A proposta da
promoção da saúde e da
estratégia saúde da família (ESF), em sua perspectiva transformadora, remete a
práticas educativas dialógicas baseadas na
construção compartilhada do
conhecimento, no
respeito ao saber popular e na
construção de alternativas de transformação das
condições de vida e
saúde da população. No entanto, apesar dos avanços teóricos na discussão da
educação em saúde e em suas proposições, a implementação de
práticas educativas que tenham esse modelo como
referência no
cotidiano dos serviços, tem encontrado dificuldades. Considerando que a
atenção básica à saúde é o espaço privilegiado para o
desenvolvimento dessas práticas, este
trabalho tem como proposta refletir sobre as concepções e as práticas de
educação em saúde em uma
unidade de saúde da
família (USF) no município de João Pessoa, no que diz
respeito ao diálogo e à (inter) subjetividade. Realizou-se
pesquisa avaliativa utilizando
metodologia qualitativa, através de entrevistas e
observação do
trabalho de uma
equipe de saúde da
família, de novembro de 2008 a março de 2009. As concepções de
educação em saúde presentes nas falas dos
profissionais apontam para conceitos e práticas que combinam características do modelo tradicional com a abertura às dimensões intersubjetivas e aos contextos de
vida em que se dão as interações com os usuários. A valorização do
vínculo e da
confiança como
elementos essenciais ao
trabalho educativo permite supor, no que diz
respeito às disposições subjetivas dos
profissionais, uma abertura à
realização de práticas dialógicas e participativas. O contexto institucional mostrou-se limitante a essas perspectivas, indicando a necessidade de aprofundamento das mudanças na
organização do
trabalho e no
modelo assistencial de modo a constituir condições para a
realização de
ações educativas baseadas no diálogo livre de coerções e no reconhecimento do outro como interlocutor legítimo.