ABSTRACT
ABSTRACT Introduction: burns represent a pivotal component of trauma in Brazil, accounting for 2 million incidents and 2,500 deaths annually. Self-intentional burns are associated with a worse prognosis, larger burned surface area, higher infection rates, and death. The lack of studies on the issue of self-immolation raises epidemiological questions regarding Brazilian victims. This study aimed to investigate the profile of burn events associated with self-injurious behavior among Brazilian victims. Methods: this systematic review was performed according to PRISMA 2020 guidelines and evaluated the correlation between self-injurious behavior as a cause of burns in Brazilian victims and its epidemiological implications in the last 20 years (2003-2023). The MeSH terms "Burns", "Self-Injurious Behavior", "Epidemiology" and "Brazil" were queried in the PubMed/MEDLINE, SciELO, and Cochrane Library databases, and, after selection by inclusion/exclusion criteria, the most relevant studies were critically analyzed. Results: From 1,077 pre-selected studies, 92 were potentially eligible, resulting in 7 manuscripts incorporated in this review. From 3,510 burned victims assembled in the pool of selected studies, 311 cases displayed self-injurious behavior. Burned patients who attempted to burn their lives have a higher risk of death (p<0.05; RR=5.1 [3.2-8.1]) and larger burned surface area (p<0.05; MD=19.2 [10-28.2]), compared to accidental cases. Moreover, the female gender was at a higher risk of attempting self-immolation (p<0.05; RR=4.01 [2.9-5.5]). Conclusion: our results show that self-inflicted burn cases were associated with a larger burned surface area and a higher risk of death, and the female gender was identified as a relevant risk factor in Brazil.
RESUMO Introdução: Queimaduras representam um componente fundamental do trauma no Brasil, sendo responsáveis por 2 milhões de incidentes e 2.500 mortes anualmente. Queimaduras autointencionais estão associadas a pior prognóstico, maior superfície corporal queimada, maiores taxas de infecção e morte. A falta de estudos sobre a problemática da autoimolação levanta questões epidemiológicas em relação às vítimas brasileiras. O estudo se objetivou investigar o perfil das queimaduras associados ao comportamento autolesivo entre vítimas brasileiras. Métodos: Esta revisão sistemática foi realizada de acordo com as diretrizes PRISMA 2020 e avaliou a correlação entre comportamento autolesivo como causa de queimaduras em vítimas brasileiras e suas implicações epidemiológicas nos últimos 20 anos (2003-2023). Os termos MeSH "Burns", "Self-Injurious Behavior", "Epidemiology" e "Brazil" foram elencados no PubMed/MEDLINE, SciELO e Cochrane Library e, após seleção por critérios de inclusão/exclusão, os estudos mais relevantes foram analisados criticamente. Resultados: Dos 1.077 estudos pré-selecionados, 92 foram potencialmente elegíveis, resultando em 7 manuscritos incorporados nesta revisão. Das 3.510 vítimas queimadas reunidas no conjunto de estudos selecionados, 311 casos apresentaram comportamento autolesivo. Pacientes que tentaram autoimolação apresentam maior risco de morte (p<0,05; RR=5,1 [3,2-8,1]) e maior superfície corporal queimada (p<0,05; MD=19,2 [10-28,2]), em comparação com casos acidentais. Ademais, o sexo feminino apresentou maior risco para tentativa de autoimolação (p<0,05; RR=4,01 [2,9-5,5]). Conclusão: Nossos resultados mostram que os casos de queimaduras autoprovocadas foram associados a uma maior área de superfície corporal queimada e a um maior risco de morte, e o sexo feminino foi identificado como um fator de risco relevante no Brasil.
ABSTRACT
ABSTRACT - BACKGROUND: Gallbladder diseases (GBD) are one of the most common medical conditions requiring surgical intervention, both electively and urgently. It is widely accepted that sex and ethnic characteristics mighty influence both prevalence and outcomes. AIM: This study aimed to evaluate the differences on distributions of gender and ethnicity related to the epidemiology of GBD in the Brazilian public health system. METHODS: DATASUS was used to retrieve patients' data recorded under the International Code of Diseases (ICD-10) - code K80 from January 2008 to December 2019. The number of admissions, modality of care, number of deaths, and in-hospital mortality rate were analyzed by gender and ethnic groups. RESULTS: Between 2008 and 2019, a total of 2,899,712 patients with cholelithiasis/cholecystitis (K80) were admitted to the hospitals of the Brazilian Unified Health System, of whom only 22.7% were males. Yet, the in-hospital mortality rate was significantly higher in males (15.9 per 1,000 male patients) than females (6.3 per 1,000 female patients) (p<0.05). Moreover, men presented a significantly higher risk of death (RR=2.5; p<0.05) and longer hospital stay (4.4 days vs. 3.3 days; p<0.05) than females. Compared to females, men presented a higher risk of death across all self-declared ethnic groups: whites (RR=2.4; p<0.05), blacks (RR=2.7; p<0.05), browns (RR=2.6; p<0.05), and Brazilian Indians (RR=2.13; p<0.05). CONCLUSION: In the years 2008-2019, women presented the highest prevalence of hospital admissions for GBD in Brazil, and men were associated with worse outcomes, including all ethnic groups.
