-border excessivement. Cette compréhension esthétique aide à situer sa portée: partage de plaisir autant que réaffirmation solitaire de la jouissance. Ainsi, l'humour peut fonctionner comme piège pour l'affect en l'encadrant, révélant par là-même qu'il est possible de faire face à ce qui terrifie même s'il ne peut être annihilé; reste en excès. Par conséquent, même d'une manière non dépourvue de risques, l'humour est capable de construire le discours de l'absence renvoyant le sujet à son désir.
ABSTRACT
No fundamento do que o filósofo Dany-Robert Dufour chama de dessimbolização está o esvaecimento do grande Sujeito, o desaparecimento do Outro. Este, um conceito eminentemente psicanalítico, considerável no ensino do psicanalista Jacques-Marie Émile Lacan, do qual o filósofo francês se serve. Se foi possível a Dufour indicar um processo de dessimbolização, não é porque a questão do Outro permaneceu intacta. O fato é que, na psicanálise lacaniana, também não. Esta pesquisa bibliográfica toma o singular paradoxo apresentado por Dufour, que aventa um regozijo frente ao sofrimento imiscuído na dessimbolização, mas contornando-o sobretudo desde o último Lacan, isto é, a partir do Seminário 20, e de seus aliados, a fim de fornecer outros operadores que possam problematizar essa leitura. Os desdobramentos e resultados alcançam a inconsistência do Outro frente ao protagonismo do modo de gozar do parlêtre
En el fundamento de lo que el filósofo Dany-Robert Dufour llama desimbolización está el desvanecimiento del gran Sujeto, la desaparición del Otro. Se trata de um concepto eminentemente psicoanalítico, considerable en la enseñanza del psicoanalista Jacques-Marie Émile Lacan, del que hace uso el filósofo francés. Si fue posible para Dufour señalar un proceso de desimbolización, no es porque la cuestión del Otro permaneciera intacta. El caso es que, en el psicoanálisis lacaniano, tampoco. Esta investigación bibliográfica toma la singular paradoja presentada por Dufour, quien sugiere una alegría ante el sufrimiento que implica la desimbolización, pero sorteándola principalmente desde el último Lacan, es decir, del Seminario 20, y sus aliados, en con el fin de proporcionar otros operadores que puedan problematizar esta lectura. Los desarrollos y resultados alcanzan la inconsistencia del Otro frente al protagonismo del modo de gozar del parlêtre
At the foundation of what the philosopher Dany-Robert Dufour calls desymbolization is the fading of the great Subject, the disappearance of the Other. This is an eminently psychoanalytical concept, considerable in the teaching of the psychoanalyst Jacques-Marie Émile Lacan, which the French philosopher makes use of. If it was possible for Dufour to indicate a process of desymbolization, it is not because the question of the Other remained intact. The fact is that, in Lacanian psychoanalysis, not either. This bibliographical research takes the singular paradox presented by Dufour, who suggests a joy in the face of the suffering involved in desymbolization, but circumventing it mainly since the last Lacan, that is, from the Seminar 20, and its allies, in order to provide other operators that may problematize this reading. The developments and results reach the inconsistency of the Other in the face of the protagonism of the parlêtre's mode of jouissance
Au fondement de ce que le philosophe Dany-Robert Dufour appelle la désymbolisation se trouve l'effacement du grand Sujet, la disparition de l'Autre. C'est un concept éminemment psychanalytique, considérable dans l'enseignement du psychanalyste Jacques-Marie Émile Lacan, dont le philosophe français se sert. Si Dufour a pu indiquer un processus de désymbolisation, ce n'est pas parce que la question de l'Autre est restée intacte. Le fait est que, dans la psychanalyse lacanienne, non plus. Cette recherche bibliographique reprend le singulier paradoxe présenté par Dufour, qui suggère une joie face à la souffrance qu'implique la désymbolisation, mais en la contournant principalement depuis le dernier Lacan, c'est-à-dire du Séminaire 20, et de ses alliés, en afin de fournir aux autres opérateurs qui pourraient
Subject(s)
Philosophy , PsychoanalysisABSTRACT
O presente artigo tem como objetivo compreender os aspectos que envolvem a permanência e a passividade das vítimas de relacionamentos abusivos a partir de conceitos psicanalíticos. Para tanto, utilizou-se conceitos de Freud e Lacan, articulando a relação do sujeito com a linguagem e suas implicações na relação sujeito e Outro, que envolvem aspectos como desejo, amor e gozo. Assim, optou-se por nomear tal dinâmica relacional de relacionamento ab-usivo, entendendo que algo da ordem de uma satisfação inconsciente se atualiza nessas relações, e que neste sentido, toda relação comporta algo de ab-usivo. Considera-se fundamental que, diante de tal demanda, o analista tenha um olhar para a cena inconsciente do sujeito que se apresenta, e que a análise possibilite que algo do "um" se sustente, para que o sujeito sustente uma condição de menos assujeitamento ao seu modo de gozo.
This article aims to understand the aspects that involve the permanence and passivity of victims of abusive relationships based on psychoanalytic concepts. For this purpose, concepts from Freud and Lacan were used, articulating the subject's relationship with language and its implications in the subject's relationship with the Other, which involve aspects such as desire, love, and jouissance. Thus, it was decided to name such relational dynamics an ab-usive relationship, understanding that something of the order of an unconscious satisfaction is actualized in these relationships, and that, in this sense, every relationship involves something ab-usive. It is considered essential that, in the face of such a demand, the analyst has a look at the unconscious scene of the subject who presents himself and that the analysis allows something of the "one" to be sustained so that the subject sustains a condition of less subjection to your way of jouissance.
