Ação dos inibidores plasmáticos humanos sobre a atividade da proteinase do Trypanosma cruzi (Chagas, 1909) / Action plasma inhibitors of human activity on the proteinase of Trypanosma cruzi (Chagas, 1909)

RESUMO

No presente trabalho procuramos obter informações sobre as proteínas responsáveis pela atividade inibitória dos soros humanos normais sobre a atividade, proteolítica da proteinase do Trypanosoma cruzi. Na investigação destas proteínas foram realizados testes de inibição da atividade proteinásica com amostras de soros fracionados por eletroforese em gel de agarose e por cromatografia em coluna de Sephadex G-200. Através destes testes foi demonstrado que a atividade inibitória dos soros era mediada por proteínas como mobilidade eletroforética nas regiões das alfa-globulinas, que por sua vez foram eluidas em diferentes volumes da gel-filtração do soro, indicando que possuiam diferentes pesos moleculares. Utilizando-se preparações purificadas de antitrombina III e de alfal-antitripsina foi demonstrada a atividade inibitória destas proteínas sobre a ação proteinásica da enzima do Trypanosoma cruzi. A avaliação da atividade inibitória dos soros procedentes de pacientes com a Doença de Chagas crônica, sobre a proteinase do T. cruzi, indicou uma diminuição desta atividade nas formas clínicas assintomática e cardíaca da doença, enquanto que a mesma se apresentou aumentada nos soros dos pacientes chagásicos com manifestações clínicas digestivas. Foram dosados os níveis de alfa2-macroglobulina, de antitrombina III e de alfal-antitripsina nos soros destes pacientes com a Doença de Chagas crônica, tendo sido verificado que, com exceção da diminuição dos níveis séricos de alfa2-macroglobulina nos indivíduos chagásicos com a forma clínica digestiva, estas proteínas apresentaram-se quantitativamente inalteradas durante esta fase da infecção pelo Trypanosoma cruzi, independentemente da forma clínica testada. Estes resultados sobre a atividade inibitória e níveis de inibidores nos soros dos pacientes chagásicos na fase crônica sugerem uma inativação de parte destas proteínas durante esta fase da doença, assim como a presença de anticorpos com especificidade para a proteinase do Trypanosoma cruzi, produzidos durante a infecção, que poderiam ser capazes de bloquear a atividade proteolítica desta enzima.