RESUMO
Foram examinados clinicamente 306 pacientes, sendo 118 psoriásico, 88 portadores de língua geográfica e 100 pacientes com outras doenças. Os pacientes foram submetidos a exame clínico geral, dermatológico e estomatológico completos. Todas as alterações cutâneas e mucosas encontradas foram anotadas. Após o tratamento estatístico dos dados obtidos, constatamos que: a) a prevalência da língua geográfica é maior no grupo psoriásico (13,6%) do que no grupo controle (3%), bem como a língua fissurada (36,4% e 12%, respectivamente); b) existe uma inversão na prevalência da psoríase e língua geográfica com relação a idade; nas faixas etárias mais avançadas, a psoríase; nas faixas etárias mais precoces, a língua geográfica; c) os antecedentes familiares positivos e o estresse emocional apresentam uma frequência aumentada nos pacientes com psoríase e língua geográfica; d) a sintomatologia na psoríase esta representada pelo prurido em 86,4% e pelo ardor em 55%; na língua geográfica, pelo ardor em 53,4%; e) a pesquisa de doenças anteriores, tabagismo e etilismo, mostra uma prevalência aumentada no grupo com psoríase em relação ao grupo com língua geográfica; f) a análise microscópica realizada em 31 biópsias cutâneas psoriásicas revela alterações classicamente descritas, exceto o adelgaçamento das porções suprapapilares da epiderme; g) a prevalência da atopia (34%) é maior no grupo portador de língua geográfica do que nos pacientes do grupo psoriásico (16,1%) e controle (18,0%). Diante destas constatações, pudemos concluir que a língua geográfica pode ser uma forma frusta da psoríase que a precederia com ou sem simultaneidade posterior. O traço clínico comum entre as duas condições são os fatores etiológicos envolvidos, especialmente o estresse emocional e a hereditariedade, bem como a forma de estabelecimento de suas lesões. (AU)