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Avaliação da segurança do uso de extrato de Cannabis em monoterapia e em associação ao fenobarbital em cães saudáveis e relato de seu emprego como terapia adjuvante ao fenobarbital em cães epilépticos

MARIA PAULA RAJAO COSTA COELHO.
Tese em Português | VETTESES | ID: vtt-219656

Resumo

Distúrbios do sistema endocanabinoide (SEC) podem estar relacionados a ocorrência de doenças em diferentes espécies. As substâncias derivadas da Cannabis atuam sobre o SEC. Assim, postula-se que a utilização desses compostos possa trazer benefícios no tratamento de doenças. As epilepsias são condição clínica prevalente em cães. Parcela significativa desses animais continua a apresentar crises epilépticas mesmo com a utilização dos tratamentos farmacológicos atualmente disponíveis. Na medicina humana há bom nível de evidência científica da eficácia do uso de tratamentos com derivados de Cannabis no controle de crises epilépticas em algumas epilepsias refratárias. Nos últimos anos, têm surgido estudos que avaliam a utilização destes produtos em animais e relatos anedóticos da eficácia desses tratamentos na medicina veterinária. Ainda assim, atualmente as evidências de segurança e propriedades terapêuticas dessas substâncias em cães ainda são escassas. Este estudo teve como objetivos avaliar, em cães saudáveis, a segurança do emprego de extrato de Cannabis contendo os fitocanabinoides canabidiol (CBD) e 9-tetrahidrocannabinol (THC) acompanhado ou não do fenobarbital (fase 1), e, em cães epilépticos, analisar o efeito clínico da associação deste composto ao fenobarbital (fase 2). Na fase 1 foram utilizados 12 cães saudáveis mantidos em condições experimentais aleatoriamente divididos em três grupos (n=4): G1 tratado exclusivamente com extrato de Cannabis, G2 tratado com associação do extrato ao fenobarbital e G3 tratado com associação do fenobarbital à solução placebo. Na fase 2, foram utilizados seis cães epilépticos acompanhados na rotina clínica do HV-UFMG, que estavam sendo tratados com fenobarbital e ainda assim apresentavam no mínimo uma crise epiléptica por mês. Foi utilizado delineamento simples-cego randomizado, e os animais foram divididos em dois grupos: G4 tratado com extrato de Cannabis associado ao fenobarbital previamente utilizado (n = 4) e G5 tratado com solução placebo associada ao fenobarbital previamente utilizado (n=2). Os 18 animais foram tratados por 60 dias. Durante o período, foram acompanhados quanto a frequência de crises epilépticas (fase 2) e ocorrência de possíveis efeitos colaterais aos tratamentos (fases 1 e 2). Além disso, foram realizadas reavaliações clínicas e laboratoriais (exame físico e neurológico, coleta de sangue para realização de hemograma, perfil bioquímico hepático e renal e mensuração sérica do fenobarbital, aferição de pressão arterial sistólica PAS, frequência cardíaca média FCM e realização de eletrocardiograma - ECG) em três tempos distintos: T0 antes do início dos tratamentos, T1 30 dias após início dos tratamentos e T2 - 60 dias após início dos tratamentos. A instituição das terapias experimentais não determinou alterações significativas em exame físico, neurológico, avaliações de função cardiovascular, bioquímica renal e mensuração sérica do fenobarbital. Excetuando-se G5, os quatro demais grupos experimentais apresentaram alteração no número de hemácias e/ou nos índices hematimétricos (concentração de hemoglobina corpuscular média CHCM - e/ou hemoglobina corpuscular média - HCM) em algum momento do tratamento. Além disso, os animais tratados com associação do fenobarbital ao óleo de extrato de Cannabis (G2 e G4) apresentaram elevação na atividade sérica das enzimas fosfatase alcalina (FA) e alanina aminostransferase (ALT). O tratamento com óleo de extrato de Cannabis foi bem tolerado, tendo sido registrados efeitos colaterais infrequentes e de pouca repercussão clínica, não tendo havido necessidade de descontinuação da terapia em nenhum animal. Dois dos quatro cães epilépticos tratados com o extrato de Cannabis (G4) e nenhum dos cães tratados com placebo (G5) apresentaram redução na frequência de crises epilépticas superior a 50% sendo, assim, considerados responsivos ao tratamento. Foi registrada redução superior (33%) na frequência média de crises epilépticas mensais em G4 em relação a G5 (9%). No entanto, tal redução não foi estatisticamente significativa (p > 0.05). A utilização em cães de extrato de Cannabis em monoterapia ou associado ao fenobarbital foi segura na dose e tempo de tratamento empregados, considerando-se as variáveis acompanhadas neste estudo. Indica-se monitorização frequente de hemograma e bioquímica hepática neste tipo de tratamento o último especialmente quando empregada a associação de derivados da Cannabis ao fenobarbital. A adição do óleo de extrato de Cannabis a tratamentos antiepilépticos com fármacos convencionais pode determinar ganho no controle de crises epilépticas em cães, podendo ser considerada estratégia terapêutica adjuvante em epilepsias caninas refratárias
