ABSTRACT
INTRODUÇÃO: A terapia com células T receptoras de antígeno quimérico (CAR-T) mostrou-se promissora no tratamento de malignidades hematológicas, mas seus potenciais efeitos cardiotóxicos requerem investigação aprofundada. Esse trabalho tem como objetivo realizar uma meta-análise, examinando os efeitos cardiotóxicos da terapia CAR-T em adultos com malignidadeshematológicas. MÉTODOS: Como estratégia de busca, foram utilizadas as bases de dados PubMed, Embase e o Registro Cochrane Central de Ensaios Controlados para estudos que relataram desfechos cardiovasculares, como arritmias, insuficiência cardíaca e redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE). RESULTADOS: Foi feita análise de 20 estudos envolvendo 4.789 pacientes, que revelou uma taxa de incidência de eventos cardiovasculares de 19,68%, sendo as arritmias (10,19%), insuficiência cardíaca (5,73%) e redução da FEVE (3,86%) as mais prevalentes. Elevação de troponina foi observada em 23,61% dos pacientes, enquanto a elevação de NT-Pro-BNP foi observada em 9,4%. Análises de subgrupos mostraram riscos maiores em pacientes com condições pré-existentes, como arritmia atrial (OR 3,12; p<0,001), hipertensão (OR 1,85; p=0,002), insuficiência cardíaca anterior (OR 3,38; p=0,003) e doença arterial coronariana (OR 2,80; p=0,003). CONCLUSÃO: A partir dos dados obtidos neste estudo, que analisou 20 artigos e envolveu 4.789 pacientes, conclui-se que há uma incidência significativa de eventos cardiovasculares entre os pacientes tratados com terapia CAR-T, particularmente aqueles com condições cardíacas pré-existentes. As arritmias, a insuficiência cardíaca e a redução da FEVE foram as complicações mais frequentes. Este achado ressalta a importância de um monitoramento cardiovascular rigoroso durante a terapia CAR-T, a fim de maximizar a segurança e eficácia do tratamento, especialmente para aqueles em maior risco devido a condições pré-existentes.
Subject(s)
Troponin , Coronary Artery Disease , Arrhythmias, Cardiac , Hematologic Neoplasms , Quality Indicators, Health Care , Heart Failure , HypertensionABSTRACT
INTRODUÇÃO: A associação entre fibrilação atrial (FA) e condições de saúde mental é bem estabelecida na literatura médica, todavia o impacto da ablação por cateter em comparação à terapia médica sobre a saúde mental e qualidade de vida ainda permanece incerto. Esse trabalho tem como objetivo realizar uma meta-análise comparando os efeitos da ablação por cateter versus terapia médica na saúde mental e qualidade de vida em pacientes com FA. MÉTODOS: Foi realizado busca sistemática nas bases de dados PubMed, Scopus e Cochrane por ensaios clínicos randomizados (ECRs) que compararam a ablação por cateter com a terapia médica para o tratamento de FA. Foi posto em enfoque resultados relacionados a (1) indicadores de saúde mental, avaliados usando o resumo do componente mental do questionário SF-36 ou a pontuação HADS, e (2) qualidade de vida, avaliada através do resumo do componente físico do SF-36 (PCS SF-36) e pontuaçaõ AFEQT. Foi realizada análise de subgrupos com base no tipo de FA, comparando FA paroxística e persistente. Foi utilizado modelo de efeitos fixos ou aleatórios para calcular as diferenças médias (MD) ou diferenças médias padronizadas (SMD) com intervalos de confiança de 95% (IC). RESULTADOS: Dos 15 ECRs incluídos envolvendo 5.262 pacientes, 2.725 (51,7%) foram submetidos à ablação por cateter. A idade média era de 59 anos, 67,1% eram homens e o seguimento médio variou de 1 a 4 anos. Em comparação com o tratamento médico a ablação por cateter foi associada a uma melhoria significativa na saúde mental (SMD 0,34; IC 95% 0,05-0,63 pontos; p=0,02) e nos indicadores de qualidade de vida, avaliados tanto pelo PCS SF-36 (MD 2,64; IC 95% 1,06-4,26 pontos; p<0,01) quanto pelo AFEQT (MD 6,24; IC 95% 4,43-8,05 pontos; p<0,01). Não houve diferença nos escores de qualidade de vida entre os subgrupos de FA paroxística ou persistente. CONCLUSÃO: Com base em 15 estudos e 4.789 pacientes, observamos que a maioria dos submetidos à ablação por cateter são homens, com idade média de 59 anos, e seguimento de 1 a 4 anos. Esses pacientes apresentaram melhoras significativas na saúde mental e qualidade de vida comparados à terapia médica, com aumentos notáveis de 0,34 pontos na saúde mental e elevações de 2,64 e 6,24 pontos nos índices PCS SF-36 e AFEQT, respectivamente. Esses benefícios se mantiveram tanto para fibrilação atrial paroxísticaquanto persistente.
