RESUMO
A visibilidade social e acadêmica de homens transexuais deu-se tardiamente em comparação com mulheres trans. Ainda mais invisíveis são as experiências de transição dos homens trans negros, que agregam a intersecção gênero-raça. Este estudo qualitativo teve por objetivo analisar como homens transexuais negros vivenciam suas experiências de transição de gênero, à luz do conceito de interseccionalidade. Participaram quatro homens que se autodeclararam transexuais e negros, de 22 a 33 anos. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, seguidas de análise temática. Os resultados apontam que o reconhecimento social das identidades transmasculinas advém do racismo, quando este se intersecciona com a transfobia. À medida que o sujeito passa a ser lido como homem, recebe o atributo racista de "perigoso". A baixa empregabilidade é uma das consequências perversas dessa leitura que articula dois eixos de subordinação: transgeneridade e raça. Há urgência de políticas públicas para que se interrompa esse ciclo de desempoderamento interseccional
The social and academic visibility of transsexual men happened later than that of transgender women. Even more invisible are the transition experiences of Black trans men as they aggregate the gender-race intersection. This qualitative study aimed to analyze how Black transgender men experience their gender transition in light of the concept of intersectionality. In total, four men, aged 22-33 years, who declared themselves Black and transsexual participated in this study. Semi-structured interviews were conducted, followed by thematic analysis. Results indicate that the social recognition of transmasculine identities crosses racism when it intersects with transphobia. To the extent that they are recognized as men, they receive the racist attribute of "dangerous." Low employability is one of the perverse consequences of this reading, which articulates two axes of subordination: transgender and race. Breaking this cycle of intersectional disempowerment urgently requires public policies
La visibilité sociale et académique des hommes transgenres est arrivée tardivement, par rapport aux femmes transgenres. Plus invisibles encore sont les expériences de transition des hommes noirs transgenres, qui cumulent l'intersection entre le sexe et la race. Cette étude qualitative visait à analyser la manière dont les hommes transsexuels noirs vivent leurs expériences de transition de genre à la lumière du concept d'intersectionnalité. Quatre hommes qui se sont déclarés noirs et transsexuels, âgés de 22 à 33 ans, ont participé à l'enquête. Des entretiens semi-structurés ont été menés, suivis d'une analyse thématique. Les résultats montrent que la reconnaissance sociale des identités transmasculines passe par le racisme, lorsqu'il s'entrecroise avec la transphobie. Au fur et à mesure que le sujet est lu comme un homme, il reçoit l'attribut raciste de « dangereux ¼. La faible employabilité est l'une des conséquences perverses de cette lecture qui articule les deux axes de subordination: le transgenre et la race. Il est urgent que les politiques publiques brisent ce cycle de désautonomisation intersectionnelle
La visibilidad social y académica de los hombres transexuales llegó tarde en comparación con la de las mujeres transexuales. Aún más invisibles son las experiencias de transición de los hombres negros trans, que agregan la intersección género-raza. Este estudio cualitativo tuvo por objetivo analizar las vivencias de los hombres negros transexuales respecto a la transición de género a la luz del concepto de interseccionalidad. Participaron cuatro hombres que se declararon negros y transexuales, de entre 22 y 33 años de edad. Se realizaron entrevistas semiestructuradas, y posteriormente análisis temáticos. Los resultados muestran que el reconocimiento social de las identidades transmasculinas se da mediante el racismo cuando este se cruza con la transfobia. Cuando el sujeto es visto como un hombre, recibe el atributo racista de "peligroso". La baja empleabilidad es una de las consecuencias perversas de esta lectura que articula los dos ejes de subordinación: la transexualidad y la raza. Es urgente que las políticas públicas rompan este ciclo de desempoderamiento interseccional.