Cet article vise à comprendre les aspects qui impliquent la permanence et la passivité des victimes de relations abusives à partir de concepts psychanalytiques. À cette fin, nous avons utilisé des concepts de Freud et de Lacan qui articulent la relation du sujet avec le langage et ses implications dans la relation du sujet à l'Autre, qui impliquent des aspects tels que le désir, l'amour et la jouissance. Nous avons donc choisi de nommer cette dynamique relationnelle relation a-busive, considérant qu'une sorte de satisfaction inconsciente se produit dans ces relations, et qu'en ce sens, toute relation contient quelque chose d'a-busif. Il est considéré comme fondamental que, face à une telle demande, l'analyste ait un regard sur la scène inconsciente du sujet qui se présente, et que l'analyse permette de soutenir "l'un", afin que le sujet parvienne à une condition de moindre soumission à son mode de jouissance.
El presente artículo tiene como objetivo comprender los aspectos que implican la permanencia y la pasividad de las víctimas de relaciones abusivas, usando como referencia los conceptos psicoanalíticos. Se utilizaron conceptos de Freud y Lacan, articulando la relación entre el sujeto y el lenguaje y sus implicaciones en la relación entre el sujeto y el Otro, que involucran aspectos tales como el deseo, el amor y el gozo. De esta forma, se decidió denominar a tal dinámica relacional como relación ab-usiva, entendiendo que algo del orden de una satisfacción inconsciente se actualiza en este tipo de relaciones, y que en ese sentido, toda relación implica algo ab-usivo. Se considera fundamental que, ante tal demanda, el analista tenga una mirada en la escena inconsciente del sujeto que se presenta, y que el análisis permita que algo del "uno" se sustente, para que el sujeto sustente una condición de menor sujeción a su modo de gozo.
ABSTRACT
Resumo: Este artigo trata dos conceitos de sujeito e falasser de acordo as perspectivas do ensino lacaniano. Buscou-se discutir as proposições cartesianas sobre o ser e as cisões do Eu presentes na obra freudiana, assim como o caráter evanescente do sujeito, como exposto por Lacan. Desenvolveu-se o problema do gozo, desde o viés estruturalista que pressupõe um corpo mortificado até a sua concepção enquanto substância do corpo vivo. O apontamento para um gozo anterior à linguagem tem consequências teóricas e clínicas, tornando necessário revisitar tanto o dualismo cartesiano quanto o inconsciente freudiano.
Abstract: This article deals with the concepts of subject and parlêtre according to the perspectives of Lacanian teaching. We tried to discuss the Cartesian propositions about being and the splits of the Self present in Freud's work, as well as the evanescent feature of the subject, as stated by Lacan. We have developed the jouissance question from the structuralist bias that presupposes a mortified body to its conception as a substance of the living body. The indication of a jouissance prior to language has theoretical and clinical consequences, making it necessary to revisit both Cartesian dualism and Freudian unconscious.
Subject(s)
Psychoanalysis , Speech , Pleasure , Research SubjectsABSTRACT
O objetivo deste artigo é fazer avançar o debate entre a psicanálise e os estudos queer, em especial a partir da interlocução traçada por Judith Butler com os trabalhos de Freud e Lacan. Retomando o modo como Butler articula Foucault, Derrida e a psicanálise para pensar os problemas de gênero, evidenciamos que a teoria psicanalítica permite à filósofa situar, a partir de sua concepção da melancolia de gênero, os pontos de fracasso da norma em função da vida psíquica do poder. Ainda que a cisheterossexualidade normativa imponha um roteiro de identificações e escolhas de objeto a seus sujeitos, há uma imprevisibilidade na maneira pela qual cada um responderá às injunções normativas da cultura, o que aponta para uma falha das normas em determinar completamente a subjetividade. A melancolia de gênero se torna, assim, uma marca da importância da psicanálise no percurso de Butler. Em seguida, discutimos as interpelações da filósofa ao simbólico lacaniano, bem como as nuances progressivamente introduzidas em sua leitura da diferença sexual. Ao longo do percurso de Butler, a diferença sexual deixa de ser considerada uma teoria da heterossexualidade e passa a ser apresentada como um conceito-borda, uma fronteira vacilante, que tomamos aqui como um convite para produzirmos uma releitura não normativa da diferença sexual na psicanálise a partir da teoria lacaniana da sexuação. Finalmente, localizamos a estranheza do gozo e o caráter irredutível da sexualidade às normas sociais como um importante eixo partilhado entre Butler e a psicanálise.(AU)
