ABSTRACT
Introdução: obesidade, um dos principais componentes da síndrome metabólica frequentemente associa-se à compulsão alimentar periódica. Objetivo: o objetivo do presente estudo foi avaliar a presença da compulsão alimentar periódica em mulheres com síndrome metabólica e a possível associação com parâmetros sociodemográficos, clínicos e comportamentais. Material e métodos: estudo transversal com 124 indivíduos com síndrome metabólica, divididos de acordo com presença ou ausência da compulsão alimentar periódica, classificados pela Escala de Compulsão Alimentar Periódica (ECAP). Quantificamos peso, altura, circunferência da cintura e pressão arterial. Avaliamos parâmetros comportamentais: nível de atividade física, consumo de álcool, imagem corporal, sintomas depressivos e qualidade de vida (SF-36). A avaliação laboratorial incluiu glicose, insulina, hormônio tiroestimulante, perfil lipídico e função renal. Os grupos foram comparados pelos testes Qui Quadrado e t de Student. Resultados:a média de idade das participantes foi 41±10,9 anos e a totalidade da amostra apresentava obesidade abdominal, com média da circunferência da cintura de 110±11,0 cm, 70% eram hipertensas, com média de pressão arterial sistólica de 133±13,0 mmHg e pressão arterial diastólica de 89±11,0 mmHg. Além disso, 95% eram sedentárias, 7% eram fumantes, 12% faziam uso nocivo do álcool, 98% declararam insatisfação com a imagem corporal e 62% apresentavam depressão. Observou-se presença de compulsão alimentar periódica em 57% das mulheres avaliadas. Os pacientes com compulsão alimentar periódica eram mais jovens (20 a 39 anos) (53,5% vs. 30,2%; p=0,010) e tinham pior qualidade de vida (93,6± 19,6 vs. 104,3± 19,8; p=0,039). Quanto aos parâmetros laboratoriais, não foi observada diferença significativa entre os grupos. Conclusão: a presença de compulsão alimentar periódica foi achado frequente em mulheres mais jovens com síndrome metabólica, associada com pior qualidade de vida. Estes achados alertam para a importância do rastreio da compulsão alimentar periódica em indivíduos com síndrome metabólica para contribuir para manejo clínico mais adequado desta população.
Introduction: obesit y, one of the main components of metabolic syndrome, is frequently associated with binge eating. Objective: the aim of this study was to evaluate the occurrence of binge eating in women with metabolic syndrome and its possible association with sociodemographic, clinical, and behavioral parameters. Material and methods: a cross-sectional study with 124 individuals with metabolic syndrome, divided according to the presence or absence of binge eating, based on the criteria of the Binge Eating Scale (BES). We quantified weight, height, waist circumference, and office blood pressure. We evaluated behavioral parameters: level of physical activity, alcohol consumption, body image, depressive symptoms, and quality of life (SF-36). Laboratory evaluation included glucose, insulin, thyroid stimulating hormone, lipid profile, and renal function. The groups were compared by Chi-square and student t tests. Results: the mean age of the participants was 41±10.9 years and the entire cohort presented abdominal obesity, with an average waist circumference of 110±11.0 cm, while 70% of the individuals were hypertensive, with an overall mean systolic and diastolic blood pressure of 133±13.0 mmHg and 89±11.0 mmHg, respectively. In addition, 95% were sedentary, 7% were smokers, 12% abused alcohol, 98% declared dissatisfaction with body image, and 62% had depression. We observed the occurrence of binge eating in 57% of the women evaluated. The patients with binge eating were younger (20 to 39 years) (53,5% vs. 30,2%; p=0.010) and had worse quality of life (93,6± 19,6 vs. 104,3± 19,8; p=0.039). Regarding laboratory parameters, there were no significant differences between the groups. Conclusion: the occurrence of binge eating was a frequent finding in younger women with metabolic syndrome associated with worse quality of life. These findings alert to the importance of binge eating tracking in individuals with metabolic syndrome to contribute for a more appropriated clinical management of this population.