Assuntos
Humanos , Masculino , Adulto , Negro ou Afro-Americano , Racismo , Pessoas Transgênero , Identidade de Gênero , Pesquisa Qualitativa , Enquadramento InterseccionalRESUMO
As identidades transmasculinas ganharam visibilidade social e acadêmica no Brasil a partir de 2010, contudo, as questões subjetivas dos homens trans ainda são pouco debatidas, em particular temas associados aos relacionamentos afetivos na experiência desses sujeitos. Este estudo qualitativo tem por objetivo identificar as percepções e expectativas dos homens trans acerca dos relacionamentos afetivo-sexuais no cenário pós-transição de gênero. Participaram da pesquisa 15 homens transexuais hormonizados, com idades entre 20 e 41 anos. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semiestruturada nas modalidades presencial e on-line. Empregou-se análise temática reflexiva, que resultou em dois temas analíticos. Os resultados apontam que os homens trans, ao contrário de suas expectativas iniciais, percebem que tiveram menos oportunidades de relacionamentos afetivo-sexuais depois de sua transição de gênero. Os participantes atribuem essa dificuldade especialmente ao fato de não terem se submetido à cirurgia de redesignação sexual. O desconforto é acentuado por sua materialidade corpórea divergente da cisnormatividade, sistema regulador que associa pessoas pertencentes ao gênero masculino à presença de um pênis. Outra fonte de desconforto é o repúdio social, que alimenta a abjeção, exotização e fetichização dos corpos transmasculinos. Também são descritas as especificidades do relacionamento dos homens trans com mulheres cisgênero, heterossexuais e lésbicas. Os resultados evidenciam que a fixação persistente no genital, como referente e signo determinante do gênero e da sexualidade, modula e regula a busca e o encontro de parceira(o) íntima(o).(AU)
Transmasculine identities have gained social and academic visibility in Brazil since 2010, but subjective issues, especially those associated with affective relationships, are still little discussed. This qualitative study sought to identify trans men's perceptions and expectations regarding post-transition affective-sexual relationships. A total of 15 transsexual men undergoing hormone therapy, aged between 20 and 41 years, participated in the research. Data were collected by means of in-person and online semi-structured interviews and analysed using reflexive thematic analysis, which resulted in two analytical themes. Results show that trans men, differently from their initial expectations, perceive fewer opportunities for affective-sexual relationships after their gender transition. The participants attribute this difficulty, especially, to the fact that they have not undergone sexual reassignment surgery. Discomfort isaccentuated by their bodily materiality diverging from cisnormativity, the regulatory system that associates people belonging to the male gender with the presence of a penis. Another source of discomfort is the social repudiation, which reinforces the abjection, exoticization, and fetishization of transmasculine bodies. The specifics of trans men's relationships with cisgender, heterosexual, and lesbian women are also described. The results show that the persistent fixation on the genital, as a referent and determinant sign of gender and sexuality, modulates and regulates the search for and encounter of intimate partners.(AU)
Las identidades transmasculinas han ganado visibilidad social y académica en Brasil desde 2010, sin embargo, las cuestiones subjetivas de los hombres trans son aún poco discutidas, en particular las cuestiones asociadas a las relaciones afectivas en la experiencia de estos sujetos. Este estudio cualitativo tiene como objetivo identificar las percepciones y expectativas de los hombres trans sobre las relaciones afectivo-sexuales después de la transición de género. Participaron en la investigación 15 hombres transexuales hormonados, de edades comprendidas entre los 20 y los 41 años. La recopilación de datos se realizó mediante una entrevista semiestructurada en las modalidades presencial y en línea. Se realizó un análisis temático reflexivo, que dio como resultado dos temas analíticos. Los resultados muestran que los hombres trans, al contrario de sus expectativas iniciales, perciben que han tenido menos oportunidades de relaciones afectivo-sexuales después de su transición de género. Los participantes atribuyen esta dificultad especialmente al hecho de no haberse sometido a cirugía de reasignación sexual. La incomodidad se acentúa por su materialidad corpórea divergente de la cisnormatividad, un sistema normativo según el cual las personas pertenecientes al género masculino deben tener pene. Otra fuente de malestar es el repudio social, que alimenta la abyección, la exotización y la fetichización de los cuerpos transmasculinos. También se describen las especificidades de las relaciones de los hombres trans con las mujeres heterosexuales, cisgénero y lesbianas. Los resultados muestran que la persistente fijación en los genitales, como referente y signo determinante del género y la sexualidad, modula y regula la búsqueda y el encuentro de parejas íntimas.(AU)
Assuntos
