RESUMO
Os autores estudaram um surto de Leptospirose ocorrido entre técnicos manipuladores de animais experimentais no Campus da USP de Ribeiräo Preto em 1988. Nos meses de maio e junho foram notificados seis casos suspeitos de Leptospsirose naqueles profissionais, tendo sido confirmados clínica e laboratoriamente dois deles. A investigaçäo epidemiológica realizada constou de um inquérito sorológico em amostra de 347 animais do Biotério Geral do Campus; um inquérito sorológico entre 66 técnicos de laboratório considerados expostos ao risco de infecçäo (e mais 61 outras pessoas näo expostas ao risco tomadas como comparaçäo); além da pesquisa de roedores na área do Biotério e da investigaçäo domiciliar dos casos suspeitos. O resultado da investigaçäo mostrou soronegatividade em todos os animais de experimentaçäo reproduzidos em cativeiro, nos gatos e nos gambás; entretanto resultaram positivas 17% das amostras sorológicas dos cäes, 43% das amostras nos carneiros, além dos dois cavalos examinados. O inquérito sorológico entre técnicos manipuladores de animais evidenciou duas amostrs positivas (3%) no grupo exposto ao risco, enquanto no grupo tomado para comparaçäo todas as amostras resultaram negativas. A procura de sinais indicativos da presença de roedores domésticos näo demonstrou evidências desses animais nas instalaçöes do Biotério Geral, embora nelas houvesse possibilidade de comunicaçäo com o meio externo. Concluiu-se, diante das evidências encontradas (e levando-e em consideraçäo os antecedentes epidemiológicos sobre a ocorrência de Leptospirose entre técnicos do Campus da USP de Ribeiräo Preto) que embora näo tenha sido possível identificar a fonte de infecçäo de maneira inquestionável, esse grupo profissional deve ser considerado como grupo de risco em relaçäo à Leptospirose, e que seu local de trabalho constituiu-se no mais provável local de infecçäo, até prova em contrário