Violência doméstica durante a gestação: um estudo descritivo em uma unidade básica de saúde no Rio de Janeiro. / Domestic violence during pregnancy: a descriptive study in a basic health unit in Rio de Janeiro, Brazil.

RESUMO

Há poucos estudos nacionais sobre prevalência da violência na gestação desenvolvidos em unidades básicas de saúde. Estimou-se a prevalência da violência doméstica durante a gestação em 331 mulheres atendidas no terceiro trimestre em um ambulatório público de pré-natal no Rio de Janeiro, durante o período de um ano (2006-2007). Utilizou-se o Abuse Assessment Screen para a avaliação de violência na gestação. Os principais resultados encontrados foram 42,6% de maus-tratos ao longo da vida, 9,4% de violência física no último ano, 5,1% de violência durante a gestação, 2,1% de abuso sexual e 5,4% de medo. Encontrou-se associação com depressão durante a gestação, eventos estressantes, abuso de álcool/drogas, história de baixo peso ao nascer e prematuridade. Nossos dados poderão auxiliar em uma maior compreensão entre a associação da violência e fatores clínico-epidemiológicos que podem ocorrer durante a gestação, facilitando a identificação de situação de risco de violência ainda no pré-natal e, assim, promover ações que reduzam as consequências à saúde materno-fetal.

ABSTRACT

Data on prevalence of violence during pregnancy carried out in public health units are scarce in Brazil. We estimated the prevalence of domestic violence during pregnancy on a sample of 331 women seen in the third trimester of pregnancy in a public health clinic in Rio de Janeiro, over a one-year period (2006-2007). The Abuse Assessment Screen was used for detecting violence during pregnancy. The main results were 42.6% of ill-treatment over lifetime, 9.4% of physical violence last year, 5.1% of violence during pregnancy, 2.1% of sexual abuse and 5.4% of fear. We found significant association between violence during pregnancy and the following factors depression during pregnancy, stressful events, alcohol/drugs abuse, history of low birth weight and prematurity. Our findings may help in better understanding the association between violence and the clinical and epidemiological factors that may occur during pregnancy, facilitating the identification of risk factors of violence during the prenatal assessment and thus promote actions that reduce its consequences on maternal-fetal health.