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O Cotidiano de profissionais de saúde e suas interfaces com a gestão dos processos de trabalho em um hospital universitário da Região Metropolitana de Belém-Pa

Santos, José Guilherme Wady.
Belém - Pa; s.n; 2013. 223 p.
Tese em Português | Coleciona SUS | ID: biblio-942800
A reestruturação nos sistemas produtivos na década de 70, nos chamados países de capitalismo avançado, levou ao enfraquecimento do modelo taylorista/fordista, com o crescente desenvolvimento e uso de novas técnicas administrativas. Hoje, a teia tecida naquele momento tem se expandido cada vez mais, inclusive, para áreas mais remotas. Desse modo, todos os setores da economia têm sido atingidos dentro de uma mesma lógica, com a consequente expansão do setor terciário, que tem nos serviços uma de suas expressões e inclui a área da saúde. No Brasil, a proposição e posterior implementação do SUS não deixam de estar atrelados a esse contexto maior, pois desde a sua concepção sofre forte influência dos interesses corporativos de grupos privatistas. Embalada pelos ideais de inovação, eficiência, competitividade, qualidade e modernização da gestão pública, a reforma gerencial de 1995 teve como resultado a flexibilização na gestão de recursos humanos, com consequente promoção de um elevado quadro de precarização do trabalho na área. Atualmente, a reestruturação produtiva tem comparecido, na área da saúde, muito mais pela via das tecnologias não materiais (leve-duras e leves), contexto onde o trabalho vivo em ato exerce supremacia, posto que a produção do cuidado se dá na relação intercessora entre trabalhador-usuário e, por isso, com marcada presença de vinculação afetiva entre eles, característica fundante do trabalho imaterial. A presente pesquisa objetivou analisar as interfaces entre as práticas de gestão dos processos de trabalho e os modos de produção do cuidado em saúde, buscando refletir sobre como operam os arranjos tecnológicos de gestão no cotidiano de profissionais que atuam no HUJBB, bem como sobre os modos de enfrentamento por eles utilizados frente àqueles arranjos. Participaram da pesquisa 45 funcionários lotados na clínica de doenças infecto contagiosas, bem como a coordenação de recursos humanos e a coordenação clínica da unidade pesquisada. Os primeiros responderam a dois instrumentos de coleta de dados, um socioeconômico e outro composto por questões acerca de suas atividades diárias e por outras relativas à centralidade de algumas esferas da vida, como família e trabalho. Também compuseram o instrumento algumas questões sobre as práticas de gestão dos processos de trabalho realizadas no hospital em geral e na clínica em particular. Os segundos responderam, além do questionário socioeconômico, um roteiro que apresentava questões norteadoras que eram abertas e com algumas delas sendo específicas para cada um desses entrevistados em particular. Também foram realizadas observações não sistemáticas do ambiente de trabalho, cujos registros foram feitos em um diário de campo, bem como análise de alguns documentos de gestão. Os resultados mostraram a segmentação dos trabalhadores e a fragmentação dos coletivos, com marcada ausência de espaços onde os profissionais pudessem expressar suas dificuldades e discutir possibilidades de resolução das mesmas. Além disso, as práticas de gestão existentes no HU foram avaliadas de modo desfavorável pela amostra. Os relatos apresentados para ambas as situações denotaram um forte controle dos processos de trabalho, dada a centralização do poder nas mãos das chefias e quase ausência de comunicação horizontal e vertical entre elas. Também denotaram as consequências desfavoráveis que as condições físicas e socioafetivas do trabalho apresentam sobre suas atividades diárias, levando-os à desvinculação/desafetação do outro. Apesar das condições relatadas, quando a centralidade do trabalho foi avaliada, esta ficou atrás apenas da esfera família, com forte relação entre ambas. Nesse sentido, e tendo a centralidade observada como sendo relativa ao trabalho vivo – concreto – e, portanto, operado com certo autogoverno de quem o exerce, considero que a produção do cuidado também está fundamentada na produção e manipulação de afetos próprias do trabalho imaterial, o que parece contribuir para o enfrentamento/subversão dos modos de gestão macro dos processos de trabalho - o que passei a denominar de “rotas-ação” -, que amplia a liberdade dos profissionais na gestão dos próprios atos produtores de saúde
Biblioteca responsável: BR276.2
Localização: BR276.2; 614.2, S237c, R