Introdução:
A
isotretinoína (13-cis-
ácido retinóico) é a substância ativa do
medicamento Roacutan®,
retinoide de ação antisseborreica específico para
tratamento oral de
acne grave. Contudo, o uso indiscriminado deste
medicamento para
tratamento de
acne, sem o
conhecimento dos efeitos causados ao
feto, contribui para ocorrência de
malformações irreversíveis na
criança.
Objetivo:
Relatar os impactos induzidos pelo uso da
isotretinoína (Roacutan®) na
gestação.
Método:
Os dados foram coletados, após aprovação pelo CEP/UNIFIPA, por meio de
questionários distribuídos on-line para
mulheres previamente contatadas via
internet em sites sobre o tema
gestação e Roacutan® e convidadas a participar do estudo por meio de plataforma específica. Doze
mulheres com idades entre 27 e 37 anos responderam o
questionário, residentes nos estados de São Paulo,
Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul, sendo três
profissionais da área de
saúde, três das áreas de humanas e exatas e seis de outras áreas.
Resultados:
As participantes relataram o uso do
medicamento entre os anos de 2012 e 2018, por questões estéticas, quando estavam com idade entre 22 e 35 anos, por períodos
menores que 20 dias (20%), de um mês a três meses (50%), seis meses (20%) e dez meses (10%), na
dosagem de 20 mg, com
ingestão de um (80%) a dois
comprimidos por dia. Todas usaram o
medicamento após
prescrição médica e foram alertadas para fazerem uso de
anticoncepcional. Contudo, duas
mulheres engravidaram antes do início do
tratamento (20%), oito durante o uso do
medicamento (80%), sendo que maioria das
mulheres usou o
medicamento durante o primeiro mês de
gestação (70%), uma até o segundo mês (10%) e duas até o terceiro mês (20%). A maioria informou que foi a primeira
gestação (67%) e nenhuma delas teve outro filho depois. Ao saberem da
gravidez com o uso concomitante do
medicamento todas as
mães relataram receio de
malformações, especialmente relacionadas a defeitos neurológicos e cardíacos. Após o
nascimento, oito bebês (80%) ficaram internados na
UTI por períodos de dois a 25 dias e um deles veio a
óbito. Com exceção de uma
criança que não apresentou malformação, todas as outras apresentaram
malformações como
microtia e
anotia uni ou bilateral,
fenda palatina,
paralisia facial uni ou bilateral e cardiopatia, na maioria dos
casos em
associação. Duas das
crianças afetadas (20%) passaram por
procedimentos cirúrgicos. Atualmente, todas as
crianças estão bem de
saúde, de forma geral. Nenhuma das participantes fez novo uso da
isotretinoína e a maioria (90%)
alerta outras
mulheres sobre os
riscos do
medicamento em uma possível
gestação. Uma das participantes
alerta também os
homens que fazem uso de
isotretinoína. A única
mulher que não informa sobre os efeitos
teratogênicos do
medicamento, coincidentemente, é de quem a
criança não apresentou
malformações congênitas.
Conclusão:
Embora esteja bem estabelecido o
caráter teratogênico da
isotretinoína na
gestação e o
medicamento seja usado mediante
prescrição médica e com indicação de não engravidar, ainda os
casos de
gestação durante o
tratamento são comuns. Dessa forma, é importante que campanhas de
conscientização sobre esse assunto sejam realizadas de maneira continuada.(AU)
Introduction:
Isotretinoin (13-cis
retinoic acid) is the active substance in Roacutan®, a specific anti-seborrhoic
retinoid for oral severe
acne treatment. However, the indiscriminate use of this
medicine for
acne treatment, without
knowledge of the effects caused to the
fetus, contributes to the occurrence of irreversible malformations in
children.
Objectives:
Report the impacts induced by the use of
isotretinoin (Roacutan®) during
pregnancy.
Method:
Data were collected, after approval by CEP/UNIFIPA, through
questionnaires distributed online to
women previously contacted via the
Internet on
pregnancy and Roacutan® websites and invited to participate to the study through a specific platform. Twelve
women aged between 27 and 37 years old answered the
questionnaire, they live in São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, Paraná and Rio Grande do Sul states. Three of them are
health professionals, three are from the
humanities and six from other fields.
