Concepçoes de identidade feminina entre mulheres esterilizadas e nåo esterilizadas em Angra dos Reis

RESUMO

Historicamente a identidade feminina está associada à maternidade. Apesar das mudanças existentes, pressupoe que especialmente nos grupos de baixa renda e padroes de comportamento tradicional, o papel social da mulher permaneça vinculado à reproduçåo. Constata que a esterilizaçåo feminina é o método contraceptivo mais utilizado no Brasil. Na grande maioria das vezes praticada oficiosamente, a esterilizaçåo é a cessåo definitiva da possibilidade de reproduçåo. Partindo do enfoque conceitual de Juliet Mitchell sobre a condiçåo social feminina, este trabalho teve por objetivo o estudo das concepçoes de identidade feminina entre mulheres esterilizadas e nåo esterilizadas em Angra dos Reis e a observaçåo das dificuldades e satisfaçoes em relaçåo à contracepçåo, especialmente a esterilizaçåo. Foram realizadas vinte entrevistas abordando os temas: trabalho, maternidade, casamento, sexualidade, contracepçåo e esterilizaçåo. Conclui que no grupo investigado a maternidade é o elemento predominante nas concepçoes de identidade feminina. As precárias condiçoes econômicas, a falta de acesso a outras alternativas contraceptivas, e a isençåo masculina das responsabilidades pela anticoncepçåo e pela paternidade, levam as mulheres a buscarem a esterilizaçåo.