Endocannabinoid system dysfunctions may be related to the occurrence of pathologies in different species. Cannabis-derived substances act on this system. Thus, it is postulated that the use of these compounds can bring benefits in the treatment of diseases. Epilepsies are prevalent clinical conditions in dogs. A significant portion of these animals continues to present epileptic seizures even with the use of pharmacological treatments. There is a good level of scientific evidence of the efficacy of treatments with Cannabis-based medicines in controlling epileptic seizures in some refractory epilepsies in humans. Recently, there have been studies that evaluate the use of Cannabis-derived products in animals and anecdotal reports of the benefits of these treatments in veterinary medicine. Even so, evidence of safety and therapeutic properties of these substances in dogs is currently scarce. The objectives of this study were to evaluate the safety of using Cannabis extract (containing the phytocannabinoids cannabidiol CBD and 9-tetrahydrocannabinol) alone or combined with phenobarbital in healthy dogs (phase 1) and the clinical effect of this association in the treatment of dogs with epilepsies (phase 2). In phase 1, 12 healthy dogs were kept under experimental conditions, randomly divided into three groups (n = 4): G1 treated with Cannabis extract alone, G2 treated with the extract combined with phenobarbital and G3 treated with the combination of phenobarbital with placebo solution. In phase 2, were selected six epileptic dogs treated at HV-UFMG who were already on phenobarbital and, even so, had at least one seizure per month. In this randomized single-blind trial the dogs were divided into two groups: G4 treated with Cannabis extract combined with previous phenobarbital (n = 4) and G5 treated with placebo solution combined with previous phenobarbital (n = 2). The 18 animals were treated for 60 days. During the period, they were monitored for seizures frequency (phase 2) and for the occurrence of possible adverse effects (phases 1 and 2). In addition, clinical reassessments (physical and neurological examination, blood collection for hemogram, hepatic and renal biochemical profile and serum measurement of phenobarbital, SBP, BPM and ECG measurement) were performed at three different times: T0 - before the start of treatments, T1 - 30 days after starting treatments and T2 - 60 days after starting treatments. The use of experimental therapies did not determine significant changes in physical and neurological examination, assessments of cardiovascular function, renal biochemistry and serum measurement of phenobarbital. Except for G5, the four other experimental groups showed changes in hematological indexes (MCHC, CHC and / or RBC) at some point in the treatments. In addition, the animals treated with the with Cannabis extract oil combined with phenobarbital (G2 and G4) showed an increase in serum ALP and ALT activities. Treatment with Cannabis extract oil was well tolerated, showing infrequent and mild adverse effects, no needing withdraw. Two of the four dogs treated with Cannabis extract oil combined with phenobarbital (G4) and none of the dogs treated with placebo combined with phenobarbital (G5) showed a reduction in the frequency of mensal epileptic seizures greater than 50%, being considered responders to treatment. G4 showed a greater reduction (33%) in the average frequency of monthly epileptic seizures compared with G5 (9%), wich, however, was not statistically significant (p > 0.05). These findings indicate that the use of Cannabis extract alone or combined with phenobarbital is safe in dogs. Frequent monitoring of blood count and liver profile is indicated - the latter especially when Cannabis products are used along with phenobarbital. In addition, the combination of Cannabis extract oil to conventional antiepileptic treatments as phenobarbital may determine gains in the control of epileptic seizures in dogs
Biblioteca responsável: BR68.1