Resumo
A piometra é uma das doenças ginecológicas mais frequentemente observadas em cadelas idosas. Como consequência de ciclos repetidos, o útero da cadela sofre alterações associadas à hiperplasia endometrial cística, com contaminação bacteriana principalmente por E. coli. Os sinais clínicos variam de manifestações sistêmicas, alterações em vários órgãos e na homeostasia devido a SRIS, sepse, sepse grave ou choque séptico. Em casos graves pode evoluir para SDMO e óbito. Foram incluídas 331 cadelas com diagnóstico de piometra, sendo divididas em grupos de animais sobreviventes e não sobreviventes com diagnósticos de sepse, sepse grave e choque séptico. O objetivo primário deste estudo retrospectivo foi avaliar a evolução dos parâmetros clínicos e laboratoriais durante os três primeiros dias de internamento hospitalar, buscando identificar o valor destas variáveis como marcadores de prognóstico. Na análise estatística foi realizada teste de qui-quadrado ou teste exato de Fisher e a comparação entre os grupos foi realizado pelo teste de Mann-Whitney, sendo considerada diferença significativa quando p < 0,005. A prevalência foi maior nos animais sem raça definida (28%), a idade e o peso obtiveram média±desvio padrão respectivamente de 12±4 anos e 16,6±13,4 Kg. As comorbidades com maior prevalência foram tumor de mama (18,1%) seguido de disfunção renal (10,5%). Já a complicação mais frequente foi a peritonite (7,2%). A partir dos resultados avaliados pode-se concluir que a presença de disfunção renal, cérvix fechada, o uso de vasoativo e TPC anormal são marcadores de prognostico, assim como os valores dos testes laboratoriais como: mielócitos, neutrófilos bastonetes, neutrófilos segmentados, linfócitos, ureia e creatinina. O segundo objetivo é identificar os principais marcadores de preditores de morbimortalidade em cadelas com piometra. Na análise estatística foi realizado regressão logística e foi identificado que animais com cérvix fechada, TPC anormal na admissão e o uso de vasoativos são preditivos de morbimortalidade em pacientes com piometra.
Pyometra is one of the most frequently observed gynecological diseases in elderly female dogs. As a consequence of repeated cycles, the bitch's uterus undergoes changes associated with cystic endometrial hyperplasia, with bacterial contamination mainly by E. coli. Clinical signs range from systemic manifestations, changes in various organs and homeostasis due to SIRS, sepsis or septic shock. In severe cases it can progress to SDMO and death. A total of 331 bitches diagnosed with pyometra were included, being divided into groups of surviving and non-surviving animals diagnosed with sepsis, severe sepsis and septic shock. The primary objective of this retrospective study was to assess the evolution of clinical and laboratory parameters during the first three days of hospital stay, seeking to identify the value of these variables as prognostic markers. In the statistical analysis, the chi-square test or Fisher's exact test was performed, and the comparison between groups was performed using the Mann-Whitney test, which was considered a significant difference when p < 0.005. The prevalence was higher in mixed breed animals (28%), age and weight had mean ± standard deviation of 12 ± 4 years and 16.6 ± 13.4 kg, respectively. The most prevalent comorbidities were breast tumor (18.1%) followed by renal dysfunction (10.5%). The most frequent complication was peritonitis (7.2%) in animals. From the evaluated results it can be concluded that the presence of renal dysfunction, closed cervix, the use of vasoactive and abnormal CPT are prognostic markers, as well as the values of laboratory test such as: myelocytes, band neutrophils, segmented neutrophils, lymphocytes, urea and creatinine. The second objective is to identify the main predictors of morbidity and mortality in bitches with pyometra. In the statistical analysis, logistic regression was performed and it was identified that animals with a closed cervix, abnormal CPT on admission and the use of vasoactive agents are predictive of mortality in patients with pyometra.