Humanos , Masculino , Adulto , Adulto Jovem , Transexualidade , Casamento , Cônjuges , Pessoas Transgênero , Identidade de Gênero , Desenvolvimento da Personalidade , Preconceito , Psicologia , Psicologia Social , Desenvolvimento Psicossexual , Autocuidado , Autoimagem , Comportamento Sexual , Hormônios Esteroides Gonadais , Pessoa Solteira , Identificação Social , Problemas Sociais , Sociologia , Voz , Comportamento e Mecanismos Comportamentais , Imagem Corporal , Bissexualidade , Família , Homossexualidade , Saúde Mental , Inquéritos e Questionários , Direitos Civis , Mamoplastia , Estado Civil , Entrevista , Coito , Homossexualidade Feminina , Afeto , Acesso à Informação , Atenção à Saúde , Ego , Literatura Erótica , Saúde de Gênero , Acolhimento , Fenômenos Reprodutivos Fisiológicos , Masculinidade , Saúde Reprodutiva , Saúde Sexual , Homofobia , Pessimismo , Disforia de Gênero , Violência de Gênero , Ativismo Político , Diversidade de Gênero , Monossexualidade , Pessoas Cisgênero , Binarismo de Gênero , Estereotipagem de Gênero , Performatividade de Gênero , Necessidades Específicas do Gênero , Esgotamento Psicológico , Tristeza , Respeito , Insatisfação Corporal , Angústia Psicológica , Pessoas Intersexuais , Comparação Social , Inclusão Social , Equidade de Gênero , Papel de Gênero , Minorias Desiguais em Saúde e Populações Vulneráveis , Política de Saúde , Direitos Humanos , Identificação Psicológica , Crise de Identidade , Individuação , Introversão PsicológicaRESUMO
Resumo Devido ao estigma associado aos estereótipos negativos e à transfobia, os direitos humanos das pessoas trans são violados diariamente, fazendo com que sejam marginalizadas e excluídas dos serviços de saúde. O campo de estudo foi o Ambulatório Trans (Ambulatório T) da Atenção Primária à Saúde (APS) de Porto Alegre, que trabalha na lógica do reconhecimento das identidades trans, das demandas de saúde e da autonomia dos sujeitos. Neste artigo apresentamos os resultados parciais de um estudo que avalia a implantação do Ambulatório T. Fazem parte do estudo 269 pessoas trans na primeira etapa e 116 na segunda etapa. O Ambulatório T mostra que o acompanhamento de saúde, caracterizado pela não patologização das identidades trans, é fundamental para o Sistema Único de Saúde, no qual as barreiras de acesso podem ser minimizadas ou removidas para que seja possível cuidar da saúde de pessoas trans de forma integral na APS.
Abstract Due to the stigma associated with negative stereotypes and transphobia, the human rights of trans people are violated daily, causing them to be marginalized and excluded from health services. The field of study was the Trans Ambulatory (T Ambulatory) of Primary Health Care in Porto Alegre, which works in the logic of recognizing trans identities, health demands, and the autonomy of subjects. In this article, we will present the partial results of a study that evaluates the implementation of the T Ambulatory. The study includes 269 transgender people in the first stage and 116 in the second stage. The T Ambulatory shows that health monitoring, characterized by the non-pathologization of trans identities, is essential for the Unified Health System. The access barriers can be minimized or removed. And so that it is possible to take care of trans people's health integrally in primary health care.
Resumen Debido al estigma asociado a los estereotipos negativos y la transfobia, los derechos humanos de las personas trans son violados a diario, lo que las margina y excluye de los servicios de salud. El campo de estudio fue el Ambulatorio Trans (Ambulatorio T) de la Atención Primaria de Salud (APS) de Porto Alegre, que trabaja en la lógica del reconocimiento de las identidades trans, las demandas de salud y la autonomía de los sujetos. En este artículo presentaremos los resultados parciales de un estudio que evalúa la implementación del Ambulatorio T. El estudio incluye a 269 personas trans en la primera etapa y 116 en la segunda etapa. El Ambulatorio T muestra que la vigilancia de la salud, caracterizada por la no patologización de las identidades trans, es fundamental para el Sistema Único de Salud, en el que se pueden minimizar o eliminar las barreras de acceso, y para que sea posible cuidar la salud de las personas trans integralmente en Atención Primaria de Salud.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Atenção Primária à Saúde , Transexualidade , Sistema Único de Saúde , Minorias Sexuais e de Gênero , Direito à Saúde , Política de Saúde , Brasil , Barreiras ao Acesso aos Cuidados de SaúdeRESUMO
Resumo Este artigo analisa o itinerário terapêutico de pessoas transgênero em uma cidade do interior da Bahia. Os participantes foram selecionados pelo critério do método da "bola de neve" e utilizou-se entrevista semiestruturada para produção dos dados. Na análise dos itinerários terapêuticos, emergiram três categorias temáticas: 1) Lugares de busca para o cuidado em saúde: traçadores de iniquidades no SUS; 2) Abordagem profissional: reforça os estigmas e cinde a relação terapêutica; e 3) Demandas específicas por cuidado: percalços ao longo do itinerário terapêutico. Os resultados mostraram que o acesso ao serviço formal esteve permeado por barreiras simbólicas, técnicas e/ou organizacionais que, muitas vezes, transferiam para cada um/uma dos/as entrevistados/as a responsabilidade pela busca de outros percursos formais ou recomposição do cuidado por trajetórias nem sempre seguras. A busca pelo setor privado foi preponderante e, paralelamente, houve a desvalorização do SUS. O estigma institucional resultou em abandono de tratamento, retardo na busca por cuidado ou desistência de procura aos serviços. Por fim, a dificuldade de acesso no SUS produzia iniquidades e conduzia as pessoas transgênero, sobretudo as mais vulneráveis, a exposição e experimentação de procedimentos, muitas vezes, inadequados.
