RESUMO
Resumo Fundamento O isolamento elétrico das veias pulmonares é reconhecidamente base fundamental para o tratamento não farmacológico da fibrilação atrial (FA) e, portanto, tem sido recomendado como passo inicial na ablação de FA em todas as diretrizes. A técnica com balão de crioenergia, embora amplamente utilizada na América do Norte e Europa, ainda se encontra em fase inicial em muitos países em desenvolvimento, como o Brasil. Objetivo Avaliar o sucesso e a segurança da técnica de crioablação em nosso serviço, em pacientes com FA paroxística e persistente. Métodos Cento e oito pacientes consecutivos com FA sintomática e refratária ao tratamento farmacológico foram submetidos à crioablação para isolamento das veias pulmonares. Os pacientes foram separados em dois grupos, de acordo com a classificação convencional da FA paroxística (duração de até sete dias) e persistente (FA por mais de sete dias). Dados de recorrência e segurança do procedimento foram analisados respectivamente como desfechos primário e secundário. O nível de significância adotado foi de 5%. Resultados Cento e oito pacientes, com idade média de 58±13 anos, 84 do sexo masculino (77,8%), foram submetidos ao procedimento de crioablação de FA. Sessenta e cinco pacientes apresentavam FA paroxística (60,2%) e 43, FA persistente (39,2%). O tempo médio do procedimento foi de 96,5±29,3 minutos e o tempo médio de fluoroscopia foi de 29,6±11,1 minutos. Foram observadas cinco (4,6%) complicações, nenhuma fatal. Considerando a evolução após os 3 meses iniciais, foram observadas 21 recorrências (19,4%) em período de um ano de seguimento. As taxas de sobrevivência livre de recorrência nos grupos paroxístico e persistente foram de 89,2% e 67,4%, respectivamente. Conclusão A crioablação para isolamento elétrico das veias pulmonares é um método seguro e eficaz para tratamento da FA. Nossos resultados estão consoantes com demais estudos, que sugerem que a tecnologia pode ser utilizada como abordagem inicial, mesmo nos casos de FA persistente. (Arq Bras Cardiol. 2020; [online].ahead print, PP.0-0)
Abstract Background Electrical isolation of the pulmonary veins is recognized as the cornerstone of non-pharmacological treatment of Atrial Fibrillation (AF), and therefore, has been recommended as the first step in AF ablation according to all guidelines. Even though the cryoballoon technology is widely used in North America and Europe, this experience is still incipient in many developing countries such as Brazil. Objective To evaluate initial results regarding success and safety of the new technology in patients with persistent and paroxysmal AF. Methods One hundred and eight consecutive patients with symptomatic AF refractory to pharmacological treatment were submitted to cryoablation for isolation of the pulmonary veins. Patients were separated into two groups according to AF classification: persistent (AF for over one week); or paroxysmal (shorter episodes). Recurrence and procedural safety data were analyzed respectively as primary and secondary outcomes. The level of significance was 5%. Results One hundred and eight patients, with mean age 58±13 years, 84 males (77.8%), underwent cryoablation. Sixty-five patients had paroxysmal AF (60.2%) and 43 had persistent AF (39.2%). The mean time of the procedure was 96.5±29.3 minutes and the mean fluoroscopy time was 29.6±11.1 minutes. Five (4.6%) complications were observed, none fatal. Considering a blanking period of 3 months, 21 recurrences (19.4%) were observed in a one-year follow-up period. The recurrence-free survival rates of AF in the paroxysmal and persistent groups were 89.2% and 67.4%, respectively. Conclusion Cryoablation for electrical isolation of the pulmonary veins is a safe and effective method for the treatment of AF. Our results are consistent with other studies suggesting that this technology can be used as an initial technique even in cases of persistent AF.
