RESUMEN
Os autores apresentam a experiência de um trabalho em parceria de um
grupo de psicanalistas da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)
com a Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre (SMED) junto
às instituições de educação infantil. Na atividade (Rodas de Conversa),
participam os profissionais envolvidos na educação cotidiana das crianças
em comunidades de alta vulnerabilidade social. Ressaltam que, a partir
de uma atitude de acolhimento e continência das vivências compartilhadas,
mais do que respostas/soluções às perguntas, os participantes conversam
sobre as situações com vistas a encontrar alternativas possíveis e a tolerar
não ter condições para resolver todos os problemas, a ouvir o que o outro
tem a dizer e a aprender com a narrativa do outro. Observa-se que a
autoestima dos educadores se fortalece percebendo que são capazes de
avançar em sua trajetória pessoal e profissional. Finalizam trazendo
questionamentos sobre o alcance do trabalho realizado, reconhecendo
que segue sendo uma atividade em construção nestes nove anos
Asunto(s)
PsicoanálisisRESUMEN
O artigo utiliza o mito de Sísifo para ilustrar o trabalho que um grupo de
psicanalistas da SPPA realiza desde 2006 em parceria com a SMED
(Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura Municipal de Porto
Alegre) e, a partir de 2013, com o Projeto Pescar/POA. Apresenta uma
contextualização e relato de ambas as experiências através de vinhetas.
Salienta que este trabalho, fora dos consultórios, desperta muitas
inquietações e sentimentos de impotência. Obriga-nos a sair da posição do
saber até a de sentir o desamparo frente à extrema violência. A banalização
da violência tenderia a prejudicar nossa escuta? Primo Levi (1988) e Boris
Cyrulnik (2009), que sobreviveram aos campos de concentração, nos
ensinam a importância da palavra para dar um sentido possível ao sem
sentido; destacam a possibilidade de mudar o sentimento íntimo de uma
pessoa a partir do relato de suas experiências. Nos grupos de adolescentes,
nos encontros com as famílias do Projeto Pescar e nas rodas de conversa
com educadores e assessores da SMED, tentamos criar um espaço
transicional que favoreça a criação de metáforas possíveis que ampliem
a capacidade dos sujeitos de dar conta de seus impasses (Botbol, 2013)