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Implementação das práticas baseadas em evidências na assistência ao parto normal / Implementation of evidence-based practices in normal birth care

Côrtes, Clodoaldo Tentes.
São Paulo; s.n; 2017. 111 p
Tese em Português | LILACS, BDENF | ID: biblio-1380019
Introdução: o modelo predominante de assistência ao parto no Brasil caracteriza-se pelo uso abusivo ou inadequado de intervenções e cerceamento dos direitos da parturiente (restrição à presença de acompanhante de escolha da mulher, realização de amniotomia de rotina durante o trabalho de parto, posição litotômica de rotina, infusão intravenosa de ocitocina de rotina, puxo dirigido e pressão no fundo uterino da parturiente durante a expulsão fetal) em todos os períodos clínicos do parto. Sabe-se que esse modelo pode ser modificado com a adoção das boas práticas de assistência ao parto normal preconizadas pela Organização Mundial da Saúde. Embora as melhores práticas no parto e nascimento estejam fundamentadas em evidências científicas, faltam pesquisas sobre sua implementação na prática clínica. Objetivo geral: avaliar o impacto da implementação das práticas baseadas em evidências na assistência ao parto normal. Método: estudo de intervenção quase experimental, tipo antes e depois, baseado na metodologia de implementação de evidências científicas na prática clínica do Instituto Joanna Briggs. Foi conduzido no Hospital da Mulher Mãe Luzia, maternidade pública de referência para a assistência obstétrica em Macapá, Amapá. Foram entrevistados 42 profissionais (enfermeiros e médicos obstetras e residentes das duas categorias) e 280 mulheres atendidas no trabalho de parto e parto. Também foram analisados dados de 555 prontuários de puérperas. A pesquisa foi desenvolvida em três fases: auditoria de base (fase 1), intervenção educativa (fase 2) e auditoria pós-intervenção (fase 3). A intervenção educativa consistiu em um seminário denominado Seminário de práticas baseadas em evidências científicas na assistência ao parto normal, oferecido para os profissionais. A coleta de dados ocorreu entre julho de 2015 e março de 2016. Os achados foram analisados comparando-se os dados das fases 1 e 3, adotando-se o nível de significância de 5%. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Resultados: após a intervenção educativa, houve incremento de 8,3 p.p. na taxa de parto normal. Na entrevista com as mulheres, constatou-se aumento de 10,0 p.p. (p=0,002) da presença do acompanhante durante o trabalho de parto e de 31,4 p.p. (p<0,001) no uso da posição vertical ou cócoras. A realização de amniotomia foi reduzida em 16,8 p.p. (p=0,005), o uso de posição litotômica em 24,3 p.p. (p<0,001), a utilização de ocitocina em 17,1 p.p. (p=0,004), os puxos dirigidos em 29,3 p.p. (p<0,001) e a manobra de Kristeller em 10,7 p.p. (p=0,013). Na perspectiva dos profissionais, houve redução da prescrição ou administração de ocitocina de 29,6 p.p. (p=0,005). Na análise dos dados dos prontuários, observou-se redução significativa da taxa de amniotomia em 29,5 p.p. (p<0,001) e de posição litotômica em 1,5 p.p. (p=0,013), enquanto a taxa de posição vertical ou cócoras apresentou incremento de 2,2 p.p. (p=0,013). Conclusões: a intervenção educativa revelou impacto positivo na melhora da assistência à mulher durante o trabalho de parto e parto, com aumento da taxa de parto normal e, também, na visão das mulheres, que alegaram ter mais acompanhantes de sua escolha, poder adotar mais posições verticalizadas no período expulsivo, utilizar menos ocitocina, puxos dirigidos e manobra de Kristeller. Esses resultados conferem em parte com o dos profissionais, que citaram realizar menos orientação de puxos dirigidos e prescreverem menos ocitocina. Também coincidem parcialmente com as anotações dos prontuários, que incluem aumento das posições verticais e redução da posição litotômica e da prática de amniotomia. No entanto, verificou-se que os profissionais continuam empregando práticas como posição litotômica de rotina, puxos dirigidos e manobra de Kristeller, no período expulsivo. Conclui-se que houve um impacto positivo na proposta conduzida, mas mostra que o processo de implementação de evidências científicas na assistência ao parto normal adotado não foi capaz de obter sucesso completo na mudança das práticas obstétricas dos profissionais participantes.
Biblioteca responsável: BR41.1
Localização: BR41.1