Assuntos
Humanos , Masculino , Idoso , Veias Pulmonares/cirurgia , Fibrilação Atrial/cirurgia , Ablação por Cateter , Criocirurgia , Recidiva , Brasil , Resultado do Tratamento , Pessoa de Meia-IdadeRESUMO
Objetivo - Avaliar o papel da abstenção alcoólica, no período de 12 meses, na cardiomiopatia alcoólica (CMA) com disfunção ventricular de grau moderado, em pacientes tratados com esquema anticongestivo. Métodos - Estudo observacional prospectivo com 20 pacientes com CMA, 9 (45%) na classe funcional (CF) II e 11 (55%) na CF III, 16 (80%) homens, predomínio de negros (55%), de 35 a 56 (x=45) anos, com consumo pesado de álcool (>80g etanol/dia), por período de 51 a 112 (x=85) meses, que concordaram, inicialmente, em particular de programa de apoio, com psicoterapia de grupo, além do acompanhamento clínico com realização de exames não invasivos, antes do início do programa e após 12 meses da terapia, e foram divididos em dois grupos, o 1 (G-I) constituído pelos que atingiram a abstinência e o 2 (G-II) pelos não abstêmios. Resultados - Após 12 meses, 11 (55%) pacientes permaneciam em terapia de apoio, 8 (72,72%) no G-I, enquanto os 9 (45%) que não se mantiveram no programa, apenas 2 (22,22%) tinham logrado abstinência (G-I). Ao fim da avaliação, alcançamos número igual de pacientes entre os grupos. Comparando os grupos observamos: a) menores valores médios dos diâmetros sistólicos (DSVE) e diastólico (DDVE) do ventrículo esquerdo no G-I; b) maior número de internações no G-II (3) em relação ao G-I (1); c) na evolução clínica, maior número de pacientes do G-I, entre os que apresentaram melhoras (3 G-I e 1 G-II) e que permaneceram inalterados (6 G-I e 3 G-II), além do maior número de pioras entre o G-II (1 G-I e 5 G-II). Conclusão - Apesar do desejo inicial favorável, a abstinência só foi obtida em 50% dos pacientes com CMA e disfunção ventricular moderada, porém, quando alcançada, apresentou melhor evolução (melhoras + inalterados = 90%), com maior redução do DSVE e do DDVE (p<0,001), devendo sempre ser perseguida mesmo na presença de moderada disfunção ventricular.
Assuntos
Adulto , Pessoa de Meia-Idade , Feminino , Humanos , Cardiomiopatia Alcoólica/terapia , Temperança , Disfunção Ventricular/complicações , Alcoolismo/psicologia , Cardiomiopatia Alcoólica/complicações , Cardiomiopatia Alcoólica/fisiopatologia , Seguimentos , Indicadores Básicos de Saúde , Estudos Prospectivos , Psicoterapia de Grupo , Índice de Gravidade de Doença , Fatores de TempoRESUMO
Objetivo Avaliar a síncope em pacientes com cardiopatia chagásica crônica associada a distúrbios da condução intraventricular. Métodos Nove pacientes, idade média de 49 anos, sendo 7 do sexo masculino. O estudo consistiu de eletrograma do feixe de His, determinação do período Wenckebach (PW) da condução atrioventricular, tempo de recuperação atrioventricular, tempo de recuperação do nó sinusal (TRNS), estabilidade atrial e estimulação ventricular programada (EVP). Resultados Taquicardia ventricular (TV) monomórfica foi induzida em cinco pacientes (55,5%). Depressão do PW foi observada em três (33,8%) e o TRNS foi normal em todos. Em um caso o estudo eletrofisiológico (EEF) foi inteiramente normal. Dos cinco casos de TV induzida, em seguimento médio de sete meses, um faleceu subitamente, três tornaram-se assintomáticos com o uso de antiarrítmicos e um foi encaminhado para tratamento não farmacológico. Dos quatro pacientes restantes, com acompanhamento médio de 21 meses, três estão assintomáticos e um apresenta tonteiras eventuais (paciente com estudo normal). Dos cinco indivíduos com TV, quatro apresentavam síncope recorrente, enquanto que dos quatro sem TV, todos tiveram um único episódio de síncope. Conclusão Nos pacientes com distúrbio de condução intraventricular, cardiopatia chagástica e síncope, TV pode ser responsável pelo sintoma em aproximadamente 44% dos casos. A EVP deve ser considerada como rotina na avaliação destes pacientes.
Purpose To evaluate causes of syncope in patients with Chagas disease and intraventricular conduction disturbances. Methods Nine patients have been studied, being sevem males. Average of 49 years. The studied consisted of His Bundle electrogram, determination of Wenckebach period (WP), sinus node recovery time (SNRT), atrial stability and programmed ventricular stimulation (PVS).Results Monomorphic ventricular tachycardia (VT) was induced in fave patients (55.5%), WP depression was observed in three cases, H-V interval prolongation occurred in three cases and the SNRT was normal in hall patients. In one case the electrophysiological study was completely normal. Among five patients with induced VT, with a mean follow-up period of seven months, one died suddenly, three became assymptomatic with antiarrhithmic drugs and one went on a non pharmacological therapy. In the other four patients with a mean follow-up period of 21 months, three are assymptomatic and one presents occasional dizziness (patient with a normal study). Among the patients with VT four presented recurrent syncope while in the group of patients without VT (four patients) all had only one syncopal episode.Conclusion Patients with intraventricular disturbances, Chagas disease and syncope, VT may be responsible for the symptoms in approximately 44% of cases. The PVS must be considered as a routine in the investigation of these patients.