RESUMO
INTRODUÇÃO: O fechamento percutâneo transcateter do apêndice atrial esquerdo surgiu recentemente como uma alternativa segura e eficaz à terapia anticoagulante de longo prazo na prevenção de AVC e na redução dos riscos de sangramento em pacientes com FA não valvular. No entanto, o papel da combinação do fechamento percutâneo transcateter do apêndice atrial esquerdo e ablação por cateter em um único procedimento ainda não está claro. OBJETIVOS: Neste estudo, os autores buscaram comparar a segurança do fechamento percutâneo transcateter do apêndice atrial esquerdo, ablação por cateter e o procedimento combinando-os em pacientes com fibrilação atrial. MÉTODOS: As bases de dados MEDLINE, EMBASE e a Cochrane Central foram revisadas sistematicamente em busca de estudos que relatassem o desfecho de complicações periprocedimentos na ablação por cateter e oclusão do apêndice atrial esquerdo em uma abordagem "one-stop". O procedimento combinado dessas abordagens, o fechamento percutâneo transcateter do apêndice atrial esquerdo e a ablação por cateter isoladamente foram analisados. Foi realizada uma metaanálise em rede bayesiana para estimar os efeitos relativos entre tratamentos utilizando razão de risco (RR) e para classificar cada um de acordo com a "Surface Under the Cumulative Ranking Curve" (SUCRA). RESULTADOS: Identificamos 11 ensaios relevantes representando 3343 participantes. A avaliação dos valores SUCRA indicou que apenas o LAAC (0,84) emergiu como o tratamento mais eficaz para a redução das complicações periprocedimento, seguido por apenas ablação (0,60) e abordagem combinada (0,05). O risco de complicações periprocedimento foi maior para o grupo apenas ablação (RR 0,73; intervalo credível [CrI] 0,45, 1,1) e menor para o grupo LAAC (RR 0,62; CrI 0,35, 1,0) quando comparados ao grupo combinado. Na comparação indireta entre os grupos LAAC apenas e ablação apenas, não houve significância estatística (Odds Ratio [OR] 1,1; CrI 0,27, 4,4; p=0,60). CONCLUSÃO: Nesta metanálise de rede, a abordagem combinada do fechamento percutâneo transcateter do apêndice atrial esquerdo e da ablação por cateter foi associada a um aumento de complicações periprocedimentos quando comparado aos procedimentos isoladamente. Portanto, deve-se avaliar cuidadosamente os benefícios e riscos de realizar esses procedimentos em conjunto, levando em consideração a segurança do paciente.
Assuntos
Fibrilação Atrial , Ablação por Cateter , Apêndice Atrial , Metanálise em Rede , Oclusão do Apêndice Atrial Esquerdo , Acidente Vascular Cerebral , HemorragiaRESUMO
INTRODUÇÃO: A ablação da fibrilação atrial (FA) é essencialmente baseada no isolamento das veias pulmonares (PVI), no entanto, a recorrência da FA devido à reconexão da VP é um desafio. O uso da técnica de alta potência de curta duração (HPSD; > 40 W) mostrou-se mais eficaz e seguro, proporcionando lesões uniformes. Recentemente, foi introduzida a técnica de muito alta potência de curta duração (vHPSD) (90 W, 4 s), no entanto, sua eficácia e segurança ainda são controversas quando comparadas à técnica de alta potência. OBJETIVO: Realizamos uma revisão sistemática e meta-análise para comparar a técnica de altíssima potência e curta duração (vHPSD; 70-90 W) e a técnica de alta potência e curta duração (HPSD; > 40 W) em pacientes com FA. MÉTODOS: Pesquisamos no PubMed, Embase e Cochrane Central. Os desfechos foram a recorrência da FA e as complicações. Um modelo de efeitos aleatórios foi usado para calcular as razões de chances (ORs) com intervalos de confiança (IC) de 95%. A análise estatística foi realizada utilizando o programa R (versão 4.3.2). A heterogeneidade foi avaliada com estatísticas I2. RESULTADOS: Incluímos pacientes de 7 estudos. Destes, 1 foi derivado de RCT e 6 foram estudos observacionais. Em comparação com a alta potência de curta duração, a técnica de altíssima potência e curta duração (vHPSD; 70-90 W) não demonstrou uma variação estatisticamente significativa nas taxas de recorrência da FA (OR 0,91; IC 95% 0,50 - 1,67; p=0,769; I2 = 48%) e complicações associadas (OR 1,04; IC 95% 0,38 - 2,86; p=0,933; I2 = 0%). CONCLUSÃO: Os dados desta metaanálise revelam que não houve diferença significativa na recorrência da FA e nas complicações entre a técnica de muito alta potência de curta duração e a técnica de alta potência de curta duração.