Abstract This article examines the therapeutic itineraries of transgender people in a city in the Bahia countryside. Participants were selected using the "snowball" method using semi-structured interviews to produce the data. In the analysis of therapeutic itineraries three thematic categories emerged: 1) Locus of seeking health care: tracers of inequities in SUS; 2) Professional approach: reinforcing stigmas and interrupting the therapeutic relationship; and 3) Specific demands for care: mishaps along the therapeutic itinerary. Results showed that access to formal services was permeated by symbolic, technical and/or organizational barriers. Those barriers frequently transferred the responsibility for the search of alternative formal paths or the restoration of care upon the interviewees, by using trajectories oftentimes unsafe. The search for the private sector was predominant and, in parallel, there was a depreciation of SUS. The institutional stigma resulted in treatment abandonment, delay in looking for care or giving up seeking services. Finally, the difficulties in accessing the SUS produced inequities leading transgender people, especially the most vulnerable, to be exposed and to experiment with often-inadequate procedures.
Assuntos
Humanos , Transexualidade , Assistência Integral à Saúde , Serviços de Saúde para Pessoas Transgênero/provisão & distribuição , Itinerário Terapêutico , Acessibilidade aos Serviços de Saúde , Sistema Único de Saúde , Brasil , Cirurgia de Readequação SexualRESUMO
Resumo Diante de uma crise sanitária e humanitária sem precedentes, o negacionismo do governo de extrema-direita tem conduzido a uma gestão desastrosa da pandemia de COVID-19 no Brasil. Defendemos o argumento de que está em curso um projeto deliberado de extermínio das populações mais vulneráveis. Este estudo tem por objetivo analisar os impactos das medidas de distanciamento social na comunidade trans, buscando oferecer subsídios para articular uma compreensão que favoreça uma gestão ético-política da pandemia. No artigo, desenvolvemos esse argumento em torno das consequências da necropolítica sobre as vidas precárias. Incorporamos as vozes de pessoas trans e ligadas ao ativismo trans que compartilham suas experiências de apoio à comunidade. Situamos os processos sociais em curso que produzem normatizações que regulam e vulnerabilizam os corpos periféricos trans. Solidariedade e medidas para mitigar o sofrimento dos excluídos podem representar uma inflexão no processo em curso de institucionalização da desigualdade.
Resumen Ante una crisis sanitaria y humanitaria sin precedentes, la negación del gobierno de extrema derecha ha llevado a una gestión desastrosa de la pandemia de COVID-19 en Brasil. Defendemos el argumento de que está en marcha un proyecto deliberado para exterminar a las poblaciones más vulnerables. Este estudio tiene como objetivo analizar los impactos de las medidas de aislamiento social en la comunidad trans, buscando ofrecer subsidios para articular un entendimiento que favorezca un manejo ético-político de la pandemia. En el artículo, desarrollamos este argumento en torno a las consecuencias de la necropolítica en las vidas precarias. Incorporamos las voces de personas trans y vinculadas al activismo trans que comparten sus experiencias de apoyo a la comunidad. Situamos los procesos sociales en curso que producen normas que regulan y hacen vulnerables los cuerpos trans periféricos. La solidaridad y las medidas para mitigar el sufrimiento de los excluidos pueden representar una inflexión en el proceso en curso de institucionalización de la desigualdad.
