ABSTRACT
Esquistossomose hepatoesplenica (EHE) causa comprometimento da reserva funcional hepática e consequentemente da hemostasia. A complicação mais temida dessa doença é a hemorragia digestiva alta, necessitando muitas vezes de transfusão sangüinea. O tratamento cirurgico mais utilizado nesses casos é a esplenectomia e ligadura de veia gástrica esquerda. Em crianças esse procedimento é associado ao auto-implante de fragmentos de tecido esplênico no omento maior (GAIE - Grupo I), vizando minimizar possíveis eventos de sepse pós-cirúrgica. Essa técnica vem se mostrando eficaz, pois melhora a função hepática, diminui a hipertensão portal e melhora o desenvolvimento somático nesses pacientes. Vários estudos já foram realizados nessa classe de indivíduos, mas a coagulação e fibrinólise não foram investigadas de forma sistemática. O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do tratamento clínico e cirúrgico nesses pacientes. Foram analisados: Tempo de Protrombina e Atividade Enzimática (TPAE); Tempo de Tromboplastina Parcialmente Ativada (TTPA); Fibrinogênio e D-dímero. Foram estudados dois grupos de voluntários: GAIE - Grupo teste e grupo controle (GC), formado por 13 não esquistossomótico residentes em áreas endêmicas. Não houve alterações significantes nos parâmetros testados nos dois grupos [(TPAE: GAIE vs GC - X:0,98 ñ 0,08 vs X: 0,95 ñ 0,09), (TTPA: GAIE vs GC - X:0,98 ñ 0,06 vs GC X: 0,98 ñ0,12), (Fib C: GAIE vs GC - X: 2,36 ñ0,34 g/l vs GC X: 2,49 ñ0,24 g/l) p= 0,05]. Todos D-dímeros mostraram-se negativos, similar à literatura. Esses resultados reforçam a idéia de que o tratamento clínico/cirúrgico contribui para manutenção en níveis fisiológicos dos parâmetros da hemostadia, como parâmetro de reserva funcional hepática