RÉSUMÉ
OBJETIVO: Analisar a evolução de pacientes portadores de estenose mitral congênita (EmiC) submetidos a tratamento cirúrgico, buscando estudar os fatores desfavoráveis da plastia valvar e os seus marcadores de durabilidade. MÉTODO: De 1989 a 2002, 23 pacientes foram submetidos a tratamento cirúrgico da EmiC, excluindo aqueles com defeito do septo atrioventricular, e formas univentriculares. A idade mediana foi de 15,5 meses (variação de 2 a 204), e o peso mediano foi de 11 kg (variação 4,5 a 51,6 kg). Anomalias associadas estiveram presentes em 17 (73,9 por cento), complexo de Shone em nove (39,1 por cento) e hipertensão pulmonar em 14 (60,9 por cento). A estenose mitral era grave em 14 (60,9 por cento) pacientes, e moderada no restante (gradiente transmitral mediano de 16 mmHg, variação 8,5 a 32). A plastia valvar foi realizada em 18 (78,3 por cento) pacientes e a troca em cinco (21,7 por cento). As técnicas de plastia incluiram a papilarotomia (n=10), ressecção de membrana supravalvar (n=9) e comissurotomia (n=8). Doze (52,2 por cento) pacientes requereram procedimentos associados. RESULTADOS: Não houve óbitos precoces ou tardios num seguimento médio foi de 58,5 ñ 46,7 meses (variação 1 a 156 meses). O tempo médio de hospitalização foi de 12,7 ñ 8,2 dias. Não foram encontrados fatores de risco associados a insucesso da plastia valvar. A curva atuarial livre de reoperaçäes em cinco anos foi de 67,1 por cento (IC 95 por cento: 56,8 por cento a 77,4 por cento). O grupo submetido a plastia valvar necessitou de reoperação em oito (44,4 por cento) pacientes, sendo dois precoces e seis tardios, comparados com uma (20 por cento) reoperação no grupo submetido à troca valvar. A presença de hipertensão pulmonar no pré-operatório esteve relacionada significativamente (p<0,005) a maiores taxas de reoperação. Todos os pacientes, exceto dois, encontram-se em classe funcional I da NYHA e o ecocardiograma mostra no máximo insuficiência e/ou estenose mitral leve. CONCLUSåES: As reoperaçäes foram o maior fator de morbidade no seguimento a médio prazo e a hipertensão pulmonar pôde ser considerada o fator adverso de durabilidade da plastia mitral, a qual foi o tratamento de escolha para a estenose mitral congênita.