The aim of this article is to branch out the debate between psychoanalysis and queer studies, focusing on the interlocution drawn by Judith Butler with the works of Freud and Lacan. Returning to the way Butler articulates Foucault, Derrida and psychoanalysis to think about gender trouble, we show that psychoanalytic theory allows the philosopher to situate, from her conception of gender melancholy, the points of failure of the norm in function of the psychic life of power. After all, even though normative cis-heterosexuality imposes a script of identifications and object-choices on its subjects, there is an unpredictability to the way in which each one will respond to the normative injunctions of culture, so that norms fail to fully determine subjectivity. Gender melancholy thus becomes a mark of the importance of psychoanalysis in Butler's path. Then, we discuss the philosopher's interpellations to the Lacanian symbolic order, as well as the nuances progressively introduced in her reading of sexual difference. Along Butler's path, sexual difference is no longer considered a theory of heterosexuality and is presented as a border-concept, a vacillating frontier, which we take here as an invitation to produce a non-normative rereading of sexual difference in psychoanalysis, resorting to the Lacanian theory of sexuation. Finally, we locate the uncanniness of jouissance and the irreducible character of sexuality to social norms as an important shared axis between Butler and psychoanalysis.(AU)
El objetivo de este artículo es hacer avanzar el debate entre el psicoanálisis y los estudios queer, enfatizando la interlocución trazada por Judith Butler con los trabajos de Freud y Lacan. Volviendo a la forma en que Butler articula a Foucault, Derrida y el psicoanálisis para pensar los problemas de género, mostramos que la teoría psicoanalítica permite a la filósofa ubicar, desde su concepción de la melancolía de género, los puntos de falla de la norma en función de la vida psíquica del poder. Aunque la cis-heterosexualidad normativa imponga identificaciones y elecciones de objeto a sus sujetos, hay una imprevisibilidad en la forma en que cada uno responderá a los mandatos normativos de la cultura, lo que apunta a un fracaso de las normas para determinar completamente la subjetividad. La melancolía de género se convierte, entonces, en una marca de la importancia del psicoanálisis en la trayectoria de Butler. En seguida, discutimos las interpelaciones de la filósofa a lo simbólico lacaniano, así como los matices progresivamente introducidos en su lectura de la diferencia sexual. A lo largo de la trayectoria de Butler, la diferencia sexual deja de ser considerada una teoría de la heterosexualidad y pasa a ser presentada como un concepto-borde, um límite vacilante, que tomamos aquí como una invitación para producirmos una relectura no normativa de la diferencia sexual en psicoanálisis a partir de la teoría lacaniana de la sexuación. Finalmente, ubicamos la rareza del goce y el carácter irreductible de la sexualidad a las normas sociales como un importante eje compartido entre Butler y el psicoanálisis.(AU)
Subject(s)
Humans , Male , Female , Sex Characteristics , Sexuality , Pleasure , Social Norms , Gender Identity , Philosophy , Prejudice , Psychology , Psychosexual Development , Sex , Sex Education , Behavioral Sciences , Orchiectomy , Homosexuality, Female , Feminism , Neuropsychiatry , Sexism , Transgender Persons , Social Segregation , Gender Diversity , Gender Binarism , Freudian Theory , Incest , Libido , Anthropology, Cultural , Oedipus ComplexABSTRACT
O real, em Lacan, aparece como um resto que escapa inevitavelmente à ordem simbólica e tem um efeito traumático. O sintoma responde ao traumático preservando algo dele, mas ao mesmo tempo o disfarçando. Para isso, ele alia-se à fantasia, na qual o gozo que assinala a irrupção do traumático é projetado no Outro. Na sociedade repressiva da época de Freud, sintoma e fantasia forneciam ao sujeito uma válvula de escape que velava o trauma estrutural. Na sociedade neoliberal contemporânea, o imperativo do gozo torna isso mais difícil e o trauma estrutural mostra-se de maneira mais evidente. Além disso, a segregação em termos de tipo de gozo ou de possibilidade de acesso ao gozo reforça o elemento traumático. O establishment psiquiátrico, contudo, tende a desresponsabilizar o sujeito (e a sociedade na qual ele vive) pelo trauma.
The real, in Lacan, appears as a rest that inevitably escapes the symbolic order and has a traumatic effect. The symptom responds to the trauma by preserving something from it while disguising it. For that, it articulates itself to fantasy, in which the enjoyment that marks the irruption of the trauma is projected onto the Other. In the repressive society of the times of Freud, symptom and fantasy provided the subject with an escape valve that veiled the structural trauma. In contemporary neoliberal society, the imperative of enjoyment hinders this mechanism, thus the structural trauma appears more evidently. Moreover, segregation in terms of the type of enjoyment or the possibility of access to enjoyment reinforces the traumatic element. The psychiatric establishment, however, tends to exempt the subject (and the society where he lives) from responsibility for the trauma.
Le réel, chez Lacan, apparaît comme un reste qui échappe inévitablement à l'ordre symbolique et a un effet traumatique. Le symptôme répond au traumatisme en en préservant quelque chose, mais en le masquant en même temps. Pour cela, il s'allie au fantasme, dans lequel la jouissance qui marque l'irruption du traumatique est projetée sur l'Autre. Dans la société répressive du temps de Freud, le symptôme et le fantasme fournissaient au sujet un exutoire qui voilait le traumatisme structurel. Dans la société néolibérale contemporaine, l'impératif de jouissance rend cela plus difficile et le traumatisme structurel apparaît plus clairement. De plus, la ségrégation en termes de type de jouissance ou de possibilité d'accès à la jouissance renforce l'élément traumatique. L'établissement psychiatrique a cependant la tendance à exonérer le sujet (et la société dans laquelle il vit) de la responsabilité du traumatisme.