RESUMO - RACIONAL: Doenças da vesícula biliar (DVB) são uma das condições médicas mais comuns que requerem intervenção cirúrgica, tanto eletiva como urgente. É amplamente aceito que o sexo e as características étnicas podem influenciar a prevalência e os desfechos. OBJETIVO: Avaliar as diferenças nas distribuições de gênero e etnia relacionados à epidemiologia da DVB no sistema público de saúde brasileiro. MÉTODOS: O DATASUS foi usado para elencar os dados de pacientes registrados no Código Internacional de Doenças (CID-10) sob o código K80, de janeiro de 2008 a dezembro de 2019. O número de admissões, caráter de atendimento, número de óbitos e taxa de mortalidade hospitalar foram analisados por gênero e por etnia. RESULTADO: Entre 2008 e 2019, 2.899.712 pacientes com colelitíase/colecistite (K80) foram admitidos em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS), dos quais apenas 22,7% eram do sexo masculino. Ainda assim, a taxa de mortalidade intra-hospitalar masculina (15,9:1.000 pacientes homens) foi significativamente maior do que a feminina (6,3:1.000 pacientes mulheres) (p<0,05). Ademais, homens apresentaram risco de morte significativamente maior em comparação às mulheres (RR=2,5; p<0,05) e maior tempo de internação hospitalar (4,4 dias versus 3,3 dias; p<0,05). Em comparação ao sexo feminino, homens apresentaram maior risco de morte em todos os grupos étnicos autodeclarados: brancos (RR=2,4; p<0,05), negros (RR=2,7; p<0,05), pardos (RR=2,6; p<0,05) e indígena (RR=2,13; p<0,05). CONCLUSÃO: Nos anos de 2008-2019, as mulheres apresentaram as maiores prevalências de internações hospitalares por DVB no Brasil, porém, os homens foram associados a piores desfechos, inclusive entre todos os grupos étnicos.
ABSTRACT
Abstract Background Arterial diseases represent a severe public health problem in the 21st century. Although men have a higher overall prevalence, reports have suggested that women may exhibit atypical manifestations, be asymptomatic, and have hormonal peculiarities, resulting in worse outcomes and severe emergencies, such as acute limb ischemia (ALI). Objectives To analyze the morbidity and mortality profile of ALI emergencies in Brazil between 2008 and 2019. Methods An ecological study was carried out with secondary data from SIH/SUS, using ICD-10 code I.74 The proportions of emergency hospital admissions and in-hospital mortality rates (HMR) by gender, ethnicity, and age were extracted from the overall figures. P<0.05 was considered significant. Results From 2008 to 2019, there were 195,567 urgent hospitalizations due to ALI in Brazil, 111,145 (56.8%) of which were of men. Women had a higher HMR (112:1,000 hospitalizations) than men (85:1,000 hospitalizations) (p<0.05), and a higher chance of death (OR=1.36; p<0.05). Furthermore, mean survival was significantly higher among men (8,483/year versus 6,254/year; p<0.05). Stratified by ethnicity, women who self-identified as white (OR=1.44; p<0.05), black (OR=1.33; p<0.05), and brown (RR=1.25; p <0.05) had greater chances of death than men in the same ethnicity categories. Moreover, women over the age of 50 years had a higher chance of death, with a progressive increment in risk as age increased. Conclusions There was a trend to worse prognosis in ALI emergencies associated with women, especially in older groups. The literature shows that the reasons for these differences are still poorly investigated and more robust studies of this relevant disease in the area of vascular surgery are encouraged.