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Fibrilação Atrial , Interpretação Estatística de Dados , Indicadores de Qualidade em Assistência à SaúdeRESUMO
INTRODUÇÃO: A rápida restauração do fluxo sanguíneo em pacientes com infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCSST) através da intervenção coronariana percutânea (ICP) é crucial para a sobrevivência desta população. As tentativas de diminuir o tempo desde o diagnóstico do IAMCSST até a chegada ao laboratório de cateterismo têm sido extensivamente investigadas. Contudo, faltam estratégias que visem reduzir o tempo intraprocedimento. OBJETIVO: Portanto, realizamos uma meta-análise para avaliar a revascularização do vaso culpado antes da angiografia completa como estratégia para minimizar atrasos na ICP primária em pacientes com IAMCSST. MÉTODOS: Pesquisamos na PubMed, Embase e Cochrane Central. Os desfechos de interesse foram: tempo acesso vascular-balão, tempo porta-balão, tempo primeiro contato médico-balão, mortalidade hospitalar, mortalidade em 30 dias, mortalidade em 1 ano, mortalidade cardíaca em 30 dias, reinfarto em 30 dias, sangramento BARC ≥ tipo 3, encaminhamento para cirurgia de revascularização do miocárdio e FEVE %. A análise estatística foi realizada no programa R (versão 4.3.2). A heterogeneidade foi avaliada com estatística I2. RESULTADOS: Incluímos 2.050 pacientes de 6 estudos, dos quais 2 eram ECRs e 4 estudos observacionais. A mediana de acompanhamento variou de 17 a 65 meses. A revascularização do vaso culpado antes da angiografia completa foi associada a uma diminuição estatisticamente significativa dos tempos: acesso vascular-balão (MD -6,79; IC 95% [- 8,00, - 5,58]; p<0,01; I2 = 82%) e porta-balão (MD -9,02; IC 95% [− 12,83, − 5,22]; p<0,01; I2 =93%). Além disso, a abordagem inicial da artéria culpada com a ICP foi associada ao aumento da FEVE (MD 1,90; IC95% 0,77 − 3,04]; p<0,01; I2 =82%). Não houve diferença significativa entre os grupos em termos de mortalidade hospitalar (RR 1,15; IC 95% 0,34 - 3,87; p=0,823; I2 =0%), mortalidade em 1 ano (RR 0,83; IC 95% 0,59 - 1,17; p =0,282; I2 =0%), mortalidade cardíaca em 30 dias (RR 0,77; IC 95% 0,38 - 1,57; p=0,472; I2 =0%) e reinfarto em 30 dias (RR 1,02; IC 95% 0,29 - 3,58; p=0,980; CONCLUSÃO: Nesta meta-análise abrangente de pacientes que apresentaram IAMCSST, a realização da ICP na lesão culpada antes da angiografia coronária completa levou a tempos de reperfusão significativamente mais curtos, sem diferenças discerníveis nas taxas de complicações.
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Angiografia Coronária , Indicadores de Qualidade em Assistência à Saúde , Infarto do Miocárdio , Circulação Sanguínea , Reperfusão , Mortalidade HospitalarRESUMO
INTRODUÇÃO: O reparo transcateter borda a borda utilizando o dispositivo MitraClip é uma ótima alternativa para tratar pacientes com insuficiência mitral e com alto risco cirúrgico. No entanto, a eficácia e segurança da nova geração de MitraClip versus as gerações anteriores não estão bem estabelecidas. OBJETIVO: Portanto, nosso objetivo foi realizar uma meta-análise explorando as gerações de MitraClip no reparo borda a borda da valva mitral por transcateter. MÉTODOS: Pesquisamos no PubMed, Embase e Cochrane Central estudos comparando dispositivos MitraClip de quarta geração com as gerações mais precoces em pacientes com regurgitação mitral (RM) tratados com reparo transcateter borda a borda. Os desfechos foram grau de RM, RM residual >2+, sucesso técnico, sucesso do dispositivo, número de clipes, NYHA III ou IV e mortalidade por todas as causas. A análise estatística foi realizada utilizando o programa R (versão 4.3.2). A heterogeneidade foi avaliada com estatística I2. RESULTADOS: Incluímos 2.123 pacientes de 6 estudos observacionais. Os resultados agrupados não revelaram diferença estatisticamente significativa no grau de RM ≤ 2+ após o procedimento (95,9% vs 95,7%; OR 1,05; IC 95% 0,68 - 1,62; p=0,839; I2 =0%), grau de RM ≤ 1+ após procedimento (OR 0,97; IC 95% 0,71 - 1,32; p=0,857; I2 =42%), sucesso do dispositivo (OR 1,20; IC 95% 0,87 - 1,68; p=0,275; I2 =0%), sucesso técnico (OR 0,98; IC 95% 0,66 - 1,46; p=0,919; I2 =0%) entre grupos de quarta geração e gerações iniciais. Entretanto, a opção pelo MitraClip de quarta geração em pacientes com insuficiência mitral foi associada a um maior número de pacientes que necessitaram de apenas 1 clipe durante o procedimento (OR 2,06; IC 95% 1,23 - 3,46; p = 0,007; I2 = 0%). CONCLUSÃO: Os dados desta meta-análise revelaram que não houve diferença significativa na redução da regurgitação mitral, na taxa de pacientes com NYHA III e IV e na mortalidade por todas as causas entre as gerações de MitraClip. Embora o uso da quarta geração estivesse associado a uma menor necessidade de clipes durante o procedimento.
