ABSTRACT
INTRODUÇÃO: A hipercolesterolemia familiar (HF) é uma doença autossômica dominante, caracterizada por altos níveis plasmáticos do colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL-C) e pelo alto risco de desenvolvimento prematuro de doenças cardiovasculares (DCV). OBJETIVO: Avaliar as diferentes características demográficas e clínicas em pacientes com suspeita de HF. MÉTODOS: Estudo observacional transversal com 54 pacientes atendidos entre janeiro de 2023 a fevereiro de 2024. Critérios de inclusão: (1) LDL-C > 190 mg/dL e (2) pontuação mínima de 3 pontos no Dutch Lipid Clinic Network (Dutch MEDPED). Dados avaliados: idade, sexo, IMC, presença de hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM), tabagismo e história de doença arterial coronariana (DAC). RESULTADOS: A idade média da população estudada foi 56,9 anos, enquanto a média dos maiores níveis de LDL-C durante o acompanhamento foi de 296 mg/dL. Entre os critérios prevalentes observados, destacam-se: mulheres (62,9%, n=34), indivíduos de raça branca (64,8%, n=35), pacientes com HAS (75,9%, n=41) e não fumantes (88,8%, n=48). A prevalência de DAC precoce foi de 48,1% (n=25), com maior representatividade entre as mulheres (64%, n=16). A presença de pacientes diabéticos foi de 31,4% (n=17) e a de obesos foi de 37% (n=20). Na análise dos critérios do Dutch MEDPED, 48,1% (n=26) dos pacientes obtiveram pontuação para o diagnóstico provável de HF, enquanto 31,4% (n=17) tiveram o diagnóstico confirmado e 20,3% (n=11) foram classificados como possíveis casos. DISCUSSÃO/CONCLUSÃO: O destaque do gênero feminino e da maior incidência de DAC nesse grupo ressalta as diferenças observadas na população com HF em relação aos que não possuem esse diagnóstico. As mulheres com HF são diagnosticadas mais tardiamente e permanecem menor tempo em tratamento. As estatinas são contraindicadas na gestação. Desta forma, em períodos de tentativa de concepção, gestação e amamentação permanecem sem tratamento medicamentoso. Esse cenário, somado ao diagnóstico tardio, permitem que esse grupo fique maior tempo exposto a altos níveis de LDL-C ao longo da vida. Dentre os fatores de risco cardiovasculares conhecidos, houve destaque para o número elevado de pacientes obesos. Esse número está bem acima do percentual médio da população brasileira, que é de 26,8%.
Subject(s)
Hyperlipoproteinemia Type IIABSTRACT
INTRODUÇÃO: A Cardiomiopatia Hipertrófica (CMH) é a cardiomiopatia hereditária mais prevalente no mundo, com amplo espectro de apresentação clínica. A despeito da diversidade de fenótipos da CMH, o acometimento de ventrículo direito (VD) é raro, com poucos casos descritos em literatura. Relatamos um caso raro de CMH de VD isolada em paciente atleta. RELATO DE CASO: EBO, masculino, 67 anos, atleta amador, assintomático, admitido para avaliação pré participação. Exame físico sem alterações. Eletrocardiograma (ECG) com bloqueio de ramo direito, sobrecarga ventricular esquerda e alteração de repolarização ventricular inferior. Realizado cintilografia com teste ergométrico, negativo para isquemia. Na fase de esforço, apresentou extrassístoles ventriculares monomórficas isoladas e frequentes. A ressonância cardíaca demonstrou aumento da espessura miocárdica na porção apical do VD (Figura 1-A) e realce tardio de padrão não coronariano no VD (Figura 1-B). Não foram registradas arritmias no Holter de 24h. Realizado painel molecular para hipertrofias ventriculares, que identificou variante patogênica no gene SLC22A5. Esse gene está relacionado a quadros de deficiência sistêmica primária de carnitina (DSPC). Caso foi discutido em reunião interdisciplinar e contraindicado esporte competitivo, com redução da intensidade do esforço físico realizado. CONCLUSÃO: Além da associação da variante patogênica no gene SLC22A5 com a DSPC, foram relatados casos de CMH de apresentação benigna e tardia. Entretanto, com a CMH de VD isolada nunca foi descrita na literatura. Concluímos ser fundamental a realização de painel molecular para confirmação do diagnóstico de CMH, exclusão de fenocópias e a valorização da variante patogênica no gene SCL22A5 no cenário da CMH.
Subject(s)
Cardiomyopathies/geneticsABSTRACT
INTRODUÇÃO: A hipercolesterolemia, em particular o aumento dos níveis de lipoproteína de baixa densidade (LDL), é um fator de risco bem estabelecido para o desenvolvimento e progressão de doenças cardiovasculares. A terapia com estatinas tem sido amplamente utilizada para reduzir os níveis de LDL e, assim, reduzir o risco cardiovascular. No entanto, a eficácia das estatinas pode variar entre os pacientes, e é importante avaliar sua efetividade em diferentes populações. OBJETIVO: Avaliar a proporção de pacientes em prevenção secundária que alcançaram a meta de LDL utilizando estatinas de alta potência, especificamente atorvastatina 80mg. Além disso, pretendemos subdividir esses pacientes por sexo e faixa etária para investigar possíveis diferenças na eficácia do tratamento. MÉTODOS: Este estudo será conduzido como uma análise retrospectiva de pacientes que frequentaram o Ambulatório de Dislipidemia. São incluídos pacientes com doença cardiovascular estabelecida que foram prescritos atorvastatina 80mg como parte de sua terapia de prevenção secundária. Os dados são coletados a partir dos registros médicos eletrônicos e incluirão informações sobre sexo, idade, níveis de LDL no início do tratamento. Os pacientes são divididos em grupos com base no sexo e faixa etária (>65 anos, 65-80 anos, >80 anos). A proporção de pacientes que atingiram a meta de LDL é calculada para cada grupo. RESULTADOS: Um total de 1354 pacientes do sexo feminino e 1091 pacientes do sexo masculino foram considerados. Informações sobre os níveis de LDL foram registradas para esses pacientes. A maioria da população do estudo está na faixa etária de 65 a 85 anos.De acordo com os resultados, apenas 5,8% das pacientes do sexo feminino atingiram a meta de LDL < 50, enquanto para os pacientes do sexo masculino esse número foi de 8,5%, indicando uma proporção abaixo do esperado. Esses resultados destacam a necessidade de implementação de políticas públicas voltadas para a conscientização da população. CONCLUSÃO: A análise demonstra que a população masculina obteve uma taxa maior no controle da taxa de LDL que a feminina. Entender os efeitos causais que faz com que uma população obtenha maior taxa de sucesso que a outra é crucial para o aprimoramento e conscientização quanto aos cuidados da saúde cardiovascular.