Results:
Participants reported the use of the
drug between 2012 and 2018, for aesthetic reasons, when they were
aged 22 to 35 years old. The reported periods were shorter than 20 days (20%), from one month to three months (50%), six months (20%) and ten months (10%), at a
dosage of 20mg, with the
ingestion of one (80%) to two
tablets per day. All used the
drug after
prescription and were warned to use
contraceptive. However, two
women became pregnant before
treatment (20%) and eight during medication use (80%). Most
women used the
drug during the first month of
pregnancy (70%), one until the second month. (10%) and two until the third month (20%). Most reported that it was their first
pregnancy (67%) and none of them had another
child afterwards. Upon knowing about
pregnancy with concomitant use of the
drug all
mothers reported
fear of malformations, especially related to neurological and cardiac defects. After
birth, eight babies (80%) were admitted to the ICU (
Intensive Care Unit) for periods of two to 25 days and one of them died. Except for one
child who had no malformation, all the others presented malformations such as unilateral and bilateral
microtia and
anotia,
cleft palate, unilateral or bilateral
facial paralysis and
heart disease, in most cases in
association. Two of the affected
children (20%) underwent
surgical procedures. Today all
children are in good
health overall. None of the participants made new use of
isotretinoin and most of them (90%) warn other
women about the
risks of the
drug in a possible
pregnancy. One of the participants also warns
men who use
isotretinoin.
Conclusion:
The only
woman who does not
report about the teratogenic effects of the
drug, coincidentally, is whose
child did not have
congenital malformations. Although the teratogenic
character of
isotretinoin in
pregnancy is well established and the
drug is used under medical
prescription and doctors indicate
contraceptive use,
pregnancy is still common during
treatment. Therefore, it is important that
awareness campaigns on this subject be carried out on a continuous basis.(AU)
Introducción:
La
isotretinoína (
ácido 13-cis retinoico) es el principio activo de Roacutan®, un
retinoide antiseborreico específico para el
tratamiento oral del
acné severo. Sin embargo, el uso indiscriminado de este
medicamento para el
tratamiento del
acné, sin conocer los efectos causados al
feto, contribuye a la aparición de
malformaciones irreversibles en los
niños.
Objetivo:
Informar los impactos inducidos por el uso de
isotretinoína (Roacutan®) durante el
embarazo.
Método:
Los datos se recopilaron, después de la aprobación del CEP/UNIFIPA, a través de
cuestionarios distribuidos en línea a
mujeres previamente contactadas a través de
Internet sobre sitios de
embarazo y Roacutan® e invitadas a participar en el estudio a través de una plataforma específica. Doce
mujeres de 27 a 37 años respondieron el
cuestionario, que residen en los estados de São Paulo,
Minas Gerais, Bahía, Río de Janeiro, Paraná y Rio Grande do Sul, siendo tres
profesionales de la salud, tres de los
humanos y y seis de otras áreas.
Resultado:
Los participantes informaron el uso de la
droga entre 2012 y 2018, por razones estéticas, cuando tenían entre 22 y 35 años, por períodos de menos de 20 días (20%), de un mes a tres meses (50%) , seis meses (20%) y diez meses (10%), a una
dosis de 20 mg, con la
ingestión de una (80%) a dos
tabletas por día. Todos usaron el
medicamento después de la prescripción y se les advirtió que usaran
anticonceptivos. Sin embargo, dos
mujeres quedaron
embarazadas antes del inicio del
tratamiento (20%), ocho durante el uso de medicamentos (80%), y la mayoría de las
mujeres usaron el
medicamento durante el primer mes de
embarazo (70%), una hasta el segundo mes. (10%) y dos hasta el tercer mes (20%). La mayoría informó que era su primer
embarazo (67%) y ninguno de ellos tuvo otro hijo después. Al enterarse del
embarazo con el uso concomitante de la
droga, todas las
madres informaron
temor a
malformaciones, especialmente relacionadas con defectos neurológicos y cardíacos. Después del
nacimiento, ocho bebés (80%) fueron ingresados en la
UCI por períodos de dos a 25 días y uno de ellos murió. A excepción de un
niño que no tenía malformación, todos los demás tenían
malformaciones como microthay y anotación unilateral y bilateral,
paladar hendido,
parálisis facial unilateral o bilateral y
enfermedad cardíaca, en la mayoría de los
casos en combinación. Dos de los
niños afectados (20%) se sometieron a
procedimientos quirúrgicos. Hoy todos los
niños gozan de buena
salud en general. Ninguno de los participantes hizo un nuevo uso de
isotretinoína y la mayoría (90%) advierte a otras
mujeres sobre los riesgos del
medicamento en un posible
embarazo. Uno de los participantes también advierte a los
hombres que usan
isotretinoína. La única
mujer que no informa sobre los efectos teratogénicos de la
droga, casualmente, es cuyo hijo no tuvo
malformaciones congénitas.
Conclusión:
Aunque el
carácter teratogénico de la
isotretinoína en el
embarazo está bien establecido y el
medicamento se usa con
receta médica y con una indicación de no quedar embarazada, el
embarazo sigue siendo común durante el
tratamiento. Por lo tanto, es importante que las campañas de sensibilización sobre este tema se lleven a cabo de manera continua.(AU)