Resumo Iniciação sexual é um processo gradual de experimentação e
aprendizado do
repertório cultural sobre
gênero ,
reprodução ,
contracepção ,
violência sexual , entre outros temas que circundam a
sociabilidade juvenil. Ao contrário da perspectiva da
abstinência sexual como
panaceia para redução da "
gravidez precoce" no
Brasil , postula-se a abordagem da
justiça reprodutiva como framework para enfrentar
iniquidades em saúde no
planejamento reprodutivo. Discutem-se desafios às
políticas públicas de saúde para amparar
adolescentes e
jovens em suas trajetórias sexuais e reprodutivas, privilegiando a dimensão da
interseccionalidade . O foco recai nas iniciativas institucionais públicas de
oferta de
métodos contraceptivos hormonais reversíveis de longa duração (LARC) no
Sistema Único de Saúde , na última década. Do ponto de vista metodológico, tal
reflexão se apoia em material empírico oriundo de
pesquisa antropológica documental sobre
tecnologias contraceptivas, no intuito de problematizar o que chamamos de "
oferta seletiva" de tais
dispositivos e seu
viés discriminatório e estigmatizante. A defesa da ampliação da
oferta contraceptiva no
SUS , com acesso universal de todas as
mulheres à LARC, distancia-se do que designamos como "
coerção contraceptiva" em determinados
grupos sociais .
Abstract Sexual initiation is a gradual process of experimentation and
learning the cultural repertoire of
gender ,
reproduction ,
contraception ,
sexual violence and other topics surrounding
youth sociability. Unlike
sexual abstinence -based approaches promoted as a panacea for reducing "early
pregnancy " in
Brazil , reproductive
justice is posited as a framework for addressing
health inequities in
family planning . This article discusses the challenges faced by
public health policies in supporting
adolescents and young people in their sexual and reproductive trajectories, drawing on the concept of
intersectionality . We focus on public institutional initiatives providing long-acting reversible
contraceptives (LARC) on the
Brazilian Unified Health System (SUS) implemented over the last decade. We conducted a documentary anthropological study drawing on empirical data on
contraceptive technologies in order to problematize what we call the "selective
provision " of these
devices and discriminatory and stigmatizing practices. Advocating the expansion of the
provision of
contraception on the SUS, with universal access to LARC for all
women , distances itself from what we call "
contraceptive coercion " among specific
social groups .