Subject(s)
Dyslipidemias , Hydroxymethylglutaryl-CoA Reductase InhibitorsABSTRACT
INTRODUÇÃO: O prolapso da válvula mitral é uma condição relativamente frequente, apresentando uma prevalência de aproximadamente 2% na população. Geralmente, o prognóstico é favorável. Contudo, em uma pequena proporção de pacientes pertencentes às faixas etárias jovens e de meia-idade, observou-se uma associação desse quadro com arritmias ventriculares malignas, principalmente quando ocorre a disjunção anular mitral (DAM). OBJETIVO: Relatar um caso de DAM como causa de arritmias ventriculares, sendo um diagnóstico diferencial de arritmia induzida por imunoterapia. RELATO: Mulher, 48 anos, realizou tratamento de neoplasia de mama com pembrolizumabe. Um ano após, é encaminhada para investigação de palpitação e avaliação quanto à possibilidade de associação do quadro com o imunoterápico. Na anamnese, destacava quadro de palpitação mesmo antes do tratamento oncológico. O eletrocardiograma apresentava ritmo sinusal e presença de 2 extrassístoles ventriculares isoladas. Solicitado Holter de 24h que evidenciou ritmo sinusal e extrassístoles ventriculares de alta incidência. O ecocardiograma não apresentava alterações dignas de nota. À ressonância magnética cardíaca (RMC), átrios e ventrículos direito e esquerdo evidenciaram dimensões e funções preservadas, músculos papilares com hipointensidade em relação ao miocárdio, valva mitral com prolapso, deslocamento sistólico mínimo em direção ao átrio medido 2 mm acima do plano valvar e disfunção do anel mitral, medindo 8 mm. Diante disso, é iniciado terapia com betabloqueador e paciente evoluindo em seguimento ambulatorial, com melhora clínica. Ademais, concluímos que não se trata de uma arritmia induzida pela imunoterapia. DISCUSSÃO: O pembrolizumabe trata-se de uma imunoterapia, classificada como inibidor de checkpoint imunológico (ICI). A cardiotoxicidade dos ICI pode ser agrupada em duas categorias: efeitos adversos inflamatórios (miocardite, pericardite e vasculite) e toxicidade cardiovascular não inflamatória (síndrome Takotsubo-like, disfunção ventricular assintomática não inflamatória e arritmias). Mas, diante dos dados da anamnese e dados da RMC, descartou-se a associação do pembrolizumabe com o quadro clínico. O estudo destaca a importância do Cardio-Oncologista, ao diagnosticar a DAM como causa da arritmia, e a não associação, nesse caso, com o imunoterápico, o que poderia ser relatado como evento adverso.
ABSTRACT
INTRODUÇÃO: O padrão de realce tardio miocárdico (RT) do ventrículo esquerdo, denominado "ring-like", localiza-se no meso-epicárdio e abrange pelo menos três segmentos contíguos no mesmo corte de eixo curto, na ressonância cardíaca (RMC). Este padrão tem sido associado a uma maior incidência de eventos arrítmicos potencialmente fatais. Descreve-se um caso de intervenção precoce com a indicação de implantação de cardiodesfibrilador implantável (CDI), considerando o achado de "Ring like" com uma possível associação com laminopatia. RELATO DE CASO: Homem de 51 anos iniciou quadro de dispneia paroxística noturna, ortopneia e dispneia aos mínimos esforços em 2022. O ecocardiograma evidenciou disfunção ventricular com Fração de Ejeção (FE) de 32% às custas de hipocinesia difusa. Angiotomografia de coronárias sem lesões. A RMC demonstrou dilatação de todas câmaras (Ventrículo Esquerdo 78 mm x 75 mm), disfunção sistólica biventricular (FE de ventrículo esquerdo 12% e FE de ventrículo direito 17%), com RT de padrão não coronariano mesocárdico em todo o septo e nos segmentos anterior e inferior mediobasal. Os achados de RMC são compatíveis com cardiomiopatia dilatada com fibrose padrão ring-like (Figuras 1 e 2). Iniciado terapia médica com terapia quádrupla, com evolução satisfatória. Ao Holter de 24h, alta densidade de ectopias ventriculares, com episódios de Taquicardia Ventricular Polimórfica Não Sustentada. Apesar do teste genético não confirmatório, os achados de imagem com extensa quantidade de fibrose sugeriram uma cardiomiopatia dilatada por provável laminopatia. Considerando a FEVE < %, o sexo masculino e as arritmias ventriculares no Holter, caso foi discutido em reunião e indicado CDI como profilaxia primária. Evoluiu assintomático, sem novas intercorrências. CONCLUSÕES: Este relato de caso destaca a importância da RMC na avaliação e manejo da cardiomiopatia dilatada com padrão "ring-like", com papel fundamental na caracterização da extensão da fibrose mesocárdica, fornecendo informações adicionais que corroboram na indicação de CDI por profilaxia primária. O sexo masculino, as arritmias ventriculares não sustentadas no Holter e a fração de ejeção inferior a 45% foram identificados como fatores de risco para morte súbita nas séries de casos descritas de laminopatias até o momento.