Abstract In the face of an unprecedented health and humanitarian crisis, the denial of the far-right government has led to a disastrous management of the COVID-19 pandemic in Brazil. We defend the argument that a deliberate project to exterminate the most vulnerable populations is underway. This study aims to analyze the impacts of social distancing measures in the trans community, seeking to offer subsidies to articulate an understanding that favors an ethical-political management of the pandemic. In the article we developed this argument around the consequences of necropolitics on precarious lives. We incorporate the voices of people linked to trans activism who share their experiences supporting the community. We situate the ongoing social processes that produce norms that regulate and make the peripheral trans bodies vulnerable. Solidarity and measures to mitigate the suffering of the excluded may represent an inflexion in the ongoing process of institutionalizing inequality.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Isolamento Social , Transexualidade/psicologia , Pandemias , COVID-19 , Política , Populações Vulneráveis , SolidariedadeRESUMO
A despatologização das identidades transexuais e travestis tem sido uma luta árdua e conta com a colaboração de diversos setores, como movimentos sociais e categorias profissionais. Atualmente conquistas consideráveis a esse respeito já podem ser identificadas, entre elas, a retirada da seção dos transtornos mentais na Classificação Internacional de Doenças (CID-11), passando para condições relativas à saúde sexual. Também a Psicologia tem assumido postura participativa a favor da diversidade de gênero, assim como das orientações sexuais. Neste contexto, o presente trabalho se estrutura em modelo de ensaio científico de cunho feminista que discorre sobre as reflexões acima e demais informações atualizadas sobre essa demanda aparente, através do ponto de vista de uma psicóloga que está enquanto coordenadora de um grupo de trabalho a respeito da população LGBT no CRP 3ª região-BA e dos atuais debates do Sistema Conselhos na defesa dos Direitos Humanos. A exemplo, ações do Conselho Federal de Psicologia, e seus respectivos regionais engajados nas causas LGBT, vêm se intensificando para repensar paradigmas e enfrentar as disparidades sustentadas pela patologização da população transexual e travesti. Haja vista que se trata de um campo ainda incipiente na profissão, tornase útil visibilizar atuações contemporâneas no sentido de colaborar com o desenvolvimento da temática na Psicologia como ciência e profissão...(AU)
The depathologization of transsexual and transvestite identities involves a fight against the disease and has had the contributions of several sectors, such as social movements and professional categories. Currently, some considerable achievements in this regard can be identified., among them, a withdrawal from the metadata of Mental Disorders in the International Classification of Diseases (ICD-11), of the conditions related to sexual health. Psychology has also been in favor of gender diversity as well as sexual orientations. In this context, the present work is structured as a feminist scientific demonstration that discusses the above reflections and the latest information on this demand, from the point of view of a Psychologist that coordinates a work group for the respect of the LGBT population in the 3rd CRP in the BA region and the current debates of the Council System in the defense of Human Rights. For example, the actions of the Federal Council of Psychology and its respective regional councils engaged in LGBT causes have intensified to reprehend paradigms and face the inequalities sustained by the pathologization of the transsexual and transvestite population. Since it is a field still incipient in the profession, it becomes useful to visualize contemporary performances to collaborate with the development of this subject in Psychology as science and profession...(AU)
La despatologización de las identidades transexuales y travestis ha sido una lucha ardua y cuenta con la colaboración de varios sectores, como los movimientos sociales y las categorías profesionales. Ya se pueden identificar logros considerables a este respecto, entre ellos, la eliminación de la sección de trastornos mentales en la Clasificación Internacional de Enfermedades (CIE-11), pasando a condiciones relacionadas con la salud sexual. La psicología también ha tomado una postura participativa a favor de la diversidad de género, así como las orientaciones sexuales. En este contexto, el presente trabajo está estructurado en un modelo de ensayo científico feminista que discute las reflexiones anteriores y otra información actualizada sobre esta aparente demanda, desde el punto de vista de una psicóloga que está coordinando un grupo de trabajo sobre población LGBT en el CRP 3º regiónBA y los debates actuales del Sistema de Consejos en defensa de los Derechos Humanos. Por ejemplo, las acciones del Consejo Federal de Psicología, y sus respectivos grupos regionales involucrados en causas LGBT, se han intensificado para repensar los paradigmas y abordar las disparidades sostenidas por la patologización de la población transgénero y travesti. Teniendo en cuenta que este campo aún es incipiente en la profesión, es útil hacer visibles las acciones contemporáneas para colaborar con el desarrollo del tema en Psicología como ciencia y profesión...(AU)