Subject(s)
Humans , Pleasure , Psychological Trauma , Social Segregation/psychology , Politics , Neurotic Disorders/psychologyABSTRACT
RESUMO: Pode-se constatar como, ao longo da história da psicanálise, de modo talvez inadvertido, a ideia de sofrimento foi elevada ao estatuto de um objeto que funciona como razão necessária, se não suficiente, para se empreender uma análise. Argumento que, a despeito dos esforços de Freud por separar a psicanálise da medicina e da religião, os analistas ainda permanecem mais cativos da moral judaico-cristã do que gostariam de admitir. Caberia discutir as incidências sobre a aplicação do método psicanalítico e como afeta a reivindicação de uma ética que seja inerente à psicanálise.
Abstract: It can be seen how, throughout the history of psychoanalysis, perhaps inadvertently, the idea of suffering was elevated to the status of an object that functions as a necessary if not sufficient reason to undertake an analysis. I argue that this is due because, in spite of Freud's efforts to separate psychoanalysis from medicine and religion, analysts still remain more captive to Judaic-Christian morality than they would like to admit. It would be appropriate to discuss the incidences on the application of the psychoanalytic method and how it affects the claim of an ethics that would be inherent to psychoanalysis.
Subject(s)
Psychoanalysis , Pleasure , Psychological Distress , EthicsABSTRACT
RESUMO: O objetivo deste artigo é discutir as mudanças apresentadas na sintomatologia das crianças no mundo contemporâneo, sintomatologia esta marcada pelas manifestações no corpo e pela primazia do gozo. Partindo da tese da inexistência do Outro, busca-se extrair suas consequências teóricas e clínicas para as manifestações do sofrimento na criança. Discutem-se a presença do gozo do Um separado do Outro e seu modo de manifestação nos sintomas das crianças. Evidencia-se a importância, no tratamento da criança, da constituição de um Outro que permita extrair o falasser de seu gozo solitário.
Abstract: This article aims to discuss the changes presented in children's symptomatology in the contemporary world. These symptoms are marked by manifestations in the body and the primacy of jouissance. Based on the thesis of the nonexistence of the Other, we seek to extract its theoretical and clinical consequences for the manifestations of suffering in children. The work discusses the presence of jouissance of the One separated from the Other and how it manifests in children's symptoms. It highlights the importance of the constitution of an Other that allows extracting the parlêtre from their solitary jouissance for the treatment of children.
Subject(s)
Psychoanalysis , Child Health , PleasureABSTRACT
RESUMO Este estudo teve por objetivo realizar uma pesquisa teórica em psicanálise sobre a clínica da toxicomania. Trata-se pesquisa teórica em psicanálise, visando a novos encadeamentos conceituais a respeito do tema. O consumo, que se apresenta como toxicômano, é atribuído a um gozo mortífero, dinâmica que visa à satisfação total das pulsões do Sujeito. Concluímos ao longo desse escrito que as dinâmicas de gozo representadas pelo Suplemento e Suplência possuem uma análise diferencial para a compreensão do consumo de drogas. Sugerimos, como contraponto, que o movimento de Alienação e Separação, metaforizado pela dinâmica do Fort-Da, é de grande valia na condução do processo clínico para o tratamento desse Sujeito.
ABSTRACT This study aimed to conduct theoretical research in psychoanalysis on the clinical care for drug addiction. It is theoretical research in psychoanalysis, aiming at new conceptual chains on the theme. The consumption that presents itself as drug addiction is attributed to a deadly enjoyment, a dynamic that aims at the total satisfaction of the individual's drives. We concluded how the dynamics of jouissance represented by Replacement and Supplement play a differential role in comprehending drug consumption. We suggest, as a counterpoint, that the Alienation and Separation movement, which worked as a metaphor in the Fort-Da dynamic, is of great value in conducting the clinical process for the treatment of these individuals.
RESUMEN Este estudio tuvo como objetivo realizar una investigación teórica en psicoanálisis sobre una clínica de drogadicción. Se trata de una investigación teórica en psicoanálisis, apuntando a nuevas cadenas conceptuales sobre el tema. El consumo que se presenta como drogadicto se atribuye a un goce mortal, dinámica que apunta a la satisfacción total de los impulsos del Sujeto. Concluimos a lo largo de este artículo cómo la dinámica del goce representada por el Suplemento y el Reemplazo tiene un papel diferencial en la comprensión del consumo de drogas. Sugerimos, como contrapunto, que el movimiento de Alienación y Separación, metaforizado por la dinámica Fort-Da, es de gran valor en la conducción del proceso clínico para el tratamiento de estos sujetos.
Subject(s)
Personal Satisfaction , Psychoanalysis , Role , Therapeutics , Substance-Related Disorders , Drive , PleasureABSTRACT
Este ensaio teórico-clínico aborda a noção de imaginarização, apenas mencionada por Lacan em três passagens de sua obra, a fim de compreender algumas manifestações clínicas e processos de segregação contemporâneos. A hipótese é de que a imaginarização é o cerne de uma operação que pode conduzir o sujeito a um modo específico e fixado de gozo. A questão principal é o tipo de relação com o objeto a e o que pode derivar desse processo no que diz respeito à economia de gozo. Aborda-se o discurso contemporâneo, sublinhando modos de gozo que podem derivar desse processo. Como se trata de manifestações sintomáticas contemporâneas na clínica, demonstram-se derivações do singular (registro por excelência da clínica psicanalítica) ao particular, no engate do sujeito com o laço social.
