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Produção do cuidado e integralidade à saúde: perspectivas a partir do Hospital Risoleta Tolentino Neves / Production of care and integrality to health: perspectives from Hospital Risoleta Tolentino Neves

Belga, Stephanie Marques Moura Franco.
Belo Horizonte; s.n; 2023. 168 p. ilus, tab.
Tese Português | LILACS | ID: biblio-1513041
Na perspectiva de pensar novos arranjos que proporcionem mudanças significativas na gestão da clínica e na articulação em rede, o hospital pode se constituir para além de uma estação cuidadora, em um observatório da rede, capaz de integrar e potencializar o cuidado no território. Nesse contexto, esta tese buscou analisar a produção do cuidado dentro do hospital e os dispositivos utilizados para a garantia do cuidado integral, o processo de alta e a continuidade do cuidado na perspectiva dos sujeitos sociais que o constituem. Trata-se de um estudo qualitativo, do tipo pesquisa interferência em saúde. A pesquisa interferência busca captar os efeitos produzidos no campo de estudo a partir das interferências do e com o pesquisador, capturando as conexões e ruídos percebidos, problematizando o discurso institucional e pessoal, e produzindo múltiplos sentidos que ultrapassam as certezas da ciência hegemônica. O cenário de estudo foi o Hospital Risoleta Tolentino Neves (HRTN), hospital geral de 420 leitos, referência para a porção norte da região metropolitana de Belo Horizonte/MG, com atendimento 100% SUS. A pesquisa foi definidas em quatro fases, a saber Revisão integrativa sobre continuidade do cuidado e integralidade da atenção, identificando dispositivos e estratégias utilizadas para essa construção a partir do hospital (fase 1); Análise do perfil assistencial dos pacientes atendidos HRTN, a partir da análise dos dados do DRG - Grupos de Diagnósticos Relacionados (fase 2); Análise da produção do cuidado, das relações interprofissionais dentro do hospital e dos dispositivos institucionais existentes para qualificação do cuidado (fase 3); Análise do acesso e barreiras na Rede de Atenção à Saúde no processo desospitalização a partir de serviços guia (fase 4). A investigação que originou essa tese, teve seu trabalho de campo desenvolvido no período de setembro de 2019 a junho de 2022, período em que foram realizadas diversas interferências com os atores do campo em estudo. A produção dos dados se deu por meio de diferentes técnicas entrevistas individuais com roteiros semiestruturados, grupos focais, observação e registro em diário de campo do pesquisador. O primeiro momento do estudo consistiu na imersão na instituição para compreender a realidade e contexto local. Posteriormente, foram realizadas treze entrevistas em profundidade, conduzidas pela pesquisadora principal, com gestores e coordenadores do hospital. Também foram realizados dois grupos focais, em plantões diferentes, com os trabalhadores do hospital, cerca de 22 profissionais participaram, entre eles fisioterapeutas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos, assistentes sociais, psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, farmacêuticos, auxiliar administrativo e radiologista. Todo o processo de análise dos dados seguiu a técnica de análise de conteúdo temático. Para discutir os dados, foram utilizados os referenciais teóricos de integralidade e produção do cuidado, e os estudos encontrados na revisão integrativa, realizada como primeira fase da investigação, além de trabalhos de autores referência e relevantes para este estudo incorporados ao longo da investigação. A revisão de literatura identificou dispositivos intra-hospitalares, pressupondo práticas organizativas e relacionais para atingir um cuidado integral em hospitais brasileiros e de outros países. Os dados empíricos dessa investigação evidenciaram dispositivos que contribuem para a construção de novas práticas de gestão e cuidado e reestruturação do trabalho, como o projeto Lean nas Emergências e ferramentas do Fast Track, Kanban e Huddle; o Núcleo Interno de Regulação (NIR); a atuação dos médicos hospitalistas, comanejadores e coordenadores de plantão; a atuação da equipe de atenção domiciliar dentro do hospital discutindo os casos para a desospitalização; implantação do ambulatório de egresso; participação do controle social; e os dispositivos para a gestão interdisciplinar, como as corridas de leito multidisciplinares, discussões de casos, construção compartilhada dos projetos terapêuticos, preparação dos cuidadores familiares e encaminhamentos responsáveis para a rede de Belo Horizonte e municípios vizinhos. Além disso, foi possível observar avanços e desafios em relação a continuidade do cuidado na rede, como a articulação no território para que esse paciente seja bem assistido, desde o acesso ao transporte até a garantia de insumos e medicações para a continuidade do tratamento pós alta. No entanto, ainda se observam desafios como a continuidade do cuidado ao paciente crônico e a transferência de casos mais complexos que não conseguem garantia da continuidade da atenção. As experiências vivenciadas apontam para a micropolítica do trabalho das equipes de saúde que nos seus modos de produção de cuidado avançam para a incorporação da concepção da integralidade nas linhas de cuidado. Os profissionais compreendem que o cuidado não se restringe à sua ação e que tanto os profissionais quanto os pacientes são responsáveis pelo cuidado. Recomenda-se que as instituições hospitalares designem um profissional para coordenar o processo de alta hospitalar do paciente, promovendo advocacy para o paciente. Além do estímulo à promoção de planos terapêuticos compartilhados com as equipes interdisciplinares, com novas tecnologias do cuidado, e uma gestão mais compartilhada. Por fim, identificou-se que o hospital enquanto observatório da rede requer, de maneira cooperativa com os demais serviços, o compromisso com as necessidades dos usuários, enfrentando as tensões existes no campo micropolítico, para que a integralidade do cuidado esteja presente na lógica do cuidado.
Biblioteca responsável: BR21.1
Localização: BR 21.1; T - Online W 84.7, ST PR
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