RESUMEN
Abordamos a experiência de mães de crianças com uma grave condição crônica de
saúde, a síndrome do intestino curto (SIC), a partir de um estudo realizado em um hospital de
referência no Rio de Janeiro no ano de 2014, contando com dez participantes. O objetivo do
artigo é explorar aspectos da interpretação materna sobre a corporalidade dos bebês e seus efeitos
na construção da maternidade. Foram utilizados o método biográfico e um roteiro de entrevistas
que propiciou a produção de narrativas. A interpretação dos dados, dialogada entre a
hermenêutica de profundidade de Thompson e o interacionismo simbólico, reconheceu e valorizou
o fato de que as construções da maternidade se inscrevem na ordem da interação. O corpo
diferente, que parece desafiar a própria condição humana na interpretação materna, vai sendo
significado e adquire intencionalidade. A dimensão de intersubjetividade inaugurada garante o
reconhecimento do bebê. Concluímos que os aparatos tecnológicos e cuidados especiais acionados
para a sobrevivência de bebês com malformações graves podem gerar um distanciamento e
um sentimento de exclusão por parte das mães. A abordagem dessas mulheres precisa transcender
o utilitarismo das práticas baseadas num treinamento dos cuidados