RESUMO
A mulher brasileira tem vivido mais que o homem, como ocorre em países industrializados centrais. Nesses países paradoxalmente, as mulheres apresentam indicadores de morbidade mais altos que os homens. O conhecimento sobre o padräo nacional pode ajudar a compreender os determinantes de sua própria realidade, permitindo antecipar tendências futuras e adequar os serviços de saúde. Com esta perspectiva foi feito um estudo de morbidade, a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE) de 1986, em dez Estados brasileiros, construindo-se coeficientes de prevalência de morbidade, de demanda e de utilizaçäo de serviços segundo sexo, e padronizados por idade pelo método direto. Como medida dos diferenciais, usou-se razöes entre os sexos. A sobremorbidade feminina foi constante em todas as regiöes. Os diferenciais de uso de serviços apresentaram variaçäo regional, sugerindo relaçäo com a oferta de serviços de saúde. Os diferenciais foram nulos na infância; assumiram seus maais altos valores na idade reprodutiva das mulheres, diminuindo depois dos 60 anos. O padräo foi quase constante em todo o país. Parte do fenômeno pode ser explicada por fatores de ordem metodológica. Contudo, os resultados foram semelhantes aos de outros países. As transformaçöes profundas no padräo reprodutivo e na inserçäo social da mulher brasileira têm seu impacto sobre a saúde e o consumo de serviços ainda näo avaliado. Recomenda-se a realizaçäo de estudos mais específicos que contribuam para a reorganizaçäo do sistema de saúde de modo equânime e universal