Subject(s)
Humans , Middle Aged , Defibrillators, ImplantableABSTRACT
INTRODUÇÃO: A amiloidose cardíaca é uma doença infiltrativa do miocárdio que pode apresentar-se de forma insidiosa e muitas vezes é diagnosticada tardiamente. A sobreposição de sintomas cardiovasculares e oncológicos em pacientes com neoplasias pode complicar ainda mais o diagnóstico e o manejo clínico. Neste relato de caso, apresentamos um paciente com adenocarcinoma de pulmão cuja suspeição ecocardiográfica foi fundamental para o reconhecimento precoce desta condição. RELATO DE CASO: Paciente do sexo masculino, 75 anos, com histórico de hipertensão e tabagismo, diagnosticado com adenocarcinoma de pulmão. Foi encaminhado para avaliação pré-operatória de broncoscopia. Apresentava dispneia classe funcional II da NYHA (atribuída a doença de base) e encontrava-se euvolêmico ao exame físico. O ecocardiograma (figura 1) revelou uma fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 58%, com septo de 13 mm, parede posterior de 13 mm e diástole grau III. A relação E/e' foi de 31 e o Strain Longitudinal Global foi de 16,4%, poupando o ápice. Uma ressonância cardíaca foi realizada, mostrando extenso realce tardio miocárdico subendocárdico não isquêmico no ventrículo esquerdo. Também foi observado um aumento significativo e difuso na espessura miocárdica biventricular, sendo mais pronunciado no ventrículo esquerdo. Os resultados da imunofixação sérica e urinária e da eletroforese de proteínas foram normais. A cintilografia com pirofosfato (figura 2) indicou captação grau 3 de Perugini, confirmando a presença de amiloidose cardíaca do tipo ATTR em um paciente com neoplasia pulmonar. O paciente foi encaminhado para o tratamento da doença infiltrativa. CONCLUSÃO O caso apresentado destaca a importância do diagnóstico diferencial em pacientes oncológicos que apresentam sintomas cardiovasculares. A sobreposição de sintomas entre doenças cardiovasculares e neoplasias pode dificultar a identificação da condição subjacente. No caso específico deste paciente, a suspeita inicial de amiloidose cardíaca, baseada em achados ecocardiográficos e confirmada por exames complementares, foi crucial para um diagnóstico precoce.
Subject(s)
Humans , Male , Aged , Amyloidosis/diagnosisABSTRACT
INTRODUÇÃO:O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune crônica que afeta predominantemente mulheres jovens, caracterizada por alterações sistêmicas e serosites. O envolvimento cardíaco ocorre em 30-50% dos pacientes, com o comprometimento miocárdico em cerca de 10%. A miocardite lúpica (ML) é uma complicação grave, exigindo tratamento imediato devido ao risco de arritmias, distúrbios de condução e insuficiência cardíaca (IC). Apresentamos um caso raro de LES com miocardite como sua primeira manifestação em um paciente masculino de 60 anos, sem diagnóstico prévio da doença. RELATO DE CASO: Homem, 60 anos, sem histórico médico relevante, foi admitido com Insuficiência Cardíaca perfil C, apresentando congestão pulmonar e sistêmica progressiva há 2 meses. O eletrocardiograma mostrou ritmo sinusal e bloqueio de ramo esquerdo. O ecocardiograma revelou fração de ejeção de 32%, hipocinesia difusa do ventrículo esquerdo e derrame pericárdico moderado. Exames laboratoriais indicaram proteinúria e pancitopenia. A investigação reumatológica resultou no diagnóstico de LES, evidenciado por comprometimento miocárdico, nefrite lúpica grau IV, FAN positivo (1/1280), anti-DNA positivo e consumo de complemento. O tratamento iniciado incluiu corticoterapia, ciclofosfamida e terapia para IC com fração de ejeção reduzida (ICFER). Ressonância cardíaca realizada 6 meses depois mostrou FEVE de 58%, sem isquemia e ausência de inflamação. Atualmente, o paciente está em acompanhamento ambulatorial de Cardiologia, em classe funcional I. DISCUSSÃO: O envolvimento cardíaco no LES é relevante, podendo levar a arritmias e insuficiência cardíaca. Embora mais frequente em mulheres jovens, o LES pode também afetar homens e indivíduos mais velhos, ainda que com menor incidência. No caso apresentado, a ressonância cardíaca evidenciou melhora na fração de ejeção ventricular esquerda após o tratamento, porém não confirmou miocardite devido à evolução temporal e à intervenção terapêutica. O diagnóstico de miocardite lúpica foi estabelecido com base em achados clínicos, laboratoriais e de imagem, corroborados pela resposta à terapia. A identificação precoce e o tratamento adequado são cruciais para prevenir complicações e melhorar o prognóstico no LES.