Resumo
O manejo de animais silvestres em cativeiro requer métodos de contenção seguros e eficazes que garantam adequada imobilização para a realização de práticas de manejo, como identificação, separação por faixa etária, coleta de material biológico, mensurações morfométricas, aferições fisiológicas e tratamento de enfermidades. Nessas ocasiões, os animais podem desenvolver algumas manifestações clínicas denominadas de síndrome do estresse, hipertermia maligna ou miopatia de captura, podendo resultar em óbito. Em algumas situações, a contenção química é fundamental na realização deste manejo, principalmente de indivíduos potencialmente agressivos, suprimindo sua irritabilidade e reações ocasionadas por estresse animal. O presente estudo teve por objetivo comparar os efeitos cardiorrespiratórios, hemogasométricos e sedativos da associação midazolam-butorfanol acrescida de detomidina ou dexmedetomidina, em catetos. Foram utilizados vinte catetos adultos pesando em média 18,5 ± 5,4 kg distribuídos aleatoriamente em dois grupos (n=10): dexmedetomidina (36g/kg), burtorfanol (0,31mg/kg) e midazolam (0,41mg/kg), IM ou detomidina (157g/kg), butorfanol (0,31mg/kg) e midazolam (0,42 mg/kg), IM. As variáveis (FC, f, PAM, SpO2, ETCO2 e TR) foram avaliadas após aplicação dos fármacos (jaula de contenção). Foram avaliados cinco momentos, sendo eles M0 (após a instrumentação), M1, M2, M3 e M4 (a cada 10 minutos). A hemogasometria e a dosagem de lactato foram realizadas em M0 e M4 (sangue arterial). A sedação foi avaliada através de escala analógica visual, relaxamento muscular, postura e resposta auditiva. Foi realizado ANOVA seguida de teste t pareado (paramétricos) e teste de Mann Whitney Rank Sum Test (não paramétricos) com p <0,05. Não foi observada diferença estatística para o período de latência, sendo 5,9+1,3min (dexmedetomidina) e 7,1+2,6min (detomidina). Foi observado aumento significativo entre grupos para as variáveis f, PAM e SpO2 com maiores valores para detomidina e ETCO2 com maiores valores para dexmedetomidina. Na avaliação entre momentos o grupo dexmedetomidina apresentou redução significativa de 20% na FC em M4 (103 ± 14/83 ± 9) e de 65% para o lactato (11,1 ± 5,0/3,9 ± 2,5), já o HCO3 apresentou aumento de 50% (20,6 ± 4,8/30,1 ± 2,5). O grupo detomidina apresentou as mesmas alterações que o grupo dexmedetomidina entre momentos, sendo diminuição de 14% para FC (97 ± 18/83 ± 13, 57) e de 65% para o lactato (12,14 ± 6/4, 23 ± 2,17), além de aumento de 48% para o HCO3 (19,5 ± 7,5/28,9 ± 3,5). A SpO2 permaneceu abaixo de 90% durante todo o experimento nos dois grupos. Os animais dos dois grupos apresentaram sedação profunda e relaxamento muscular máximo. Conclui-se que as associações entre dexmedetomidina-butorfanol-midazolam e detomidina-butorfanol-midazolam nas doses empregadas proporcionaram adequada sedação, porém apresentando alteração de SpO2. Desta forma, ambos são indicados para contenção química de catetos adultos.
The management of wild animals in captivity requires safe and effective containment methods that ensure adequate immobilization to perform management practices, such as identification, separation by age group, collection of biological material, morphometric measurements, physiological measurements and treatment of diseases. At these times, the animals may develop some clinical manifestations called stress syndrome, malignant hyperthermia or capture myopathy, which may result in death. In some situations, chemical containment is fundamental in the performance of this management, especially of potentially aggressive individuals, suppressing their irritability and reactions caused by animal stress. The aim of the present study was to compare the cardiorespiratory, hemogasometric and sedative effects of midazolam-butorphanol plus detomidine or dexmedetomidine combination in catheters. Twenty adult catheters weighing on average 18.5 ± 5.4 kg were randomly distributed into two groups (n = 10): dexmedetomidine (36 g / kg), burtorfanol (0.31 mg / kg) and midazolam (0.41 mg / kg), IM or detomidine (157 g / kg), butorphanol (0.31 mg / kg) and midazolam (0.42 mg / kg), IM. The variables (HR, RR, MAP, SpO2, ETCO2 and RT) were evaluated after application of the drugs (containment cage). Five moments were evaluated, being M0 (after instrumentation), M1, M2, M3 and M4 (every 10 minutes). Hemogasometry and lactate dosage were performed in M0 and M4 (arterial blood). Sedation was assessed by visual analogue scale, muscle relaxation, posture and auditory response. ANOVA was performed followed by paired t test (parametric) and Mann Whitney Rank Sum Test (non-parametric) with p <0.05. No statistical difference was observed for the latency period, being 5.9 ± 1.3min (dexmedetomidine) and 7.1 ± 2.6min (detomidine). A significant increase was observed between groups for the variables RR, MAP and SpO2 with higher values for detomidine and ETCO2 with higher values for dexmedetomidine. In the evaluation between moments the dexmedetomidine group reduced significantly 20% in HR in M4 (103 ± 14/83 ± 9), lactate reduced by 65% (11.1 ± 5.0 / 3.9 ± 2.5) and HCO3 Increased by 50% (20.6 ± 4.8 / 30.1 ± 2.5). The detomidine group presented the same changes as the dexmedetomidine group between moments, with a decrease of 14% for HR (97 ± 18/83 ± 13, 57) and 65% for lactate (12.14 ± 6/4, 23 ± 2.17), in addition to an increase of 48% for HCO3 (19.5 ± 7.5 / 28.9 ± 3.5). SpO2 remained below 90% throughout the experiment in both groups. SpO2 remained below 90% throughout the experiment in both groups. The animals of both groups presented deep sedation and maximum muscle relaxation. It was concluded that the associations between dexmedetomidine-butorphanol-midazolam and detomidine-butorphanol-midazolam in the doses used provided adequate sedation, but with SpO2 alterations. Thus, both are indicated for chemical containment of adult hounds.