This theoretical-clinical essay discusses the notion of imaginarization, mentioned by Lacan in only three passages of his oeuvre, to understand certain contemporary clinical manifestations and segregation processes. It hypothesizes that imaginarization is at the core of an activity that can lead the subject to a fixed and specific mode of jouissance. The main question is the type of relationship with object a and what can be derived from this process regarding the economy of jouissance. Contemporary discourse is considered, emphasizing the modes of jouissance that can emerge from this process. In dealing with contemporary symptomatic manifestations in the clinic, the texts point to derivations from the singular (a quintessential register of the psychoanalytic clinic) to the particular, in the subject's relations with social discourse.
Cet essai théorico-clinique traite du concept d'imaginarisation, évoquée par Lacan dans trois passages de son œuvre, afin de comprendre quelques manifestations cliniques et processus de ségrégation contemporains. Nous supposons que l'imaginarisation est au cœur d'une opération qui peut conduire le sujet à un mode de jouissance spécifique et figé. La question principale est le type de relation avec l'objet a et ce que l'on peut déduire de ce processus concernant l'économie de la jouissance. Nous discutons du discours contemporain, nous concentrant sur les modes de jouissance qui peuvent résulter de ce processus. En traitant des manifestations symptomatiques contemporaines dans la clinique, nous démontrons des dérivations du singulier (registre par excellence de la clinique psychanalytique) au particulier, dans le rapport du sujet au lien social.
Este ensayo teórico-clínico discute la noción de imaginarización mencionada por Lacan solo en tres momentos de su obra, con el fin de comprender algunas manifestaciones clínicas y procesos de segregación contemporáneos. Se plantea la hipótesis de que la imaginarización está en el centro de una operación que puede llevar al sujeto a un modo de goce específico y fijo. La cuestión principal es el tipo de relación con el objeto a y lo qué se puede derivar de este proceso con respecto a la economía del goce. Se aborda el discurso contemporáneo enfatizando los modos de goce que pueden derivarse de este proceso. Dado que son manifestaciones sintomáticas contemporáneas en la clínica, se evidencian las derivaciones del singular (registro por excelencia de la clínica psicoanalítica) a lo particular, en la relación del sujeto con el lazo social.
ABSTRACT
Este artigo se insere em um debate atual acerca das políticas conceituais do campo lacaniano. Ele procura explorar um dos traços distintivos desse debate: a crítica à progressiva tematização da insuficiência da linguagem e à substancialização dos conceitos psicanalíticos no movimento lacaniano, identificada no trabalho de alguns psicanalistas. Este trabalho, por sua vez, apontaria para outra leitura do texto lacaniano, vetorizada por um horizonte ético-epistemológico distinto, marcadamente antisubstancialista. Destacaremos nisso o lugar de uma política dos usos de três conceitos fundamentais a esse campo: real, gozo e corpo. A partir das articulações propostas, procuraremos apresentar o substancialismo como um obstáculo em potencial para a psicanálise lacaniana, além de explorar algumas de suas possíveis implicações éticas, clínicas e epistemológicas.
This article is set in a current debate on the conceptual politics of the Lacanian field. It seeks to explore one of the distinctive features of this debate: the critique of the progressive thematization of language insufficiency and the substantialization of psychoanalytical concepts in the Lacanian movement, identified by the work of some psychoanalysts. This work, in turn, points to a different reading of the Lacanian text, vectorized by a distinct ethico-epistemological horizon, markedly anti-substantialist. We highlight the place of a politics of the use of three fundamental concepts in this field: real, jouissance and body. Based on the proposed reflections, we try to present substantialism as a potential obstacle for Lacanian psychoanalysis and explore some of its possible ethical, clinical and epistemological implications.
Cet article s'inscrit dans un débat actuel sur les politiques conceptuelles du champ lacanien. Il cherche à explorer l'un des traits distinctifs de ce débat : la critique de la thématisation progressive de l'insuffisance du langage et la substantialisation des concepts psychanalytiques dans le mouvement lacanien, identifié dans le travail de certains psychanalystes. Ce travail, à son tour, pointerait vers une autre lecture du texte lacanien, vectorisée par un horizon éthico-épistémologique distinct, nettement anti-substantialiste. En cela, nous mettrons en évidence la place d'une politique d'usage de trois concepts fondamentaux dans ce champ : réel, jouissance et corps. Dans ces articulations, nous présenterons le substantialisme comme un obstacle potentiel à la psychanalyse lacanienne, en plus d'explorer certaines de ses possibles implications éthiques, cliniques et épistémologiques.
Este artículo es parte de un debate actual sobre las políticas conceptuales del campo lacaniano. Busca explorar uno de los rasgos distintivos de este debate: la crítica a la tematización progresiva de la insuficiencia del lenguaje y a la sustancialización de los conceptos psicoanalíticos en el movimiento lacaniano, crítica identificada en el trabajo de algunos psicoanalistas. Este trabajo, por su parte, señalaría otra lectura del texto lacaniano, una lectura vectorizada por un horizonte ético-epistemológico diferente, marcadamente antisustancialista. Destacaremos el lugar de una política de uso de tres conceptos fundamentales en este campo: real, goce y cuerpo. A partir de las articulaciones propuestas, intentaremos presentar el sustancialismo como un potencial obstáculo para el psicoanálisis lacaniano, además de analizar algunas de sus posibles implicaciones éticas, clínicas y epistemológicas.
