RESUMEN
O texto aborda a questão da transmissão psíquica transgeracional considerando que o
traumático não diz respeito a uma dimensão individual e sim coletiva, na medida em que mesmo
o trauma individual se insere em um contexto mais amplo que torna possível a ruptura traumática
ser consumada. A partir dessa consideração, traz uma discussão de como, no Brasil, a memória da
escravidão se transmite como marca traumática, através de gerações de filhos das famílias brancas,
em uma modalidade de racismo característico de nossa sociedade. Essa memória perpetua a
aversão à presença das pessoas negras que trazem em sua pele e suas feições a presentificação do
crime cometido pelos ancestrais e que se sustenta na forma de um autodesconhecimento dos
indivíduos em relação ao papel desempenhado pela escravidão em nossa história, o que evidencia
a clivagem da sociedade marcada por uma profunda desigualdade social