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Valva Mitral , Insuficiência da Valva Mitral , Características da Família , Interpretação Estatística de Dados , Indicadores de Qualidade em Assistência à Saúde , Cooperação InternacionalRESUMO
BACKGROUND: The benefit of catheter ablation for atrial fibrillation (AF) in patients with heart failure with preserved ejection fraction (HFpEF) remains uncertain. OBJECTIVE: We performed a systematic review and meta-analysis to compare catheter ablation and medical therapy (antiarrhythmics for rhythm or rate control) in patients with AF and HFpEF. METHODS: We searched PubMed, Embase, and Cochrane Central Register of Controlled Trials. Outcomes were the composite end points of death or heart failure (HF) hospitalization, all-cause death, cardiovascular death, all-cause rehospitalization, and HF hospitalization. Statistical analysis was performed using R statistical software, version 4.3.2 (R Foundation for Statistical Computing). Heterogeneity was assessed with I2 statistics. RESULTS: We included 20,257 patients from 8 studies. Of those, 3 were derived from RCTs, either through post hoc analysis or subgroup analysis, and 5 were observational studies. The median follow-up ranged from 24.6 to 61.2 months. Compared with medical therapy, catheter ablation was associated with a statistically significant lower risk of death or HF hospitalization (hazard ratio [HR] 0.62; 95% confidence interval [CI] 0.47-0.83; P = .001; I2 = 66%), all-cause death (HR 0.68; 95% CI 0.46-0.99; P = .047; I2 = 61%), cardiovascular death (HR 0.42; 95% CI 0.21-0.84; P = .014; I2 = 22%), and HF hospitalization (HR 0.43; 95% CI 0.23-0.82; P = .011; I2 = 87%). CONCLUSION: In this meta-analysis, catheter ablation was associated with a lower risk of all-cause death, cardiovascular death, HF hospitalization, and all-cause rehospitalization in comparison to medical therapy in patients with AF and HFpEF.
Assuntos
Fibrilação Atrial , Ablação por Cateter , Insuficiência Cardíaca , Volume Sistólico , Humanos , Antiarrítmicos/administração & dosagem , Fibrilação Atrial/complicações , Fibrilação Atrial/mortalidade , Fibrilação Atrial/fisiopatologia , Fibrilação Atrial/cirurgia , Fibrilação Atrial/terapia , Ablação por Cateter/métodos , Ablação por Cateter/estatística & dados numéricos , Insuficiência Cardíaca/complicações , Insuficiência Cardíaca/mortalidade , Insuficiência Cardíaca/fisiopatologia , Insuficiência Cardíaca/terapia , Volume Sistólico/efeitos dos fármacos , Volume Sistólico/fisiologiaRESUMO
BACKGROUND The benefit of catheter ablation in patients with atrial fibrillation (AF) for patients with heart failure with preserved ejection fraction (HFpEF) remains uncertain. OBJECTIVE We conducted a systematic review and meta-analysis to compare catheter ablation and medical therapy (antiarrhythmics for rhythm or rate control) in patients with AF and HFpEF. METHODS We searched PubMed, Embase and Cochrane Central. Outcomes were the composite endpoints of death or heart failure (HF) hospitalization, all-cause-death, cardiovascular death, all-cause-rehospitalization and HF hospitalization. Statistical analysis was performed using the R program (version 4.3.2). Heterogeneity was assessed with I2 statistics. RESULTS We included 20,257 patients from 8 studies. Of those, 3 were derived from RCTs, either through post-hoc analysis or subgroup analysis, and 5 were observational studies. The median follow-up ranged from 24.6 to 61.2 months. As compared to medical therapy, catheter ablation was associated with a statistically significant lower risk of death or HF hospitalization (HR 0.62; 95% CI 0.47 - 0.83; p=0.001; I2 =66%), all-cause-death (HR 0.68; 95% CI 0.46 - 0.99; p=0.047; I2 =61%), cardiovascular death (HR 0.42; 95% CI 0.21 - 0.84; p=0.014; I2 =22%) and HF hospitalization (HR 0.43; 95% CI 0.23 - 0.82; p=0.011; I2 =87%). CONCLUSION In this meta-analysis, catheter ablation was associated with lower risk of the all-cause mortality, cardiovascular death, HF hospitalization and all-cause-rehospitalization in comparison to medical of patients with AF and HFpEF.