A circulação de boatos virtuais marcou a epidemia de zika e microcefalia de 2015/2016 no Brasil. A partir da classificação e análise dos comentários de posts das páginas do Diário de Pernambuco e da Folha de S. Paulo no Facebook e inspirados pelas teorias de produção social dos sentidos, buscamos compreender melhor o fenômeno, identificando discursos mobilizados nesses espaços intertextuais e polifônicos. Os resultados evidenciam um ambiente de incerteza associado ao desconhecimento científico, à crise política, à reflexividade em relação aos riscos da ciência e a questões ainda em aberto sobre a concentração de casos nesse período específico e no Nordeste do país. Concluímos que o enfraquecimento do estatuto de verdade da ciência e da própria verdade, mais fluida, participa do protagonismo do boato na atualidade midiatizada.