Subject(s)
Humans , Male , Middle Aged , Magnetic Resonance SpectroscopyABSTRACT
INTRODUÇÃO: A avaliação da deformação miocárdica do AE por técnica de speckle tracking tem sido de crescente interesse na avaliação funcional dessa câmara. Inicialmente, utilizou-se a adaptação da ferramenta direcionada à análise do ventrículo esquerdo para a análise da câmara atrial, que apresenta particularidades anatômicas. Mais recentemente, ferramentas dedicadas à análise dessa câmara cardíaca têm sido disponibilizadas comercialmente. Os valores de normalidade assumidos baseiam-se em estudos com diferentes ferramentas e softwares. OBJETIVOS: Avaliar o nível de concordância entre as ferramentas dedicada e não dedicada ao átrio esquerdo em software disponível comercialmente (GE EchoPAC Version 204). MÉTODOS: Estudo unicêntrico, transversal, com avaliação ecocardiográfica de 81 pacientes com ecocardiograma transtorácico bidimensional registrado com aquisições completas. Utilizou-se a padronização de técnica por recomendações da American Society of Echocardiography de 2018. Para ambas as ferramentas, foi empregado o método biplanar para obtenção dos valores de strain global longitudinal do AE de seus componentes reservatório (R), conduto (CD) e contrátil (CT). Para análise de concordância entre as ferramentas não dedicada e dedicada à medida de strain AE, realizou-se cálculo da diferença absoluta média (d.a.m.) e análise de Bland-Altman, com descrição da diferença média e dos limites de concordância (±1,96 desvio-padrão). Para análise de variabilidades intraobservador e interobservador foram descritos diferenças absolutas médias e desvio-padrão entre as medidas, bem como empregado o coeficiente de correlação intraclasse (CCI). RESULTADOS: Os valores médios obtidos para strain AE R, CD e CT, não apresentaram diferença significativa quando comparados os softwares não dedicado e dedicado: - strain AE R: 33.2 ± 8.4 vs 33 ± 7.9, p: 0.52, d.a.m.: 1,68 ± 1.28; - strain AE CD: -16.4 ± 5.5 vs -16.2 ± 5.2; p: 0.48; d.a.m.: 2,12 ± 2,10 - strain AE CT: -16.9 ± 5.1 vs -16.7 ± 5.3; p: 0.51; d.a.m.: 1,58 ± 1,31 Para avaliação de variabilidade intraobservador e interobservador das medidas de strain AE R, CD e CT, repetiram-se as análises de forma aleatória e cega aos resultados iniciais após pelo menos quatro semanas da primeira medida em 16 casos aleatórios, com concordância elevada. CONCLUSÃO: Os valores médios obtidos para o strain AE não diferiram significativamente com a escolha da ferramenta dedicada ou não dedicada ao AE em software disponível comercialmente.
Subject(s)
Software , EchocardiographyABSTRACT
INTRODUÇÃO: A insuficiência cardíaca (IC) com fração de ejeção preservada (ICFEP) consiste em pelo menos metade dos casos de IC. A abordagem é desafiadora e os critérios diagnósticos propostos pela Heart Failure Association (HFA) incluem dados ecocardiográficos oriundos da análise de deformação miocárdica longitudinal do ventrículo esquerdo (VE), como método para estimar a disfunção sistólica incipiente. Mais recentemente, os índices de trabalho miocárdico, myocardial work (MW), têm sido utilizados, em diversos contextos clínicos, como novas ferramentas não invasivas mais independentes de carga para avaliação da performance miocárdica comparada ao strain. OBJETIVO: Avaliar os índices de MW em diferentes categorias de probabilidade diagnóstica de ICFEP baseadas no escore multiparamétrico HFA-PEFF. MÉTODO: Estudo unicêntrico, transversal, descritivo, de pacientes ambulatoriais em centro cardiovascular especializado de ICFEP, avaliados de 2020-2023. Avaliaram-se 300 pacientes com suspeita diagnóstica de ICFEP com janela acústica apropriada, em ritmo sinusal, sem valvopatias significativas ou marcapasso, a partir de software ecocardiográfico comercialmente disponível para análise do strain bidimensional do VE por técnica de speckle tracking e do MW. A pressão arterial sistólica obtida por método padronizado por esfigmomanômetro braquial automático foi utilizada como substituta da pressão sistólica do VE para avaliação do MW. Análises estatísticas foram realizadas por meio do software SPSS. RESULTADOS: Amostra com idade média de 60±12.1 anos, fração de ejeção VE média de 59.3±5.1%, com 64% dos pacientes do sexo feminino. Hipertensão arterial sistêmica e dislipidemia foram altamente prevalentes (> 70%). Cerca de 54% e 18% dos pacientes foram categorizados em intermediária e alta probabilidade de ICFEP, respectivamente, pelo escore. O trabalho miocárdico desperdiçado - Global Wasted Work GWW - apresentou tendência crescente do grupo de baixa probabilidade para o de alta probabilidade (81.8±43.1 / 117.9±75.3 / 154.7±93.1 mmHg%; p<0.001), com decréscimo progressivo da eficiência de trabalho - Global Work Efficiency GWE (95.6±1.9 / 94±3.6 / 92±4.5%; p<0.001). O GWW exibiu área sob a curva ROC de 0.78 (0.70-0.84) para predição do grupo com alto escore HFA-PEFF. CONCLUSÃO: O MW consiste em ferramenta capaz de discriminar pacientes com suspeita diagnóstica de ICFEP, apresentando potencial utilidade na caracterização da performance miocárdica nessa doença.
