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AVALIAÇÃO DO ESTADO DE SAÚDE DE PINGUINS-DE-MAGALHÃES (SPHENISCUS MAGELLANICUS FORSTER 1781) ENCALHADOS NO ESPÍRITO SANTO E NO RIO DE JANEIRO ENTRE 2012 E 2013

LUIS FELIPE SILVA PEREIRA MAYORGA.
Tese em Português | VETTESES | ID: vtt-203285

Resumo

Pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) são aves marinhas nativas do sul da América do Sul, nidificando na Argentina, Chile e Ilhas Malvinas/Falkland. Durante o inverno, estas aves nadam ao longo da plataforma continental em busca de alimento, atingindo o litoral brasileiro. O presente estudo investigou o estado de saúde de pinguins-de-Magalhães recebidos pelo Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (IPRAM), buscando identificar características e padrões que possam ajudar a entender os mecanismos ecológicos que levam ao encalhe destas aves em praias brasileiras. Foram estudados 494 indivíduos resgatados desde o extremo norte do Espírito Santo (Conceição da Barra) ao centro do estado do Rio de Janeiro (Saquarema) nos anos de 2012 e 2013. O litoral estudado foi dividido em quatro regiões: Norte (Conceição da Barra a Aracruz), Grande Vitória (Fundão a Guarapari), Centro (Anchieta a Macaé) e Lagos (Rio das Ostras a Maricá). Dez indivíduos deram entrada com plumagem característica de adultos, enquanto que todos os demais apresentavam padrão de plumagem típico de juvenis com idade inferior a um ano. Apenas sete pinguins deram entrada com contaminação por óleo em sua plumagem (1,4%), sendo quatro em 2012 e três em 2013. Os animais foram resgatados nos meses de junho a março, com a maioria sendo resgatada de julho a novembro. A distribuição do número de animais resgatados em cada região não foi homogênea, sendo que os animais da região dos Lagos tiveram uma tendência a serem resgatados mais tardiamente na temporada, de setembro a novembro, enquanto que os animais das demais regiões foram resgatados predominantemente de julho a setembro. A condição corporal à admissão foi registrada para 479 indivíduos, sendo que a maior parte dos animais estava em pobre condição corpórea no momento da admissão ao centro. Foi constatado um padrão latitudinal para condição corporal, massa corpórea, comportamento, coloração da mucosa oral e temperatura corporal, sendo que os animais originários das regiões dos Lagos e Centro apresentavam parâmetros indicativos de uma melhor condição de saúde do que os animais resgatados nas regiões da Grande Vitória e Norte. Este padrão pode ser explicado em parte pelo maior intervalo entre o resgate na região dos Lagos e o exame de admissão no IPRAM, sendo possível que apenas os pinguins com melhores parâmetros vitais sobrevivam o suficiente para serem entregues ao IPRAM. Além disso, é provável que a ressurgência de Cabo Frio na região dos Lagos produza condições oceanográficas favoráveis para alimentação da espécie, favorecendo uma melhor condição de saúde. De modo geral, os resultados deste estudo corroboram a interpretação de que o encalhe da maior parte dos pinguins no litoral sudeste do Brasil é consequência de um quadro de debilitação e deficiência nutricional que, por sua vez, deriva de uma dificuldade em obter alimento em quantidade e qualidade energética suficientes.
Magellanic penguins (Spheniscus magellanicus) are seabirds native to southern South America, nesting along the coast of Argentina, Chile and the Falkland/Malvinas Islands. During winter, these penguins swim along the South American continental shelf seeking for prey, reaching the coast of Brazil. This study examines health and rehabilitation records of Magellanic penguins received at the Institute of Research and Rehabilitation of Marine Animals (IPRAM), aiming to identify characteristics and patterns in individual parameters that may contribute to our understanding of the ecological mechanisms underlying their stranding on the Brazilian coast. The records of 494 Magellanic penguins rescued in 2012 and 2013 from the North of Espírito Santo state (Conceição da Barra) to the center of Rio de Janeiro state (Saquarema) were examined. The study area was divided into four regions: North (Conceição da Barra a Aracruz), Greater Vitória (Fundão a Guarapari), Center (Anchieta a Macaé) and Lagos (Rio das Ostras a Maricá). Only ten penguins were admitted with adult feathering, all others presented juvenile plumage. Only seven penguins were oiled upon admission (1.4%), four in 2012 and three in 2013. Penguins were rescued from June to March, but the vast majority was rescued between July and November. The number of animals rescued in each region was not homogeneous throughout the wintering season, as penguins rescued at the Lagos region had a tendency to be rescued later in the season, from September to November, whereas the penguins from the remaining regions were more frequently rescued from July to September. Most penguins were in poor body condition at the time of admission to the center, showing signs of hypothermia, prostration and pale oral mucosa. A latitudinal pattern was identified in the body condition, body mass, behavioral score, oral mucosa color and body temperature of the studied penguins, with individuduals rescured from the Lagos region and Center had better health parameters than individuals rescued from the Greater Vitória and North regions. This finding may be partly explained by the longer interval that usually occurred between the rescue at the Lagos Region and the admission at IPRAM, since it is possible that only the penguins with better vital parameters survived long enough to be delivered to IPRAM. Furthermore, it is likely that the Cabo Frio upwelling at the Lagos region leads to favorable oceanographic conditions that result in greater prey availability for penguins, contributing to their better health status. In conclusion, the results of this study corroborate the interpretation that the stranding of Magellanic penguins in the southeast coast of Brazil is largely the result of a debilitated health state and subnutrition that, in turn, is the result of a difficulty in obtaining prey in quantity and quality sufficient to supply their energetic demands.
Biblioteca responsável: BR68.1