RESUMO
No dia 05 de agosto de 2010, no Hotel Blue Tree, no bairro do Morumbi em São Paulo, a Sociedade Brasileira de Hepatologia realizou uma reunião de expertos para discutir alguns assuntos importantes referentes à toxicidade hepática. Esta reunião foi de responsabilidade exclusiva da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), sem interferência de agências ou da indústria farmacêutica. Dentre os assuntos discutidos, três deles mereceram destaque pelo volume de solicitações de esclarecimentos encaminhadas diretamente à Sociedade Brasileira de Hepatologia. O site da SBH recebe com frequência tais solicitações de outras sociedades ou diretamente de colegas, assim como do público não-médico, por questões pertinentes a estes assuntos: 1. papel do acetaminofen/paracetamol nas alterações hepáticas da dengue; 2. eficácia e segurança da medicina alternativa (homeopatia, medicina natural, fitoterápicos); 3. alterações hepáticas induzidas por analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios não-esteroides com foco no seu uso na dengue.Dentro deste contexto, a Sociedade Brasileira de Hepatologia organizou uma sessão durante todo o dia 05 de agosto para discutir unicamente estes temas.
Assuntos
Hepatopatias/tratamento farmacológico , Intoxicação , Ácido Ursodesoxicólico , Anti-Inflamatórios não Esteroides , Epidemiologia , Medicamento Fitoterápico , Medicamentos Hepatoprotetores , Homeopatia , Hepatopatias , Acetaminofen/toxicidadeRESUMO
INTRODUCTION: The prevalence and risk factors for rifampin, isoniazid and pyrazinamide hepatotoxicity were evaluated in HIV-infected subjects and controls. METHODS: Patients with tuberculosis (30 HIV positive and 132 HIV negative), aged between 18 and 80 years-old, admitted to hospital in Brazil, from 2005 to 2007, were selected for this investigation. Three definitions of hepatotoxicity were used: I) a 3-fold increase in the lower limit of normal for alanine-aminotransferase (ALT); II) a 3-fold increase in the upper limit of normal (ULN) for ALT, and III) a 3-fold increase in the ULN for ALT plus a 2-fold increase in the ULN of total bilirubin. RESULTS: In groups with and without HIV infection the frequency of hepatotoxicity I was 77 percent and 46 percent, respectively (p < 0.01). Using hepatotoxicity II and III definitions no difference was observed in the occurrence of antituberculosis drug-induced hepatitis. Of the 17 patients with hepatotoxicity by definition III, 3 presented no side effects and treatment was well tolerated. In 8 (36.4 percent) out of 22, symptoms emerged and treatment was suspended. Alcohol abuse was related to hepatotoxicity only for definition I. CONCLUSIONS: Depending on the definition of drug-induced hepatitis, HIV infection may or may not be associated with hepatotoxicity. The impact that minor alterations in the definition had on the results was impressive. No death was related to drug-induced hepatotoxicity. The emergence of new symptoms after initiating antituberculosis therapy could not be attributed to hepatotoxicity in over one third of the cases.
INTRODUÇÃO: Avaliou-se a prevalência e os fatores de risco para hepatotoxicidade aos tuberculostáticos em pacientes HIV positivos e controles. MÉTODOS: Selecionou-se 162 pacientes com tuberculose, tratados com rifampicina, isoniazida e pirazinamida, na faixa etária de 18 a 80 anos, internados em hospital público no Brasil, entre 2005 e 2007. Eles foram divididos em dois grupos: 30 infectados pelo HIV e 132 controles. Adotou-se três definições para hepatotoxicidade: I) aumento de três vezes no valor inferior normal da alanina-aminotransferase (ALT); II) aumento de três vezes no valor superior normal (VSN) da ALT; III) aumento de três vezes no VSN da ALT e duas vezes no VSN da bilirrubina total. RESULTADOS: Nos grupos com e sem infecção pelo HIV, a frequência de hepatotoxicidade I foi de 77 por cento e 46 por cento, respectivamente (p<0,01). Para as definições II e III a frequência de hepatotoxicidade não diferiu entre os grupos estudados. De 17 pacientes com hepatotoxicidade induzida por droga (definição III), três não apresentaram sintomas e o tratamento foi mantido sem intercorrências. Oito (36,4 por cento) de 22 indivíduos apresentaram efeitos colaterais e interromperam o tratamento, mas não apresentavam hepatotoxicidade pela definição III. O abuso de álcool associou-se à hepatotoxicidade apenas para a definição I. CONCLUSÕES: Na dependência da definição escolhida, a infecção pelo HIV pode ou não associar-se à hepatotoxicidade. Foi grande o impacto que pequenas alterações na definição de hepatotoxicidade tiveram nos resultados. Nenhuma morte associou-se ao uso de tuberculostáticos. O surgimento de sintomas não pôde ser atribuído aos tuberculostáticos em um terço dos casos.