Subject(s)
Atrial Fibrillation , Randomized Controlled Trials as Topic , Catheter Ablation , Quality of Life , Indicators of Quality of Life , Health Status IndicatorsABSTRACT
INTRODUÇÃO: Os fatores relacionados ao paciente que contribuem para a restenose do stent ainda não estão claros. A espessura da gordura epicárdica é proposta como um marcador potencial para pacientes de maior risco. MÉTODOS: Realizamos uma revisão sistemática e metanálise comparando a média da espessura da gordura medida por ecocardiografia em pacientes que desenvolveram versus pacientes que não desenvolveram restenose intrastent durante o acompanhamento após intervenção coronariana percutânea. Foram pesquisados PubMed, Cochrane e Embase. Um modelo de efeitos aleatórios foi usado para calcular as diferenças médias (MDs), com intervalos de confiança (IC) de 95%. As análises estatísticas foram realizadas usando o Review Manager 5.4.1. RESULTADOS: Quatro estudos observacionais compreendendo 820 pacientes foram incluídos, dos quais 61,3% eram do sexo masculino e 25,6% desenvolveram restenose; a idade média variou de 57,6 a 63,0 anos. O período médio de acompanhamento foi de 12 meses. A espessura média da gordura epicárdica variou de 3,8 a 10,4 mm no grupo de restenose e de 3,2 a 7,9 mm no grupo sem restenose. Pacientes que desenvolveram restenose do stent coronariano durante o acompanhamento mostraram uma espessura basal significativamente maior da gordura epicárdica do que aqueles sem restenose (MD = 1,02 mm; IC 95% 0,23; 1,80; p= 0,01). CONCLUSÃO: Nossos resultados apontam para uma associação significativa entre o aumento da espessura da gordura epicárdica e a incidência de restenose intrastent coronariana. Dada a possível relevância prognóstica dessa medida, recomendamos sua consideração para inclusão nos relatórios de exames, especialmente em pacientes com doença aterosclerótica.
Subject(s)
Cardiovascular Diseases/prevention & control , Coronary RestenosisABSTRACT
CONTEXTO: A doença de Chagas continua sendo uma das principais causas não isquêmicas de cardiomiopatia na América Latina. No entanto, nossa compreensão dos parâmetros ecocardiográficos prognósticos além da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) permanece limitada. Objetivo: Conduzir uma revisão sistemática e metanálise para avaliar a relação entre o strain longitudinal global do ventrículo esquerdo (GLS-VE), o diâmetro diastólico final do ventrículo esquerdo (DDFVE) e a FEVE com o risco de mortalidade por todas as causas, transplante cardíaco ou necessidade de dispositivo de assistência ventricular mecânica. MÉTODOS: Realizamos uma busca sistemática nas bases de dados Elsevier, PubMed e Cochrane por estudos que avaliassem GLS-VE, DDFVE e FEVE em pacientes com doença de Chagas, abrangendo tanto as fases indeterminada quanto de cardiomiopatia. A análise estatística foi realizada utilizando o RevMan 5.1.7, e a heterogeneidade foi avaliada usando estatísticas I². Calculamos razões de risco (HR) combinadas com intervalos de confiança (IC) de 95% sob um modelo de efeitos aleatórios. Também realizamos uma análise de subgrupos de análises multivariáveis para minimizar o efeito de variáveis de confusão. RESULTADOS: Incluímos 1.277 pacientes de 10 estudos observacionais, com idade média variando de 53 a 66 anos, sendo 60,3% do sexo masculino. Desses pacientes, 1.138 (89%) apresentavam cardiomiopatia chagásica, enquanto 139 estavam na fase indeterminada. A FEVE média variou de 26% a 52%. A redução do GLS-VE (HR 1,14; IC 95% 1,01-1,29; p= 0,04; Figura 1A) e o aumento do DDFVE (HR 1,07; IC 95% 1,02-1,12; p< 0,0001; Figura 1B) foram associados a maior risco de mortalidade por todas as causas, transplante cardíaco ou necessidade de dispositivo de assistência ventricular mecânica. Em contrapartida, maiores índices de FEVE foram associados a menor risco desse desfecho composto (HR 0,93; IC 95% 0,90-0,96; p= 0,002), o que permaneceu estatisticamente significativo após análise de subgrupos com apenas resultados ajustados por multivariáveis (HR 0,95; IC 95% 0,91- 0,99; p= 0,001; Figura 1C). CONCLUSÃO: Nesta revisão sistemática e metanálise de pacientes com doença de Chagas, a redução do GLS-VE e o aumento do DDFVE foram associados a maior risco de mortalidade por todas as causas, transplante cardíaco ou necessidade de dispositivo de assistência ventricular mecânica, enquanto o aumento da FEVE foi fator protetor prognóstico independente para esse desfecho.