Introdução: A
sífilis é uma
infecção sexualmente transmissível (
IST ), causada pela
espiroqueta Treponema pallidum e reemergente em nosso
país .
Pessoas com
neurossífilis e que vivem com HIV (Human Immunodeficiency Virus) apresentam maior chance de falência
terapêutica e maior
tempo para normalização dos exames laboratoriais da
sífilis . A
neurossífilis pode ser sintomática ou assintomática e o
tratamento de escolha é a
penicilina G cristalina.
Ceftriaxona constitui
terapia alternativa , porém existem poucos dados que avaliem essa opção
terapêutica . O objetivo do presente estudo foi descrever
pessoas vivendo com
HIV (PVHIV), diagnosticados com
neurossífilis assintomática , que receberam
tratamento com
ceftriaxona .
Metodologia: Estudo observacional , retrospectivo, realizado no
Hospital Dia do Instituto de
Infectologia Emílio Ribas, no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2018. Foram incluídas
pessoas que vivem com HIV (PVHIV) com
diagnóstico sorológico de
sífilis e teste de VDRL (Venereal Disease Research Laboratory)
reagente no
líquido cefalorraquidiano (LCR), assintomáticas do ponto de vista neurológico e que receberam
tratamento com
ceftriaxona . Foram avaliadas as características dos
pacientes incluídos e a evolução laboratorial após
tratamento (títulos de VDRL
sérico e liquórico). Assim, os
pacientes foram classificados em "
respondedores " sorológicos ou liquóricos e "não
respondedores " sorológicos ou liquóricos.
Resultados: Foram incluídos 61
casos . A mediana de idade foi de 39 anos e 59 (96,7%)
pacientes eram do
gênero masculino . Trinta (57,7%) de 52
pacientes tinham
sífilis precoce no momento do
diagnóstico de
neurossífilis . As medianas de VDRL
sérico e
contagem de células T
CD4 foram de 164 e 629
células /ml, respectivamente. Cinquenta e quatro (88,6%)
pacientes apresentaram títulos iniciais de VDRL
sérico ≥1/16. Trinta e oito (77,5%)
pacientes foram considerados "
respondedores " sorológicos; trinta e quatro (79,4%)
pacientes foram considerados "
respondedores " liquóricos. Nenhum
paciente apresentou
sintomas neurológicos até à data do último exame de controle da
sífilis .
Conclusão: No presente estudo, a maioria dos
pacientes foram
jovens , de
gênero masculino , com altos níveis de
células T CD4 e VDRL
sérico basal ≥1/16. Dentre os
pacientes com exame de controle, 86,2% foram considerados "
respondedores " sorológicos e/ou liquóricos.
Ceftriaxona permite
tratamento em regime de
Hospital Dia e pode ser considerada como alternativa
terapêutica em PVHIV com
neurossífilis assintomática .