ABSTRACT
O presente artigo tem como objetivo trazer algumas contribuições da psicanálise para o esclarecimento da questão da violência contra a mulher, um fenômeno que se repete na história das sociedades. Buscando pensar sobre as bases estruturais dessa violência, recorremos à teoria lacaniana dos gozos fálico e gozo Outro, feminino, propondo uma diferenciação entre o que se supõe como gozo Outro e o que se estabelece como gozo do Outro. Seguindo o caminho aberto por Lacan, lançamos a hipótese de que o gozo do Outro pode estar relacionado com a vivência no sujeito posicionado do lado do masculino, de um gozo intrusivo e devastador atribuído a um Outro vivido como absoluto, mobilizando reações misóginas e mesmo feminicidas. Tal distinção foi operativa no sentido de nos possibilitar pensar no que aqui designamos como "devastação no masculino" e sua possível relação com o que no artigo discernimos como "violência contra o feminino na mulher".
This article aims to provide some contributions from psychoanalysis to clarify the issue of violence against women, a phenomenon that has occurred repeatedly in the history of societies. To analyze the structural bases of that kind of violence, we resort to the Lacanian theory of phallic jouissance and Other jouissance, feminine, proposing a differentiation between what is supposed to be Other jouissance and what is established as jouissance of the Other. Following the path proposed by Lacan, we suggest the hypothesis that jouissance of the Other may be related to the experience by the subject positioned on the masculine side, of an intrusive and devastating jouissance attributed to an Other, lived as absolute, mobilizing misogynous and even feminicide reactions. This distinction was operative in the sense that it allowed us to think about what we call here "devastation in the masculine" and its possible relationship with what we discern as "violence against the feminine in women" in this article.
Cet article vise à apporter quelques contributions de la psychanalyse pour adresser la question de la violence contre les femmes, phénomène qui se répète dans l'histoire des sociétés. Cherchant à réfléchir sur les fondements structurels de cette violence, nous recourons à la théorie lacanienne des jouissances phalliques et de la jouissance Autre, féminine, proposant une différenciation entre ce qui est supposé être la jouissance Autre et ce qui s'établit comme jouissance de l'Autre. En suivant la voie ouverte par Lacan, nous avançons l'hypothèse que la jouissance de l'Autre pourrait être liée à l'expérience du sujet positionné du côté masculin, d'une jouissance intrusive et dévastatrice attribuée à un Autre vécu comme absolu, mobilisant des réactions misogynes et même féminicides. Cette distinction était opérative dans le sens qu'elle nous permettait de penser ce que nous désignons ici comme la « dévastation chez le masculin ¼ et sa relation possible avec ce que nous discernons dans l'article comme « violence contre le féminin chez la femme ¼.
Este artículo tiene como objetivo presentar algunos aportes del psicoanálisis para aclarar el tema de la violencia contra la mujer, un fenómeno que se repite en la historia de las sociedades. Buscando reflexionar sobre las bases estructurales de esta violencia, recurrimos a la teoría lacaniana del goce fálico y del goce Otro, femenino, proponiendo una diferenciación entre lo que se supone que es el goce Otro y lo que se establece como goce del Otro. Siguiendo el camino abierto por Lacan, lanzamos la hipótesis de que el goce del Otro puede estar relacionado con la experiencia del sujeto ubicado al lado de lo masculino, de un goce intrusivo y devastador atribuido a un Otro vivido como absoluto, movilizando reacciones misóginas e incluso feminicidas. Esta distinción fue pertinente para permitirnos pensar en lo que designamos aquí como "devastación en lo masculino" y su posible relación con lo que en el artículo discernimos como "violencia contra lo femenino en la mujer".
ABSTRACT
L'auteur se propose de confronter les deux champs contigus du féminin et du maternel à partir des considérations freudiennes sur le "continent noir" qu'est la féminité et de la notion de jouissance féminine déployée par Jacques Lacan. A la lumière de la psychopathologie clinique psychanalytique, cet article veut mettre en évidence que si l'Œdipe ne fait pas La femme, le fait du ravage qui en est sa conséquence, envahit aussi bien le féminin que le maternel. En effet, la part de jouissance opaque de la mère, soit le féminin dans la mère, contamine la féminité tout comme la maternité d'une femme, tel qu'en témoigne le rapport de ravage qui peut exister entre une fille et sa mère. Il s'agira ainsi de pointer que, pas plus que le devenir femme, le devenir mère n'est donné d'emblée mais qu'il se construit du rapport au langage, au fantasme, à la jouissance et à l'Autre en la figure de l'amour maternel, pour chaque une.
A autora propõe confrontar os dois campos contíguos do feminino e do maternai das considerações freudianas sobre o ''continente negro" que é a fiemini-lidade e da noção de gozo feminino desdobrada por Jacques Lacan. À luz da psico-patologia psicanalítica clínica, este artigo quer salientar que, se o Édipo não faz A Mulher, o fato da devastação que é sua consequência, invade tanto o feminino como o materno. De fato, a parte opaca do prazer da mãe, ou seja, o feminino na mãe, contamina a feminilidade tanto quanto a maternidade de uma mulher, como demonstra a relação devastadora quepode existir entre uma filha e sua mãe. A questão será, assim, de salientar que, não mais do que tornar-se mulher, tornar-se mãe não é dado des de o início, mas é construído a partir da relação com a linguagem, a fantasia, o gozo e o Outro na figura do amor materno, para cada uma.