Resumo Contexto Doenças arteriais representam um grave problema de saúde pública no século XXI. Apesar de homens apresentarem maior prevalência geral, estudos sugerem que mulheres podem cursar com quadros assintomáticos, clínica atípica e particularidades hormonais, que resultam em desfechos desfavoráveis e urgências graves, como oclusões arteriais aguda (OAA). Objetivos Analisar o perfil de morbimortalidade das urgências em OAA no Brasil entre 2008 e 2019. Métodos Realizou-se estudo ecológico com dados secundários do Sistema de Informações Hospitalares/Sistema Único de Saúde, utilizando-se o código I.74 do Código Internacional de Doenças-10. Dos números absolutos, obteve-se proporções de internamentos de urgência e taxa de mortalidade intra-hospitalar (TMH) por gênero, etnia e idade. Considerou-se p < 0,05 significativo. Resultados Entre 2008 e 2019, houve 195.567 internamentos de urgência por OAA no Brasil, dos quais 111.145 (56,8%) eram homens. Mulheres tiveram maior TMH (112:1.000 hospitalizações) em comparação a homens (85:1.000 hospitalizações) (p < 0,05), assim como maior chance de morte (odds ratio [OR] = 1,36; p < 0,05). Ademais, a média de sobrevida anual foi maior entre homens do que entre mulheres (8.483/ano vs. 6.254/ano, respectivamente; p < 0,05). Estratificando por etnia, mulheres apresentaram maior chance de óbitos entre brancas (OR = 1,44; p < 0,05), pretas (OR = 1,33; p < 0,05) e pardas (razão de risco [RR] = 1,25; p < 0,05), comparadas a homens das mesmas etnias. Nas análises etárias, mulheres com mais de 50 anos apresentaram maior chance de óbito, com aumento progressivo do risco com o envelhecimento. Conclusões Nossas análises comparativas evidenciaram tendência de pior prognóstico nas urgências em OAA associadas a mulheres, sobretudo em grupos de idade avançada. A literatura evidencia que as razões para essas diferenças ainda são pouco estudadas, estimulando investigações mais robustas sobre essa importante casuística da cirurgia vascular.
Subject(s)
Humans , Male , Female , Adolescent , Adult , Middle Aged , Aged , Aged, 80 and over , Young Adult , Public Health , Hospital Mortality , Chronic Limb-Threatening Ischemia/mortality , Sex Factors , Retrospective Studies , Ecological Studies , Population Studies in Public Health , HospitalizationABSTRACT
ABSTRACT Acute appendicitis is the leading cause of abdominal emergency surgery worldwide and appendectomy continues to be the definitive treatment of choice. This cost-effectiveness analysis evaluates laparoscopic versus open appendectomies performed in public health services in the state of Bahia (Brazil). We conducted a retrospective observational study using the database from the Department of Informatics of the Unified Health System (DATASUS). Available data on appendectomies between 2008 and 2019 were included, and we evaluated the temporal trend of hospital admissions, procedure-related mortality rates, length of stay, and costs. Statistical analysis was performed using the R-software (R Foundation, v.4.0.3) and the BioEstat software (IMDS, v. 5.3), considering p<0.05 as significant. During 2008-2019, 53,024 appendectomies were performed in the public health services in Bahia, of which 94.9% were open surgeries. The open technique was associated with a higher mortality rate (4.9/1,000 procedures; p<0.05) and a higher risk of death (RR=4.5; p<0.05) compared to laparoscopy (1.1/1,000 procedures). Laparoscopic appendectomy (median of 2.7 days) had a shorter length of stay compared to laparotomy (median of 4.15 days) (p<0.05). There was no difference in the medians of costs nor hospital services, per procedure (p=0.08 and p=0.08, respectively). Laparoscopic professional median costs were higher by US$ 1.39 (p<0.05). Minimally invasive surgery for appendicitis is a safe and efficacious procedure in Brazilian public health care services, as it provides advantages over the open method (including lower procedure-related mortality rate and earlier discharges), and it did not imply higher expenses for public service budgets in the state of Bahia.
RESUMO Apendicite aguda é a principal causa de cirurgia abdominal de emergência no mundo e a apendicectomia continua sendo o tratamento definitivo de escolha. A presente investigação avalia desfechos e custos das apendicectomias laparoscópicas versus abertas realizadas em serviços públicos de saúde no estado da Bahia (Brasil). Realizou-se estudo observacional retrospectivo, utilizando a base de dados do DATASUS. Incluiu-se dados disponíveis sobre apendicectomias na Bahia entre 2008 e 2019, avaliando-se a tendência temporal de internações, taxas de mortalidade por procedimentos, tempo de permanência e custos. A análise estatística foi realizada no R-software (Fundação R, v.4.0.3) e no software BioEstat (IMDS, v.5.3), considerando p<0,05 significativo. Entre 2008 e 2019, realizou-se 53.024 apendicectomias no serviço público de saúde na Bahia, das quais 94,9% foram cirurgias abertas. A laparotomia foi associada à maior taxa de mortalidade (4,9/1.000 procedimentos; p<0,05) e maior risco de morte (RR=4,5; p<0,05) do que laparoscopia (1,1/1.000 procedimentos). Apendicectomia laparoscópica (mediana de 2,7 dias) obteve menor tempo de internamento do que cirurgia laparotômica (mediana de 4,15 dias) (p<0,05). Não houve diferença entre as medianas dos custos e nem dos serviços hospitalares por procedimento (p=0,08 e p=0,08, respectivamente). A mediana do custo de profissionais na laparoscopia foi significativamente mais elevada, em US$ 1,39 (p<0,05). A cirurgia minimamente invasiva para apendicite é um procedimento seguro e eficaz, proporcionando vantagens sobre a laparotomia (incluindo menor taxa de mortalidade e alta precoce), não implicando, por sua vez, em maiores despesas para cofres públicos no estado da Bahia.