RESUMO
O artigo objetiva analisar a cobertura midiática do desastre socioambiental ocorrido em 2018, em Barcarena, no Pará, e discutir tanto as diferenças entre a duração do desastre (prolongada) e a duração da cobertura (concentrada), quanto os direcionamentos de escuta entre a repercussão de eventos gerados por vozes oficiais/institucionais e a presença/ausência de vozes populares de comunidades e movimentos sociais. Como resultado, apresenta três momentos de análise dos dados coletados em clipping nacional ao longo de oito meses: uma análise quantitativa da frequência da cobertura indicando alcance e duração da visibilidade midiática; um recorte quanti-quali apontando como a mídia agenda e promove enquadramento por meio das fontes acionadas na produção da notícia; e uma análise qualitativa, na perspectiva decolonial, de como aparecem na cobertura do desastre as vozes historicamente silenciadas. Para compreender o desastre como processo, busca-se antes situar o contexto da mineração na Amazônia a partir do aporte da Ecologia Política.