The author proposes to confiront the two contiguous fields of the feminine and the maternai based on Freud's considerations on the "black continent", i.e. femininity, and on the notion of feminine jouissance deployed by Jacques Lacan. In the light of clinical psychoanalytical psychopathology, this article aims to highlight that if Oedipus does not make The Woman, the fact of the devastation which is its consequence invades the feminine, as well as the maternai. Indeed, the opaque part of the mother's jouissance, i.e. the feminine in the mother, contaminates both the woman's femininity and her maternity, as shown by the devastating relationship that can exist between a daughter and her mother. Thus, we point out that no more than becoming a woman, becoming a mother is not given from the outset, it is rather constructed from the relationship with language, with fantasy, with jouissance and with the Other in the figure of maternal love, for each one.
La autora propone confrontar los dos campos contiguos de lo femenino y lo materno, de las consideraciones freudianas sobre el ''continente negro" que es la feminidad, y de la noción de goce femenino desarrollada por Jacques Lacan. A la luz de la psicopatología clinica psicoanalítica, este artículo quiere apuntar que, si el Edipo no hace La Mujer, el hecho de la devastación que es su consecuencia, invade tanto lo femenino como lo materno. De hecho, la parte opaca del goce de la madre, es decir, lo femenino en la madre, contamina la feminidad tanto como la maternidad de una mujer, como lo demuestra la devastadora relación que puede existir entre una hija y su madre. Se tratará, pues, de resaltar que, no más que el hecho de convertir se en mujer, el hecho de convertirse en madre no se da desde el principio, sino que se construye a partir de la relación con el lenguaje, la fantasia, el goce y el Otro en la figura del amor materno, para cada una.
ABSTRACT
Este trabalho visa extrair algumas consequências da diferença entre o feminino abordado como estranho (sendo por isso excluído e segregado na cultura e na neurose) e um feminino infamiliar, que atravessa cada ser falante à sua revelia como um modo de gozo que desmonta sua totalidade corporal. Buscamos sustentar a hipótese de que a abordagem do feminino como estranho é consequência da operação de recusa do feminino, tomado enquanto um feminino de ninguém. Nessa perspectiva, a recusa do feminino infamiliar retorna pela atribuição neurótica do feminino como algo estranho e invasivo. Nessa direção, apostamos aqui que essa articulação talvez nos permita situar o próprio modo de operação do gozo feminino enquanto infamiliar para o sujeito que dele se defende, tal como o encontramos na clínica da histeria. Como buscamos argumentar, a estrutura da neurose e,comumente, da neurose histérica busca fazer uma fronteira contra o feminino tomando-o como algo estranho, ao passo que o gozo feminino se encontra antes do lado do litoral, com seus avanços e recuos que não respeitamas fronteiras estabelecidas pelas defesas neuróticas.
Ce travail vise à extraire quelques conséquences de la différence entre le féminin abordé comme étrange (et donc exclu et ségrégué dans la culture et la névrose) et un féminin unheimlich, qui traverse chaque être parlant comme un mode de jouissance qui défait son totalité corporelle malgré soi-même. Nous cherchons à étayer l'hypothèse que l'approche du féminin comme étranger est une conséquence de l'opération de refus du féminin unheimlich, pris comme « féminin de personne ¼. Dans cette perspective, le refus du féminin unheimlich revient à travers l'attribution névrotique du féminin comme quelque chose d'étrange et d'envahissant. En ce sens, parions ici que cette articulation permettra peut-être de situer le mode même de fonctionnement de la jouissance féminine comme unheimlich pour le sujet qui s'en défend, tel qu'on le retrouve dans la clinique de l'hystérie. Comme nous argumentons, la structure de la névrose et, communément, de la névrose hystérique cherche à faire frontière contre le féminin en le prenant comme quelque chose d'étrange, tandis que la jouissance féminine se trouve plutôt du côté du littoral, avec des avancées et des retraites qui ne respectent pas les limites établies par les défenses névrotiques.