Subject(s)
Heart Failure, DiastolicABSTRACT
INTRODUÇÃO: O átrio esquerdo (AE) exerce importante papel no enchimento ventricular esquerdo (VE) e na manutenção de pressões normais no leito capilar pulmonar. A rigidez atrial esquerda pode interferir nessa dinâmica e ser estimada invasivamente por medidas diretas de pressões e volumes do AE. A ecocardiografia, por meio da relação entre E/e´ e a medida do strain AE reservatório (R), permite a avaliação não invasiva desse parâmetro. OBJETIVO: Correlacionar o índice de rigidez atrial esquerda (IRAE) ecocardiográfico com medidas invasivas das pressões diastólica final (PD2VE) e pré-contração atrial (pré-A VE) em coronariopatas com fração de ejeção do VE (FEVE) preservada, com avaliação da acurácia preditiva de elevações dessas pressões de enchimento. METODOLOGIA: Estudo observacional, transversal, unicêntrico, com pacientes que realizaram eletivamente estudo hemodinâmico com evidência de doença arterial coronária significativa e ecocardiograma transtorácico no laboratório de hemodinâmica imediatamente antes do cateterismo. O strain AE R foi obtido por técnica de speckle tracking bidimensional por ferramenta dedicada ao AE (software GE EchoPAC) e a relação E/e´ média foi adotada para inferência da pressão média do AE. Valores acima de 16 mmHg e 12 mmHg foram utilizados como cortes para definir medidas invasivas de PD2VE e pré-A VE como elevadas, respectivamente. Análises estatísticas para comparação entre medidas de tendência central, correlação bivariável e curva ROC foram realizadas (IBM SPSS Statistics 20). RESULTADOS: A amostra final foi constituída por 81 pacientes, com idade média de 61±8 anos, 66% do sexo masculino, FEVE média de 63,8±4.6%. O IRAE apresentou correlação significativa e moderada com a PD2VE (r Spearman: 0.61, p<0.001) e a pré-A VE (r Spearman: 0.67, p<0.001). Houve diferença significativa entre os valores medianos de IRAE no grupo com pré-A VE normal [0.21 (0.17-0.26)] e elevada [0.45 (0.36-0.65; p<0.001)] bem como no grupo com PD2VE normal [0.21 (0.16-0.25)] e elevada [0.39 (0.27-0.54; p<0.001)]. A área sob a curva ROC para predição de PD2VE alta foi de 0.86. Para a discriminação de pré-A VE alta a área sob a curva foi de 0.93, superior a de parâmetros tradicionais como E/e´ média isoladamente (0.83) e volume indexado do AE (0.70). CONCLUSÃO: O IRAE é útil na discriminação hemodinâmica das pressões de enchimento de pacientes coronariopatas com FEVE preservada, com desempenho superior a de tradicionais parâmetros ecocardiográficos.
ABSTRACT
Cardiovascular comorbidity is common in individuals with chronic obstructive pulmonary disease (COPD). This factor interferes with pharmacological treatment. The use of ß-blockers has been proposed for their known cardioprotective effects. However, due to their adverse reactions, and the risk of causing bronchospasm, there is reluctance to use them. To summarize existing evidence on the effects of ß-blocker use in COPD associated with cardiovascular comorbidities in relation to disease severity, exacerbation, and mortality outcomes. EMBASE, Medline, Lilacs, Cochrane Library, and Science Direct databases were used. Observational studies that evaluated the effects of ß-blockers on individuals with COPD and cardiovascular comorbidities, and related disease severity, exacerbations, or mortality outcomes were included. Studies that did not present important information about the sample and pharmacological treatment were excluded. Twenty studies were included. Relevance to patient care and clinical practice: The use of ß-blockers in individuals with COPD and cardiovascular disease caused positive effects on mortality and exacerbations outcomes, compared with the results of individuals who did not use them. The severity of the disease caused a slight change in forced expiratory volume in 1 second. The odds ratio for mortality was 0.50 (95% confidence interval [CI], 0.39 to 0.63; p<0.00001), and for exacerbations, 0.76 (95% CI, 0.62 to 0.92; p=0.005), being favorable to the group that used ß-blockers. Further studies are needed to study the effect of using a specific ß-blocker in COPD associated with a specific cardiovascular comorbidity.
ABSTRACT
INTRODUÇÃO: A insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP) aumenta significativamente o risco de desenvolvimento de doença renal crônica (DRC), afetando adversamente desfechos clínicos como mortalidade prematura, morbidade, complicações multiorgânicas e custos de saúde. Este estudo investiga fatores que contribuem para a deterioração da função renal em pacientes com ICFEP, visando aprimorar o entendimento da doença e as estratégias de manejo. MÉTODOS: Em uma análise transversal, dados clínicos, laboratoriais e ecocardiográficos de pacientes ambulatoriais com suspeita de ICFEP foram avaliados. A probabilidade de ICFEP foi determinada usando os escores H2FPEF e HFA-PEFF. A função renal foi avaliada por níveis de eGFR, creatinina e microalbuminúria. Modelos de regressão logística multivariada foram utilizados para identificar fatores associados ao declínio da função renal. RESULTADOS: Dados de 569 pacientes (idade mediana: 64 anos; 66% feminino) foram analisados. Observamos uma correlação inversa entre eGFR mediano e escores de risco de ICFEP. O escore HFA-PEFF demonstrou um valor preditivo ligeiramente superior para DRC (OR: 1.8; IC 95%: 1.6-2.0) em comparação ao escore H2FPEF (OR: 1.5; IC 95%: 1.3-1.7). Maiores chances de DRC (eGFR< 60 mL/min/1.73m²) foram vinculadas ao escore HFA-PEFF com o marcador NT-ProBNP, independentemente de fibrilação atrial (FA - OR: 6.5; IC 95%: 3.1-14.1; Ritmo sinusal - OR: 3.4; IC 95%: 2.0-5.7), e com marcadores ecocardiográficos de disfunção diastólica (OR: 1.9; IC 95%: 1.4-2.7). O escore H2FPEF foi associado com idade (OR: 4.6; IC 95%: 2.8-7.9), hipertensão (OR: 3.2; IC 95%: 1.3-9.6), disfunção diastólica (OR: 2.0; IC 95%: 1.3-3.0) e fibrilação atrial (OR: 1.3; IC 95%: 1.1-1.5). Notavelmente, análises adicionais indicaram que um declínio no débito cardíaco foi associado com maiores chances de desenvolver DRC (OR: 1.6; IC 95%: 1.2-2.1). No entanto, fatores de risco tradicionais como obesidade, diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e dislipidemia não mostraram associação significativa com o desenvolvimento de DRC nesta população. CONCLUSÃO: Associações significativas foram identificadas entre o declínio da função renal e escores de risco de ICFEP, destacando idade, hipertensão, disfunção diastólica e fibrilação atrial como fatores cruciais associados ao aumento do risco de DRC em pacientes com ICFEP. Estes resultados enfatizam o papel crucial da deterioração da função cardíaca na contribuição para o desenvolvimento de DRC em indivíduos em risco para ICFEP.
