RESUMO
Os transtornos sexuais dolorosos estão classificados na Classificação Internacional de Doenças (CID-10), no grupo das disfunções sexuais, tendo como base o modelo de ciclo de resposta sexual, criado por Masters e Johnson e adaptado por Kaplan. O artigo em pauta apresenta a evolução do diagnóstico e aspectos das classificações atuais, e a semelhança desses transtornos com outras condições dolorosas crônicas. Apesar de primordial, a investigação de causas orgânicas e o tratamento de patologias localizadas se mostrou insuficiente na compreensão da causa e das manifestações clínicas e no tratamento eficaz das mulheres acometidas. A observação clínica minuciosa, contemplando aspectos emocionais, comportamentos decorrentes da experiência da dor, condições psiquiátricas, como depressão e ansiedade, e relacionamento com parceria devem fazer parte da avaliação de todas essas pacientes. Os aspectos terapêuticos enfatizam a importância de uma equipe multidisciplinar, capaz de oferecer à mulher acompanhamento medicamentoso, psicoterápico, fisioterapêutico e psicoeducacional. A validação da experiência da dor, apesar de ausência de correlatos orgânicos, e a informação a respeito da repercussão de aspectos psico-lógicos na fisiopatologia do processo doloroso facilitam a implicação e postura ativa das pacientes no tratamento.