O progresso na área de
transplantes de órgãos sólidos é uma tendência observada nos últimos anos, entretanto, apesar do aperfeiçoamento das
técnicas cirúrgicas e
terapia imunossupressora,
complicações clínicas como
infecções e episódios de rejeição do enxerto constituem ainda hoje uma das principais
causas de
morbidade e
mortalidade no período
pós transplante. Dentre as
infecções, àquelas causadas por
vírus são as mais frequentes observadas nos
transplantados e os
membros da família Herpesviridae constituem a principal
causa de
infecções virais neste grupo de
pacientes. O
herpesvírus humano tipo 8 (HHV-8), também conhecido como
herpesvírus associado ao Sarcoma de Kaposi, é um membro da
família Herpesviridae. Existem várias
síndromes relacionadas ao HHV-8 e, dentre essas,o
Sarcoma de Kaposi (SK) ganha importância. O SK é definido como uma
neoplasia de
células endoteliais de
capilares de origem multicêntrica e foi descrito pela primeira vez em 1872 por Kaposi, um dermatologista húngaro. Existe uma
classificação clínico-epidemiológica em 4 formas de
Sarcoma de Kaposi (1) SK clássico, que afeta
homens idosos da
Europa Oriental e do Mediterrâneo; (2) SK endêmico ou
Africano, ocorre em países da
África; (3) SK epidêmico ou associado a
AIDS; (4) SK iatrogênico, desenvolve-se em
pacientes após
transplante de órgãos, ocorrendo em 0,2 a 5% dos
transplantados renais. Não há dados no
Brasil de SK em
pacientes transplantados e se há correlação com os esquemas
imunossupressores utilizados no
pós transplante. Aqui, relatamos dois
casos de SK após
transplante renal com desfechos diferentes. No primeiro
caso, a
paciente apresenta-se com SK 11 meses após o
transplante e tem
cura da
doença após a combinação de
quimioterapia (QT) com a
suspensão da
terapia imunossupressora durante a QT, posteriormente retoma o regime
imunossupressor com outra droga. No segundo
caso, a
paciente desenvolve SK 8 anos após o
transplante e evolui para
óbito após a segunda sessão da QT. A progressão da
infecção por HHV-8 para
Sarcoma de Kaposi pós transplante (SKPT) ainda precisa ser estudada. Uma vez que o SKPT se desenvolve, pode ser uma
doença fatal em receptores de
aloenxerto renal, o que
alerta sobre a necessidade de se
conhecer as formas de apresentação,
diagnóstico e manejo nos
pacientes transplantados renais