Assuntos
Masculino , Feminino , Adolescente , Adulto , Pessoa de Meia-Idade , Idoso , Adulto Jovem , Transexualidade , Travestilidade , Classificação Internacional de Doenças , Saúde Sexual , Pessoas Transgênero , Minorias Sexuais e de Gênero , Diversidade de Gênero , Direitos Humanos , Psicologia , Causalidade , Aconselhamento , MovimentoRESUMO
A despatologização das identidades transexuais e travestis tem sido uma luta árdua e conta com a colaboração de diversos setores, como movimentos sociais e categorias profissionais. Atualmente conquistas consideráveis a esse respeito já podem ser identificadas, entre elas, a retirada da seção dos transtornos mentais na Classificação Internacional de Doenças (CID-11), passando para condições relativas à saúde sexual. Também a Psicologia tem assumido postura participativa a favor da diversidade de gênero, assim como das orientações sexuais. Neste contexto, o presente trabalho se estrutura em modelo de ensaio científico de cunho feminista que discorre sobre as reflexões acima e demais informações atualizadas sobre essa demanda aparente, através do ponto de vista de uma psicóloga que está enquanto coordenadora de um grupo de trabalho a respeito da população LGBT no CRP 3ª região-BA e dos atuais debates do Sistema Conselhos na defesa dos Direitos Humanos. A exemplo, ações do Conselho Federal de Psicologia, e seus respectivos regionais engajados nas causas LGBT, vêm se intensificando para repensar paradigmas e enfrentar as disparidades sustentadas pela patologização da população transexual e travesti. Haja vista que se trata de um campo ainda incipiente na profissão, torna-se útil visibilizar atuações contemporâneas no sentido de colaborar com o desenvolvimento da temática na Psicologia como ciência e profissão.(AU)
The depathologization of transsexual and transvestite identities involves a fight against the disease and has had the contributions of several sectors, such as social movements and professional categories. Currently, some considerable achievements in this regard can be identified., among them, a withdrawal from the metadata of Mental Disorders in the International Classification of Diseases (ICD-11), of the conditions related to sexual health. Psychology has also been in favor of gender diversity as well as sexual orientations. In this context, the present work is structured as a feminist scientific demonstration that discusses the above reflections and the latest information on this demand, from the point of view of a Psychologist that coordinates a work group for the respect of the LGBT population in the 3rd CRP in the BA region and the current debates of the Council System in the defense of Human Rights. For example, the actions of the Federal Council of Psychology and its respective regional councils engaged in LGBT causes have intensified to reprehend paradigms and face the inequalities sustained by the pathologization of the transsexual and transvestite population. Since it is a field still incipient in the profession, it becomes useful to visualize contemporary performances to collaborate with the development of this subject in Psychology as science and profession.(AU)
La despatologización de las identidades transexuales y travestis ha sido una lucha ardua y cuenta con la colaboración de varios sectores, como los movimientos sociales y las categorías profesionales. Ya se pueden identificar logros considerables a este respecto, entre ellos, la eliminación de la sección de trastornos mentales en la Clasificación Internacional de Enfermedades (CIE-11), pasando a condiciones relacionadas con la salud sexual. La psicología también ha tomado una postura participativa a favor de la diversidad de género, así como las orientaciones sexuales. En este contexto, el presente trabajo está estructurado en un modelo de ensayo científico feminista que discute las reflexiones anteriores y otra información actualizada sobre esta aparente demanda, desde el punto de vista de una psicóloga que está coordinando un grupo de trabajo sobre población LGBT en el CRP 3º región-BA y los debates actuales del Sistema de Consejos en defensa de los Derechos Humanos. Por ejemplo, las acciones del Consejo Federal de Psicología, y sus respectivos grupos regionales involucrados en causas LGBT, se han intensificado para repensar los paradigmas y abordar las disparidades sostenidas por la patologización de la población transgénero y travesti. Teniendo en cuenta que este campo aún es incipiente en la profesión, es útil hacer visibles las acciones contemporáneas para colaborar con el desarrollo del tema en Psicología como ciencia y profesión.(AU)