Subject(s)
Renal Insufficiency, Chronic , Heart Failure, Diastolic , Heart FailureABSTRACT
INTRODUÇÃO: A hipercolesterolemia familiar (HF) é um distúrbio genético bem reconhecido que se manifesta como níveis significativamente elevados de LDL-c sérico devido a aberrações no metabolismo das lipoproteínas. A maioria dos casos de HF, especificamente 85-90%, está associada a mutações patogênicas no gene do receptor de LDL (LDLR). Além disso, a presença de mutações de perda de função (LOF) no gene PCSK9 tem sido associada a um risco reduzido de doença cardiovascular, um fenômeno observado mesmo quando variantes patogênicas de LDLR coexistem. MÉTODOS: Este estudo incluiu um homem de 46 anos com dislipidemia e uso inconsistente de rosuvastatina. Na história familiar consta uma irmã (caso índice) e um sobrinho diagnosticados com HF portadores de variante patogênica de LDLR (c.313+1G>A, heterozigoto). RESULTADOS: O paciente relatou o aparecimento de dor precordial típica um mês antes da consulta. O exame físico revelou arco corneano. Os resultados laboratoriais iniciais mostraram colesterol total em 254 mg/dL, LDL-c em 191 mg/dL, HDL-c em 49 mg/dL e triglicerídeos em 69 mg/dL. Um escore Dutch MedPed de 11 confirmou HF. A ecocardiografia transtorácica indicou função ventricular esquerda normal. A angiografia coronária revelou calcificação significativa e estenose da artéria coronária direita (RCA) e da artéria circunflexa esquerda proximal (LCx). A intervenção incluiu angioplastia LCx e manejo conservador da RCA. Medicamentos pós-alta incluíram AAS 100mg/dia, Clopidogrel 75mg/dia, Rosuvastatina 40mg/ dia e Ezetimibe 10mg/dia. O nível de LDL-c diminuiu para 76 mg/dL no acompanhamento. A análise genética confirmou a variante familiar de LDLR e identificou uma mutação LOF coexistente de PCSK9 (R46L, heterozigoto). CONCLUSÃO: Este caso destaca a gravidade e complexidade da aterosclerose multivascular associada à HF. Embora a variante LOF de PCSK9 seja potencialmente protetora, sua influência nos resultados clínicos permanece incerta. Essa ambiguidade reforça a progressão multifatorial da aterosclerose e a resposta variável ao tratamento em pacientes com HF. Isso ressalta a importância de identificar fatores genéticos e não genéticos adicionais que contribuem para a doença, além dos loci genéticos conhecidos para entender e gerenciar melhor essa condição clínica.
Subject(s)
Genetic Loci , Proprotein Convertase 9 , Hyperlipoproteinemia Type II , Chest Pain , Genetic Diseases, InbornABSTRACT
BACKGROUND: Heart failure with preserved ejection fraction (HFpEF) represents a significant proportion of heart failure cases. Accurate diagnosis is challenging due to the heterogeneous nature of the disease and limitations in traditional echocardiographic parameters. MAIN BODY: This review appraises the application of Global Longitudinal Strain (GLS) and Left Atrial Strain (LAS) as echocardiographic biomarkers in the diagnosis and phenotyping of HFpEF. Strain imaging, particularly Speckle Tracking Echocardiography, offers a superior assessment of myocardial deformation, providing a more detailed insight into left heart function than traditional metrics. Normal ranges for GLS and LAS are considered, acknowledging the impact of demographic and technical factors on these values. Clinical studies have demonstrated the prognostic value of GLS and LAS in HFpEF, especially in predicting cardiovascular outcomes and distinguishing HFpEF from other causes of dyspnea. Nevertheless, the variability of strain measurements and the potential for false-negative results underline the need for careful clinical interpretation. The HFA-PEFF scoring system's integration of these biomarkers, although systematic, reveals gaps in addressing the full spectrum of HFpEF pathology. The combined use of GLS and LAS has been suggested to define HFpEF phenogroups, which could lead to more personalized treatment plans. CONCLUSION: GLS and LAS have emerged as pivotal tools in the non-invasive diagnosis and stratification of HFpEF, offering a promise for tailored therapeutic strategies. Despite their potential, a structured approach to incorporating these biomarkers into standard diagnostic workflows is essential. Future clinical guidelines should include clear directives for the combined utilization of GLS and LAS, accentuating their role in the multidimensional assessment of HFpEF.