This work aims to develop some consequences from the difference between the feminine viewed as strange (being thus excluded and segregated in culture and in neurosis) and an uncanny feminine, which traverses each speaking being as a mode of enjoyment that de-consists their bodily totality despite their will. We raise the hypothesis that the approach of the feminine as strange is a consequence of an operation of refusal of the uncanny feminine, taken as a "feminine of no one". In this perspective, the refusal of the uncanny feminine returns by the neurotic attribution of the feminine as something strange and invasive. We thereby argue that such articulation might allow us to situate the mode of operation of the feminine enjoyment as uncanny for the subject that defends itself from it, such as we find it in the clinic of hysteria. As we try to state, the structure of neurosis and, commonly, of hysteric neurosis seeks to build a frontier against the feminine by interpreting it as something strange, meanwhile feminine enjoyment is rather found through the logic of the shore, with its advances and retreats that do not respect any boundaries set by neurotic defenses
Subject(s)
Psychoanalysis , Pleasure , Neurotic DisordersABSTRACT
Este artigo propõe o esboço de uma teoria unificada da angústia no Seminário 10, visando fornecer uma chave de leitura que permita conectar entre si as diferentes formulações nas obras de Freud e Lacan. A ideia de unidade deve ser entendida no sentido estruturalista. Isso significa privilegiar as relações e não os termos, ou seja, encontrar a regra de composição do conjunto dos conceitos. Partindo do par de oposição angústia como falta da falta x angústia como sinal do desejo, demonstra-se que os afetos que formam os termos do par possuem uma relação: enquanto o primeiro seria condição de possibilidade do desejo, o segundo supõe um desejo constituído. Discute-se a existência de uma angústia relacionada ao gozo e de uma angústia relacionada ao desejo, demonstrando que o desdobramento da fórmula da angústia encontra respaldo no texto freudiano. Argumenta-se que o par de oposição lacaniano corresponde ao par freudiano angústia automática x sinal de angústia. Conclui-se que, apesar da pluralidade das definições, é possível encontrar uma lógica que as atravessa. (AU)
This article proposes the outline of a unified theory of anguish in Seminar 10, aiming to provide a reading key that allows to connect the different formulations in the works of Freud and Lacan. The idea of unity must be understood in the structuralist sense. This means privileging relationships and not terms, that is, finding the rule of composition of the set of concepts. Starting from the pair of opposites anguish as lack of lack x anguish as a sign of desire, it's shown that the affections that make up the terms of the pair have a relationship: while the first would be a condition for the possibility of desire, the second supposes a constituted desire. The existence of anguish related to jouissance and anguish related to desire is discussed, demonstrating that the unfolding of the anguish formula finds support in the Freudian text. It's argued that the Lacanian pair of opposites corresponds to the Freudian pair automatic anguish x sign of anguish. It's concluded that, despite the plurality of definitions, it's possible to find a logic that crosses them. (AU)
Este artículo propone el esbozo de una teoría unificada de la angustia en el Seminario 10, con el objetivo de proporcionar una clave de lectura que permita conectar las distintas formulaciones en las obras de Freud y Lacan. La idea de unidad debe entenderse en el sentido estructuralista. Esto significa privilegiar las relaciones y no los términos, es decir, encontrar la regla de composición del conjunto de conceptos. Tomando como punto de partida el par de oposición angustia como falta de la falta x angustia como señal de deseo, se demuestra que los afectos que componen los términos del par tienen una relación: mientras que el primer sería una condición de posibilidad del deseo, el segundo supone un deseo constituido. Se discute la existencia de la angustia relacionada con el goce y la angustia relacionada con el deseo, demostrando que el despliegue de la fórmula de la angustia encuentra apoyo en el texto freudiano. Se argumenta que el par de oposición lacaniano corresponde al par de oposición freudiano angustia automática x señal de angustia. Se concluye que, pese a la pluralidad de definiciones, es posible encontrar una lógica que las atravese. (AU)
Subject(s)
Anxiety/psychology , Psychoanalysis , Psychology, ClinicalABSTRACT
O artigo surge de uma pesquisa, de viés psicanalítico, desenvolvida no programa de pós-graduação em Psicologia, que investiga a indagação formulada por Lacan, ao abordar em O Seminário XX, Mais, Ainda, o gozo feminino e a nominação Deus. O Deus freudiano ao ser interpretado, pela psicanálise, enquanto neurose universal da humanidade é franqueado enquanto Objeto a na clínica lacaniana. Há uma distinção importante no contexto epistemológico de Freud e Lacan que configura suas elaborações dos enunciados religiosos. Em duas partes, o autor faz, na primeira, uma leitura do que ele chama de contingência Deus e a religião nos ensaios de Freud, para situar seu modo de lidar com a emergência do Deus-Pai na clínica. E, num segundo momento, bordeja-se a inovação de Lacan, no seu último ensino, percebendo a face Deus como um dito que recobre o real de um gozo Outro.
The article arises from a research, psychoanalytic bias, which investigates the question formulated by Lacan, when discussing feminine enjoyment and the nomination of God in The Seminar XX. The Freudian God, being deposed by psychoanalysis, as the universal neurosis of humanity, is granted as an Object in the Lacanian clinic. There is an important distinction in the epistemological context of Freud and Lacan that configures his elaborations of the religious statements. In two parts, the author makes a first reading of what he calls contingency God and religion in Freud's essays, to situate his way of dealing with the emergence of the Father-God in the clinic. And, in a second moment, Lacan's innovation is bordered on in his last teaching, perceiving the face God as a saying that covers the real of an Other enjoyment.
El artículo surge de una búsqueda, de sesgo psicoanalítico, que investiga la indagación formulada por Lacan, al abordar en El Seminario XX, Más Aún, el goce femenino y la nominación Dios. El Dios freudiano al ser interpretado, por el psicoanálisis, mientras neurosis universal de la humanidad es franqueado como Objeto a en la clínica lacaniana. Hay una distinción importante en el contexto epistemológico de Freud y Lacan que configura sus elaboraciones de los enunciados religiosos. En dos partes, el autor hace, en la primera, una lectura de lo que él llama la contingencia Dios y la religión en los ensayos de Freud, para situar su modo de enfrentarse con la emergencia del Dios-Padre en la clínica. Y, en un segundo momento, se bordea la innovación de Lacan, en su última enseñanza, percibiendo la cara Dios como un dicho que recubre el real de un goce Otro.