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Psicologia , Transexualidade , Saúde Mental , Política , Preconceito , Feminismo , Desenvolvimento Sexual , Assistência à Saúde Mental , Procedimentos de Readequação Sexual , Sexismo , Expressão de Gênero , Transfobia , Estereotipagem de Gênero , Estudos de Gênero , Liberdade , Identidade de Gênero , Equidade de Gênero , Pessoas em não Conformidade de Gênero , AnatomiaRESUMO
O presente artigo tem como objetivo problematizar algumas questões acerca da patologização da transexualidade a fim de provocar a reflexão sobre a possibilidade da sua despatologização no Brasil, mantendo em perspectiva a necessidade de atenção integral à saúde de transexuais. Neste panorama, se para a medicina e as ciências psi (psiquiatria, psicologia e psicanálise) a transexualidade constitui uma desordem mental, para alguns autores que discutem as experiências trans, em especial nas ciências sociais e humanas e na saúde coletiva, estas são vivências que colocam em questão as normas de gênero que regem nossos conceitos de sexo, gênero e, no limite, de humano. Todavia, a despeito das críticas acadêmicas e do movimento mundial em prol da despatologização das identidades trans, no contexto brasileiro ainda vigora uma interpretação patologizada destas vivências que não apenas sustenta sua definição como um transtorno psiquiátrico como orienta as políticas públicas destinadas a este segmento.
El presente artículo problematiza determinadas cuestiones en torno de la patologización de la transexualidad. Teniendo en vista la necesidad de atención integral a la salud de transexuales, busca provocar una reflexión sobre la posibilidad de su despatoligización en Brasil. Si para la medicina y las ciencias 'psi' (psiquiatría, psicología y psicoanálisis) la transexualidad constituye un desorden mental, para algunos autores -que discuten las experiencias trans, en especial desde las ciencias sociales, humanas y desde la salud colectiva-estas son vivencias cuestionadoras de las normas de género que rigen nuestros conceptos de sexo, género y, en último término, nuestra concepción de lo humano. A pesar de las críticas académicas y del movimiento mundial en pos de la despatologización de las identidades trans, en el contexto brasileño rige todavía una interpretación patologizada de estas vivencias que no sólo da sustento a su definición como trastorno psíquico sino que orienta las políticas públicas destinadas a este segmento de la población.
This article discusses issues regarding the pathologization of transsexuality in order to provoke a reflection on the possibility of its depathologization in Brazil, keeping in view the need for comprehensive health care for transsexuals. If to medicine and the psy sciences (psychiatry, psychology, psychoanalysis) transsexuality is a mental disorder, for some authors who think about trans experiences, particularly in the social sciences, humanities, and community health, the living experiences of trans persons question the gender norms that govern our concepts of sex, gender and, ultimately, humanity. However, despite scholarly criticisms and the global movement in support of the depathologization of trans identities, in Brazil a pathological interpretation of trans not only sustains its definition as a psychiatric disorder, but also guides public policy towards this segment.
Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Política Pública , Transexualidade/patologia , Assistência Integral à Saúde , Pessoas Transgênero , Serviços de Saúde para Pessoas Transgênero , Psicanálise , Ciências Sociais , Sistema Único de Saúde , Brasil , Saúde Pública , Normas de Gênero , Ciências HumanasRESUMO
El presente trabajo hace un breve recorrido por algunas de las cuestiones de mayor relevancia para las personas transexuales durante la vejez. En primer lugar, expone el estado de la cuestión actual sobre la transexualidad durante la vejez y las líneas de trabajo que han abordado de manera específica la vejez de las personas transexuales, exponiendo cuáles son sus necesidades específicas y las dificultades encontradas. Finalmente refleja diversas propuestas de futuro destinadas a mejorar el bienestar de las personas transexuales mayores...
This paper makes a brief tour of some most important issues for transsexual people in old age. Firstly, it exposes the current needs and difficulties on transsexualism aging and focuses upon studies of age on transsexuals. Finally, this review propose several proposals to improve wellbeing of older transsexual people...