Subject(s)
Precision MedicineABSTRACT
INTRODUÇÃO: A fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) é o parâmetro utilizado para a classificação dos diferentes fenótipos de insuficiência cardíaca (IC). Embora pacientes portadores de IC com FEVE reduzida (ICFER) e evidência de bloqueio de ramo esquerdo (BRE) possam ser considerados para a Terapia de Ressincronização Cardíaca (TRC), há uma taxa de aproximadamente 30% de não-respondedores. Nesse contexto, é fundamental a avaliação de novas técnicas capazes de identificar subgrupos com maior risco de desfechos e que devem ser priorizados para a TRC. OBJETIVO: Avaliar a FEVE com o Global Longitudinal Strain (GLS) na predição de eventos maiores em candidatos à TRC. MÉTODOS: Foram incluídos 99 pacientes candidatos à TRC (ICFER com FEVE≤35% e padrão de BRE no ECG), avaliados no período entre fevereiro de 2008 e outubro de 2012 com follow up de 8 anos. As análises foram segmentadas em grupos com eventos combinados: internação por IC, óbito e/ou transplante cardíaco. RESULTADOS: Pacientes com desfecho apresentaram uma FEVE=26,2(±0,05)% e GLS=-13,9(±12,3)%, enquanto pacientes sem desfecho apresentaram FEVE=27,6(±0,05)% e GLS=-16,2(±7,2)%. A diferença entre os grupos foi estatisticamente significante para o GLS (p=0,04), mas sem significância para FEVE (p=0,07) (Figura 1). À análise de Kaplan-Meier utilizando um valor de corte do módulo de GLS<-16%, observou-se uma diferença significante nas curvas de sobrevida com significância pelo teste de log-rank (p=0.005) (Figura 2). CONCLUSÃO: O GLS é uma ferramenta com potencial uso na re-estratificação de pacientes com ICFER candidatos à TRC. Esse recurso além de descrever uma piora da evolução, pode também ajudar na decisão dos grupos que se beneficiariam de uma intervenção mais precoce.
Subject(s)
Stroke VolumeABSTRACT
INTRODUÇÃO: A insuficiência cardíaca de fração de ejeção preservada (ICFEP) é uma síndrome clínica decorrente de uma diversa combinação de anormalidades fisiopatológicas que confluem na elevação das pressões de enchimento do coração. Dentre tais alterações, alguns fenótipos de pacientes podem apresentar anormalidades da função sistólica do ventrículo esquerdo, a despeito de valores da fração de ejeção dentro dos limites da normalidade. Atualmente, há uma escassez de estudos que avaliam qual o papel das alterações no eletrocardiograma (ECG) na ICFEP e como estas podem contribuir para melhor identificação dos mecanismos que levam à intolerância ao exercício. OBJETIVOS: Avaliar a associação entre alterações da repolarização ventricular com as anormalidades na função sistólica do ventrículo esquerdo em uma população com diagnóstico de ICFEP. MÉTODOS: Estudo observacional transversal de 50 pacientes com diagnóstico de ICFEP confirmado pelo escore europeu HFA-PEFF. A repolarização ventricular foi avaliada através da medida do ângulo espacial QRS-T pelo vetocardiograma (método de Kors) e pelo índice TpicoTfim no ECG. As alterações da função sistólica do ventrículo esquerdo foram avaliadas através da medida do Global Longitudinal Strain (GLS) na ecocardiografia com Speckle Tracking. RESULTADOS: Obteve-se uma amostra de 48 pacientes com idade média de 50 (±5) anos, sendo 67% (33) do sexo feminino. Houve correlação moderada e estatisticamente significante entre o GLS e os parâmetros de repolarização ventricular: TpicoTfim (r=0.42; p<0.001) e o ângulo QRS-T (r= 0.58; p-value<0.001). À análise de regressão linear, obteve-se um ß coeficiente de 0.040 do ângulo QRS-T, denotando que para cada aumento de 25º no ângulo QRS-T, há a uma queda de 1% na função sistólica longitudinal pelo GLS. CONCLUSÃO: Nossos dados sugerem que as alterações da repolarização ventricular identificam pacientes com ICFEP que possuem anormalidades da função sistólica do ventrículo esquerdo apesar de apresentarem valores da fração de ejeção dentro dos limites da normalidade. Particularmente, o ângulo espacial QRS-T se mostrou um parâmetro promissor, superior ao TpicoTfim, e com potencial para ser incluído no arsenal multiparamétrico da avaliação diagnóstica da ICFEP.
ABSTRACT
INTRODUCTION: Diagnosing HFpEF can be challenging, but the H2FPEF score is a valuable tool for clinical decision-making. Atrial fibrillation (AF) plays a significant role in this score, creating challenges for diagnosis in patients without AF or with paroxysmal AF. Left atrial reservoir strain (LArS) has emerged as a promising indicator for both AF and HFpEF. This study explores how incorporating LArS can enhance the predictive ability of the H2FPEF score for exercise capacity in outpatients with suspected HFpEF. METHODS: This cross-sectional study has a sample size of 283 patients with suspected HFpEF. We collected clinical and echocardiographic data and compared LArS values across different H2FPEF score categories. Additionally, we analyzed a subgroup of 129 patients who underwent a Cardiopulmonary Exercise Test (CPET) to evaluate the effectiveness of the H2FPEF score and LArS in predicting Peak VO2. To further comprehend the contribution of each feature in the performance of the H2FPEF score, we used Shapley Additive Explanations (SHAP) analysis. RESULTS: Most patients were female (63%), age of 60 (±12) years and LVEF of 60 (±5.2)%. Patients with low scores had a LArS of 32.6 (± 6.8)%, while those with moderate and high scores had probabilities of 26(± 8.2)% and 16 (±8.2)%, respectively (p<0.001). The H2FPEF score demonstrated an AUC of 0.74 (95% CI: 0.64-0.84) in predicting peak VO2, whereas LArS exhibited an AUC of 0.71 (95% CI: 0.62-0.80). Incorporating LArS into the score improved its performance, resulting in an AUC of 0.82 (95% CI: 0.75-0.89). The SHAP analysis revealed that LArS had a significant impact as the most important feature (Figure 1), while the importance of the atrial fibrillation criterion decreased significantly. CONCLUSIONS: Our findings show that integrating LArS improves the diagnostic performance of the H2FPEF score and offers a valuable alternative to the AF criterion within the H2FPEF algorithm.