Assuntos
Humanos , Idoso , Idoso , TransexualidadeRESUMO
O artigo tem como objetivo discutir a transexualidade no contexto das políticas de saúde pública no Brasil. Para isto, num primeiro momento, problematiza-se a necessidade do diagnóstico de transtorno de identidade de gênero como condição de acesso ao tratamento na rede pública, buscando compreender de que forma se deu historicamente a patologização da transexualidade. Em seguida, analisa-se o debate sobre as políticas de saúde para transexuais, considerando o processo de legalização da cirurgia de transgenitalização no país, as resoluções do Conselho Federal de Medicina e os fóruns que se constituíram com representantes do Ministério da Saúde, profissionais da área e representantes do movimento social. Finalmente, tendo como referência trabalhos que se destacaram pela crítica à patologização da transexualidade nas áreas da saúde coletiva e das ciências sociais, pretende-se destacar a importância de compreendermos a diversidade de formas de subjetivação e de construção de gênero na transexualidade. Discute-se a questão da autonomia dos transexuais e sugerem-se políticas públicas que, embora sigam um protocolo de assistência, não tenham como única referência terapêutica a realização do diagnóstico e a cirurgia de transgenitalização.
The article aims to discuss transsexuality in the context of the Brazilian public health policies. Firstly, it questions the necessity of the diagnosis of Gender Identity Disorder as a condition of access to treatment in the public health service, searching to understand the historical construction of transsexuality as a pathological phenomenon. After that, it analyzes the debate on public health policies for transsexuals, considering the process of legalization of the reassignment surgery in the country, the resolutions of the Federal Council of Medicine and the constitution of representative forums of the Health Ministry, as well as professionals of the area and representatives of the social movement. Finally, considering the references available that emphasizes the critics on the analysis of transsexuality as a pathological phenomenon in the areas of the Public Health and Social Sciences, it intends to emphasize the importance of understanding the diversity of subjectivity's forms and gender's construction considering transsexuality. In this context, it discusses the question of transsexuals' autonomy and suggests public policies that, even following an assistance protocol, do not have as its only therapeutical reference the accomplishment of the diagnosis and the reassignment surgery.
Assuntos
Humanos , Saúde Pública , Transexualidade , Brasil , Assistência Integral à Saúde , Autonomia Pessoal , Transexualidade/diagnóstico , Transexualidade/terapiaRESUMO
Tendo como referência um estudo sobre as práticas de saúde dos principais serviços que prestam assistência a usuários(as) transexuais no Brasil, este artigo discute os desafios para a gestão de políticas públicas para essa população, particularmente, a necessidade do diagnóstico de Transtorno de Identidade de Gênero como condição de acesso. Para iluminar o debate, realiza-se uma reflexão sobre gênero, tecnologia e saúde a partir das contribuições de Bernice Hausman e Joanne Meyerowitz sobre a constituição do fenômeno da transexualidade na metade do século passado. Destaca-se a importância da análise dos avanços da tecnologia médica e da influência da revolução dos costumes na problematização da imutabilidade do sexo e na construção da categoria de gênero como condição para compreender o motivo pelo qual a regulamentação do acesso à saúde para a modificação das características corporais do sexo ficou associada à definição da condição transexual. Por último, discute-se que se inicialmente a institucionalização da assistência a transexuais no Brasil esteve associada ao modelo estritamente biomédico, a noção de saúde integral deve promover uma abertura para as redescrições da experiência transexual numa articulação permanente entre os saberes biopolíticos dominantes e uma multiplicidade de saberes locais e minoritários.
Based on a study on health practices of the main services that assist transsexuals in Brazil, this paper discusses the challenges for public policies management for this population, particularly, the need for a Gender Identity Disorder diagnosis as condition to access. To light up this debate, there is a reflection on gender, technology and health, based on the contributions of Bernice Hausman and Joanne Meyerowitz on the constitution of the transsexuality phenomenon in mid 20th century. It highlights the importance of analyzing the progress of medical technology and the revolution of custom's influence on the debate on the immutability of the sex and on the construction of the gender category as condition to understand the reason why the regulation of health access for the modification of bodily sexual characteristics was associated with the definition of the transsexual condition. Then it argues that if firstly the institutionalization of assistance to transsexuals in Brazil was associated with the strictly biomedical model, the notion of integral health must promote an opening for the redescriptions of transsexual experience in a permanent articulation between the dominant biopolitical knowledge and the multiple local and minority's types of knowledge.