Subject(s)
Ventricular Dysfunction, LeftABSTRACT
Assessing left ventricular (LV) filling pressure (LVFP) is challenging in patients with coronary artery disease (CAD) and preserved LV ejection fraction (LVEF). We aimed to correlate left atrial strain (LAS) with two invasive complementary parameters of LVFP and compared its accuracy to other echocardiographic data to predict high LVFP. This cross-sectional, single-center study enrolled 81 outpatients with LVEF > 50% and significant CAD from a database. Near-simultaneous echocardiography and invasive measurements of both LV end-diastolic pressure (LVEDP) and LV pre-atrial contraction (pre-A) pressure were performed in each patient, based on the definition of LVEDP > 16 mmHg and LV pre-A > 12 mmHg as high LVFP. A moderate to strong correlation was observed between LAS reservoir (LASr), contractile strain, and LVEDP (r: 0.67 and 0.62, respectively; p < 0.001); the same was true for LV pre-A (r: 0.65 and 0.63, respectively; p < 0.001). LASr displayed good diagnostic performance to identify elevated LVFP, which was higher when compared to traditional parameters. Median value of LASr was higher for an isolated increase of LVEDP than for simultaneously high LV pre-A. The cutoff found to predict high LVFP was lower for LV pre-A than that one for LVEDP. In the current study, LASr did not provide an additional contribution to the 2016 diastolic function algorithm. LAS is a valuable tool for predicting LVFP in patients with CAD and preserved LVEF. The choice of LVEDP or LV pre-A as the representative marker of LVFP leads to different cutoffs to predict high pressures. The best strategy for adding this tool to a multiparametric algorithm requires further investigation.
Subject(s)
Atrial Fibrillation , Coronary Artery Disease , Ventricular Dysfunction, Left , Humans , Coronary Artery Disease/diagnostic imaging , Echocardiography, Doppler , Cross-Sectional Studies , Ventricular Pressure , Cardiac Catheterization , Predictive Value of Tests , Ventricular Function, Left , Stroke Volume , Ventricular Dysfunction, Left/diagnostic imagingABSTRACT
Assessing left ventricular (LV) filling pressure (LVFP) is challenging in patients with coronary artery disease (CAD) and preserved LV ejection fraction (LVEF). We aimed to correlate left atrial strain (LAS) with two invasive complementary parameters of LVFP and compared its accuracy to other echocardiographic data to predict high LVFP. This cross-sectional, single-center study enrolled 81 outpatients with LVEF > 50% and significant CAD from a database. Near-simultaneous echocardiography and invasive measurements of both LV end-diastolic pressure (LVEDP) and LV pre-atrial contraction (pre-A) pressure were performed in each patient, based on the definition of LVEDP > 16 mmHg and LV pre-A > 12 mmHg as high LVFP. A moderate to strong correlation was observed between LAS reservoir (LASr), contractile strain, and LVEDP (r: 0.67 and 0.62, respectively; p < 0.001); the same was true for LV pre-A (r: 0.65 and 0.63, respectively; p < 0.001). LASr displayed good diagnostic performance to identify elevated LVFP, which was higher when compared to traditional parameters. Median value of LASr was higher for an isolated increase of LVEDP than for simultaneously high LV pre-A. The cutoff found to predict high LVFP was lower for LV pre-A than that one for LVEDP. In the current study, LASr did not provide an additional contribution to the 2016 diastolic function algorithm. LAS is a valuable tool for predicting LVFP in patients with CAD and preserved LVEF. The choice of LVEDP or LV pre-A as the representative marker of LVFP leads to different cutoffs to predict high pressures. The best strategy for adding this tool to a multiparametric algorithm requires further investigation.
Subject(s)
Coronary Artery Disease , Ventricular Function, Left , Atrial Fibrillation , Stroke Volume , Cardiac Catheterization , Echocardiography, Doppler , Cross-Sectional Studies , Predictive Value of TestsABSTRACT
FUNDAMENTO: A insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP) é uma síndrome com fisiopatologia complexa e fenótipos heterogêneos. A incidência e prevalência dessa doença apresenta-se em ascensão, sendo seu diagnóstico desafiador. O escore H2FPEF condiciona fatores clínicos e ecocardiográficos para estimar a probabilidade de ICFEP. OBJETIVO: Avaliar a relação entre volume do átrio esquerdo (AE) indexado, o strain reservatório do AE ao escore H2FPEF. Delineamento e MÉTODOS: Trata-se de um estudo observacional com 283 pacientes com suspeita de ICFEP, no período de 2020 até 2022. Antes da inclusão, todos os pacientes foram avaliados para diagnósticos alternativos que poderiam mimetizar ICFEP. O critério de exclusão foi a fração de ejeção <50%. O escore H2FPEF foi calculado para todos os pacientes, e classificado de acordo com: baixo, intermediário ou alto risco. Os parâmetros ecocardiográficos avaliados foram volume de AE indexado e strain de AE. A análise estatística e a visualização dos dados foram realizadas no software Stata. O nível de significância adotado foi de 5%. A correlação entre as métricas do AE e o escore H2FPEF foi avaliada pelo teste de Pearson. RESULTADOS: Obteve-se 283 pacientes, sendo 52 pacientes com escore H2FPEF com risco baixo, 198 intermediário e 33 alto. Houve diferença significativa entre os grupos em relação as métricas do AE e o escore H2FPEF (p<0,05) (Tabela 1 e Figura 1). CONCLUSÃO: As métricas do AE são marcadores ecocardiográficos de disfunção diastólica e refletem os efeitos cumulativos das pressões de enchimento do ventrículo esquerdo. O aumento do AE e a redução do strain do AE na função reservatório foram associados ao aumento do escore H2FPEF. A avaliação desses parâmetros podem ser uma ferramenta adicional no diagnóstico de ICFEP. Palavras-chave: insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada; átrio esquerdo.